Dor e Sofrimento
Semelhante ao esquecimento de um ente querido que se vai, pelo qual só fica a saudade um pouco anestesiada, um "kitsch"(*) compulsório, nosso esquecimento pelos outros passa pelo cansaço que nossa presença causa, pelos traumas e sofrimentos que podemos vir a inspirar. Quando a mente cansa, ela força o kitsch, a banalização dos pesares pelo famoso “eu não tô nem aí” ou por um “não me importo mais”. Se não for um blefe, devemos nos cuidar: pode ser o último perdão e supremo ato de indulgência anteriores ao afastamento da Vida e do Amor.
(*) Kitsch: é uma palavra de origem germânica, utilizada pelo autor checo Milan Kundera para referir-se ao esquecimento compulsório que nossa mente nos impõe, visando evitar o sofrimento por algum fato ou trauma e que geralmente vem em forma de um perdão ou perda de importância dada.
ATRAVÉS DA JANELA DO ÔNIBUS
(...)
As pessoas não nos ouvem porque estão em seu caminho andando rápidas demais, ou então caminhando como zumbis surdos-mudos. Quando sofremos, paramos diante do sofrimento, pois, enfim, algo de extremamente real está a nos deixar perplexos. O conforto da ilusão acaba, e a boa vida, simples, tranquila, é interrompida por algum fato traumático, insólito, estranho. Algo nos arranca da hipnose coletiva e nos põe sozinhos, não por estarmos sozinhos no mundo, mas por nos acharmos fora da catalepsia cotidiana de quem levanta da cama, toma café, põe o mesmo uniforme ou terno e vai para o mesmo trabalho quase que sem lembrar-se em que dia da semana está. Para uns, isso é a glória e o orgulho por se sentir um herói fora do gado humano. Para outros, experiências dolorosas ou alegres, desde que excedam o "script", são sintomas de que estão fora da realidade.
(...)
Naquela noite, não pude dizer nada à garota, pela distância em que me encontrava dela. Os policiais já tinham se encarregado de soccorê-la, além de, eventualmente, servirem de psicólogos de improviso. O gado do ônibus seguia para seu estábulo, bem disciplinado e anestesiado. A garota ficou lá, à mercê do princípio que diz que seres humanos não devem estar fora do convívio social. O ser humano é um animal domesticável, interdependente de seus pares. Nenhum de seus pares parecia lhe ouvir, as manadas humanas lhe passavam sem notá-la. O ritmo do mundo a atropelava e a redoma em torno de nossos ouvidos impedia que seu uivo ecoasse em nossas mentes. Apenas o vidro da janela do ônibus me permitiu ver a paisagem do medo e da perplexidade. A banalidade da Vida veloz e sem conteúdo impera sobre o sabor das lágrimas daquela garota.
("Através da janela do ônibus": http://wp.me/pwUpj-L6)
Falava de amor.
Afastou-a sem titubar,
esqueceu-a sem carecer,
substituiu-a sem pensar,
Sem alma,
sem emoção,
sem sentimento,
sem noção...
Sem piedade
Matou-a.
Na tristeza de um dia de chuva,
numa folga do respiro ansioso de Lígias e de Leucósias,
como folha morta abandonada aos ventos da vida,
pensando desencantou e como barco a vela pirou .
Com palavras sem alma,
sem emoção
sem sentimento,
sem noção
Tentou ressuscita-la
para explicar o porque.
Com tudo que está acontecendo nessa pandemia, ainda existem pessoas que não acordam da sua letargia. Existem duas opções para, o despertar do Ser: uma é pelo amor, a outra é pela dor. Qual das duas você prefere?
Oh, menina bela!
Onde é que eu me meti?
O destino enlouqueceu
Ou eu enlouqueci?
Por pensar que um caminho
Foi criado para mim
E para ti!
Assim que te vi,
Com certeza
Enlouqueci
Diria eu com grande paixão
O quão bela tu és
De vestes largas, invulgar
Qualquer ser é capaz
De t'amar...
Amor tão largo,
Que dói!
Não te poder falar
Chorar por t'amar
Dói
Assim que te vi,
Com certeza
Enlouqueci
Oh, menina bela!
Onde é que eu me meti?
Por ti, não por mim
Apunhalei um coração
Que doía por t'amar
Que chorava por te querer
Nos meus braços
Oh, doce mulher
O que fiz eu pra t'amar?
Amarga seja esta coita
Que só me faz chorar
Dores das Primaveras.
Quando criança, há risos.
De doer a barriga, pois há tanta alegria inocente.
Ao crescer, há gargalhadas vazias.
Piadas hilariantes que os armagurados se agarram.
Se agarram tentando ser crianças novamente.
Pois dói.
Não a barriga.
E não de alegria.
Com certeza não mais inocente.
De doer a cabeça, pois há preocupações.
De doer os olhos, pois há lágrimas.
De doer o coração, pois já está cansado de ser magoado, ser quebrado,
ser entregue e devolvido.
Os risos eram dados com prazer
e ouvidos com deleite.
As gargalhadas são dadas com desespero
e ouvidas com terror.
Dói não ser criança.
Quero rir de novo.
Quando já sabemos o que fazer e não fazemos, ou o que não fazer, e fazemos, isso indica apenas que não queremos. ‘Ah mas é porque eu não consigo’. Esse é o ponto: sem uma honesta, legítima e firme vontade, ninguém consegue. Daí a inutilidade de alguém entregar receitas de bolo prontas sobre o que fazer ou o que não fazer, se não estamos dispostos de verdade. Pior ainda se vermos a coisa como ‘obrigação’, e não como ‘movimento inteligente a nosso favor’. Será melhor então ignorar o que temos que fazer e o que temos que evitar, e deixar se manifestarem as consequências dessa negligência, que terão seu preço. Aí sim, quando pagarmos o preço, e doer no ‘bolso da alma’, o aprendizado se engendrará profundamente em nós, e dessa maneira sim passaremos a valorizar (porque passaremos a querer valorizar profundamente) futuros sinais do que é mais auspicioso fazer, e do que é mais auspicioso evitar. E só então enxergaremos como aqueles movimentos são de fato uma manifestação de inteligência, e não os veremos como imposição ao nosso ego.
MESSALINA (soneto)
Lembro, ao ter-te, as épocas sombrias
Dum outrora. A saudade se transporta
À tempos de prazer, e não dor à porta
De meninices, abarrotadas de alegrias
E nestas felicidades de glórias luzidias
Que a mostra era viço, não ilusão morta
O pouco era muito, e no pouco importa
O estorvo, a mais valia, eram as orgias
Tolas, e não só imaginação em ruína
De quimeras incolores e, assim impura
Num cortejo de recordação messalina
Ó saudade, acostamento de loucura!
Suspirando nostalgias tão cristalina
Tinta de tristura, que no peito segura...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Eu sei... - 2013
... um dia longo... se vai,
À noite, a solidão dói demais
O medo ao seu redor, e voce,
Tão só
Eu sei, que é grande a dor
Lembrar, só faz chorar
Que alguem te machucou,
Eu sei..
Mas tudo passa em nossa vida
Mesmo a dor de uma ferida,
E saiba que é capaz, ( Eu sei..)
De achar uma saida (Eu sei..)
O mal não volta mais, já passou,
Eu sei...
Sofremos, todos nós,
Mas não estamos sós,
E a dor que sai na voz
Vem do coração, oh sim, oh não!
Vem do coração,
Não se sinta só
não, não, não não se sinta só...
Tambem sofri muita dor
E a mão amiga veio, e ajudou
E a estrada que levou, tambem volta,
Já passou...
Sofremos, todos nós,
Nós não estamos sós,
Alguem vai te ajudar, Eu sei
Nós não estamos sós, Eu sei
Alguem vai te ajudar
Já passou, vai passar,
Alguem vai te ajudar,
Eu sei
Nós não estamos sós
Não, não, não, não,
não se sinta só...
Não estamos sós,
Não, não, não, não,
Ninguem está só...
“Viver uma vida apenas seria minha fortuna, viver apenas normalmente seria minha fortuna, mas eu nasci no sofrimento, traição e ódio.
Eu sou fruto do tóxico então porque eu não seria amaldiçoado.”
Eu não pensei que seria fácil, mas não imaginei que mesmo caminhando no escuro você iria me despedaçar.
Manter um relacionamento não recíproco é como esperar ajuda das mãos que te afogam. Apenas uma pessoa morre, e já sabemos quem.
Oi "Apenas Eu"!
Como pode ter se tornado algo tão distante do irreal o qual sempre sonhamos nos apegar?!
Será que seus sonhos viraram os pesadelos que outrora queria parar de querer sonhar?
Talvez você não tenha apenas mudado "Apenas Eu", talvez você tenha morrido no turbilhão de felicidade que tanto odeio. Suas mãos não são tão aconchegantes no meu peito, seus dedos já podem enforcar minha garganta.
Então mais uma vez ó meu "Eu", um "oi" para você e quem sabe um dia, talvez, um suave tchau para mim.
Eu quero amar! Ou melhor, sentir...
Acontece que, por muitos anos estão sendo bloqueado tantos sentimentos aqui dentro. Eu não sei como descrever essas repressão de sentimentos que tanto quer sair, mas não me sinto vivo, não me sinto humano. Me sinto um robô sem sentimentos, sentimentos reais... Assim, é como se tudo que se passa aqui dentro tivesse sido objetivado, ou seja, é como se eles fossem abstratos, não consigo gerir o que gostaria de sentir, transformo os mesmos em objetos inexploráveis.
Com toda essa falta de conhecimento dos próprios sentimentos, acabei construindo obstáculos emocionais, tenho medo de amar, chorar e sentir.
Contudo, hoje tive uma gota de “vida”.
O filme: - “Um limite entre nós” despertou algo que estava aparentemente morto. Uma pequena explosão surgiu, não sabia o que era até começar a tomar conta do meu peito, tentei eliminá-la como de costume, por medo de sentir dor. Mas sem sucesso, foi então que essa explosão foi ganhando tamanho, explorando todo o meu corpo até eu me dar conta de que estava sentindo, sentindo dor e felicidade, as lágrimas desceram e eu não me contive, apreciei cada segundo de lágrimas e emoção que, por muitos anos estavam submersas em uma pessoa frustada emocionalmente.
Despedaçado
Um lápis,
Um caderno
E uma paixão
o jovem apaixonado
inspirado por um coração quebrado
reestruturando-se em suas escritas
de um amor sem visitas
Amadurecendo sua paixão
De amores antepassados
e cicatrizes amordaçadas
acostumando-se com a doce ilusão
desacreditado de um amor futuro
assustado, enfurecido
estava o ser atordoado
no fundo de sua alma
as ultimas forças de seu coração gritavam
ERGA-SE PERANTE OS ASSASSINOS DA FELICIDADE
AME, SEJA AMADO, SEU DESGRAÇADO
O problema de quem sempre se doa emocionalmente mais nas relações, é porque vai ser sempre o que mais vai sofrer. As sequelas podem ser incuráveis.
Há situações que te levarão ao extremo, você olhará para um lado e para outro, ficará confuso, perdido e sem saber o que fazer. Desejará que todos sumam da sua vida, e que os seus dias passem como flash para não sentir mais a dor, e a angústia que rondam a sua alma. Problemas todo mundo tem, iguais ou semelhantes, o que fará a diferença é como cada um os encara. Força, fé e confiança para que você possa sair desta. WM
Não precisamos a todo custo evitar as dores, nem tampouco esquecê-las. Elas virão de qualquer forma. Algumas vêm para nosso próprio bem.
