Coleção pessoal de Afrorai

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Que estejamos presentes em memórias alheias. Que alguém já distante lembre do nosso sorriso e se sinta acolhido. Que o nosso bem faça bem ao outro. Que sejamos a saudade batendo no peito de uma velha amizade. Que sejamos o amor que alguém nunca esqueceu. Que sejamos um alguém que sorriu na rua e o desconhecido encantou-se. Que sejamos, hoje e sempre, uma coisa boa que mora dentro de cada um que passou por nós.

As folhas das árvores caem para nos ensinar a cair sem alardes.
Manoel de Barros.

Deixei uma ave me amanhecer.

No osso da fala dos loucos há lírios.

Aqui de cima do telhado a lua prateava.

O mundo não foi feito em alfabeto. Senão que primeiro em água e luz. Depois árvore.

As coisas muito claras me noturnam.

E agora o que fazer com essa manhã desabrochada a pássaros?

Natureza é uma força que inunda como os desertos.

Aonde eu não estou as palavras me acham.

Desfazer o normal há de ser uma norma.

A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela.

Meu fado é de não entender quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.

Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.

Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas.
Consegui não descobrir.

A voz de uma passarinho me recita.

Um fim de mar colore os horizontes.

A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário. Se uma vela acesa é símbolo de vida, uma vez apagada ela se torna símbolo de morte.

Você não amadurece ao comemorar um aniversário. Você amadurece ao chorar uma noite inteira e acordar sorrindo.

Para pensar

Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar, apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida, para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo, e de novo, quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa.