Conto Amor de Clarice Lispector
Mãe Mwila
Pé que dança na terra,
Reza a história que tem para contar.
Mãe Mwila, mulher ancestral,
Do seu coração, faz o teu vibrar.
Pelo som de quem cumpre a missão,
De dar tudo daquilo de quem não têm,
Alma tua vibra com a sua,
- espíritos que entretanto se fundem -
Pelo impulso de um abraço materno,
De quem toma o AMOR,
Venha ele donde vier,
Por sua mãe.
(IM)PERFEITO
Amo o imperfeito
Retira-te da zona de conforto,
Para uma viagem interior.
Os detalhes tornam-se intermináveis
Promenores de repostas insaciáveis
O fim nunca acontece.
Algo mais, sempre,
por descobrir depois.
Amo o imperfeito.
Reação físico-química
Ao desconforto interior.
(In)verdade para individual realidade.
Detalhes intermináveis,
Promenores insaciáveis,
Um fim que nunca acontece.
Novamente algo,
Para se descobrir depois.
Evolução
AMAR NOUTRA DIMENSÃO
Quando o sol se esconde, para que um novo dia aconteça outra vez, o previlégio da proximidade com o mar enriquece-me as reflexões, as sensações, as emoções.
É na infinitude do horizonte, no observar do pássaro que tomo como de perto a tua presença, que revivo os teus beijos, acolhida por teu abraço, numa intensa real sensação do que me dás nos meus sonhos.
E no pássaro que voa, perante os estímulos que me provocam as ideias, encontro-me, a amar noutra dimensão.
NÃO DEIXAR NADA POR DIZER
Meu sonho foi de encontro ao teu
Um brilho uma luz interior
Que nada fique por dizer
Assim vivo esta canção
Quando escuto a tua voz
Nos sonhos nas manhãs
Num beijo que me acorda
O teu corpo junto ao meu
(um) pulsar de emoção
Mistério que me aborda
Teu coração a sentir
Sorrir, adormecer
No que é também amor
E quando se expressa
Silêncio em paixão
Anjos que falam
Nesta canção
Desde que me apercebi
Do que já sinto em mim
Meu coração.
E quando se expressa
Silêncio em paixão
Anjos que falam
Nesta canção.
Ofereço-te em Palavras
Meu coração!
A vida tem muitos perfumes com diversas fragrâncias adequados a cada momento e a cada fase .quando se perde a oportunidade de apreciar uma ganha-se a habilidade de ser mais atento a apreciar a próxima e os muitos que virão com fragrâncias ainda mais envolventes,algumas são sentidas outras são perdidas e assim é traçado o caminho para sentir a fragrância do perfume da sua vida,o melhor e mais encantador de todos,basta estar atento,entender o momento certo e apreciá-lo intensamente para sempre
.
ARGOS E A VIGÍLIA DA FIDELIDADE ABSOLUTA.
O episódio de Argos constitui um dos momentos mais silenciosamente trágicos e moralmente elevados da narrativa antiga. Não é uma façanha de guerra nem um triunfo político que encerra a longa errância de Odisseu, mas o olhar cansado de um cão esquecido no limiar da casa que um dia foi nobre.
Após vinte anos de ausência, dez consumidos pela guerra e outros dez diluídos na provação do retorno, o herói chega à sua pátria reduzido à aparência de um mendigo. Tal metamorfose não é apenas corporal. Ela é simbólica. Odisseu regressa despojado de glória visível, privado de reconhecimento social, colocado à prova em sua essência moral. A casa está ocupada por usurpadores. A esposa está cercada. O reino encontra se em suspensão ética.
Argos, outrora um cão vigoroso de caça, fora abandonado num monte de esterco, negligenciado pelos servos que já não respeitavam a antiga ordem. Velho, doente e quase cego, conservava apenas aquilo que o tempo não pode corroer a memória do vínculo.
Quando Odisseu cruza o pátio, nenhum humano o reconhece. A aparência engana os olhos treinados para os signos do poder. Argos, porém, não vê com os olhos sociais. Ele reconhece pela presença essencial. Ao ouvir a voz e sentir o odor do seu senhor, ergue as orelhas, move a cauda com esforço e tenta aproximar se. Não ladra. Não chama atenção. Apenas confirma, em silêncio, que a fidelidade sobreviveu ao tempo.
Odisseu vê Argos. E nesse instante ocorre uma das mais densas tensões morais do poema. O herói que enfrentou monstros e deuses não pode ajoelhar se diante do próprio cão. Revelar se significaria colocar em risco o desígnio maior da restauração da justiça. Ele precisa seguir adiante. Contém as lágrimas. O silêncio torna se uma forma de sacrifício.
Argos, tendo cumprido sua vigília, morre. Não de abandono, mas de conclusão. Esperou o retorno para poder partir. Sua morte não é derrota. É cumprimento. Ele fecha o ciclo que a guerra abriu. Onde os homens falharam em reconhecer, o animal guardou a verdade.
Este episódio revela uma antropologia moral profunda. A fidelidade não depende da razão discursiva nem da convenção social. Ela nasce da constância do vínculo. Argos não exige provas, explicações ou aparências. Ele sabe. E ao saber, encerra sua existência.
A grandeza deste momento reside no fato de que o primeiro reconhecimento do herói não vem da esposa, nem do filho, nem dos aliados, mas de um ser esquecido, humilhado e descartado. A ética antiga ensina aqui, com sobriedade severa, que a verdadeira nobreza não está na glória visível, mas na lealdade que resiste quando tudo o mais se dissolve.
Argos não fala. Não combate. Não julga. Apenas espera. E ao fazê lo, torna se imortal na memória humana, pois há fidelidades que não atravessam o tempo para viver, mas vivem para atravessar o tempo, tocando a imortalidade daquilo que jamais traiu.
CREPÚSCULO DOS OLHARES QUE SANGRAM LUZ
Olho nos teus olhos e algo antigo desperta, como se a noite respirasse dentro do nosso peito. A lua inclina seu rosto sobre ti, oferecendo um lume pálido que se mistura à palidez de nossas almas que se procuram desde a penúltima dor. Há um frio doce que percorre o ar, um silêncio que se esculpe em nossas carnes como um sacramento soturno.
A única lágrima que guardamos nos recônditos mais ocultos se desfaz lentamente, como se abrisse uma fresta entre dois mundos. Não é apenas lágrima. É o resto de uma saudade que jamais encontrou nome, é a memória de um pacto selado quando ainda éramos apenas um rumor de espírito à beira de outro universo.
O romantismo aqui não é júbilo. É ferida luminosa. É o toque místico do invisível que paira entre nós, sussurrando que o amor nunca é de superfície, mas sempre de abismo. E é no abismo que te encontro, envolto em uma aura de noite eterna e, ainda assim, como se guardasses o pressentimento de uma alvorada impossível.
Tu esperas por mim. Eu espero por ti. Somos dois vultos que caminham por corredores espirituais, cada qual trazendo no peito a impressão de que a vida inteira foi apenas prelúdio para este instante. A lua testemunha. Os recônditos aquiescem. E o amor é profundamente nosso, que se eleva como neblina sagrada que se recusa a morrer.
"Olhar Que Fala"
Ele e ela, tão jovens pra saber.
Que o mundo gira lento quando a gente quer.
Sambas na vitrola, rock pra enlouquecer , dias na praia até entardecer.
Mesmos sonhos tortos, mesmos medos a esconder.
Só de olhar, já sabia o que vinha,
Pensamentos cruzados na mesma sintonia.
Mas ela queimava em fogo intenso demais,
E ele ficou parado, sem coragem pra mais,
Se perderam no tempo, no silêncio e na dor,
Ainda se falam baixinho, esperando o amor.
Conversas longas até o sol se esconder,
Palavras que dançam no ar sem perceber,
Afinidade crua que ninguém pode negar,
Mas falta atitude pra realmente ficar.
Só de olhar, já sabia o que vinha,
Pensamentos cruzados na mesma sintonia.
Mas ela queimava em fogo intenso demais,
E ele ficou parado, sem coragem pra mais.
Se perderam no tempo, no silêncio e na dor.
Mas Ainda se falam baixinho, esperando o amor.
E no fundo do peito, uma chama ainda acesa,
Que insiste em chamar pra uma recomeça.
Mas ela queimava em fogo intenso demais,
E ele ficou parado, sem coragem pra mais .
Se perderam no tempo, no silêncio e na dor
Mas eles Ainda se falam baixinho, esperando o amor.
Alma de 17
Ela tinha 42 anos, mas sua alma dançava com a leveza e a intensidade dos 17. Juliana vivia com o coração aberto, sempre pronta para amar e ser amada. Para ela, o amor era um fogo que precisava arder sem medo, sem barreiras.
Desde jovem, sonhava com sua alma gêmea, aquele príncipe encantado que completaria sua essência. Quando conheceu Rafael, acreditou que finalmente o havia encontrado. Seus olhos brilhavam ao vê-lo, seu sorriso se iluminava com cada palavra dele.
Mas Rafael não via Juliana como ela via a si mesma. Ele não correspondia àquela paixão vibrante, aquele amor que transbordava e não se contentava com pouco. Ela sentia o vazio da ausência do seu amor verdadeiro, mas nunca fechou seu coração.
Juliana continuava a amar intensamente, sonhando e esperando. Porque sabia que a alma gêmea não é apenas alguém que aparece – é alguém que reconhece a luz da sua alma de 17 anos e decide caminhar ao seu lado.
E enquanto isso não acontecia, ela dançava sozinha, livre e cheia de esperança.
A maior força mora no silêncio das batalhas invisíveis, guerras travadas na sombra do coração, onde o grito se converte em segredo guardado, e o triunfo, quão um pássaro alado, que insiste e entoa suave e eterno,
planando oculto entre as folhas do tempo, feito um conto antigo sussurrado pelo vento.
Máquina de escrever
Entender, sem ser entendido
Entregar tudo, sem receber nada
Acabou a tinta da máquina de escrever
E os papéis não tem nada para ler
É um loop infinito
Onde nos machucamos
E achamos bonito
Por isso ainda insistimos
Em um fogo cruzado
Um amor proibido
Cheio de obstáculos
Talvez com dias contados
Almejam que até os cento e quatro
Mas se assim não for
Aos cento e três
Provável que ainda vivam um conto inventado
Um lugar sombrio
Onde determinam sua felicidade
E dizem que você errou o caminho
Trilhando contra vontade
No peito, a inutilidade
Mas o que o incentiva
A lutar contra a humanidade
Se não resta mais uma gota de tinta
As teclas nunca param de verdade
Mas os papéis continuam em branco
Pra onde trilhou a felicidade?
Se olhar bem, ainda há muita tinta
Mas nada será escrito
Nada será eternizado
Enquanto o caminho não for encontrado
Só que o que fazer se já o acharam?
Ainda há tinta na máquina de escrever
Mas como escrever com as mãos atadas?
A tinta vai escorrer
E as mãos não poderão ser resgatadas
Outras coisas cairão no papel
Numa poça d’água salgada
Toda felicidade
Será rasgada
Se debruçar sob os pedacinhos de papel
Não farão com que aquela folha volte
Se arrependerão de terem a deixado sem tinta
De forma tão cruel
Mas porque deixar a tinta escorrer
Ainda há papel
Na máquina de escrever
Por favor, desamarre essas mãos
Mãos sedentas pelas teclas
Teclas estas que não podem tocar
Pois sua felicidade
Não está para o lado de lá
Ainda há tinta na máquina de escrever
Ainda há papel na máquina de escrever
Ainda há teclas na máquina de escrever
Mas talvez não tenhamos mais mãos
Para trilhar nossa felicidade
De verdade
Na nossa eterna
Máquina de escrever
Uma parte da Humanidade
ignora que na Palestina há
vários presépios com manjedouras
transformados em escombros.
Há presépios e manjedouras
reduzidos a pó porque o Mal
de ontem é o Mal de hoje
instalado no coração do Homem.
O Natal continuará mesmo
que tenham feito e tentem
de tudo para que desapareça.
Não há como segurar o ar,
o Sol e nem o Natal porque
sempre haverá alguém para contar.
Talvez
Talvez um dia eu te esqueça, e esqueça todo o bem que você já me fez. Talvez eu esqueça do gosto do teu beijo e também do teu cheiro impregnado na minha alma, mas talvez eu só esteja lembrando disso por não conseguir lidar com o grande talvez que me atormenta, porque simplesmente, talvez você não me ame mais.
MURMÚRIOS
Quantas frases buscadas e não ditas
As mais rebuscadas nem sempre as “benditas”
Palavras e desencontros por aí perdidos
No silêncio clamando como mendigo
Um abraço sincero em forma de abrigo
Apelo não dito que só pode escutar
Aqueles que amam sem nada falar
Sentimento profundo no infinito lançado
Quieto, calado, querendo bradar
Maturidade: abafa esse grito do peito
Bem desse jeito murmurando baixinho
Não perde a esperança de encontrar sem razão
Alguém lhe escute a voz do coração!
PERSISTÊNCIA
Onde andas encontro?
És mago ou és monstro?
Será preciso perder-se para saber?
Num momento: certo, seguro, coberto...
Vestindo furor em mil coincidências
Robusto explendor reflete e cegueia
Despido no tempo, brilho ofuscado
Raquítico e belo, coração mal tratado
O passo foi firme e já hoje rengueia
Segue tua senda, coxo, maltrapilho
Ergue a cortina, na busca da Luz
A casca que cai desnuda a aparência
Ampulheta cruel retarda tua sina
Reflete e ensina o valor da essência
Mago e monstro: eterna insistência!!!
BIRUTA
Tudo perfeito
Não fosse esse jeito
Da solidão do vazio
Gigante e esguio
Sol lindo que arde
Na sombra um aparte
Com a brisa uma parte
Daquilo que falta
Sopro de alma pura
Mantém a esperança
Daquela ternura
Que justifica e empurra
A vida pra frente
Silêncio carente
Que o mar nos indica
A prece que grita
Um acaso exigente!
FUTURO DO PRETÉRITO
Vizinho passado
Tão perto e tão longe
Não sabes que esconde
Um futuro minguado
Tão lindo e esperado
Meio sindrômico
Crente não vês
Um sonho só teu
Já dizia o poeta
Sozinho não segue
Pra virar realidade
Viril cumplicidade
Virtude tão cara
Que a muitos separa
Tão bela: tão rara!!!
PARA”ISSO”S
“Dove” está minha alegria...
Oh que busca “in”gente
Um oceano de emoções
Divide continentes
Alma cortada
Saudade afiada
De minha amada gente
Contando as horas
Longe e perto
A terra em que se “Pisa”
Foi passado e é futuro
Obras certas
Obras tortas
O que mais na vida importa
É um eterno abrir de portas
Corre nas veias
Um resgate de história
Do “Pó” viestes
Ao “Pó” voltarás
Olhando para trás
Olhando pra frente
Presente... passado... futuro...
Não há ambiente fixo
Assim... aqui e ali...
São meus: Para”isso”s!!!
FORMATAÇÃO
Formatado
Sem marcas
Sem mágoas
Primeira parada:
Acolhimento de família
Nesse ninho:
Amor, carinho
Farol iluminado
Exceção pra muitos outros
Essa foi minha realidade
Sabe-se, bem verdade
Que se sopram outros ventos
A soberba da matéria
Em minha porta não bateu
E outras coisas tantas
Que a mim não foram pródigas
Na riqueza de um afago
A lógica é diversa
Impulsionando o ser mundano
Para um ser que se completa
Não é preciso ser atleta
Sumidade ou nobel
Mas também não é de graça
Que se direciona para o céu
Nesse sagrado trajeto
Em meio ao vazio e à plenitude
Fui da escola ao magistério
Meio por acaso
Tal amor floresceu
Guiado pelo exemplo
Chocado naquele ninho
Onde o maior norte
Rumava para o ensino
Todavia Educação
Não é só excelência técnica
Muito mais que fita métrica
A medida há de ser outra
Fazer de um ponto de partida
O portal para evolução...
Já se faz iniciação
Para o ofício do ritual...
Para incitar o aprendizado
É vital tal compreensão
Não sou mais tão formalista
E muito sigo o coração
Buscando na conquista
Demonstrar essa paixão
Não são notas escritas
As que nos gravam no eterno
Numa santa troca diária
De polivalente adequação
Cálculos, leis, gestão
São pequenas partes no processo
E para o bem do progresso
Não basta passar os anos...
Há que "Ser" firme no propósito:
De nos tornarmos mais humanos!!!
RAÍZES DE OUTONO
Mãe amada
É primeiro de abril
A ti já se viu
Inflamados discursos
Convenientes aos ursos
Momentos diversos
Hoje povo disperso
Nos deixaram mais pertos
Nesse momento
Alegria e alento
As folhas caem
E a raiz fortifica
Beleza que implica
Um novo porvir
Feliz leniência
Onde a conveniência
Não tem vez e nem voz
Estação do amor
Desabrocha em nós!
