Despedida do meu Pai que Ja Morreu
TUA AUSÊNCIA (soneto)
Sofro, ao recordar-te, com minha saudade
Da tua ausência. Meu poetar se transporta
Minha alma se vê numa penúria que corta
E meu sossego, nervoso, cheio de vontade
É verdade, toda essa minha infelicidade
Que percorre está poesia, aqui tão torta
Escorrendo por motivo que não importa
Largando os versos, árduos, na ansiedade
Aí, que confuso clamor que transtorna
Das orgias das trovas de outrora fausto
E agora, penosas e tão malfeito se torna
Ofensiva sensação, funesto holocausto
Que na solidão figura, e na dor amorna
A vazia inspiração e, o silêncio exausto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/06/2020, 09’43” - Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
VERSAR MORIBUNDO (soneto)
Tome, solidão, está espada, e.… fira
Meu sofrente coração, tão azarento.
Que importa a mim ter árduo lamento
Se a sorte no destino é persistente ira
Ah! .... emoção lacrimosa e funesta lira
Que ao vazio regi, mirrando o momento
Que esbroa o plural tramite do alento
Polvilhando no peito essa dor tão cuíra
Ó silêncio! Que vem musicar saudade
Troando a minha vida em tempestade
Na aberração do infortúnio fecundo...
Mas a atormentada trava da teimosia
Infeliz. Catuca a inspiração da poesia
Sangrando o meu versar moribundo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/07/2020, 09’12” – Triângulo Mineiro
CONTA E AMOR (soneto)
Amor roga terna conta do meu afeto
E eu, servil, ao amor dar-lhe-ei conta
Mas, sem a ponta, como dar-lhe fronta
De tanta conta, se no amor fui inquieto
Para dar desponta neste tal decreto
O amor me foi dado com boa monta
E eu, de incúria tonta, não fiz conta
Do tempo, que hoje me é incompleto
Ah! tu que tens o amor que desponta
No peito, me conta, para eu ter tempo
Se ainda tenho em conta, nessa conta
O tal que, na remonta, gorou o atempo
Quando lhe chegar à conta, na esponta
Do amor, chorará, como eu, sem tempo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2020, 08’43” – Triângulo Mineiro
paráfrase Frei Antônio das Chagas
SONETO SEM SONO
Tarde da noite. Ao meu leito me abrigo
Meu Deus! E está insônia! Que conversa
Morde-me o pensamento, e tão perversa
Numa flameja que acorda, tal um castigo
Meia noite. E o silêncio também versa
Tento fechar o ferrolho, e não consigo
Da espertina. E assim impaciente sigo
Olho pro teto, numa quietude inversa
Esforços faço, remexo, me envieso
Disperso, nada! O sono se concreta
E o meu fastio já se encontra farto
Pego no devaneio, e o olhar ali reteso
Arregalado, e nesta apertura secreta
Fico ancorado neste túrbido quarto
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/08/2020 – Triângulo Mineiro
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
ADVERSO DUM VERSO
Essa sensação de face cansada
Que vês no meu poetar azedo
De trova tremente e mirrada
É falta que lamenta no enredo
O versejar pouco camarada
Da satisfação já em degredo
De rima velha e desgraçada
Em que não se profere ledo
Ontem, de viço e alegria
Hoje, o choro e sofrência
Um fado. Na vã poesia
Nesta dura sina em riste
Do canto em decadência
Verseja um poeta triste!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro
AO PÉ DO OUVIDO
Eu fui confidenciar, lôbrego, o meu pesar
À velha lua, branca e nua, no céu viçosa
Na noite acordada, supondo que ao falar
Teria o trovar solto duma queixa amorosa
Não quis sequer atenção, então, prestar
No celeste ali estava e, ali ficava gloriosa
Mas, pouco a pouco, num súbito quedar
Vendo um ciciar, pôs a me ouvir cautelosa:
Entre soluços e suspiros eu narrava tudo
Ela comovida, pois, poética e apaixonada
Tal como é, romanceou o duro conteúdo
Com os olhos cheios d’água, sonhadora
Compadecida desta sofrida derrocada
Então, chorou comigo pela noite afora
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 de agosto de 2020- Triângulo Mineiro
paráfrase Pe. Antônio Tomás
SUSPIROS PROFUNDOS
Ninguém sentiu o meu choro inseguro
Ó dolorosa dor entre as dores minhas
Embriagada solidão, máculas daninhas
O falto para mim foi silencioso e duro
Permaneceste no pensamento escuro
Vazia e casta, tristes eram as tadinhas
E chegaste a ter mais do que tinhas
Tornando-te em um flagelo impuro
Invisível tornou o meu sofrer inquieto
A minha poesia, o sentimento secreto
Jorrados do sentir, ali tão moribundos
E, neste trágico, pedaço dos pedaços
Ele, que habitou a ter esses embaraços
Fez-me o dono de suspiros profundos
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/08/2020, 12’28” – Triângulo Mineiro
FAMINTO
Vai, mísero sofrimento esfaimado
pastar noutra sensação livremente
deixai meu coração de te ausente
faminto, carente, mas imaculado
Não percas tempo, vá apressado
pois se insiste em estar presente
a paixão do teu olhar pendente
despojo inútil, inútil o passado
Deixai o vento levar, que o leve
hei de me arrancar do teu nome
e, assim, de ti isento, serei breve
Aqui, piedoso a dor me consome
nos soluços que o choro descreve
e sem que ventura emoção tome
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/10/2020, 16’10” – Triângulo Mineiro
AMOR FARTO
Portentoso amor doce, amor formoso
Que meus desejos são desejos celestes
No meu peito o amor do amor viestes
Num olhar vivo de um haver amoroso
Amor tão sereno, amor tão venturoso
Que faz jus de tais prazeres te destes
Do tal sentimento o amor rendestes
Essa paixão, esse bom fruto saboroso
Que siga eu por vos ter, e vos traga
No meu pensamento tão contente
Onde ordena amor e o amor acena
Mas, que nunca tenha de vós pena
Pois, o amor com o amor se paga
E nos ricos gestos é que se sente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/11/2020, 21’29” – Araguari, MG
APARTADO
Cansei-me de tentar o teu enredo
Na tua poética sem frase e afeto
Meu versar anuviei por completo
Tal o pôr do sol atrás do rochedo
Sentimento da tua alma, segredo
Teu, perturbado eu, neste soneto
Foi meu desejo, não mais secreto
Se chorei foi somente por degredo
Cansei! Sossegado está o cerrado
Esfriou sobre o desprezo concreto
A quem um dia estava apaixonado
E desse meu turvo silêncio discreto
Leia entre linhas um sofrer calado
Que assim tem o apartado adjeto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’01” – Triângulo Mineiro
SONETO ANÔNIMO
Solidão, vivo tão só, numa bruteza
Onde o meu fado escoa em pranto
Longe do entusiasmo e do encanto
Numa prosa transvazando tristeza
Tão oca a poesia, cheia de incerteza
Num revés ensurdecedor, portanto
O sussurro da dor, dói tanto e tanto
Que o sentir ferido me faz ter viveza
Ando estonteado, perdido na ilusão
Calado, as noites de alvoroço ativado
E ausentes de sensação e de emoção
E me perco no gadanho do passado
Que esgatanha a afável recordação
Que arfa o falto, daqui do cerrado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/12/2020, 21’38” – Triângulo Mineiro
AMOR PERDIDO ...
Depois que tu foste, só depois, da partida
Notei que do manso amor, o meu é sujeito
O grato sentimento da sensação, da vida
E, se tem maior bem, desconheço o feito
Afeto ardente e forte, repleto e perfeito
Que na emoção a conformidade é diluída
Um olhar, afago, gesto com poético jeito
Que na boa afetividade a ventura é parida
Depois do vazio, só depois, me vi corso
Num aperto no pensamento que tortura
Que conquista a mente dando remorso
Não tem preço, amor perdido, só trava
A sede, a inspiração, suspiros, a ternura
Tu foste! esvaindo o mimo que me dava! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/01/2021, 19’18” – Triângulo Mineiro
BAMBO ....
Se o amor bater de novo na sensação
arrependido, para o meu sentimento
hei de dizer-te tudo com cara razão
e poética, quanto rasga o sofrimento
Pouco importa, ter já o entendimento
da dorida dor, sei eu, do luto e paixão
pois bem, nem mesmo o tal momento
do bom, tudo é mais uma recordação
Então, não venha mais virar a tramela
adentrar o meu olhar, e descontrolar
nos caminhos sempre terá outra viela
O amor vezeiro, é amor com alarido
bambo, perdido, tem basta o pesar
(só a morte) e nada mais é sabido! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/01/2021, 09’01” – Triângulo Mineiro
O PRESIDIÁRIO ....
Ó meu coração, meu pobre coração que choras
Os soluços sentidos dum nefasto desventurado
Se a lei do amar te angustia em seguidas horas
Diante do afeto ninguém deve ser condenado
Se tem sede de mimo e se confiante imploras
O suave amparo de o cupido a ti deliberado
Que seja flechado de luz nas suaves auroras
Superando a regra da sorte que a ti é dado
Não há prisão, nem há solidão tão pobre
De um olhar abraçado, cumplice e nobre
Que não possa estar ao lado e ao dispor
Somos todos uma solta sensação serena
Quando o desejo deseja eximir de pena
Safando da sentença o condenado amor! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/01/2021, 16’50” – Triângulo Mineiro
QUANDO VOS TINHA ...
Horas mais do meu contentamento
Sempre me mimou quando vos tinha
Na satisfação o tempo era tão asinha
Em tão dadivosos dias de sentimento
Aquele mágico e profundo momento
De te haver, que a sensação sustinha
É o bem que me ficou, sorte a minha
Pois, sobre causa poética fiz portento
Agrado tal me deu, talvez não achei
Prazer é tê-lo nos braços da ternura
E neste repuxo meu desejo eu aguei
Se não mais tiver, e viver da saudade
Bastei em ti, e só de ti me apaixonei
Pois, real amor é um só, na verdade!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/03/2021, 14’47” – Araguari, MG
PREITO DE AMOR ...
Pois o meu coração não cansa de amar
Paixões apaixonadas de apaixonar-me
Pois não se atenua o fogo de abrasar-me
A alma que na emoção se vê enrabichar
Deixai o amor na poética me completar
Guiar meu olhar onde eu possa olhar-me
Num reflexo de correlação, e escutar-me
Nas batidas da sensação de então gostar
E, se em razões, se em devaneios, dores
Piedade! Sou apenas um simples amador
Que ama para poder amar, com vontade!
Escutem as vozes de meus mil pesares
Na solidão, no silêncio, e naquela dor
Pois estimado encontro, mais felicidade!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/03/2021, 19’50” – Araguari, MG
prosa ...
[...] Se o meu poetar não me agrada
como agrada a sentimental trova
hei de não ter mais nada
oh meu amor de doce alcova...
e, que neste ato de ser feito
que o amor é como o vento
se na poesia perde o jeito
passa-se a rima e o momento
assim, nestes versos tiranos
de vazio sentimento
dias viram horas e horas anos
numa prosa de sofrimento...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de abril 2020 – Cerrado goiano
MURMURAÇÃO DE AMOR ...
Tão no amor, na paixão se apresenta
Amador, o meu coração é só agrado
O prazer, a satisfação de ser amado
Apaixonado, no sentimento aventa...
Cá no cerrado, sentindo-me louvado
Sossegado, manso, a alma desatenta
Ao segundo, onde o achado ostenta
Mimo, sensação, e acaso imaculado...
Afaga tanto a quem senti, e é tanta
Afinidade, doçura, que me encanta
Dando poética a este poeta caipira
Dos teus beijos, numa seduzida prece
Me vejo, num ensejo que enternece
Qual murmuração de amor: Suspira! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/04/2021, 04’58" – Araguari, MG
Alighieriando
MASMORRA II ...
Que divinal masmorra serena
onde, em cárcere o meu feito
por amar, se vê jubiloso sujeito
no querer, tão leve nesta pena
Há mais alegria que essa? Plena!
que ao sentimento é satisfeito
insuflando de meiguice o peito
fazendo do amor doce cantilena
Sobejo apaixonado, tão ardente
olhares loucos, vivos os desejos
suspiros, e acelerado o coração
Ternos beijos, dados ternamente
na sede de permitir mais beijos...
na sensação da cativa emoção! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17/04/2021, 00’33” – Araguari, MG
O AMOR ENRABICHADO
Como acho enrabichado o meu amor
após tua ternura, afago tão prazeroso
os beijos no meu desejo tão amoroso
com lábios rubro, da paixão tem a cor
A sensação, perfumada, tal suave flor
tem tempero, sabor, tão maravilhoso
n’alma grudado aquele olhar perigoso
de sedução, deixando anseio e tremor
Cativante! Tem tudo e em tudo toca
faz do sentimento solidária emoção
caso, baralhando o sentido. Há troca!
Fantasio cada sussurro que me arrepia
acelera a batida entusiasta do coração
que pulsa em cada veia desta poesia!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 de abril de 2021 – Araguari, MG
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