Contexto da Poesia Tecendo a Manha
‘VALE DO TAPAJÓS: UM BREVE RELATO...’
Meu bairro tem apenas doze anos. Passou a minha idade! Tenho dez, mas sou muito pequeno para o meu tamanho. Tem um lago aqui próximo onde juntos quase moramos. Quase todos dias me levam lá! Aqui não tem água encanada ou esgoto para jogar resíduos. Ninguém está imbuído em ajudar o bairro que eu amo…
Não tem praças para meus amigos me levarem ou brincarem. Quando chove é o melhor dia, na brenha da mata, fazendo alegrias, adoramos brincar na lama! A rua é querido abrigo, tão largo, tão vasto, tão plano. Serviço público aqui só promessas, já há todos esses anos. Sei não! Mas acho que o atual está se recandidatando. Muita gente gosta dele na cidade que eu canto. Pode ser bom lá nos outros, mas aqui é ledo engano…
É um bairro periférico suburbano. Posto de saúde não tem! É uma tremenda agonia. Sempre me levam em outros, quando vou lá todo dia. A principal é cheia de buracos e quando chove? Ah meu Deus quando chove! Ir à escola mais próxima é engano. E quando lá chegamos, não tem merenda! O professor está revolto, é tanto baixo o salário que nós quase não reclamamos. A vida aqui é bonita, mas turbulenta e esquecida. Vejo a rua sempre larga, imagino cada casa, às vezes fico voando…
Mamãe foi para casa da patroa. Ela é meio à toa, fica igual a eu sonhando: com uma escola bem pertinho, um pouco de água tratada, famílias com boas moradas e uma creche para o meu maninho. Amanhã faço onze anos! Nunca tive aniversário e nem cultivo. Mas isso não me deixa bobo. Sou contente com o pouco, ´só queria ter mais anos. Alguém para escutar os gritos, ver meu Vale bem bonito, e voltar para casa andando…
'AFOGO-ME...'
Afogo-me,
tal qual um louco falando de amor,
insano porque não há quem entenda-lhe os pergaminhos.
Desenho corações em linhas sinuosas,
mergulhado nas incertezas dos dias.
Sento-me sob à mesa.
Desonesto,
falando dos dias felizes...
O mar flamejante está à procura de marinheiros.
Soluto porque sou mar de desespero.
Não tenho amanhã,
nem cultivo.
Tampouco porto para ancorar-me nas ilhas incipientes criadas no manjedouro...
No dia a dia,
espero lentidão velada que sufoca-me.
Afoga-me nas substâncias de combinações não feitas,
rarefeitas no tempo sacrificando pulmões.
Sou expressões resultando incoerência,
dias sem sentidos.
Submergindo fracassos nas torturas,
acasos imperceptíveis,
procuras...
'SOBRE A VIDA...
O que é o amor?
- Todos os dias eu penso sobre as significâncias do amor e o quanto isso está inerente com nossos psicológicos. O quanto ele faz pelas pessoas nos seus vários estados e quão ele é importante na vida das pessoas. O amor é medido, embora tenha pessoas que falam da sua equivalência. O amor é abstração, embora tenham pessoas que falam da sua concretude. Há o amor simbólico e emblemático corroendo o coração das pessoas. O amor jurado infinito à pessoa amada. O amor sonolento e desgastante. Aquele que juramos eterno e esquecemos do nosso eu...
- A verdade é que eu ainda não sei o que é o amor. Talvez um sentimento passageiro vagando num trem em alta velocidade. A brisa no tempo encharcando os pés descalços. O escalar das montanhas, sem visar o topo ou o descaso pelas trilhas. Quem sabe a volta para a casa que nascemos ou a tola vontade de fechar os olhos e esquecer do tempo e da vida tão complexos. Prefiro não verbalizar sobre isso...
--- Risomar Sírley da Silva ---
Eu acredito que em toda mulher,
mesmo na mais anciã,
permanece sempre no fundo da alma
aquela composição menina
escrita e gravada com as letras sentimentos
para a Poesia Pai.
Toda vez que o meu coração a declama
meus olhos jorram sobre o meu rosto
a mais sentida e profunda lembrança.
*Lembro do meu pai brincando e catando tatuí comigo
na Praia de Itaipu.
Ah! Se eu fosse corajosa ...
escreveria meus pensamentos e versos nos muros, nos postes, nas barcas, nos ônibus, nas esquinas,
nas praças gastronômicas dos shoppings centers, nos botecos, nas trilhas, nas lagoas e praias da minha Niterói ,
sem me importar com a zombaria, a indiferença ou o possível interesse dos passantes ... eu queria ser grafiteira da poesia !
Os pensadores e poetas atuais deveriam ter essa coragem de tentar chegar lá onde a poesia e a leitura já não chegam tão facilmente... no nosso povo tão sofrido e oprimido.
*O meu pão e vício de cada dia
Não sei nadar
sem pescar folhas perfumadas de menta fresca
nas ondas saborosas da minha Via Láctea...
Não sei pular ondas
sem pintar faíscas coloridas como os vagalumes
na húmida penumbra dos campos floridos no meu Verão...
Não sei cantar sem pronunciar o doce eco da cantiga serena da alma nas alturas silenciosas do meu Himalaya...
Não sei escrever
sem manchar as brancas folhas mortas
com o batom vermelho da minha espada/caneta sanguinante...
Não sei existir na veia da palavra
sem ser o sangue da poesia...
Não sei me escrever Poesia sem me ler Alma.
*Eu queria escrever... mas... sou analfabeta...*
Eu queria escrever algo que fizesse bem ao mundo ...
Eu queria escrever tantas coisas...
Coisas que sinto e que penso...
Esse mundo tá assim... assim tão triste...
As pessoas estão tão perdidas ... tentando se encontrar ...
É tanta coisa que queria escrever... que acabo por não escrever nada...
Tanto... nesse mundo do jeito que tá... o nada é o tudo que o contorna... é o que o interessa...
As vezes ... muitas vezes... deixo de escrever...tanto... ao mundo não interessa ...
É tanta sensibilidade recheada de profundidade num mundo tão assim...
Assim tão cruel e raso...
Então... essa mania assim tão visceral... Não me fornece trégua... teimosa como é... me vence... e eu... me rendo e me entrego...
e então ...
Ela me escreve fazendo-me acreditar que sou eu que escrevo...
E me descubro e me revelo analfabeta... sem entender as letras desse mundo... vou compondo o que me compõe... sem saber ao certo se me escrevo ou me leio... nesse mundo tão assim como é... analfabeto... até mais que eu...
Eu só queria escrever ...
mas é a escritura que me escreve e descreve...
Que louca!
Mas...não mais que esse mundo.
E vou florindo poesia em meio as pedras desse mundo...
Enquanto a poesia teima no florir em mim.
Fiquem em paz. 🕊
Sejam paz. 🕊
A Serra da Tiririca
com o véu do inverno
parece uma noiva antiga
vestida de névoa e silêncios
guardando segredos
nas dobras da manhã...
As pedras úmidas
respiram memórias
de passos descalços
de cantos de passarinhos
escondidos sob mantos
de bruma...
As árvores, imóveis
rezam com os galhos
para o céu cinério...
E o vento?!
Ah o vento!
Sussurra lendas e versos
que só o poeta entende....
Ali
o tempo se curva
como o tronco velho
de um ipê adormecido...
e a alma da serra
embebida de inverno
abraça quem se atreve
a escutar sua poesia muda...
✍©️ @MiriamDaCosta
Há muitas pedras
no caminho da vida
mas...
também há flores ...
Olhai as flores no caminho
nas trilhas
e entre as pedras...
Sim! Há beleza
mesmo entre as dores...
Olhai as flores no caminho
nas trilhas
e entre as pedras
rompendo o impossível
e brotando ternura
na aridez dos dias...
Flores que sabem
do peso do chão
mas ainda assim
se oferecem em cor...
Sim! Há espinhos
mas há perfume...
Há tropeços
mas também
mãos estendidas...
E às vezes...
é entre os escombros
que florescem
as mais raras esperanças...
Por isso
não olhe somente
para os pés feridos...
Erga os olhos!
Há poesia
até no chão que sangra...
Há flores
que nascem no silêncio
sem testemunhas
sem aplausos
mas...
com a dignidade das auroras...
Crescem tímidas
entre os calos da terra
como quem insiste
em acreditar no sol
mesmo sob nuvens densas...
Flores que curam
sem palavras
que falam com cor
com cheiro
com presença
mesmo distante...
E há quem passe depressa
e não veja...
E há quem
cansado, se ajoelhe
para respirar sua beleza...
Entre pedras e flores
a vida vai ensinando
que a dor e a delicadeza
podem caminhar
lado a lado...
Que um passo
entre espinhos
também pode
tocar o milagre de viver
e acreditar na poesia da vida...
Porque há milagres
escondidos nas frestas
na sombra úmida
das pedras esquecidas
no gesto silencioso de uma flor
que insiste em florir
onde nada deveria nascer...
A vida não é só caminho
é travessia...
É ferida e flor
queda e renascimento...
E cada flor
que rompe a dureza da rocha
é um grito mudo de resistência
um sussurro da alma dizendo:
- Sobrevivi! ...
E se há dor no chão
que trilhamos
há também beleza
no olhar de quem vê...
Então...
olhai as flores
no caminho!
Recolha a sua coragem
beije com os olhos
suas delicadezas e segue
mesmo que com os pés sangrando...
Pois onde há flor
há esperança
e onde há esperança
há caminho e poesia ...
✍©️@MiriamDaCosta
O sedentarismo cognitivo
está cada vez mais epidêmico
e a atrofia do pensar
um dado de fato sistêmico...
Há cérebros imóveis
como corpos no sofá
deitados nas certezas
e afogados em telas
que piscam e calam...
Pensar cansa
sentir dá trabalho
imaginar é perda de tempo
num mundo que lucra
com a pressa
e com a distração contínua...
Mentes antes acesas
hoje pisoteiam o ócio criativo
com rotinas programadas
para não questionar...
A palavra vira ruído
A dúvida um defeito
O silêncio um incômodo...
E o pensamento
atrofia em repouso
sem uso
sem impulso
sem pulso...
Mas o cérebro
Ah!
O cérebro precisa dançar
com ideias novas
quer sangrar versos
errar teorias
enlouquecer de beleza
e de dúvida...
O cérebro necessita sentir
sede de perguntas
não se embriagar
com respostas prontas...
O perigo
não é a ignorância
é a inércia
é o conforto da mente
anestesiada
pela repetição...
Despertar dói
mas viver em coma
é o fim do pensamento
e da sua poesia...
✍©️@MiriamDaCosta
Muita saudade dos tempos que não voltam mais.
Saudades de acordar de manhã e te encontrar toda sapeca.
Um amor que não tinha limites, hoje ela é limitada. Limite que corrói a alma... limite que aprisiona o fogo da paixão... onde o tempo não sobra mais... o que restou foi o amor que protege, amor que confia... meu corpo pede o seu diariamente... o que me resta é somente te amar eternamente e levar comigo lições. Você me fez crescer e ser menino ao mesmo tempo. Em meio a lutas, pego força em você, em meio ao sofrimento, tenho você como a minha alegria. Te amo!
Envelhecer
Na manhã da existência, ouvindo o peito,
que previa teu vulto no caminho,
dentro em minha alma levantei teu ninho,
e, nesse ninho, preparei teu leito.
Desceu a tarde, e ainda me viu sozinho.
Murcham as flores, que, de leve, ajeito;
de novas rosas tua colcha enfeito,
e o travesseiro, novamente, alinho.
Cai, tristonho, o crepúsculo, na estrada.
Alongo os olhos, atirando um beijo
à forma vaga do teu corpo… E nada!
Recomponho as palavras que não disse.
E, apagando a candeia do Desejo,
adormeço na noite da Velhice.
"Estude, desenvolva a capacidade de ser livre em seus julgamentos, não se deixe levar pelo pensamento dos outros, a menos que com ele esteja de acordo. Viva, isso é fundamental. Adquira experiências, não se isole, leia além das letras, leia o que está escrito na rua, nas pessoas,na vida."
"O fascínio do que é proibido exerce o encanto de uma serpente egípcia, hipnotiza, cega, porque age sobre a vaidade do ser humano, fazendo-o crer-se "especial", diferente dos outros, do comum. Alça-o à condição de objeto de desejo, de "coisa" inatingível, e, por conta da fantasia, a mente humana opera catástrofes distorcendo a realidade, engendra complicados mecanismos emocionais criados sobre bases irreais ou, no mínimo, distorcidas."
Caro humano: você já entendeu tudo errado.
Você não veio aqui para ser mestre do amor incondicional.
Que é de onde você veio e para onde você vai voltar.
Você veio aqui para aprender o amor pessoal. Amor universal.
Amor bagunçado. Amor suado.
Amor louco. Amor quebrado.
Todo amor.
Infundido com a divindade.
Vivido a graça de tropeço.
Demonstrado através da beleza de bagunçar.
Muitas vezes. Não vim aqui para ser perfeito.
Você já está.
Você veio aqui para ser maravilhosamente humano.
Falho e fabuloso.
E depois subir novamente e lembrar.
Mas incondicional amor?
Pare de contar essa história.
Amor, na verdade, não precisa de nenhum outros adjetivos.
Ele não requer modificadores.
Ele não requer a condição de perfeição.
Ele só pede que você apareça.
E fazer o seu melhor.
Que você permaneça presente e sinta totalmente.
Que você brilhe voe e rir e chora e fere e cura e cair e voltar para cima e joga e trabalha e vive e morre como você.
É o suficiente.
É bastante.
O vazio que enche o coração de solidão;
Que aperta a alma e a coloca em depressão.
A falta de alguém a quem não se conhece;
A ansiedade que a mente não vê e não percebe.
É a falta da vida que brota como água;
Que deságua em alegria que nunca se acaba.
É como um furacão quando chega;
Vem transformando a velha em nova.
A existência do ser e suas obras são esquecidas;
Deus de um barro novo, o refez.
O coração da mulher é um labirinto de sutilezas que desafia a mente groseira do homem trapaceiro. Para realmente possuir uma mulher, é preciso pensar como ela, e a primeira coisa a fazer é ganha a sua alma.
Estou com o Ortega e sou um pragmático, porque a poesia mente, embora de forma bonita!
Se a nota dissesse:
'Não é uma nota que faz uma música'.
...não haveria sinfonia.
Se a palavra dissesse:
'Não é uma palavra que pode fazer uma página'.
...não haveria livro.
Se a pedra dissesse:
'Não é uma pedra que pode montar uma parede'.
...não haveria casa.
Se a gota dissesse:
'Não é uma gota que pode fazer um rio'.
...não haveria oceano.
Se o grão de trigo dissesse:
'Não é um grão de trigo que pode semear um campo'.
...não haveria colheita.
Se o homem dissesse:
'Não é um gesto de amor que pode salvar a humanidade',
jamais haveria justiça e paz, dignidade
e felicidade na terra dos homens.
Como a sinfonia precisa de cada nota.
Como o livro precisa de cada palavra.
Como a casa precisa de cada pedra.
Como o oceano precisa de cada gota de água.
Como a colheita precisa de cada grão de trigo.
A humanidade inteira precisa de ti, pois onde
estiveres, és único e, portanto, insubstituível
Como não falar do nosso encontro
Como esquecer, desses seus lindos olhos
Inevitável não lembrar, do seu olhar
Não dá pra esquecer, o gosto do seu beijo
O jeito do seu toque , você me conquistou
E eu me entreguei, por você me apaixonei
Não consigo te esquecer, não quero te esquecer
Você foi diferente, você superou tudo
Me surpreendeu, me deixou “crazy”
Disse coisas belas de enlouquecer
Me atiçou pra mim te amar
Foi o que eu fiz
E agora só o que me resta, é de ti lembrar
Resolvi assumir o desafio de encarar as coisas de uma forma mais racional...
Despir-me dos sonhos e pretensões obviamente inatingíveis,
Buscar evitar os fatos e situações que invariavelmente me fazem mal,
Para que grandes chagas e até diminutas feridas comecem a cicatrizar.
Não estou me revestindo de uma atitude pessimista.
É mais um “por-se em seu lugar”, um “chamar a si próprio à realidade”...
Um daqueles raros momentos de extrema lucidez que devem ser aproveitados
Antes que a emoção, intrometida, reassuma o controle...
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