Contexto da Poesia Tecendo a Manha
OLHAR ALÉM
Ferida constante;
Amargo instante;
Num sopro distante;
Que morre adiante;
O amor viveu...
Também enfureceu;
Mas amadureceu;
Depois esqueceu;
Do que prometeu;
Até que morreu...
Olhar além;
Procurando alguém;
Sentindo-se refém;
Do tempo aquém;
Esperou o bem...
Sorrateiro sentimento;
Arrastando o vento;
Semeando o momento;
Mesmo desatento;
No esquecimento...
Guimarães Júnior
15/02/2018
Vi no horizonte brotar uma rosa
Na mansidão da aurora
Onde brotou o sol.
Silenciosamente
o acaso se cala rapidamente
Ao entreter das horas
Nas vozes ritmicas das aves candoras
Há desilusão no anoitecer
a vida, simplesmente a vida,
sempre irá reamanhecer
Reamanhecer no beijo esquecido
No abraço evitado e no “eu te amo” temido
Nas palavras engolidas, no olhar desviado
No amor sufocado e nas lágrimas contidas
A vida renascerá no caminhado desviado
Quando o café amargo for por você adocicado
E, então, ao sabor do beijo dado e do abraço apertado
Do “ eu te amo confessado” e das lágrimas sentidas
A felícia irá brotar, e o sol enamorar uma rosa frágil chamada de VIDA!
A ALMA DOS POETAS
Então você quer ver
a verdadeira alma dos poetas?
Ah!
Eles carregam em seus peitos flamejantes
o encanto primaz, fiel à sabedoria
ainda que dentro de realidade instigante
a loucura reine, impregnada em desarmonia,
no coração, trazem amor maior que um gigante
e jamais na alegria ou na fatalidade se distanciam
de um canto puro, angelical e emocionante.
Vamos engolindo aos poucos
cada dose desse vinho.
Tinto, fino e caro
Bobeira a nossa achar
que o valor e a fineza
fara de algo um melhor.
Até mesmo nas flores
existem espinhos, quem dirá
de nós ou do vinho.
Vestir-se bem não diz quem és
não mostra sua face
apenas esconde
quem és de verdade.
Um vinho caro, não diz
riqueza, mas sim que se pode
na esquina achar uma
garrafa e encher como queira
e na falta de cultura
se deliciar acreditando
ser verdadeira.
A arte liberta
Quero minha liberdade
Nada da futilidade me trará felicidade
Ainda que doa eu prefiro a verdade
Não tem haver com a idade
Eu me sinto como a lua
Em várias fases
Todo artista tem dor
Nunca encontrará um artista são
Não tem como
Ou vc é são ou tem coração
Um dos meus preferidos é van Gogh
Mais eu não quero que meu futuro seja igual o dele
Não quero me enganar até os 35
Algumas palavras não me abandonam
Ficam presas em minha alma.
Se foram escritas, se foram ditas
Não há uma importância qualquer.
Elas se prendem em meu ser.
Não ouse dizer falsas palavras
Pois elas ficaram gravadas.
Serão marcas em minha alma.
Não ouse julgar meu sentimentos
São deles o meu sustento
A minha dignidade e a força que me rege.
Não sou mais adolescente, a criança em mim, pensa.
Eu queria odiar, com mesma força que amo.
Mas não cabe em mim tal proeza
Sou fraca em reconhecer mentiras
Dou meus votos de graça, confio, acredito
É só entro em enrascadas
Minha alma sofre, e meus dias se vão.
Se te faz feliz, não sei, jamais saberei responder.
Pois nada que é pisado pode se fazer de uma glória.
Pois hoje estou no chão, mas amanhã posso estar marcada na sua memória.
Não como o tapete, mas como o que está acima dele
FLUTUANDO.
Eu sou assim, mesclada,
cheia de amor e temor.
Mas tenho imperfeições...
Busco me aperfeiçoar!
Sou sujeita às paixões,
mas estou sempre a me policiar.
Não perco o meu jeito de amar
muito menos o de ser e sonhar
Sempre tentando melhorar,
mas há quem só me enxergue
com os olhos da carne, pela metade!
Porque a mim não se entregar?
Nossos olhos a se trocar
Um leve sorriso no ar
Meu jeito intenso e estranho
Porque a mim não se entregar?
Te trago comigo ao pensar
As noites a se passar
Quero lhe conquistar
Porque a mim não se entregar?
Os dias passam lentamente
Seu rosto belo em minha mente
Porque a mim não se entregar?
Chegou e bagunçou tudo
Seus olhos claros profundos
Porque a mim não se entregar?
Do núcleo interno quase no inferno
Revelação de dentro para fora do hipocentro
Fonte da verdade onde nada se censura
Falo com liberdade o que outrem murmura
Voz activa e alta, permissão não me falta
Políticos escondem quando esta voz exalta
Escondem os filhos, quando puxo o gatilho
Calei o tambor e fiz da maçaroca o milho
Infiltrei-me no sistema, desvendei esquemas
Razão dos vossos problemas são os meus poemas
Oculto a cara, sou alérgicas as algemas
A informação é clara e eu mostro as gemas
Com suas falas nulas, não me abalas
Nem me calas se tentas a balas
Relatório no escritório e dizes que ralas
O povo na miséria e tu em festas de galas?
Sou uma arma de ataque, mestre de combate
Digo muito em pouco tempo considerem-me arte
Censuram-me a escrita, não a voz
Escrevo no singular e também escrevo por vós
Inimigo do político, polémico por ser crítico
Censurado pelos media, por ser explícito
RAP Alternativo e muito verídico
Não sou o maior estilo, sou o mais analítico
«Verbum pro Verbo» feitura compilada por mim
«Palavra Por Palavra» traduzida do latim
Críticas explícitas, do início ao fim
Reflecção lógico-racional, sou mesmo assim
Distribuição gratuita mas o verso não é em vão
Acredita gastei guita nesta compilação
De forma rimática entrego a verdade a nação
Agora cabe a vós, não só com a voz
Apoiar a revolução.
És tu que tiras-me o sono
Molhas-me com o líquido morno
Por ti, punha a mão no forno
Tu não tens dono tens filhos em seu trono
És tu que atravessas mares, em todos os lugares
Conquistas para amares
Propagas-te pelos ares como bombas nucleares
Ignoras olhares e conforto dos lares
Com a verdade andas aos pares
Malícia vares, tocas em bares
Em auriculares, seguidores tens milhares
És resistente, como os pilares
És tu o inimigo dos políticos
Pelos temas críticos e verídicos
Causas e efeitos deixas explícitos
Em curto tempo expões
Problemas em poemas rítmicos
És tu criação da mentalidade negra
Aceitamos-te não, precisamos de uma adaga
Em termos de raça, sua visão é cega
Branco, Negro até Amarelo tu não negas
Foste fragmentada ao passar do tempo
Ganhaste ramificações «bounce» por exemplo
Discípulos que fazem do estúdio seu templo
E os que usam-te como profissão, cairão com o tempo
És tu razão da minha metamorfose
Uma mente e um espírito no corpo simbiose
Tu bem sabes que abuso da dose
Se fosses droga morreria de overdose
Tornaste-me marujo neste mar de letras
Metaforizaste os remos em canetas
Provérbios e aventuras anoto em sebentas
Não precisas de cadernetas aqui não há tretas
És mal interpretado, não és culpado
O teu afilhado é que tem-te marginalizado
Empenhado no pódio e no trocado
E outros preocupado em deixar o pessoal informado
Tu cá em África és considerado vício
Em América, és como ofício
Mas continuas uma arma desde o início
Sabes o que fazer no momento propício
És tu o dedo na ferida, do político e sua política enfraquecida
Forneces ao pessoal o que censuram no jornal
És a reflexão lógico-racional em nível mundial.
Nunca deixei de gritar por não ser escutado
Nunca desisti por não estar acompanhado
Nunca mudei a escrita por não ser compreendido
Nunca em meus escritos citei um verso ouvido
Nunca pensei em lucrar com o RAP que faço
Nunca falarei mal de alguém para ganhar espaço
Nunca falei bobagens para versos rimarem
Nunca farei música para miúdas dançarem
Nunca lamentei da vida sem antes trabalhar
Nunca deixei de sonhar em arquitetar
Nunca propositei erros por ser imperfeito
Nunca consciente mostrei o meu defeito
Nunca por falta de guita arranquei carteira
Nunca por sofrer «bulling» abandonei a carteira
Nunca por falta de ideias escrevo besteira
Nunca a minha Mãe sofreu com a minha asneira
Nunca saí á rua para criar um inimigo
Nunca deixei-me influenciar por um amigo
Nunca para ser acarinhado divulguei meu segredo
Nunca do trabalho tive medo, sempre acordo cedo
Nunca a minha realidade escondi com mentiras
Nunca dei nem darei sangue a miúdas vampiras
Nunca levantei mão a nenhum adulto
Nunca por ser miúdo agi como um puto
Nunca respeitei a cara de quem me fala pelas costas
Nunca rompi amizades por partilhar ideias opostas
Nunca tatuarei o nome de uma mulher em minha pele
Nunca dirigi-me mal inspirado com a caneta no papel
Nunca procurei mentir para ganhar a razão
Nunca quem elogiou-me apertou-me a mão
Nunca irei a palhota pedir uma mansão
Nunca me faltará pão tenho profissões na mão.
Eu sou a charada por poucos decifrada
Por vós amada por todos desejada
A cara encriptada, coroa do reino fantochada
Por todos disputada, por todos procurada
O dilema a malícia a felicidade fictícia
A corrupção do polícia a censura da notícia
Matéria palpável desejada em abundância
Mal inevitável o prólogo da ganância
Sou o pseudónimo do ser anónimo
Corpo de lúcifer é meu sinónimo
Fui a razão da fúria de cristo
Sou desde então o advogado do ministro
Sou a razão das solidárias ajudas
Fui a razão dos chicotes dos tugas
Sou a causa da fama do judas
Sou e serei o ser que tu não mudas.
Sou a máscara do vosso baile
O tecido do vosso xaile
O defeito insuperável pela qualidade
Plumas no leito que trazem infelicidade
Eu sou o mal mas por ti necessário
Ser decimal, sinal vital binário
Na minha ausência a presença do precário
Na abundante existência o sorriso do proprietário
Sou debatido na igreja, no ministério
No político partido no Vaticano em mistério
Sou o vício do ambicioso sem critério
Ser maligno que ninguém leva a sério
O meu pacto com o homem só vai até o cemitério
Quando vivo garanto-lhe um império
Sou o incentivo das maldades do hemisfério
Motivo do debate bélico no Iraque.
Demónios disfarçados como soldados sem fardos
Servos de satanás enganando os mais fracos
Refugiam-se em casas desapropriadas e fazem de retiro
Alguns estão entre nós na cidade é a IURD que me refiro
Manipular os crentes é o seu princípio
Dízimos e ofertas mas não vemos nenhum benefício
Enganador passa-se por pastor, faz parecer o seu ofício
É o sotaque brasileiro que retira-vos o dinheiro
Televisões, rádios e jornais
Essa praga está no mundo inteiro
Palhotas distantes da cidade é o retiro do feiticeiro
Projectam maldades que destroem comunidades
Como prova disso, os desastres naturais e as calamidades
O diabo ensinou ao homem a fabricar potentes armas
Bombas nucleares que destroem o mundo nas calmas
Os demónios estão nos nerónios dos Homens e em suas palmas
As mais inocentes vítimas são retiradas as almas.
As primeiras guerras foram pelas porções de terras
Agora o Petróleo e os minérios é o que querem deveras
Em Moçambique compram riquezas por quireras
Se não conseguem o que querem, tornam-se ferras
O planeta terra foi o escolhido entre as nove esferas
O satanás pratica maldade nas partes mais vísceras
A autodestruição da espécie chega nas suas vésperas
Se é que não sabias haverá a segundo vinda do messias
Guardemos ao nosso senhor salvador as nossas bias
A nenhum outro deus por nada se alias
Para a sua salvação opta por adequadas vias
Não ignore a palavra do senhor é a salvação se não sabias
Sei sem certeza que nada disto está ligado a ninharias
Mudem o pensamento
Os versículos bíblicos não são fantasias.
Não sei por onde começar há tanto por dizer
Mas sei o que dizer doa á quem doer
Nascemos para viver há quem vive para sofrer
Nascemos sem nada ter e morremos sem o obter
Moçambique independente relíquia portuguesa
Digo isso pelos imóveis e afirmo com certeza
Dizem que o estrangeiro veio para ajudar
Mais se fores a notar, alguns vêm nos usar
Não tenho receio em dizer a dura realidade
Os medias, que censure-me a vontade
Mas o povo necessita da verdade
E os governantes?
Uma mudança de mentalidade
O partido no poder pratica a cleptomania
E o Moçambicano só manifesta a miopia
Isso afecta a economia que resulta a atrofia
Políticos são iguais com visão de megalomania
Aliados fazem-nos passar por humilhação
Maltratando brutalmente a nossa população
Com seus cães policiais comandados por oficiais
Testam a sua raiva em imigrantes nacionais
Animais irracionais, cegos em rituais
Sucessos nas finanças fazem (pactos espirituais)
Seus filhos são sacrificados por meticais
Sua vida não anda pela obra dos seus ancestrais
Chegas a pensar que apodreceste os nerónios
A igreja que frequentas só aumentam-te demónios
Aquele que estudou tem um salário magro
Há quem caneta não pegou e tem um bom cargo
Colegas malquerentes cobiçam a tua cadeira
Vão a palhota e acabam com a sua careira
Até o auxiliar de limpeza quer chefiar a empresa
Disputa de cargos é frequente nesta relíquia portuguesa.
Uns dizem Moçambique é Maputo
Maputo é a zona industrial
Por isso que a energia sai do centro para a capital
Tal hidroelétrica parece ser sul-Africana, por quê?
Não é usufruída em toda tribo Moçambicana
«Chonga Maputo» boa iniciativa do governo
Mas é só para os prédios nunca chegam no nosso terreno
Tanta desordem súbita todos os dias
Emprego, trabalhos inacessíveis estão todas as vias
Indianos chegam ao país montam tabacarias
Lojas de quinquilharias, parques e mercearias
Vendem suas bijutarias e outras mercadorias
Nós na nossa terra servimo-los por quireras
País liberto das guerras não das garras das feras
Estrangeiros na Arquitetura e nós na Agricultura
Isto é uma loucura mentalmente uma tortura
A vida é dura e não dura diga-me, qual é a cura?
Negócio ou religião, dê a sua visão
Uns defendem o segundo por sofrerem neste mundo
Outros no primeiro pelo sotaque brasileiro
Pela obsessão no dinheiro e estarem no mundo inteiro
Como o sexo e a droga, como a praga que roga
Profanando a falsidade em sua obra
Nos bolsos levam tudo e nada sobra
Corpo humano com o espírito da cobra
Perante ao seu rebanho são teólogos
Falsos diálogos, fazem-nos de monólogos
Senhores cobradores, angariadores de valores
Burladores, manipuladores
Pastores impostores
Estudaram a economia e auditoria
Aprenderam filosofia aprofundaram a cleptomania
Passaram por curandeiro investiram em tecnologia
Por baixo do nevoeiro manipulam a maioria
O crente é o cordeiro sacrificado todo o dia
Janeiro á Janeiro, pobre mais pobre que melancolia
Portas abertas para mais sacrifícios
Dízimos e ofertas mas não vemos benefícios
Partilhas o salário do suor do seu ofício
Acorda seu otário este é o momento propício
Consulta o oráculo, ATM em pleno cenáculo
Que espetáculo até científicas para o cálculo.
O bem soa, o mal voa, a verdade vem a tona
Isso me fez escrever e despertou-me a mona
De ano em ano, demostram o lado profano
Não precisam de um pano para enganar o Moçambicano
Omnipresentes são através dos medias
Tornou-se fácil manipular uma Lídia
Tudo nítido como o vidro cristalino
Mas há quem ainda crê neste falso ensino
Pastor sem outro ofício tem um vasto gado bovino
E tu achas que é um milagre do senhor divino?
Essas são as profecias da bíblia que não lês
Lê apocalipse, o que está escrito agora vês
Acredita António, a terra virou um pandemónio
Compartilha o património, livra-te do demónio
Disto estou certo; lúcifer actua por perto
Ele não é esperto, teu olho é que não está aberto
Cada um vê mal ou bem conforme os olhos que têm
Desta religião também admito, fui refém
Eles cobram, roubam e dizem: Amém
Será que este é o caminho para chegar ao além?
Lentamente o arrebatamento vem
Os que acreditaram vão a nova Jerusalém
A farsa do exorcismo abençoa da desgraça
Televisões e rádios até no centro da praça
Templos, cenáculos são as capas da farsa
Aqui tens a verdade propaga é de graça.
Geração da viragem da música sem mensagem
Jovens cantam bobagem em ganham imagem
Gera do artista que atingir o pódio
Impossível com tantos conflitos e ódio
Gera que fez o Hip Hop ganhar ramificações
«Underground» é a raiz do resto são só versões
Gera do PC, celular e telenovelas
Dos vândalos que não ficam nas celas
Gera do jovem que estuda embriagado
Do mulato que desfila de carro alugado
Dos musculosos com os populosos «six packs»
Que por semana com essas mamanas marcam «packs»
Gera dos putos que têm vícios
Largam os estudos e não arranjam ofícios
Da bebida forte, como o «whisky» asiático
Que degrada o organismo e põe o cérebro estático.
Gera da miúda que a curtição se entrega
Basta teres um carro, o sexo ela não nega
Da mulher que diz: não há amor sem dinheiro
Pensamento interesseiro
Por isso tem mais de um parceiro
Gera da criança que gera outra criança
Sonhos viram cinza e morre a esperança
Recordam o preservativo depois do acto
Gravidez ou SIDA, tarde para desfazer o pacto
Gera que reflecte quando vive as consequências
Da prostituída devida há más influências
Dos Pais que não assumem seus filhos
Abandonam a mulher grávida e seguem seus trilhos
Gera do cota que no final do mês some
Curte em bares enquanto a família passa fome
Daquele cota que tem uma catorzinha maluca
Motivo para chamar a esposa de velha caduca.
Gera que demonstra carência de conhecimento
A mesma que habita nesta tribo de cimento
Que ao invés de reunirem-se nos Ministérios
Marcham sem panfletos a cometer erros sérios
Gera que vem a capital a busca de oportunidades
Pobre nortenho é enganado pelas publicidades
Sem escola acaba como segurança
Decepção de quem viajou com esperança
Gera dos estudantes que abandonam a «School»
E acabam nas minas da África do sul
Por acreditarem nas aparências acabam na ratoeira
E são maltratados do outro lado da fronteira.
Dói acordar sem nada para fazer
Assistir televisão até a vista doer
Dormir, de madrugada e de tarde
Ir a igreja só para pedir consolo ao padre
Dói deambular com um canivete no bolso
De esquina em beco, em busca do almoço
Andar inseguro por medo da bófia
E por falta de condições perderes a sua sócia
Dói nascer, viver e morrer pobre
Usar joias apenas de cobre
Na rua, chamarem-te desgraçado
E apenas em festas, comeres frango assado
Dói ser vítima de «Bowling» na escola
Pela deficiência ou carência de mola
Dói estar na porta da igreja a pedir esmola
E para cativar os crentes ter que tocar viola.
Dói em seu país ser humilhado
Usado e abusado metaforicamente, pisado
Por um estrangeiro que escravizou-nos no passado
E por outros que tomam-nos o país ao bocado
Dói ser condenado sem ser o culpado
Incondicionado a um bom advogado
E só depois de considerado réu malogrado
É que a justiça descobre que foste injustiçado
Dói ver incompetentes em cargos de competentes
Competentes desempregados por não terem costas quentes
Uns sem ensino básico mas são tesoureiros
E os universitários como seus faxineiros
Dói ver um adolescente consumidor de droga
Com dezasseis anos dar um neto a sua sogra
Dói ver um jovem com pensamento imaturo
Que abandona os estudos e arrepende-se no futuro.
Dói arrendar uma casa recebendo salário mínimo
Pagar as despesas e dez por cento para o dízimo
Rezar, em um luxuoso santuário
E sua casa não ter se quer um armário
Dói nascer e crescer com o Pai ausente
Mãe desempregada e dependente
Sem dinheiro para uma faculdade privada
Juntar-se aos milhares disputando uma vaga
Dói nascer pra viver e estar a sofrer
Crescer sem nada ter e morrer sem o obter
Fazer um curso, não conseguir trabalho
Formar-se em um ramo e saltar para outro galho
Dói ver um jovem com distúrbios mentais
Invocado da palhota à mando dos seus Pais
Pais que fazem esses rituais para agradar os ancestrais
Com a finalidade de angariar certos meticais.
Sabias que é estupidez ignorar quem te chama
Sabias que o amor hoje em dia não têm chama
Sabias que o homem só quer o corpo da dama
Sabias que a mulher no homem só quer a grana?
Sabias a perfeição é fruto da calma
Sabias que a infelicidade da celebridade é a grana
Sabias que o homem peca fazendo sexo com a palma
Sabias que a fé pode salvar a sua alma?
Sabias que a guerra é sempre intencional
Sabias que o vício pode ser fatal
Sabias que o natal não é uma data celestial
Sabias que a bíblia é um alimento espiritual?
Sabias que Moçambique é mais que a capital
Sabias que nossa riqueza não é só cultural
Sabias que é uma dádiva a capacidade intelectual
Sabias que o limite é uma barreira mental?
Sabias que à IURD é um quartel de impostores
Sabias que os pastores são burladores
Sabias que eles também são cobradores
Sabias que no Cenáculo tem ATM nos corredores?
Sabias que cá há muitos investidores
Sabias que eles são meros exploradores
Sabias que os Políticos são prometedores
Sabias que a campanha é um ritual de enganadores?
Sabias que os Pais são mais que educadores
Sabias que os livros são mais que televisores?
Sabias que certos negros acham-se inferiores
Sabias que muitos brancos julgam-se superiores?
Sabias que América só causa dores
Sabias que a idolatria nos torna pecadores?
Sabias que o indício das eleições são os contentores?
Sabias que L.J. tem reflexos observadores?
Das paredes orgânicas da minha progenitora
Tanta coisa se passou, minha memória não ignora
Quatro quilos e duzentos gramas quando cheguei cá fora
Bebé saudável e passei pela incubadora
Noventa e quatro é o ano, Agosto se não me engano
Hospital Central de Maputo, parto cesariana
Mãe crente, de uma família carente
Dono do feto ausente, conheci o amor materno somente
Filho único educado a respeitar não pelos bens
Respeitas-me, respeito-te, não pelo que tens
Brincava na rua das sete às dezassete
Com os amigos, descalços, sem camisete
Luta punho a punho, não havia canivete
Conversas cara a cara, não tínhamos internet
Ao anoitecer, telejornal, novela e cama
Mata-bicho pão com «badjia» raramente havia Rama
Cresci a jogar tétulas, não tinha Super-Mário
Carrinhos de arrame, sem bolo no aniversário
Fiz um rolamento, chamaram-me engenhoca
Bilhares de papelão, minha imaginação era louca
Época de férias metia o pé até a praia
Nunca sozinho sempre com amigos da mesma laia
Nando e Hipólito, Lima, Acácio e Caló
Companheiros de infância nunca estivemos só
Fazíamos casinhas, brincando de Papá e Mamã
Todos disputávamos para o papel de Papá
Diferente de uns, nunca fui a creche
Aprendi sozinho a não mexer o que não se mexe
O vício pelo dinheiro não bateu a minha porta
Mas a necessidade sim, o motivo pouco importa
Comecei a vender sucatas ao pé do cinema «Charlote»
Semanalmente tinha que conseguir outro lote
A rua foi a escola, meus amigos os meus docentes
Meus familiares próximos também estiveram presentes
Na construção da personalidade e na minha educação
Palavras não bastam, agradeço-vos de coração
Por cada lição dada com dedicação
Por cada punição a cada má acção
Por cada correcção, por cada «sim» e «não»
E por tudo que não posso dizer nesta ocasião.
Primeiro me inspirei depois parei e pensei
Sentei e analisei, imaginei e anotei
Apresentei o que citei, cantei e gravei
Não falhei pois ensaiei, bem sei pois decorrei
Não plagiei criei, não cabulei, me preparei
MTA se intitulei e ao público me revelei
Se exagerei não notei, se errei melhorarei
Escorreguei e me levantei, não parei, abrandei
Não terminei pausei, um ano teorizei
Superei e retornei, trabalhos mostrei
Abandonos presenciei, desesperos notei
De grupos me divorciei, Hip Hop a sério levei.
Estúdios dispensei, no quanto improvisei
Com micro e fones que comprei e Samplitudde que baixei
«Mixtaps» compilei, lancei e divulguei
Rádio não precisei, TV nunca pisei
A escrita me viciei, a crítica me dediquei
Esquema rimático abracei e por inteiro me entreguei
Igual a mim procurei e nunca encontrei
Individualismo apostei e minha carga puxei
De desafios participei, fui derrotado e derrotei
Em locais onde passei, aprendi e assimilei
Sempre falei tudo que investiguei
E tudo que apoiei, sem abusar a lei.
💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.
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