Contexto da Poesia Tecendo a Manha
Não há lugar
Não há lugar e não há nada que minha consciência não toque, nesta mesma ânsia de ser tocado; não há paisagens que minha imaginação não anteceda, crie, ou fabrique; não há nada que me possua por mais tempo, mas por hora, vezes ou outra há um desejo que me consome, me arrebata e me quebranta e tudo isto para nada, não há lugar...
Me faça chegar
Não sei se nomeio de vida, esperança
Ou amor, este tal desejo de ubíqua;
Sentinela em perigo, a quem irei avisar?
Este tal de desejo que me faz arruinar;
Sentado aqui neste sofá a escrever,
Penso em ti e em ti penso em você;
Somente mais um no ciclo, ou o ciclo em mim?
Sem propósito tão sublime, ao menos tenho a ti,
Tal desejo que nunca cessa e não há de cessar,
Mesmo com a força da vontade, ela me faz desaguar,
Em esperanças da imaginação, em um sonho de criação;
Crio-me ao escrever, ou escrevo-me ao transparecer
esta saudade que sinto, que sinto de você?
Meu coração é pena, voa com o ar;
Meu sorriso é tímido, como a profundeza do mar.
Te devoro nesta escrita, te escravizo pelo coração;
Te liberto desta vida de pensar com a visão.
A visão nem tudo enxerga e por não enxergar
não se enxerga, nesta dubitante poesia te falo
como quem tanto pensa e só se encontra em ferga.
Reerga-se e me albergue em seu coração;
Faça-me enxergar além da visão, para que, assim,
Possa tornar-me um pensando em ti e tu em mim,
Em ti-me, sentindo-te-me e assim possa chegar
a onde a razão não consegue me levar.
Um dia de outono nunca será mais um dia
Um dia de outono nunca será um dia qualquer
Os cisnes num lago tranquilo
A floresta dourada, quem não quer ver?
E o gramado, salpicado de folhas
De cobre, de ouro, a mais não poder
Nas tardes de outono, as fadas passeiam
Dançam, floreiam, nos vales a voar
Onde vive o outono...no céu tão bonito
Onde a Lua gigante, só faz encantar
Os gramados entoam melodia suave
Com brilho diáfano, lindo de olhar
Os pássaros comemoram, as abelhas adoram
E a vida continua, no eterno pulsar...
vodu
por entre os dedos da terra
sem pressa
sem deter
discorre sem forma
e incolor
o deus terrível
profundo
silêncio cálido
que inebria e incapacita
que engole
sem mastigar
os ásperos calos
deformando
as minhas trémulas e gélidas formas
encerrando os olhos
com o capim
e as pedras
e as folhas tardias
do longo inverno
na caverna aberta deste crânio quartzítico
incandescente luz que me atravessa
imobilizado pelas asas abismais
ouço e vejo o temporal
contra a gruta do meu próprio templo
eu sou o templo e a sua ruína
os seus antepassados futuros
isto é o princípio do meu renascimento
e por isso estou estendido nesta catarse
envolvido pelo frondoso sudário da floresta
aguardo a tácita palidez da minha própria morte
talvez eu próprio seja este terrível deus
porque ouço a voz da lua e o corpo do sol
invocando em extintas línguas os meus nomes.
(Pedro Rodrigues de Menezes, “vodu”)
Que tua luz brilhe mais neste dia
Que a Sabedoria Universal
Que tudo alcança, que tudo permeia
Faça parte de todos teus momentos
Que teu respirar seja límpido
Como um mágico lago nas montanhas
Que teus passos sempre te guiem suavemente
Porém firmes, rumo ao teu melhor eu
Que teu espírito, repleto de humildade e perdão
Encontre a todo instante, motivos para agradecer
Que cada dificuldade encontrada
Se transforme em oportunidade imediata
E que, sempre, a vontade de perseverar
Te leve a superar a rotina e encontrar motivos para se feliz!
baobá
procuro nos outonais trâmites do teu corpo
o insofismável vestígio das tuas raízes
salgueiro que jaz e se curva obliquamente
eterna a bênção, terrível o fim do tempo
deserto, areia, sol, miragem, saudade
serás sempre o antes e o depois de nós
e nós seremos tão pouco e tão poucos
depois de ti secarão todas as welwitschias
África não renascerá da força dos tambores
mil homens sangrarão entre solenes rituais
as grávidas abortarão com sede de terra
e o céu encher-se-á de conchas e espinhas
e virão os deuses deste mundo e do outro
velar a desgraça efémera da sabedoria
ninguém saberá mais falar, escrever ou viver.
Poema dedicado a Catarina Pereira do Nascimento
(Pedro Rodrigues de Menezes, “baobá”)
Eita Deus do céu!
Que dia mais chuvoso
Pé d'água tenebroso
Deixando o povo ao leu
A correnteza é esse trem
Causa dor por onde passa
Levando móveis e o que mais tem
E o desespero? inunda a praça
Mais forte quanto essa dor
Somente a nossa fé
Que insiste ficar de pé
Pra dar lugar ao amor
Ainda com tanta incerteza
Diante de tanta comoção
Nosso povo não tem fraqueza
Há cumplicidade e devoção
Esse estado de calamidade
Nos mostrou o melhor de nós
Trouxe empatia e solidariedade
Todos por um e também por vós
É tempo de reconstruir
E dar lugar a confiança
Fazer o povo voltar rir
Com amor, fé e esperança
Não sofra antecipadamente
por nada e por ninguém,
nunca deixe algum sonho de lado,
nem cale a voz de tu'alma,
não a deixe ficar em conluio
com a tristeza e desilusão,
a vida corre sem parar,
só sabemos que terá um fim,
então o jeito é vivê-la como pudermos,
traçar novos planos,
que se não derem certo,
outros faremos
Uma brisa outonal, que por aqui passeia, traz um perfume de saudade do que foi, do que não foi e do que poderia ter sido. Ela deixa também o coração com um gostinho de quero mais, mas nem ele sabe do quê. Apenas a percebemos quando nos envolve em carícias, perpassa os ramos, dança entre as flores e rompe qualquer espaço, fazendo um brinde à poesia dela mesma, pois é a própria.
É a vida acontecendo no crepuscular outono de todos nós. O tempo promete a virada, o calor forte arrefece aos poucos e pela paisagem já sente-se o ar de boas vindas à alguma chuva e frio.
DONZELAS SINGELAS
Outrora as mulheres tinham de ser donzelas... Singelas.
Sem vontades, sonhos, desejos ou maldade, tinham de ter carácter dócil, voz aveludada, e postura perfeitamente imaculada.
Tinham de almejar a Santidade, mesmo se presas em teias de maldade, mesmo subjugadas, ou se perdessem o norte, mesmo se encarassem de frente a própria morte... Tinham de ser donzelas, perfeitas, belas... Singelas.
Perfeitamente alinhadas com aquilo que delas se exigisse, muitos atributos e poucos ou nenhuns predicados, sem segredos mal amanhados.
Não podiam seguir o seu coração...
Não, isso não...
Mancharia para sempre a sua reputação.
As feias não tinham tanta ventura, muitas vezes deixadas à própria sorte, mas aquilo que elas pensavam ser infortúnio, era sinónimo de bom augúrio, da melhor das sortes.
Não tinham de se rastejar em uniões onde imperava tudo, menos o respeito, o cuidado, o amor e, até quando havia amor, a mudez era a espada pronta a cortar as suas gargantas, se elas tivessem garganta, sim porque o veludo, aquele que abafava as suas vozes para se tornarem aveludadas, era suave, voraz, mudo, era a cadeia entrelaçada, aquela que rasgava a pele alva, da pura e doce menina, aquela que puxava os grilhões para a almejada liberdade e por fim bater asas, mas suas asas atrofiadas, não se abriam.
As donzelas, singelas, tinham de rir em silêncio, porque as suas gargalhadas incomodavam os homens de bom porte, os donos das fazendas, os reis da corte.
As donzelas singelas não percebiam os trocadilhos, daqueles que riam às suas custas, maldizendo-as, de bruxas ou de murchas.
Mas as donzelas, singelas, aprenderam a ler e a prisão começou a encolher.
Primeiro, apenas nas suas mentes, deixaram de ser tão singelas, tão inocentes.
Depois de ler, veio o escrever e o mundo começou a mudar, não de repente, demasiado devagar...
Demorou para uma delas realmente se libertar, voar, depois dela outras se seguiram, e abriram caminhos para todas nós, os céus podermos alcançar.
Resiliência
É saber ser luz na escuridão,
É saber que tem que se levantar
Mesmo depois, por um tropeço
Ter caído no chão.
É suportar os desafios,
Com um sorriso no rosto
É acreditar que tudo passa,
Mesmo, o tempo fazendo você pensar o oposto.
É superar os obstáculos,
Com a tranquila consciência
Que tudo tem um propósito,
Acredite na sua essência.
É ter a certeza,
Que somos maiores que nossos medos
E ter a autoconfiança,
Que somos capazes de tudo se tivermos coragem, fé e esperança!!!
Acelerado caminho a passos largos
Em alta velocidade seguro a sensatez
Perdi a calma em pensamentos vagos
Parou-se o tempo, rompendo a lucidez
Vivi momentos de caos, na escuridão
Nos meus lamentos me afoguei sozinho
Ganhei desprezo de quem estendi a mão
E vi cavarem covas no meu caminho
A chuva lá dentro encheu minhas cisternas
Acúmulo de águas sem nenhuma saída
Alguns dizem que as dores são eternas
E que a eternidade só dura uma vida
Mas eu só vivo uma vez a cada dia
E toda a vida, por vezes, num só momento
O mundo parece que te afoga em agonia
E a vida mostra a beleza de tal tormento
AS TOXINAS DA ALMA
As toxinas da alma são invisíveis,
Mas não menos perigosas do que as físicas,
Elas corroem nossos pensamentos,
E poluem nossa visão da vida.
São como veneno silencioso,
Que se espalha lentamente,
Afetando nossa paz interior,
E nos afastando da felicidade.
Elas surgem de diversas fontes,
Como a inveja, a raiva e o rancor,
E nos fazem esquecer o amor,
Que é o bálsamo para a alma.
Para livrar-se dessas toxinas,
É preciso ter coragem,
E reconhecer os próprios erros,
E perdoar os que nos fizeram mal.
A cura para a alma doente,
É um processo lento e delicado,
Que exige paciência e dedicação,
Mas que traz a paz tão desejada.
Então, não permita que as toxinas da alma,
Domine sua vida e lhe faça mal,
Busque a cura em cada dia,
E encontre a felicidade que sempre sonhou.
Outro dia, só mais um?
Nunca o mesmo, é um fato
Por mais que pareça igual
Cada momento é um ato
Toda ação emanada, tem reflexo
É a lei, tenha certeza
Pensamentos, palavras, emoções
Tudo é um, do Universo a teia
Então, um dia não é mais um
É o Tudo que se apresenta
Repleto de oportunidade e realização
Preste atenção aos detalhes
Sei que me dará razão...
AOS POUCOS
Vi seu rosto no meu café,
O gosto do seu beijo na minha boca,
O seu toque na minha pele,
Talvez eu esteja delirando,
Ou me apaixonando aos poucos.
Esqueci sua feição,
Lembrei do quão amargo era seu beijo,
Lembrei do seu toque frio na minha derme,
Talvez eu esteja delirando,
Ou me desapaixonando aos poucos.
Procurei blindar a minha mente,
Me desapeguei do seu sabor,
Me curei das feridas,
Eu me sinto feliz novamente,
Estou me recuperando aos poucos.
Vi outro rosto no meu café,
Quero saber qual o gosto daquele beijo,
Quero sentir aquele corpo no meu,
Agora sei o que sinto,
Estou amando de novo.
AH, SE VC SOUBESSE
Eu queria que ela soubesse, que Mona Lisa não é a arte mais linda do mundo, e sim esses olhos pintados pelo divino, esse corpo entalhado pelo sobrenatural e essa boca kafkiana.
Queria também que ela dissesse meu nome, várias vezes, até que a vontade de ouvir aquela voz angelical, se esgotasse. Que ela sorrisse todos os dias de manhã quando me visse, que me beijasse ininterruptamente e secasse minha lascívia com toda essa sensualidade.
Eu queria que ela visse todos os sorrisos que esboço ao ler as cartas que ela me manda, eu não sei se é sorriso de amor, paixão, desejo. Mas uma coisa é certa, vem do coração.
Eu queria que ela me amasse, queria que me devorasse, queria que ela decorasse cada detalhe da minha alma, queria que ela me enxergasse, queria que ela soubesse que eu a amo.
Escrever pouco não me faz bem.
Preciso escrever textos enormes,
cuspir palavras no papel.
Já como dizia Clarice, a sútil arte de
colocar um elefante na agulha,
é a literatura.
Me expressar de forma verbal,
nunca foi a forma mais aceita por
mim mesma.
Mas me expressar com um papel e
caneta,é o melhor que faço,para curar minha alma frágil,minha alma machucada e chorona.
Tudo que preciso para me curar é de mim
mesma, e um pequeno momento.
O mundo todo deveria se curar
dessa forma.
Se as pessoas aprendessem a escrever
mais, e falar menos,o mundo seria
um lugar de paz.
VIDA VIVIDA
A vida pode passar rápido
ou pode ser muito comprida.
Também pode ser muito comprida
mas pouco vivida.
A vida...
bom, a minha ainda não é tão comprida.
Não tenho tantos anos assim de vida
e muito menos vida que foi vivida.
Minha vida ainda é curta
mas parece ser uma eternidade.
Escrevo pois não consigo verbalizar a tempestade que há em mim.
Escrevo também, pois não sei se conseguiria falar sem encher os olhos de lágrimas.
Porém, sempre que escrevo, meus olhos se transformam em oceano e minha mente trava
De repente não sei escrever
Viro analfabeto.
Sinto que nunca vou conseguir transpor tudo o que acontece aqui dentro
Estou eu fadada ao desespero da alma?
Desespero este que me rasga o peito de tanta angústia.
É cansativo
Muito cansativo
Mais do que isso, é extremamente
desgastante tentar lutar outra vez
Todos os dias
Sem ao menos ter a certeza de que estarei vivo amanhã.
Você entende?
MINHA CRIANÇA
Eu sinto muito minha criança,
Sinto muito por nunca ter conseguido nos defender.
Sinto muito por nós,
Por terem nos machucado tanto.
Me desculpe por não ter conseguido mudar certas coisas.
Você estaria com certeza decepcionada se pudesse ver como estão as coisas e eu não te julgaria por isso.
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