Desejo Morte
Certa feita, um jovem teve coragem para indagar um pensativo senhor:
- Mestre, tem como saber como é a morte?
E ele respondeu:
- Saber com certeza jamais, contudo, podemos ter uma breve noção.
- E qual seria essa noção então? - perquiriu o rapaz.
- Ora meu jovem, a morte, pelo que posso te dizer é tal como a própria vida, ruim e boa ao mesmo tempo.
Será que se tudo acabar, alguém irá ligar?
Se já nem eu passei-me a se preocupar.
Apenas deixo-me levar, e aos poucos passo a nem ligar.
Invadiu-me a solidão.
Duvidas e incertezas me deixaram sem chão.
Como ainda ouso viver em vão?
Por minha vida, ninguém deseja passar.
Também não desejo a ninguém
Por tremendo sofrimento ter que se sufocar.
Não me jogue tanta pressão!
Poxa, eu ainda tenho coração.
Jogue-me sonhos, mas não me julgue em vão.
Peço-lhe, por favor,
Que me traga amigos,
Os meus estão por aí, perdidos.
Estou sozinho,
Sem objetivos
Cercado de espinhos.
O coração está vazio,
A ansiedade enriquece.
E de amor, meu peito carece.
Sou passageira
Aqui da horizontal
Eu só via as faixas na estrada se repetirem
Você, da vertical
Via nossos mundos ruírem.
Eu lembro de pensar querer que aquele momento durasse uma vida inteira
Mas a gente é tão fraco
Tão pequeno
Que uma hora acaba a brincadeira.
Eu sei que agora só resta um sopro de lamento
Um mar de frustração
E você atraca sem ter a menor intenção
No meu cais de arrependimento
E eu que sempre acreditei em teu sentimento ardente
Entrego-te um grito estridente
Quando me perguntas o que sinto no coração.
Enquanto nossas mãos se tocavam
Nossos corpos entravam em órbita
Eu só te via junto
Do vazio e dessa incógnita
No silêncio, ritmados e compassados
Eu só ouvia nossos corações
E nossos perfumes embaralhados
Percorrendo outras dimensões
O motivo desta lírica
É só tentar, talvez, me fazer entender
Como te perdi
Se nunca tive
Como descrever o que não se pode ver
Tão intangível e palpável
Tão pequeno e maleável
Tão ébrio e solitário
Como estar escondida aqui
Onde estou
Bem no fundo do armário
Porque se por um minuto fostes meu
Não consigo vocábulos para descrever
Possivelmente nem há muito o que se dizer
A vida acaba com um beijo teu.
Com teu cheiro que me preenche as narinas
Com teu êxtase exalando adrenalina
Como a vida que poderia ter sido,
A vida
E o que nunca devia ter acontecido.
Eu segurava tua mão
Enquanto passavas as marchas
Eu só te falo porque tornou-se insustentável
Falo porque não posso gritar
Porque você não vai me ouvir
Nem se eu tentar
Porque eu cansei de ficar.
Do teu ombro eu te olhava
Deitada
E te dizia que nem sei mais o que fazer
Você ria e apontava pras estrelas infinitas acima da estrada
Cujo brilho nem se compara a você
Se não morro embriagada
Não é a saudade que vai me matar.
Eu sei, sou totalmente errada
Porque sequer considerar qualquer envolvimento mais arriscado.
Você é meu pecado,
Mas eu sei.
Homens só morrem de amor nos palcos.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Amor, meu grande amor)
As vezes as pessoas morrem de causa natural
As vezes morrem de acidente
As vezes morrem por estarem no local e hora errados
As vezes por descuido
As vezes injustamente
As vezes por ultrapassarem limites
Mas, quase sempre, elas morrem dentro de nós
Por conta do desinteresse e do descuido
Por conta da ganância
Por conta da falta de amor ao próximo
Não queira sentir a sensação de morrer para outra pessoa
É a pior das torturas
Você simplesmente deixa de existir
Todas as lembranças se tornam um pesadelo
Desistem e esquecem
Pronto, você não existe mais.
Se você não consegue convencer a um cristão que matar é ruim, desista dessa alma e vá tomar um sorvete
Eu morri para poder viver, revivi pra poder morrer de novo. Remoi tudo que eu vivi só pra ver quem viveu por mim, e eu só vi quem havia me deixado morto.
Se você mune alguém com uma arma, também sujará suas mãos de sangue quando ele apertar o gatilho contra pessoas.
O silencio naquele lugar se predomina a cada instante, mas não é um silencio normal como o de uma sala de cinema. É uma coisa mais reprimida, um silencio agoniante que te incomoda em estar presente.
Ruim ao ponto de você chegar perto e perceber que tem algo errado com aquele lugar.
As pessoas que estão presente agem de uma forma triste, no olhar delas reflete uma dor inexplicável, mas por incrível que pareça algumas pessoas não intendem, não conseguem ver ou saber o porque daquilo.
O silencio e a dor que são refletidos pela morte.
Ser bandido
Ser bandido é não se conhecer,
É desprezar a essência do ser,
Ser bandido é tapar o rosto,
É assumir que é um nada, e achar que pode ter um posto,
Ser bandido é a loucura extrema,
É viver a vida gerando para a morte um tema.
Ser bandido é pensar que é mais forte,
Mas não aguentar das menores feridas um corte.
Ser bandido é intimidar, é roubar, é matar,
Mas ser intimidado, roubado e morto por a si mesmo confrontar.
Ser bandido é só pensar em fama,
É esquecer que seu coração e vida estão na lama.
Ser bandido é ter um talento,
Mas jogá-lo fora para viver ao relento.
Ser bandido é arma que falha,
É pingo de glória,
É não ter uma história,
Ser bandido é esquecer de si mesmo,
É estar condenado,
É viver maltratando e maltratado.
Ser bandido é o resto,
É a sobra de lixo,
É como um carrapicho.
Ser bandido é bandalha,
É ser mera gentalha,
É indigência no próprio coração.
Se a pessoa vem e te diz "quero morrer", na verdade ela está te dizendo que não tem uma vida, e que queria muito poder viver, e não apenas existir. Pense nisso.
Sempre honesto vejo desonestos abonados.
Sempre correto vejo incorretos premiados.
Sempre trabalhando vejo vagabundos ganhando.
Sempre idiota morrerei acreditando.
A saudade, ainda que no seu alto grau de intensidade, não tem a força necessária para mostrar às pessoas o quanto elas foram importantes para nós. Por isso, tudo deve ser dito no momento certo, até porque não sabemos ao certo se teremos a oportunidade de dizer.
Nunca morremos, pelo menos não de verdade. O mundo parte de nós, mas o fato é que nunca partimos dele.
Não somos imortais da maneira prepotente como Hollywood costuma pintar seus heróis. Somos frágeis, cosmicamente insignificantes, imperfeitos.
Sempre haverá um pouco de nós na gentileza de nossos filhos e netos, que decerto aprenderam algo conosco e nos levam em forma de gestos.
Tudo que é mal tem seu lado positivo.
Isso mesmo.
Estranho não é?
Como se tirar algo positivo de uma coisa ruim?
Tudo que dói
Tudo que machuca
Tudo que consideramos ruim
Tem um lado positivo
Observemos as crianças e aprenderemos com elas.
Chorar pode ser algo desagradável. Mas com o choro as crianças ganham o peito da mãe para saciar a fome. Com o choro ganham o afago da mãe para acalmar o medo do novo. Com o choro ganham os cuidados da mãe para curar a dor.
E assim devemos ser.
Extrair do negativo o positivo.
Extrair da dor o alívio.
É caindo que se aprende a levantar e se equilibrar.
É chorando que se aprende a sorrir e gargalhar.
É apanhando que se aprende a bater e rebater os problemas da vida.
É sendo enganado que se aprende a não confiar em todos.
É perdendo amores que se aprende que novos amores virão.
É sentindo medo que se aprende a enfrentar a escuridão dos seus piores dias.
Até a morte tem seu lado positivo.
A morte nos ensina que estamos em uma contagem regressiva.
Um relógio invisível.
Que pode parar a qualquer momento.
E que devemos viver cada dia como se fosse o último. O único.
E assim tiramos proveito de tudo que a vida nos oferece.
E assim fazemos de limões azedos, doces limonadas.
Tempo
Incrível a capacidade do tempo de nos surpreender.
Em um breve segundo podemos ser, no outro deixar de ser.
O tempo nos faz lembrar e ao mesmo tempo esquecer.
O tempo nos traz à vida e por ironia nos faz morrer.
Não sabemos quanto tempo teremos realmente para viver.
Apenas pode-se viver como se no amanhã fosse morrer.
Seremos lavados e sepultados um dia, minha querida. E o tempo que nos foi dado será deixado para o mundo. A mesma carne que viveu e amou será consumida pela praga. Então deixei que as lembranças sejam boas para aqueles que ficarem
Convocado ao assassinato
Pegar, trancar, matar teu menino
Não fugirás das leis do divino
Escorre por cada olho fechado
Lágrimas de gana pelo diabo
Cegar, machucar, dopar a paixão
Blefar e forjar tua razão
Não vês adiante um destino?
Comece este com fascínio, assassino
Chamar, trair, ferir teu irmão
O mesmo que lhe ditou perdão
Extermine o inimigo, tredo genuíno
Não há líder de honra, foi-se Saladino
Acaba a morte, teu fardo amado
Podes enxergar sua alma impoluta
No reflexo de sangue derramado?
Não negue o descaso, foi culpa tua
Doar fé para assassinato.
