Cronica sobre Regime-Jo Soares
Dois Pontos
(Rayme Soares)
Sou um ponto ávido por construir uma linha
Vem ser comigo linha
Vem contornar o inalcançável
Vem ser somente minha
Aleatório ponto, vago
Em busca do teu jeito
És outro ponto vivo
Tua mão quero em meu peito
Sou um ponto aqui debaixo
Te encontro ao luar
A lua no teu rosto
Absorve o meu olhar
Vem ser comigo linha
Ser minha, ser só minha
Um ponto no horizonte
Ponto que me esquadrinha
Vem ser comigo linha
MULHER LINDA
(Rayme Soares)
Eu sorri, você sorriu
Em uma tarde de abril
Uma noite prometida
Aqui tá fazendo um frio
Uma porta se fechou
Quando o sonho reluziu
A tristeza se acabou
Aqui tá nascendo um rio
Quero a vida, mulher linda
Quero ainda mais que tudo
Do que fala o seu sorriso
Quero o mundo, quero o mundo.
Mãe
(Rayme Soares)
Abraço que ensina e acalma
Único, desde a luz da vida
Pois Deus permitiu que a alma
Por outra fosse envolvida
Palavras que nunca se calam
O entendimento perfeito
E por toda estrada se instala
Sem amarras, sem preconceito
Olhar e derrames d’alma
De gente que sabe ser mundo
Sem vestes, sem máscaras, sem trauma
Tem no olhar o sentido de tudo
QUARTO BRANCO
(Rayme Soares)
O frio, o fel, a falsa verdade
Justo aqui neste branco quarto
É quando a mim vem a realidade
E eu que me julgava tão especial
Era meu olhar, minha filha
Creia, nunca me vi de perto
Eu queria ser o gigante que pensava
Mas não me sinto nem isso, nem nada
Os anos que cria ser imenso se foram...
(Queria o seu abraço carente de mim)
(Cadente não, cadente não, só estrela)
Traças no papel do meu livro.
Vivi tanta ilusão, tanta, tanta!
Não posso me abater, eu sei
Meu Deus, quantas vezes mais
Eu vou chorar neste quarto branco?
INVENTO O CAIS
(Rayme Soares)
Eu venho de um lugar, de uma barriga, de um quintal, de um abrigo...
Eu venho de um lugar, de um colo pai, de doces mães...
Eu venho de um mundo indescritivelmente maravilhoso, venho de uma “boa vista”...
Venho de um “ninho”, sou passarinho...
Venho de irmãos passarinhos...
Eu venho de uma casa, sob um par de asas mães, sob tantos mantos bons...
Onde sonhávamos, nós passarinhos...
Eu venho de um cheiro de pitanga, de uma riqueza e uma carência sem medidas...
Eu venho de tantas parcerias, venho por tantas estações...
Eu venho de uma banda da lua, de uma onda, de tantas...
Eu venho de um sonho realizado, materializado...
Venho dos meus rebentos...
Filhas, tudo...
Eu venho das minhas paixões...
Venho do rio e do mar, de muito amar...
Venho de tudo que me impele a buscar saber mais...
Eu venho e sou esse que vos fala e se apresenta...
Quero ir além dos cinquenta...
E vou...
Menino de Rua - Escrito há mais de 30 anos.
(Rayme Soares)
De amor eu sou carente
Ando descalço e sem camisa
O meu futuro dizem ser delinquente
O meu dever amar a vida
O meu sorriso é momentâneo
O meu desprezo já lhe avisa
Que não sou nenhum simples estranho
Mas um moleque da avenida
Meu sonho mesmo é ser alguém
Que seja visto como gente
Não tenho nada e tenho o mundo
Pra aprender a me virar
Minha escola é a rua
Os "professores", quem não quer me ver
Pois sou um menino de rua
Mas posso até vir a crescer
CINQUENTA
(Rayme Soares)
Cinquenta passos até o início
Cinquenta braças até saber
Do que é passado, do que é vício
Do que passou, do que há de ser
Cinquenta tempos, suor e sangue
Cinquenta ondas, até o chão
Dentre essas, minhas filhas
Não cessarão no coração
Cinquenta: amores dentro e fora
Olores, dores, cantares, flores
Pelos quatro cantos, no mundo afora
Em mim, no centro, no vão das cores
Cinquenta: o novo e o velho
O bom que sorvo dessas andanças
Redescobrindo o evangelho
Vou acolhendo minhas mudanças
Renasce vida, a cada ano
A cada engano, renovo a vida
Aprendizado nesse plano
A nova entrada é a saída
Por esta porta, nem sei se estou saindo ou entrando.
Estou feliz!
Caminho
(Rayme Soares)
Na passagem por esse jardim e por esse deserto, só desejo mão na mão
Na visita à sua casa, só desejo um gesto brando
Na passagem, apenas o respeito, a compreensão
Estamos passando, aprendendo e ensinando
No passar, dissipemos nossas agruras
No passar, desnudemos nossas "faces"
Ao passar, deixemos algo que denote nossa grandeza
Ao passar, se for pra ser feliz, venha!
Lua em si
(Rayme Soares)
Luz nos olhos meus
Aguda luz do amor
Tua face clara, a tez da lua
Agonia: meu canto é, apenas, o que posso agora
Mais que lua em si, tu és toda a imensidão
Apossa-se dos meus dedos, do meu pensamento
Das letras que escrevo.
Dos favos do mel que desejo
Da minha canção
E eu me rendo ao violão
Pra ver se disfarço a tensão
PROCURO O NECESSÁRIO
(Rayme Soares)
Andar ao lado de quem se julga melhor do que os outros: tolice.
Andar ao lado de quem pensa que sabe: cegueira.
Andar ao lado de quem nada sabe: oligofrenia.
Andar ao lado de quem não está do seu lado: masoquismo.
Andar ao lado de quem está do seu lado, pro que der e vier: necessário.
JAYMINHO
(Rayme Soares)
Passo a passo, tu tens construído um sonho, uma história, uma vida.
Traço a traço, tens desenhado, sob os olhos do maior de todos os arquitetos, o que te edifica.
A arte de viver com alegria é para os que sonham, mas a felicidade é para os que sonham e realizam – fazem acontecer!
PARA ENCONTRAR COMIGO
(Rayme Soares)
Deixo que falem as dores
Estanco no crepúsculo e vagueio
Acordo os acordes nas canções
Não me perco no que anseio
Saio de perto do fel
Esqueço quem me despreza
Fico atento àquele ou àquela
Convirjo com o que reza
Busco marés e mares
Expurgo qualquer rancor
Busco a pureza dos ares
Aceito das mãos o tremor
Penso nas minhas filhas
Visito a minha mãe
Afasto-me das ilhas
Não deixo que me aranhe
Choro sob o chuveiro
Libero o meu sorriso
Não preciso ser o primeiro
Nem preciso do meu aviso
Acolher ou Excluir
(Rayme Soares)
Acolher é amor
É paixão, é grandeza
E é força, então.
Acolher é nobreza
É honestidade
É leveza
E é gratidão.
Acolher a ti retorna
É transparência
É sapiência
É consideração.
Excluir é fraqueza
É ciúme e incomoda
É desagregação
Excluir é preconceito
E é inveja que dilacera
Teu coração
Excluir é pequenez
É palidez, é discriminação.
Acolher que é ser mais forte
E em nada é nobre a exclusão.
Dentro de Mim
(Rayme Soares)
Tua pureza tão transparente
Que aos meus olhos se faz presente
É um presente de Deus!
Tua inocência tão displiscente
Aroma raro para quem sente
É um presente de Deus!
Tua inexperiência tão evidente
Tão necessária e resplandescente
És criatura de Deus!
Face louçã, luz da manhã
Quem me diria do teu existir
Sinto Deus dentro de mim!
Assim...
A Primavera Brinca - Canção
(Rayme Soares)
Tanto silêncio na noite
Fico pensando em você
Você linda como a selva
Misteriosa como a flor ao sol
A primavera brinca
E vem florir a noite, o céu
Que é demais...
Anunciando a manhã das flores
Misteriosa e sã
Misteriosa e sã
São estrelas lá no céu
Eu não posso me conter
Você aqui seria todo o céu
Misterioso e são
Aurora
(Rayme Soares)
Desejar-te desde a aurora
Não me quietou, não me calou
Adormecia o que hoje aflora
E agora é parte do que sou
Parte do que sou
Solta os cabelos e me acolhe
Menina terra cultivou
O chão da raça que me chama
Raízes fortes que cravou
Pegou meu coração
Hoje falo quando calo
Minha boa em ti cessou
Quando lá na roça é noite
A manhã já levantou
"Indimensionável", infinito
Aquele espaço aqui e lá
Cara linda vem comigo
Todo sempre namorar
DELINEANDO
(Renata Guimarães e Edson Nelson Soares Botelho)
Escaneando os meus sonhos
E suas raízes com pura energia
Formentando competências adquiridas
Para olhar com firmeza o seu propósito
Não fingir alegrias que não sente
Decidindo tornar-se capacitado
Desenvolvendo uma coragem absoluta
Para navegar nessa tremenda magia da vida
Atraindo coincidências inimagináveis
Para definir com clareza tudo o que quero
Sendo honesto comigo mesmo
Para lutar com coerência e abundância
Em um caminho repleto de riquezas
O destino ajuda se eu insistir
UM GRANDE AMOR
Selma Cardoso e Edson Nelson Soares Botelho
De repente a saudade do primeiro amor
Nunca é tarde demais para reconquistar
Um grande amor perdido no tempo
Mesmo correndo o risco
De não ser mais lembrado
Mas a vontade de reconquistar é grande
Tem de correr atrás do prejuízo
Recuperar o tempo que ficou afastado
Arquitetando o plano de conquista
Mesmo sabendo que o grande amor
Perdeu a beleza física da primavera
Só restou o inverno frio
E a lembrança dos dezoito anos de idade
Mas a certeza de reascender a velha paixão
A FACE DO MAL
(Renata Guimarães e Edson Nelson Soares Botelho)
O que poderíamos usar como pretexto
Para justificar todas as tragédias
De nossas infames vidas
Por mais espantoso que fosse
Forçar a humanidade a procurar um falso profeta
Sob quaisquer de suas denominações
Percorrendo as estradas mais perigosas
Submetendo a vida aos castigos do destino
Pondo em prática as mais estranhas ideias
Com pessoas vulgares rumo a falsidade
Sem lamentar nada do passado
Apenas por absoluto egoísmo
A procura de nova etiqueta
Que desse sentido a sua estranha vivência
FELIZ SÃO JOÃO
(Renata Guimarães e Edson Nelson Soares Botelho)
Sinônimo de alegria e amor
Queima a fogueira no chão
E arde a chama do amor
Assam-se milhos junto a fogueira
Bebem a vontade na maior alegria
Esquenta os corações dos apaixonados
Dançar quadrilha a noite inteira
É noite de festa de São João
Noite de fazer adivinhações
A noite dos casais apaixonados
Todos acompanhados dançando
Pode brincar a vontade
Só não pode fazer uma coisa
Querer soltar balões, é perigoso!
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