Conforto da Morte de um Filho
A morte que respiro viva
há dias em que viver
é um ato de violência contra mim
em que o corpo caminha
mas a alma não vem junto
e o mundo espera
que eu sorria com a boca
mesmo quando meu coração
grita com os olhos
não é que eu queira morrer
é que já morri
tantas vezes em silêncio
que a morte parece mais honesta
do que esta vida fingida
as pessoas dizem:
“tudo passa”
mas há dores que não passam
elas assentam-se, fazem casa
e chamam de lar o que sobrou de mim
e eu finjo
com uma habilidade que ninguém duvida
porque desapontar é pior do que desaparecer
mas só eu sei o peso
de fingir luz quando só há breu
de sorrir com cacos nos lábios
de carregar o próprio túmulo dentro do peito
não peço salvação
não quero promessas
só queria poder existir
sem ter que mentir
que ainda estou viva por dentro
Talvez a morte fosse mais gentil
há um limite que ninguém vê
um lugar depois do cansaço
onde a alma não pede socorro
apenas silêncio
não é desejo de fim
é desejo de paz
de não acordar com o peito em ruínas
com a alma sangrando quieta
talvez a morte fosse mais gentil
do que essa vida que me obriga a fingir
que ainda tenho chão
quando tudo em mim afunda
cansada de me reconstruir
sobre os escombros da esperança
de dizer que estou bem
quando nem sei onde estou
já não me reconheço no espelho
sou só vestígios
restos de uma mulher que sonhava
e agora apenas resiste
não quero palavras bonitas
nem fé emprestada
quero que entendam
que viver assim dói mais
do que desaparecer
e que talvez
só talvez
seria mais fácil fechar os olhos
de uma vez
do que continuar morrendo aos poucos
todos os dias
Um Dia a Morte sentará ao meu lado, e se ela me disser seu tempo acabou!
Minha resposta será:
“Se meu tempo acabou, então que seja com honra. Mas antes de me levar, quero saber: você veio me buscar porque cumpri minha missão… ou porque desisti dela?”
O homem criou um metaverso hedonista para justificar o luto da morte e da expulsão da presença do Criador. E seguimos vivendo como um pêndulo: um dia estamos em um lado direcionado para o Criador, no outro estamos do lado oposto, como rebeldes, fugindo e escondidos no metaverso criado pela nossa consciência.
Só os loucos brigam até a morte, porquê, uma briga pode existir para garantir um direito e não a morte.
Início do Fim
A morte
não é um golpe final,
nem o apagar abrupto
de uma chama que ardeu em vão.
Ela começa
no primeiro sopro de vida,
como um murmúrio ancestral
gravado na espinha dorsal do tempo,
uma promessa silenciosa
de que tudo que nasce
traz em si
o prenúncio de partir.
Somos nós
quem tenta adiá-la
ou apressar sua chegada,
como se a permanência
fosse um direito herdado,
como se o fôlego
fosse posse
de quem o exala,
esquecendo que o ar
é só um empréstimo
da eternidade.
Entre o nascer
e o desfolhar da última pétala,
somos intérpretes falhos
de um roteiro
traçado pelas mãos do acaso,
dançando na corda bamba
do existir,
prolongando cada passo
como se a terra
não estivesse sempre
a um deslize
de nos tragar.
A morte
não é antítese da vida,
mas sua sombra inseparável,
um vulto paciente
que nos acompanha
até o instante
em que já não há mais corpo
para projetá-la,
quando o vazio,
enfim,
reivindica o espaço
que sempre lhe pertenceu,
e nós,
como poeira,
nos dissolvemos
no ventre do universo.
A morte é a mais perfeita máquina do tempo: em um instante, nos transporta para o eterno, onde passado, presente e futuro se dissolvem em silêncio.
Pós morte é o mesmo que o pré vida, segundo a minha razão;
Afirma ser um prêmio, a minha religião,
Já minha doutrina, julga ser punição;
Meu sucesso, diz ser maldição,
Pressente ser castigo, o meu extinto,
Já o meu fracasso, afirma ser solução.
um dia fui eu
outro dia não mais
o que serei eu
sem um pingo de paz?
a guerra
a morte
o não
o talvez
o tempo
a hora
o espaço
desfez
Quando um amor é muito forte,
permanece vivo em suas lembranças
e assim, pode sobreviver à morte...
Osculos e amplexos,
Marcial
O AMOR PODE SOBREVIVER À MORTE
Marcial Salaverry
Para aqueles que se amam verdadeiramente, e que conseguem superar o tempo vivendo um amor completo, mantendo um relacionamento com base sólida, cimentada em muito amor e carinho, sempre preocupa a possibilidade de uma separação causada pela partida de um deles. Como o remanescente sobreviverá ao trauma dessa separação inevitável, é algo que somente o fato em si poderá determinar.
É preciso muita força de vontade para não se entregar ao desespero. É preciso muita vontade de viver para superar esse trauma. Nem todos têm essa força. Nem todos conseguem superar essa dor. Para quem está de fora, é muito simples falar na vontade de Deus, e que o destino quis assim. Mas sua cabeça dá um nó. Seu coração parece querer pular fora do peito. Sua alma chora noites seguidas.
Mas a vida continua, e é preciso começar a imaginar que quem partiu não gostaria de ver seu parceiro entregar-se à dor. É preciso pensar que o amor não morreu, e que em algum lugar poderá estar observando, e se entristecendo com sua incapacidade de reagir. Há que ir até o fundo da alma, para retirar aquele restinho de vida que lá está, e faze-la aflorar. Para vencer a dor da saudade, é preciso aprender a driblar a tristeza que sempre invade a alma, procurando recordar aqueles momentos de muita felicidade vividos juntos. As doces recordações sempre amenizam a tristeza da saudade, mudando uma saudade doída, para uma saudade doida, que inclusive poderá fazer sorrir ao invés de chorar. Há que se entender que, se a morte nos leva o ente querido, jamais levará o amor que foi vivido. Este permanece latente em nosso interior.
Algo que dá vontade de fazer é uma espécie de pacto, para que ambos possam embarcar juntos para a derradeira viagem. Infelizmente quase nunca isso é possível, e o remanescente deverá continuar vivendo, com a certeza de que esse é o desejo de quem partiu, pois o amor quando é verdadeiro, sobrevive à morte. As boas recordações fazem-no viver dentro do coração, que pode parar se não soubermos vencer a dor que insidiosa se infiltra em nossa alma.
E é na busca dessas recordações, que aqueles que tiveram a felicidade de viver um grande e verdadeiro amor devem concentrar suas forças, para poderem fazer de cada um de seus dias, sempre UM LINDO DIA, apesar da tristeza que lhes vai n'alma, que pode ser superada usando das recordações de lindos momentos vividos, e embora a alma chore, o coração pode sorrir...O sempre pode sobreviver à morte...
Soneto à Morte do Conde Orgaz -
Lá longe, mais além, onde não vejo ninguém,
existe um préstito funéreo
a que minh'Alma se prende, porque contém,
um profundo olhar etéreo ...
Vão muitos a sepultar, entre lúgubres caminhos,
D. Gonzallo de Tolledo, Senhor da Vila de Orgaz.
"Óh morte, quando é que também me vestes...?" Assim diz, o Poeta-Conde, Senhor da vila de Monsaraz!
E em hora derradeira ouve-se uma voz sem Paz:
Não há ninguém que me conforte,
oiço ainda o Vento chorar trágico e forte!
E tanta gente se vê nos funebres chorões do seu caminho
a abrir com lágrimas de morte, um qualquer destino,
para aquele que foi outrora o Conde de Orgaz!
(Soneto que nasce da belissima Tela do Pintor El Greco em que o tema principal é a morte e enterro do Conde Orgaz.)
As pessoas temem em morrer ao invés de ter medo de não viver, todos sabem que a morte é um fato enquanto a vida é o ato para viver.
Existe um passo entre a vida e morte, e aqueles que são guiados pela sabedoria divina, vão compreender que a misericórdia e a bondade de Deus, são a razão de todos os livramentos que temos em nossas vidas.
Morte.
Um dia nos veremos livres da dor,
testemunharemos o livramento de pecados e decepções, um dia não sentiremos mais a solidão da qual nos persegue e neste dia alguns estarão tristes, perdidos e você estará livre da sua mente que o destrói, porém, não faça com que este dia chegue tão rapidamente, não tente burlar a lei do tempo. Espere calmamente, o tempo que for preciso, pois este dia vai chegar, é um fato que ele chegará.
Morrer cedo é um azar ou uma sorte?
- Convenci-me de que a morte é sempre cedo. Apenas podemos estar preparados ou não. Não tem como ser na idade certa porque nenhuma idade é mais do que tempo.
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