Cronicas de Marta Medeiros Felicidade
POEMA MELANCÓLICO
também quero um poema com um quê bucólico
mas não conheço cantos e seus passarinhos
nem mesmo cores e suas lindas flores
tampouco encantos e seus vastos campos
o que me leva, sem demora, ao poema melancólico
pois conheço a dor que dilacera e apavora
a escuridão que traz o medo mais que a solidão
e os desencantos desta vida, em cada canto dividida
Ócio
Já estou predestinado,
Com alguma sapiência acumulada,
No meio da sabedoria
Nunca me sai nada.
Se calhar viajo muito
Concretizo pouco,
Com tanto intuito
Continuo cego e mouco.
O tempo já me rasteirou
Mais de mim acordou,
Foi só tempo perdido
Que já se finalizou.
Amanhã é mais um dia
Nova oportunidade
É desta que me Safo
Não Caio na mediocridade.
Em meus olhos,
o monstro,
a doença,
o castigo de todos os povos.
A revolução está sendo,
se fazendo por completa,
e,
quando penso que ela busca o topo do vulcão,
me dou conta de que ela já se manifestou
em toda a floresta;
A besta,
o fervor das águas,
o caos,
a calamidade,
os cinco elementos juntos
formando toda a tempestade,
e,
nem mesmo eles,
ou,
nem mesmo a tempestade,
nada mais cabe no grito de revolução
que ecoa por toda a cidade.
Não mais filho,
Não mais natureza,
Não mais corpo,
e,
nem torto.
NÃO PERTENÇO!
Virtude do nordestino!
A seca que assola nossa terra
deixa um lastro de dor e solidão
a semente se atrofia pelo chão
e a vida sem água se encerra
a coragem é a arma dessa guerra
que muda o sertanejo de lugar
quem possui a virtude de plantar
não ver dignidade na escora
o nordestino que um dia foi embora
só pede a Deus o seu direito de voltar.
A terra representa o meu suor
a força destemida de um povo
que luta a espera de algo novo
que destrave o aperto desse nó
todo sonho despertado vira pó
toda lágrima caída secará
e dos brotos outra vida nascerá
sem deixar esquecida a de outrora
o nordestino que um dia foi embora
só pede a Deus o seu direito de voltar.
No sertão a seca é vasta quando dura
e não permite aflorar uma semente
o sertanejo olha pro céu e diz oxente
será meu Deus que não acaba essa secura
não nasce a cana que se extrai a rapadura
e sem o milho meu cuscuz pode faltar
sem macaxeira no plantio pra cozinhar
e o pomar sem a água não vigora
o nordestino que um dia foi embora
só pede a Deus o seu direito de voltar.
Meu castelo é feito de ossos,
ligados por carne, sangue e pus,
em meio aos destroços
e as chamas
é meu corpo que você vai encontrar,
queimando a céu aberto,
trazendo vida àquele lugar,
emitindo luz.
E apesar do vulcão possuir a intensidade,
não era nele meu lugar,
e sim aqui,
construído com meus pedaços,
iluminado pelo queimar da minha carne,
rompendo todos os laços,
e finalmente fazendo jus
a toda a força que me levou
a dar meus próprios passos
e fazer meu próprio caminhar
sem direção na floresta,
em meio as chamas,
aos edifícios de luz...
Força!
Que o fogo seja sempre doador de força!
FALTA O QUÊ?
Viajei nos tapetes de Aladim
fui califa do castelo em Bagdá
vi seu Lunga no sertão do Ceará
e vi Abel no dia que matou Caim
botei a baixo todo muro de Berlim
e pelo mundo visitei as capitais
já criei um milhão de animais
e a paz eu levei pra Palestina
conheci cada cidadão da China
e o que é que me falta fazer mais.
Segurei as pilastras com Sansão
a na ceia estava ao lado de Jesus
chorei ajoelhado ao pé da cruz
e naveguei com Saul pelo Jordão
fiz campana com Curisco e Lampião
e pintei todas pedras dos corais
escapei de furacões e vendavais
e desci as cataratas numa boia
fui recruta pelo cavalo Tróia
e o que é que me falta fazer mais
Levei o mar pro deserto do Saara
e plantei uva em pleno sertão
escrevi cada frase do alcorão
no oriente eu aconselhava Sara
no garimpo encontrei a joia rara
protegida por mais de mil serviçais
me livrei de todas tentações carnais
e me casei com a rainha da Inglaterra
se já dei sete voltas nessa terra
o que é que me falta fazer mais.
Já entrei na cova dos leões
e enfrentei toda máfia italiana
chutei colmeia de abelha africana
e nos dentes arranquei os seus ferrões
conquistei mais de trezentos corações
e pendurei minha roupa em mil varais
conheci cada um dos ancestrais
da família do senhor Matusalém
se atrasei as horas lá no Big bem
o que é que me falta fazer mais.
PORQUE?
O que tem a minha cor
que te deixa incomodado
será que é algum pecado
ou diminui o meu valor
a pele é obra do Senhor
mesmo assim tenho sofrido
quantas vezes fui agredido
por quem se acha perfeito
em coração com preconceito
o amor não é correspondido.
Eu sou negro é minha raça
o meu sangue é africano
mas poderia ser cigano
sem ser motivo de caça
nascemos da mesma graça
sem ninguém ser poluído
o caminho a ser seguido
é quem traça o nosso jeito
em coração com preconceito
o amor não é correspondido.
Se me olhas diferente
não entendo o teu olhar
o que você quer provar
que a sua pele é atraente
que o seu olho é reluzente
mas com humildade te digo
quando Deus dá um castigo
não tem cor, raça, nem pleito
em coração com preconceito
o amor não é correspondido.
O que passa em sua mente
porque pensas ser destinto
o perfume que eu sinto
é o mesmo que você sente
se eu nasci deficiente
eu não fiz esse pedido
mas agradeço ter nascido
e esse é o meu conceito
em coração com preconceito
o amor não é correspondido.
Ju
No silêncio da noite me deito na rede
E apesar de ouvir só os meus pensamentos,
Sinto no peito a dor da saudade de quem um dia já tive
Lembro daquele beijo gostoso
E dos teus longos cabelos negros entre os meus dedos.
Como sentir o teu cheiro era bom!
Sentada em mim no banco do carro
Olhava a tua boca a salivar
E me alegrava ao ver teus olhos marejados de prazer
Me lembro como se hoje fosse aquela noite
Eu te beijava suavemente
E você me mordia o pescoço
Mas infelizmente,
Por medo e nada além disso,
Tudo acabou.
O carinho nunca se foi.
A saudade ficou.
E a lembrança mora comigo.
Ensinaria leitura dos signos para uma boa produção da semiose no intuito provocar uma catarse e empatia para com o outro sem gerar preconceitos, pois toda leitura fora contemplada e resinificada sobre o bom aspecto da resiliência. Gratidão mútua na convivência pela evolução da essência pessoal e dualística.
A fantasia nasce do pensamento em conjunto à imagem, memórias guardadas que ajuda como base à configuração da personalidade onde moram as mais secretas características, traços que determinam uma ação ou pensamentos que estimulam, motivando e ajudando na empatia com o outro.
VIDA DE SERTÃO!
Não tem seca braba que me espante
não tem nada que me tire do sertão
sou a raiz mais profunda desse chão
sou a voz do vaqueiro e do berrante
não nasci pra ser mais um retirante
nem fingir uma dor que não se sente
nordestino tem o dom de ser valente
e de lutar pela vida em seu direito
não se rende ao mal do preconceito
e só se curva ao plantar uma semente.
Vivemos em um mundo onde ninguém repara nada! Onde podemos esconder toda nossa dor, tristeza, desgraça de vida atrás de um sorriso...
Vivemos em um mundo onde ninguém se importa se teu coração está em pedaços, e assim vamos vivendo...
Vivemos numa droga d mundo que a maioria dos jovens estão entrando em depressão e ninguém oferece ajuda...
Vivemos em um mundo que ninguém aceita si você esta triste, onde ngm acredita em você...
Vivemos em um mundo onde os pais não preocupa mais com teus filhos...
Vivemos em um mundo onde as pessoas com depressão são criticadas...
Depressão e uma doença muito grave, no começo ela tem cura mais ao passar do tempo não tem mais volta! Falo isso porque minha mãe tem i eu senti na pele a dor que e ver uma pessoa q você ama muito com essa doença.
Vivemos em um mundo onde uma pessoa se corta por causa da depressão, muitos a crítica fala q é loca, fala que isso e coisa de retardado.
Maioria das pessoas gosta de crítica quem tem depressão, isso e coisa seria, abra seus olhos hoje você critica uma pessoa, amanhã pode ser que você tenha, ou algum parente, ai voce vai lembrar oq falava das outras pessoas i vai ver como doi.
Antes de criticar alguém tente o ajudar, não sabemos o dia de amanhã, por isso estou aqui falando Isso, tempos atrás eu não acreditava igual vocês, pensava igual vocês, hoje eu sinto a dor que e ter depressão e ser julgado por todos.
BOM PEÃO.
Quero ver o boi correr
entre o mato se adentrando
quero sair galopando
só pro mode de se aquecer
onde quiser se esconder
pelo faro vou seguindo
e o clarão segue surgindo
entre o verde tão escasso
bom peão não tem fracasso
corre campo sem ter medo
quando é de manhã bem cedo
vem trazendo o boi no laço.
NO NORDESTE É ASSIM.
Gente boba... é abestalhada
quem perturba... é arengueiro
pilantra aqui... é fuleiro
e a nervosa... é aperriada
a solteira... é encalhada
viver junto... é amancebado
o valente... é arrochado
andar de pressa... é se avexar
zombar do outro... é mangar
coisa pouca aqui... é tico
a fofoca... é um fuxico
e se dá mal... é se lascar.
"Como tal indivíduo observador que sou,
aprendi que aconselhar é preciso:
faz parte do amor.
Até insisto uma segunda,
vai que fura.
Mas vi que somos crianças
cutucando tomadas,
desejando o choque pra sacar,
naturalmente, finalmente,
as lições que se escondem nas ruas,
nos abraços, nos tropeços,
e que você precisa decifrar.
A partir da terceira, o erro é meu:
Pare de ser incoveniente, Matheus,
Paulo,
Roberta
E você também, Tadeu.
Meu momento pode perder o vôo,
se atrasar.
Seu momento pode se perder,
não mais se encontrar.
Mas o amor deve saber esperar,
torcer,
rezar.
Não há machucado que não conte uma história,
que não permaneça nos cuidando,
diariamente, vividamente,
nas entranhas da memória."
PRECONCEITO SEM CONCEITO.
Sou negro, sou nordestino
dizem que sou diferente
sou mais um deficiente
que não tem cabelo fino
sou mulato, sou albino
sou Francisco e sou João
eu sou Índio, sou anão
sou assim, esse é meu jeito
e as pedras do preconceito
não servem na construção.
Sou do sul, sou do sudeste
sou do centro, sou do norte
sou mais um caboclo forte
sou vaqueiro do nordeste
sou filho do pai celeste
sou de qualquer região
sem mudar o meu conceito
e as pedras do preconceito
não servem na construção.
Sou mais um ser dessa vida
como qualquer outro ser
mas não consigo entender
gente de mente atrevida
bate na mesma ferida
e fere sem pedir perdão
aqui bate um coração
e sua cor não tem defeito
e as pedras do preconceito
não servem na construção.
DESUMANO HUMANO
É deprimente pensarmos na semelhança
entre a mente humana de agora
e a mitológica Caixa de Pandora (na verdade um jarro).
Na perseverança do homem
o jarro já se via derramado
e apenas a esperança
nele ainda contida
segurava-se em cada lado.
A boca do homem
é a boca do jarro
e delas saíram
todos os tipos de escarro.
A crítica humana
quase sempre anestesiada
é demasiada desumana.
Com pouco tato
destruímos a firmeza moral de um bom caráter
por um único ato.
A hombridade
que leva anos para formar-se e consolidar-se
desfaz-se de imediato
aos olhos do humano nato.
Temos o julgamento e a condenação prontos
antes mesmo do fato
e tampouco nos pautamos
pelo sensato.
Basta uma pequena e infeliz ação
para devolvermos em pesada e desproporcional reação.
Não foi assim que Newton
o gênio
não obstante humano
nos ensinou.
A CULPA
ah, a culpa humana
tão ferrenha quanto insana
a mais cruel das punições
a inviolável das prisões
assola o hospedeiro
e corrói o corpo inteiro
te leva ao fundo do teu poço
te afoga no raso, e arrasa teu fosso
sem remissão, a loucura é o vil destino
a absolvição existe, não é um desatino
mas não queremos aceitar a culpa
quando menos dolorosa é a desculpa
e assim vivemos
uma vida que não vemos
vazios de quaisquer culpas
num eterno cio por estúpidas desculpas
LÁBIOS DE CARMIM
Tosco e demente, sou enrosco.
Fora da mente, um pobre indigente.
Sei que não sou ninguém,
talvez um alguém diferente.
Mas nada salva este grande desencanto,
nem mesmo o mais puro santo,
tampouco algum sacrossanto.
No entanto, quero seu encanto.
Desejo seu ser inteiro,
e ser inteiro só para você.
Mas sou e mais estou aos pedaços.
Não tenho como dar-lhe uns abraços.
Pela vida, esburacado como queijos,
nem mesmo esses posso tê-los.
Não tenho como dar-lhe belos beijos.
E de nada adianta esta reles esperança,
que maltrata, atormenta e nada alcança.
Entrego-me ao esperado e triste fim,
sem beijar seus doces lábios de carmim.
THE UNFORGIVEN
a melodia é titânica e incinera
reverbera, pois é Metallica
e não importa a que ouvidos chegue
"o que eu senti, o que eu soube"
o que eu sei e saberei
não cabe em mim, nem nunca coube
foi profundo, atingiu e atinge fundo
eles dedicaram sua vidas
para conceber tal melodia
e agradar a todos, e a cada um
em cada noite, a cada dia
o que eu diria?
o imperdoável
é não apreciar
inquestionável melodia
NEM TÃO INCOMUM
meu senso não é comum
pois o comum destoa
deste incomum que sou
dos incertos pensamentos
tal qual dos sentimentos
todavia
nem tão incomum eu sou
se assim eu fosse
seria o que queria
e escreveria
o mais belo soneto
a mais linda poesia
“a folha branca
pede-lhe a inspiração:
mas, frouxa e manca,
a pena não acode ao gesto seu”
assim bem disse, e quis
um espanto de Assis
não o santo, mas o poeta
