Deus Costuma Usar a Solidao

Os Cegos do Castelo

Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou

Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou

E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar

Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim

A genialidade, bem como a santidade, não se herda.

O grande segredo consiste justamente em que os meios são mais importantes que os fins.

A busca da solidão é uma tendência do nosso tempo; antes, e desde o seu aparecimento sobre a terra, o homem buscou apenas não ficar sozinho.

Se existe uma solidão em que o solitário é um abandonado, existe outra onde ele é solitário porque os homens ainda não se juntaram a ele.

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.

O pior sofrimento está na solidão que a acompanha.

A solidão é o império da consciência.

A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar.

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.

A solidão é essencial à fraternidade.

A cidade não é a solidão porque a cidade aniquila tudo o que povoa a solidão. A cidade é o vazio.

É uma deformação da solidão extrema o acabar por nos fazer crer na imaginação que o nosso monólogo íntimo possa ser percebido ao longe sem palavras.

Não há nada que esteja só; nada pode estar em completa solidão: o que existe necessita de outro para ser.

Escrever é uma percepção do espírito. É um trabalho ingrato que leva à solidão.

A civilização converteu a solidão num dos bens mais preciosos que a alma humana possa desejar.

Solidão de outubro:
folhas varridas no vento
levam meu recado.

Não há dois tempos iguais de solidão porque nunca se está só da mesma maneira.

a lua me disse
solidão é um exercício
um sótão, um míssil

A solidão liberta-nos da sujeição das companhias.