Coleção pessoal de nandenunes

Encontrados 19 pensamentos na coleção de nandenunes

A BATIDA

seguiu pela estrada
em alta velocidade
até o coração
ultrapassar a tempestade
e abruptamente freou
ao ouvir
a sua batida

A SENTENÇA

sentenciou
seja feliz sozinha
ou com alguém sem sonhos
que pena restritiva de amor!

FLAGRANTE DO ACASO

flagro você
na beleza imprevisível
do acaso

MÃOS DADAS

os dias de solidão
eram os mais livres
os dias de liberdade
eram os mais solitários
concluiu que a solidão e a liberdade
eram um casal daquele tipo
que anda pelas ruas de mãos dadas

AS RANHURAS DA BELEZA

as ranhuras do tempo
a deixaram ainda mais bela
o cristal era marcado e imperfeito
e naquela imperfeição
havia beleza

SORRISO NO OLHAR

Ela tem um sorriso no olhar
ao me ver chegar
tudo nela sorri pra mim
tudo em mim sorri pra ela

EM CASA

encontrar alguém
que sempre foi seu
é como voltar pra casa
depois de uma longa viagem

O COMÉRCIO DO AMOR

vendeu o amor
pra pagar o desejo
aquele desejo
que é tensão em direção
carnal ou de vingança?
moedas de amor
compram tudo
mas moedas de desejo
não pagam um amor
e de troco
sempre sobra
a falta
e nesse escuro
vazio
nesse nada
é onde tudo recomeça
e o amor renasce
como flor perfumada
e de graça

NÓS

sentei na calçada
pronta pra desamarrar
os cadarços da vida
desfeitos os laços
sobraram apenas
nós

A COSTURA DA TRAMA

a trama foi costurada com dor
e o tempo analgésico
tomado a cada segundo
até nada mais sentir
exceto amor

DESCOMPASSO

toco a vida
como quem toca um violão
afino os sentimentos
e deixo-me levar
pela música composta
pelo imprevisível
descompasso
do coração

AMOR DE FLOR

onde quer amor vá
onde for flor fique

LUZ DA SAUDADE

apago a luz
ao me deitar
e a acendo
na hora da saudade
te chamo pelo nome
meu mantra
até adormecer
e de luz acesa
ando pela escuridão
iluminando o caminho
para que você saiba
onde me encontrar
enquanto dorme em mim

MAIS DE VOCÊ EM MIM

a cada vez
que eu descobria
algo de você em mim
mais eu me percebia
e a cada vez
que eu decidia
te amar mais por isso
mais eu me amava

A SEDE DA SAUDADE

os nossos corpos
se abraçaram
imantados de desejo
a saudade sedenta
bebeu cada gota de suor
mas não matou a sua sede
e o beijo de despedida
só fez aumentar
a sede da saudade

O PEDREIRO SEM MESTRE

9 de setembro
22:33
não vou dormir em casa
a tortura é diária
de um hipotético amor
restou o veneno
injetado homeopaticamente
em doses diárias
matando o respeito
lentamente
corrosivamente
com a sensibilidade artística
de um pedreiro sem mestre
num entulho de obra
de vidas em reforma

A ATRIZ QUE NÃO GOSTAVA DE TEATRO

jurou amor
prosseguiu com a mentira
olhou sem culpa
abusou de um vocabulário
rebuscado de sentimentos
chorou um rio de lágrimas secas
dizia não gostar de teatro
mas tinha o dom de ser uma atriz

EU A DEIXO

eu a deixo
em companhia do silêncio
e levo comigo
o canto
desafinado
do desgosto
e o gosto vazio
do nada

O CRISTAL DAS ROSAS

as palavras
ressoaram
de tal forma
com tamanha
oscilação
que o cristal
que nos unia
se partiu
espalhando
pelo chão
as rosas
que nunca
nos demos