Como a Vida Imita o Xadrez de Gary Kasparov
INCLUSÕES INESPERADAS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Enjoei de ser tratado como o bom e famoso "também". Aquele que "também" pode ir... "também" será bem-vindo ou está convidado. "Também" é muito especial e por aí afora. Não me digam mais que "também" sou importante ou talentoso, "também" fiz falta e "também" consigo, porque "também" tenho meu valor.
Nunca mais me mostrem o que não mostrariam se eu não chegasse justo quando estão mostrando a outro. Nem me contem o que jamais contariam, se eu não estivesse ali, colado inadvertidamente no protagonista da conversa. Muito menos me convidem para o que não convidariam, se eu não flagrasse o convite na hora H. Nem me elogiem sem graça, porque ouvi o elogio que foi feito ao outro.
Também; né? Quem me mandou ser a própria expressão do "também" estou aqui, do "também" quero e "também" sou? Tenho, definitivamente, que deixar de surgir na hora errada ou estar no lugar também errado, quando alguém visto como mais viável recebe louros, convites e apupos de um conhecido, quiçá de um afeto em comum. Aí a pessoa se desconserta, se recompõe, disfarça e diz, por uma gentileza torta: Olha; você "também"; tá?
Ninguém se sinta mais flagrado pela minha chegada... ou estada. Nem se obrigue a dizer que eu "também". Sequer abra as aspas, para não ter que fechá-las de forma tão constrangedora para mim. Dispenso a simpatia dessa expressão inequívoca da exclusão aveludada; carinhosa, mesmo, para ser bem justo e não ingrato.
Ser excluído pura e simplesmente, sem nenhum contorno e com todas as franquezas e perniciosidades da exclusão, acreditem: soa bem melhor do que ser "também" incluído, no contexto piedoso, forçado e desconsertante dessa inclusão inesperada e de última hora.
SEM TIRAR PEDAÇO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Sabes quanto meus olhos mergulham nos teus,
como sempre te ouvi, apesar do silêncio,
sob meus desalinhos e dramas de afetos
que não devo nutrir ou me cumpre guardar...
Sei que sabes do quanto me atenho a saber
te sentir desta forma insentida pro mundo,
como fecho em meu fundo a verdade sem fim
ou te sugo pra mim, sem arrancar pedaço...
És meu sonho presente que a vida embrulhou
pra ficar no passado que o futuro dita,
minha bênção maldita, feliz desventura...
Eu te levo num sonho do qual sou desperto,
vejo perto a distância que não nos separa,
mas que nunca nos ata no mesmo querer...
TODO AMOR
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Odiei como pude, as paixões que não quis,
quando novos olhares cruzaram meus rumos;
fui feliz de pirraça, quando não contive
os impulsos de fuga da felicidade...
Qualquer paz que se perde se perdeu em mim,
cada fim que se tem recomeçou do nada,
pra mostrar que não tenho controle dos meios
nem os freios e jatos do mundo e do tempo...
Já travei qualquer guerra que viver declara,
tive calma e tensão que não quero de novo,
fui a clara, fui gema e fui muito batido...
Toda forma de sonho, esperança e verdade
me crivou de saudade, lembrança e cansaço;
todo amor que se tem já passou por meus dutos...
ARMA COMO SÍMBOLO EQUIVOCADO EM EDUCAÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Fico bem preocupado ao ler nas paredes de uma escola, que a educação é a melhor arma para vencer a ignorância... é arma para se alcançar um futuro digno; conseguir vencer na vida. É arma contra isso; arma para mais aquilo; para ser uma pessoa do bem; um vencedor. Aí você dirá que se trata de figura de linguagem, como se não houvesse outra. Poderia dizer que a educação é o melhor meio, dispositivo, caminho, ferramenta... e uma série de outras classificações ou figuras de linguagem disponíveis no vasto vocabulário de nossa língua riquíssima em recursos. Uma das mais ricas do mundo.
Mas a violência está no inconsciente. A mesma que nos faz dizer que matamos a cobra e mostramos o pau; matamos dois coelhos em uma cajadada só. Também matamos um leão por dia, e muitas vezes, à unha. Quebramos tudo, como metáfora de fazer sucesso. Arrebentamos; esfregamos na cara; brigamos por objetivos; damos a cara a tapa e classificamos trabalho como luta; batalha.
Infelizmente, não arrancaremos do imaginário popular as metáforas relacionadas a outros casos... mas pelo menos na escola, chega de armas, reais ou imaginárias. Chega dessa fomentação enviesada ou transversal da violência entre jovens estudantes, especialmente nestes tempos em que o próprio presidente da república legaliza, enaltece, fomenta e justifica a violência, como resposta pessoal à violência, dada pelo cidadão comum. Se nossos filhos e alunos não crescerem com essa imagem a martelar na mente, mesmo como figura infeliz de linguagem, eles terão mais chances de não serem adultos violentos.
A arma é a própria ignorância que supomos vencer, quando a usamos como símbolo de poder contra a ignorância. E a utilização continuada desse símbolo tem tudo para levar um cidadão às vias de fato, em algum momento da vida, com a materialização do que não será mais uma citação retórica; metáfora ou símbolo, e sim, a consumação fatal do que foi plantado no imaginário fértil de meninas e meninos.
LIVRE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Não quero ser como pipa,
pois a pipa voa,
mas não voa sozinha.
Carece de linha,
de vento e cabresto
e quem a empine.
Quero ser como águia,
que mergulha no céu
até que o céu não termine.
SANTOS MODERNOS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Negociam chantagens e trocam de sonhos
como quem barganhasse qualquer bugiganga,
desidratam verdades com belas mentiras
e têm carta na manga para qualquer truque...
Tudo vai depender das vantagens em tudo;
nada vale uma pausa pra ponderações;
corações estão mudos, as mentes fechadas
para o quanto não renda poderes e bens...
Manipulam conceitos e trocam de Cristo,
têm as cristas mais altas do que dá pra ver,
ha um misto insondável de soberba e gula...
Pregam isto e sabemos que vivem aquilo,
com estilo e certeza que o momento aponta;
fazem conta e professam a fé mais rentável...
COMO TE QUERO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Que não sejas pra mim,
neste momento,
o que já não serás
bem lá no fim
do dia que morre...
no firmamento...
Só me chames ou venhas
ao meu chamado,
se daqui a mais anos,
entre perdas e danos...
ainda fores quem és,
quem sabe ao quadrado...
Já conheço essa fita
de primeira impressão
que seduz o mundo...
Não te quero fachada,
cartão de visita
nem pano de fundo.
EXTREMADO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quem me tem como amigo, tenha boa fé;
olhe bem nos meus olhos e creia no mundo;
venha fundo nos flancos; descasque meu todo,
tire o pé desse freio de conter afetos...
Para ter meu carinho desarmado e pleno,
que não deixo esfriar nos desvãos de quem sou,
tenha sempre o que dou, sem reparar na casca;
não invente veneno em minhas beberagens...
Sou amigo invasivo e deploro evasão,
tenho mais coração do que noção de quando;
consciência de como; até que ponto estou...
Vou além do sensato e meu afeto assusta,
se me tens como amigo não te custa nada
o melhor de minh´alma, do forro e da napa...
OUTDOOR
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Você abre um sorriso como poucos,
mas um choro suplica transparência;
tem um belo mural que chama os olhos
à regência de suas propagandas...
Quer o mundo a seus pés, então escapa,
caso algum coração alcance o seu,
sua capa florida esconde farpas
que ninguém deveria descobrir...
Foi amargo adentrar os seus segredos
ao pular a janela do seu show;
ver os medos que a fazem movediça...
Você tem um querer aceso e forte
sobre o porte arrojado que a difunde,
mas confunde; não sabe o que não quer...
CONTRACIDADÃOS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Dói catar o silêncio pra viver
como quem se desliga; deixa ir,
pra não ver as mazelas em redor
nem o pingo sem i que ronda o caos...
Minha terra enterrou a sanidade,
nos deixamos perder de nossas buscas,
da vontade que havia em nosso peito
e do grito que sempre nos moveu...
Nós morremos por dentro, em rendição,
entoamos louvores ao naufrágio
de nenhuma braçada rumo à praia...
Sem ação nem sentido alguns se drogam
de fervores e preces; tristes vozes,
overdoses fatais de fé com febre...
MEU CANTO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Tenho neste canto
meu frágil bis,
como se fosse
museu do quanto
já fui feliz...
O meu canto abraça
minhas memórias,
as histórias
e tantos sonhos
que tive um dia...
Retém minh´alma,
meus pensamentos
e sentimentos;
minhas saudades...
quase meu rim...
Este meu canto
me colhe tanto,
garimpa, escava,
que até me torna
museu de mim...
MEUS DOIS EUS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Passei muito tempo sem entender como ser poeta me fazia tão feliz e mesmo assim havia um buraco. Sentia falta, não sabia de quê. Só dei por mim sobre o que faltava, quando ganhei de presente uma boa câmera fotográfica.
Nas primeiras fotos que fiz, com a mesma loucura do poeta que sou, concluí que passei muitos anos fazendo poesia como quem fotografa. O buraco fez sentido, e foi sanado, quando passei a fotografar como quem faz poesia.
Tinha que ser poeta e fotógrafo. Tão fotógrafo poeta quanto poeta fotógrafo. Caneta e câmera se completam como me completo intimamente com os meus dois eus.
PLATÔNICO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se não posso te amar como esperas de mim,
posso dar esse afeto que vai pro riacho;
há um sim marginal nos meus olhos pendentes
onde o tacho estendido pode se prover...
Não é falta de amor; é questão de província;
sou domínio, fronteira, marcação formal;
mal me furto aos pedaços para sonhos breves
à deriva dos nós em redor desse laço...
Correspondo à magia, mas me falta chão;
dar o pão do meu corpo é retirar bem mais
desse todo que o toldo já delimitou...
O que sobra do mar são correntes restritas
que se doam nos vãos do sermão social
das escritas das terras e das relações...
VIRTUDEZINHA
Demétrio Sena - Magé
É possível me qualificar como pessoa profundamente sem vergonha, por várias razões. Mas acredito que a maior prova disso está na minha insistência em gostar de pessoas que há muito me deram um gelo. Não insisto em procurar, ficar perto nem conviver, necessariamente, ao notar que deixei de ser interessante. Mas por dentro, não consigo vencer a psicopatia do não deixar de gostar, e quando as vejo, puxar inadvertidamente um assunto qualquer.
Aí tenho de volta um monossílabo, aquele olhar enviesado e o sorriso sépia, como quem ganha um presente ou recupera o tesouro perdido. Em meu lugar, muitos diriam: "Meu maior defeito é não deixar de gostar de quem não tá nem aí pra mim.". Mas me permitam dizer que isso, mesmo sendo meu, é uma pequena virtude; não é? Tenho muitos defeitos, entre eles outras sem-vergonhices, que são sem-vergonhices mesmo, mas tenho essa virtudezinha, para salvaguardar minha natureza.
SERES HUMANOS
Demétrio Sena - Magé
Nosso maior defeito como seres humanos, é sabermos que todo ser humano tem defeitos, mas acharmos que os defeitos do outro ser humano são mais graves e numerosos que os nossos.
... ... ...
Respeite autorias. Isso é lei
DECLARAÇÃO DE AMOR
Demétrio Sena - Magé
Se ainda não o fiz nem tenho mais como construir belas e reconfortantes lembranças afetivas, preciso magoar bastante quem ainda me ama... trocar em seus corações, antecipadamente, a longa dor da machucada saudade pelo breve alívio do rancor... e pela tristeza do vazio a deixar, o conforto bem resolvido e inexplicável da decepção e da mágoa. O longo ranger de dentes, farei trocar pela ira vingativa e doce de alguns dias. Ou ainda o sentimento inevitável de perda pela sensação de livramento. Será minha última declaração ou prova de amor a quem amo e por acaso também me ame: dar-lhes a última e grande chance de substituir o gosto amargo do adeus pelo impulso libertador e fugaz de "já vai tarde".
... ... ...
Respeite autorias. É lei
COMO TODA FÉ PRESCREVE
Demétrio Sena - Magé
O ateísmo não é uma forma de crença. É uma não crença. Como não crença, não é uma certeza: não acreditar não é o mesmo que saber que não existe, não há ou não é. Seria uma forma torta de fé, ter a certeza de que Deus não existe. Ou aquela certeza inversa do invisível; do intocável; do impossível de provar, absurdamente, como inexistência. Como desmentir o que acreditam pela fé, sem nenhuma exigência científica ou de qualquer outra natureza? Como alguém poderia provar uma não existência?
Em meu ateísmo, sei apenas que não sei de nada, e vejam só: ainda plagio Sócrates, ao confessar meu não saber. Isso prova o quanto não tenho qualquer bagagem para desqualificar a fé no Possível Deus, em deuses, em sobrenaturais. Além de tudo, meu ateísmo não nasceu de uma grande agonia, uma busca incessante ou qualquer frustração de natureza espiritual. Nasceu e cresceu de uma tranquilidade pessoal; da falta estrutural de uma necessidade íntima dessa busca de apoio extra-terreno.
Nada comove ou converte quem é bem resolvido com as agonias e desventuras do ser humano. E para mim, seria injusto e cruel "descomover" e "desconverter" quem achou esse justo e confortável sentido de seguir. Pregar o ateísmo seria criar o caos absoluto, para convidar pessoas a perderem o sentido que um dia encontraram e saltarem nesse abismo sem a garantia fantástica da fé no sobrenatural. Ateísmo é construção intima e lenta, não induzida. Um ateu não é um pastor do caos.
Que haja respeito recíproco sincero a todos os de fé. Aos que vivem realmente a fé (qualquer fé, em quem ou quê), de boa fé... e haja paz entre as diferentes crenças que se respeitam entre si e também respeitam as não crenças, como toda fé prescreve... como todo livro sagrado manda ou orienta... como todos os dias deveria ser, pela construção e a permanência de um mundo realmente melhor... e o tal de mundo melhor deixe de ser apenas um bordão atado aos interesses de cada um.
... ... ...
Respeite autorias. É lei
ACHE COMO ME ACHAR
Demétrio Sena - Magé
Por favor, elimine o medo em mim
e me faça entender que não lhe perco;
ponha fim ao desfoque dos meus olhos
que percorrem abismos; miram caos...
Quero crer que restou alguma corda,
uma tábua, quem sabe algum farol,
qualquer borda na qual encontre cais,
um restinho de sol na escuridão...
Dê sinais ou sussurre umas palavras
com que possa chamar os meus botões,
irrigar meu sertões emocionais...
Ache como me achar neste conflito,
porque já me perdi; me dispersei;
já nem sei se consigo esperançar...
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Respeite autorias. É lei
PARAÍSO
Demétrio Sena - Magé
Elas brincam lá fora como à flor da idade;
são maduras e doces; têm polpa suave;
liberdade sem peso da culpa dos credos;
despojadas, desnudas, são cheias de graça...
E me chamam, provocam, como se há bem pouco
não tivessem brincado em todos os meus becos,
os meus secos, molhados que ainda repousam
dos castigos gostosos das últimas horas...
Têm as curvas bem feitas, que o tempo manteve;
a malícia dos lábios tem certa inocência
que reveste as essências com fogueira branda...
Tão senhoras de si, tão de mim, tão dos ventos,
dos momentos, das horas e das sensações
em meus poros expostos a tanto prazer...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
COMO TE AMO
Demétrio Sena - Magé
Por te amar como amo, cresci como gente;
porque antes amava sem essência e tino;
vim achando a tu'alma e descobrindo em mim
que o destino foi feito pra me fazer teu...
Eu te amo com graça que o tempo somou
sobre todas as somas de nossas vivências,
a minh'alma tomou, gole a gole, na taça
do meu sonho afetivo, as essências das horas...
Por te amar como amo, tudo vale a pena;
cada cena da saga que traçamos juntos
e fizemos dos juncos um cesto profundo...
Vim te amar como amo, nas idas e vindas;
nos aindas e jás desse jazz de viver
para ver flor e fruto em estação propícia...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
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