Cronica de Graciliano Ramos
Suplício das Ruas
Ouçam os gemidos da rua!
Lá fora pode estar um irmão
que necessita ajuda
e anseia por um pedaço de pão.
Nenhum teto para lhe cobrir a cabeça.
Sua cama? apenas o duro chão!
Vestes escassas e surradas, ele treme de frio
e no breu da noite, ninguém para lhe estender a mão.
Dele se desviam os olhares!
Aos insensíveis, sua presença incomoda.
e seu silêncio implora um gesto de amor, em vão.
Ah! olhemos o drama das ruas!
Mas que transformemos o nosso olhar
na mais nobre e solidária ação.
Cika Parolin
Pai,
Não te posso ver, nem te ouvir!
Talvez as mensagens da tua alma
viajem até a minha, nas asas do sentimento!
Por isso sinto essa brisa tocar-me o rosto
como recado teu, esquecido no tempo.
Sei que estás mais distante do que eu gostaria,
mas conforta-me saber que tua voz
virou afago do vento.
Cika Parolin
"Os homens de boa vontade",
onde estão?
Esqueceram-se de lançar as sementes do amor
no solo das almas famintas por compaixão?
Talvez nesse Natal
os que têm a mesa farta, se sensibilizem
e lembrem de dividir o Pão.
Tantos com tanto e quantos sem nada!
Olhemos em volta,
logo ali na esquina,
padece de fome, um irmão.
É hora de compreendermos, de fato,
o verdadeiro sentido do "Amai-vos uns aos outros",
em toda a sua grandeza e extensão.
Cika Parolin
Ah! não vou fingir que não me importo!
Quero, sim, a via de mão dupla.
Entrego o meu tempo, o meu cuidado, a minha energia...
E não vou negar! Fico atenta ao brilho dos olhos e à apreciação!
Não se trata de querer elogios, trata-se de sentir que meu carinho tocou os corações. Apenas isso.
Cika Parolin
Não permita que ofusquem sua alegria
e que apaguem da sua alma a esperança!
Você é o guardião(a) de ambas e como tal, responsável
por mantê-las sempre vivas e pulsando dentro de si.
Não delegue a outrem o dever de fazê-lo(a) feliz!
A felicidade vem de dentro para fora
e se expande a partir de você.
Que a alegria, a esperança e a fé sejam sua meta
nesse ano que se inicia.
Cika Parolin
Os que moravam longe da cidade
levavam meses para registrar os filhos recém-nascidos
e, igualmente, demoravam para terem seus nomes definidos.
Eu não fugi à regra: Nascida em parto gemelar com Ciro,
o menino ansiosamente esperado, não cogitavam nomes de menina
e muito menos que viessem gêmeos,
visto que já tinham Marli, uma menina de cinco anos.
Como era de praxe queriam nomes que combinassem.
Cogitaram Maria e Mário, João e Joana, Karl e Katia...
mas o nome sonhado para o menino era "Ciro"!
Formou-se o impasse! Que nome dar à menina?
Dessa forma fiquei mais de meio ano sendo mencionada como "a nenê".
Não mais que de repente, Dona Amélia, uma moradora de uma chácara próxima, apareceu, providencialmente à hora do almoço,
para visitar, segundo ela, "os geminhos"!
Entre um pedaço de frango assado e outro, ela faz a pergunta fatal:
"Dona Maria( Marichen), como é o nome dos geminhos"?
Ao que mamãe responde: "O nome do guri é Ciro,
a menina ainda não tem nome".
Como que tendo uma ideia fenomenal dona Amélia grita:
"CIRLEI", Ciro e Cirlei, combina"!
E assim foi, algum tempo depois registraram-nos
e em seguida, o Batismo, realizado num domingo chuvoso,
no Templo Luterano, pelo pastor Fughmann,
recém vindo da Alemanha que num português péssimo disse:
"Kiro e Kirlei eu vos batizo em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, amém.
Quanto ao Cika? Fica para uma outra longa história.
Cika Parolin
Quando jovem, ouvia dos antigos a clássica frase: "O tempo voa"! E não é que me peguei dizendo isso dia desses! Não vi os últimos vinte anos passarem e ainda não realizei aquele velho plano de entrar num ônibus caindo aos pedaços qualquer e sair por aí, talvez rumo à Goiás; quem sabe comer doce de leite no interior do interior de Minas; não a viagem de turista, mas o ir ficando onde desse vontade! Passeando por pessoas, hábitos e lugares! A pé, de charrete, de bicicleta ... sem tempo determinado ou programações elaboradas! Apenas fazendo o que o gosto mandasse.
Os sessenta estão passando e já começo a transferir os planos para a próxima década! Logo começarei a desconfiar que não vai dar tempo.
Cika Parolin
Como diz a velha canção:
"A distância, sabe, é como o vento,
Apaga os fogos pequenos
Acende aqueles grandes. Aqueles grandes "
Os velhos grandes amores, que muitas vezes julgamos apagados pela distância,
demandam apenas um pequeno sopro de vento
para reacenderem em grandes labaredas.
Cika Parolin
Todos temos nossos compromissos e deveres
e muitas vezes eles demandam renúncias
daquilo que gostaríamos de estar fazendo.
No entanto, entrei naquela idade em que posso me dar ao luxo de me "rebelar"! Não me sinto culpada por, de vez em quando, tirar o dia só para mim, dormir quando e quanto quiser, passar o dia de pijama escrevendo poemas, ouvir música no último volume, ver filmes o dia todo sem responder o telefone, esquecer das horas, curtir a minha companhia sem nada pra fazer.
Isso não tem a ver com egoísmo, mas com "terapia"!
É saudável dar-se um tempo das correrias e das necessidades alheias. É como se buscássemos energia para seguirmos em frente! Bom e necessário!
Então para você também: "Dolce far niente"
e feliz fazer aquilo que o faz leve.
Cika Parolin
O impiedoso passar do tempo não faz de mim uma mulher sábia pelo fato de amadurecer, mas de certa forma me faz ver as coisas de forma mais tranquila, sem a precipitação e o calor da hora.
Antes, me faz olhar os contratempos com uma boa pitada de humor e na certeza de que nada dura para sempre. Se os momentos bons passam rápido, os maus passam tanto quanto.
Conforta-me saber que a serenidade vem substituir as perdas inerentes ao envelhecimento. É o "toma lá dá cá da vida".
Cika Parolin
A despeito de tudo, somos humanos!
Todas as teorias não impedem que eu saiba
que um dia iremos embora
e aqui deixaremos, por curto espaço de tempo,
apenas rastros de nossa passagem.
Tal constatação deveria nos fazer ver que não há ninguém melhor
e tampouco, pior que cada um de nós.
Estamos aqui para a aprendizagem da humildade,
do respeito e das atitudes do bem.
O diferencial todo está em aprender ou não, as lições:
Quanto mais tempo perdermos com vaidades e mesquinharias,
mais íngreme será o caminho rumo ao melhoramento
e menos chance teremos de deixar marcas minimamente exemplares da nossa curta estada.
Cika Parolin
Li, em algum lugar, algo muito significativo sobre escritos:
"Se tudo o que se escrevesse passasse por uma peneira, para separar o joio do trigo, o monte do trigo seria mínimo diante da imensa montanha do joio".
Como ser que pensa, cheguei a conclusão que mesmo amando escrever, faço parte da montanha do joio e estou bastante longe dos melhores grãos.
Cika Parolin
Que minha alma seja branda,
que ela perceba o bem que existe em cada ser.
Que eu não aponte falhas em meus semelhantes,
mas antes observe as minhas que podem ser ainda maiores
do que as que eu busco apontar nos outros.
Que eu não tire a paz de ninguém
e que o coração dos que querem tirar a minha,
também seja abrandado.
À beira de uma estrada qualquer de interior,
pequenas flores do campo, de um singelo tom arroxeado,
chamou-lhes a atenção.
Sem perda de tempo ele parou o carro
e colheu uma delas.
Olhos nos olhos, mãos nas mãos, ela recebeu a florzinha como o mais valioso presente! Prendeu-a nas mãos até o o final da viagem e depois, por dias, um copo de água serviu-lhe de vaso. Antes que morresse fora guardada em um livro, cujo nome agora não importa.
Lá ficou por anos e anos... De vez em quando, era "visitada" e as mutações, provocadas pelo tempo se percebiam.
Numa dessas ocasiões, ao abrir o livro, a florzinha seca havia se desintegrado e seus fragmentos caíram ao chão.
Nada mais poderia ser feito além de lançá-los ao vento
como quem, com muita relutância, devolve ao universo algo que se queria somente seu.
Cika Parolin
Não somos capazes de adivinhar o que se esconde
nas curvas dos caminhos nunca trilhados.
Armadilhas, abismos
ou até mesmo, as mais belas paisagens.
Eis aí a grande graça:
Seguir com o espírito desarmado
e com a serenidade dos que já viram muito
e não temem os "percalços da caminhada".
Cika Parolin
E numa bela manhã você percebe que tem dado importância demais ao que em nada modifica, para melhor, a sua vida.
Toma consciência de que a energia que despende quando se entristece, representa um desperdício de momentos lindos que
não voltarão a bater a sua porta. Perde sorrisos, perde poesia,
perde encantos, perde VIDA!
Por isso, deixe de lado o que o magoou!
Olhe para frente, fique atento às flores do caminho!
Cika Parolin
Há muito fiz minha opção pela escrita!
Não por exibicionismo,
não para provar alguma coisa,
Jamais para usá-la contra quem quer que seja.
Mas para trazer à tona
o que me arde na alma.
As histórias passadas, os sentires,
o amor a Deus e à família
são minhas verdades
e procuro retratá-las com palavras.
apenas isso!
Cika Parolin
Além dos necessários atos de delicadeza como ceder o lugar a um idoso, responder a um cumprimento, a GENTILEZA deve exceder os comportamentos adequados à vida social.
Um ser essencialmente gentil pensa em si, mas não deixa de pensar no outro. É capaz de olhar em volta e perceber que um único gesto poderia mudar para melhor o dia de alguém.
GENTILEZA, acima de tudo, é atitude aliada à vida como um todo, onde a conjugação a ser utilizada é precedida pelo pronome "NÓS". Sim! sempre no plural!
Cika Parolin
Dou tanto valor aos pequeninos gestos de delicadeza!
São formas especiais que algumas pessoas encontram para nos dizerem: "Gosto de Você", "Sua amizade é importante para mim"!
Uma palavra de carinho, um pequeno e inesperado mimo,
um telefonema, uma mensagem desejando melhoras
ou até ser solidário nos momentos difíceis...
são tantas as formas de se demonstrar afeto
e permita Deus que a todas elas eu seja grata e atenta!
Cika Parolin
Nada do que façam ou digam me causa incômodo!
Tampouco os caminhos alheios são da minha alçada
ou me dizem respeito.
Apenas continuo vivendo ao meu modo!
Errando, aprendendo, acertando! Não necessariamente
nessa ordem, mas preocupada apenas em encontrar
o caminho para meu melhoramento como pessoa.
Cika Parolin