Coleção pessoal de SilvioFagno

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⁠⁠"Chorar é Lindo" -

Eu sinto muito por aqueles
que são frios demais,
calculistas demais,
vazios demais.
Os que se autodenominam:
bem resolvidos.

Estão sempre muito seguros
de si mesmos e tão inseguros com o outro.

Negam sentimentos, evitam profundidades, delicadezas.

Não se permitem chorar,
errar, ter medo,
dúvidas...
Sentem-se superiores, intocáveis - donos de tudo.

Eu parto do nada: sou
pequeno e infinito.

Não sei bem
qual o proposito,
qual a graça
da vida.

Mas, entregar-se
intensamente as coisas
- as paixões -
que cativam-nos é,
a meu ver, o essencial.

Sofremos em busca de
alegrias, de sorrisos.
Mas, como bem disse o poeta
das coisas simples:

Chorar é lindo!

⁠Poderia ser a lua,
mas não:

É saudade.

⁠⁠⁠A Constância da Vida é a Repetição -

A vida é feita de mudanças
e transformações.

Porém,
todas as mudanças e
transformações são partes
de ciclos repetitivos:
(segundos, minutos, horas,
dias, semanas, meses,
anos, décadas, séculos,
milênios, eras...),
em que Deus é o Tempo
e Tempo é tudo.

Ainda que, de certo modo,
os traga, (por leiguice),
aqui ignoro a precisão dos números,
da matemática, da física
- da Ciência -,
e prendo-me ao olhar (distraído) do cotidiano:

A dona de casa,
o padeiro, o taxista, o jovem
casal de namorados,
os nossos avós, os primeiros
passos dos bebês, as discussões,
a rosa murcha, a canção preferida,
o copo que se quebra,
a água que ferve, o tropeço
na calçada, o coração partido,
os dias frios, o pôr do sol,
a gargalhada espontânea,
os velórios, as fases
da lua.

Prendo-me ao comum
das falas, dos gostos e
gestos.
Dos conselhos, influências e comportamentos.
Da jornada de trabalho, das receitas médicas e cardápios culinários.

Prendo-me as manias e tocs e tiques.
Os mantras, dogmas, ritos e rituais.
Costumes, crenças, tradições e culturas.

Por que insistes em repetir palavras, inútil poeta?

De novo, não há nada
de novo:

A constância da vida
é a repetição!

Te Vi -

É,
te vi...
de longe, na tela,
sem detalhes nem cheiro
nem som...

Mas te vi.

E olhos e boca e dedos e coração...
(confusos, inquietos,
impactados),
todos eles concordaram:

Como está linda!

Últimos Versos -

Tenho te carregado
(no peito)
desde os primeiros dias
em que nos conhecemos.

Sinto saudades dos velhos
motivos: a brisa, os livros,
as tardes da tua rua.

Saudades da tua risada,
da espera na calçada,
dos riscos, do céu,
da lua.

A saudade ficou um pouco
nos latidos de aviso do
teu cachorro,
nas frestas da varanda,
por onde eu (ansioso),
olhava à tua espera.

Ficou no cheiro jovem e
delicado do nosso namoro
aprendiz - adolescente - a quem
eu (suspeito),
dedico este sentimento
sincero, lírico e nostálgico.

A saudade também ficou nas
conversas virtuais – presentes
distantes -e nos papos a
centímetros da pupila dilatada e
respiração ofegante: pensamentos navegavam nas redes da
comunicação abertas
à alma).

Haviam horários e eu os perdi.
(Lembranças... saudades).

Sem explicação,
ainda te olho com olhos
de adolescente apaixonado:
intensos e devotos.

Ainda te enxergo como a garota
de treze anos,
de dentes e pernas salientes,
e olhos tristes de mel.

A garota birrenta,
cheia de manias e erros
de português,
que carregava meus olhos
– sempre seus olhos –
por onde fosse.

A garota que me ensinou a
beber água antes de sair
de casa.

Aquela garota que, apesar de
homem feito,
me provocava frio na barriga
quando estava por perto
e, estranhamente,
ainda sinto como se estivesse
aqui pertinho ou, na verdade,
nunca tivesse saído.

As fotografias estão aí para
quem quiser ver,
mas algumas pequenas coisas,
alguns pequenos gestos e
detalhes - fragmentos do ontem –
(nosso amor adolescente), como o teu cheiro de menina, a timidez aprendiz
dos teus lábios e a rebeldia dos
teus cabelos imaculados confundindo
minha sorte, somente eu sei
o que representam em
minha vida.

Mas já não há mais tempo
para voltar.

Agora o continuar é um sem
sentido peito cheio de traumas e
amarguras,
um sentimento grandioso e
inútil de onde eu,
sangrando,
escrevo estes últimos
versos.

P.S.: Não vá embora antes
de falar comigo.

(...)

Era uma festa, agora o
adeus!

Quase sempre sou irônico, para não ser grosseiro.

Estamos mortos!
A vida é o preço que temos a pagar.

Feliz Dia Todos os Dias -

O "Feliz Dia das Mães"
precisa ser (em gestos e
atitudes), antes e depois
no presente do
agora.

Hoje
é só um lembrete
numa folha de calendário,
como um feriado:

Descansem.

Doçura -

Assim:
como se eu tivesse
encontrado (em gestos e
gostos e sons),
a poesia e leveza da doçura
da alma
(em parte, antes em
mim, perdida),
você vive (como alguns poucos),
num cantinho colorido do meu
tosco, quase cinza e meio
amargo coração adolescente
aos trinta.

Teu Travesseiro -

Teu travesseiro tem sorte:
conhece os teus melhores
e piores momentos - tuas
verdades.

E, no fim do dia,
ainda dorme abraçadinho
contigo.

Para o Bem -

Se a minha ideia não tiver,
ao menos,
um pouco de originalidade
ou algo de acolhimento
ou algum caminho à
cura,
que morra sem alcançar
olhos e ouvidos
vulneráveis,
necessitados - humanos.

Paramos de Crescer Crescendo -

Na adolescência,
de fato,
tudo é muito sexual:
gestos, vestimenta, diálogos - buscas.

Se exibe muito:
pele,
desejos,
pensamentos...

Tudo isso
envolto por um fino papel
de algum tipo de pureza,
ingenuidade,
poesia.

De modo
que é até compreensível.
Essa é a fase em que se tem
(quando se tem),
beleza física em abundância.
Os hormônios estão em
excesso,
o espírito aventureiro,
aexperimentação
quase sempre no
automático.

Aí,
então,
crescemos e a grande maioria
de nós piora tudo:
não, não é que aumentamos
tudo isso.
É que perdemos coisas
essenciais:
o frio na barriga,
as dúvidas,
algum traço de
inocência.

Somos, então,
dominados pela malícia:
passamos a dominar a malícia
das coisas - aprendemos
a mentir melhor,
fingir melhor,
sem culpa nem
remorso.

Perdemos a espontaneidade,
corrompemos o instinto,
a essência, e tudo se reduz
à carne (fria),
ao desejo, meramente,
carnal,
em que o espírito morre,
e quando isso
acontece, tudo morre,
e nada mais de especial
acontece.

(A gente para de
crescer crescendo).

Tudo Anunciado -

O encontro como nos
filmes românticos;
A fulgaz felicidade dos
inícios;
O intenso e desmedido desejo
por aquilo que não se
conhece direito;
A estranheza da descoberta diária da realidade;
As,
cada vez mais constantes,
brigas e discussões,
aparentemente banais;
O aumento, significativo,
do nível diário de estresse,
aborrecimento e
decepções;
E o fim doloroso,
traumático e
rancoroso.

E assim,
a vida se reapresenta
em mais uma
história (de
amor?).

Quase Sempre -

Quase sempre
o fevereiro,
feriado e Carnaval
de alguém,
tem nome,
sobrenome, um outro
alguém
e vive
muito longe.

Talvez -

Talvez,
quando tudo,
de fato,
for apenas mais uma das
suas muitas recordações
adolescentes,
perdidas na memória,
talvez (num dia qualquer),
você vai me ler, se ver
e chorar.

E então vai sorrir...

Sabendo que foi
minha grande inspiração,
sendo minha melhor
lembrança,
e minha maior
saudade.

(Talvez).

Não digo que Deus não
exista.
Só desconfio de quem diz
que ele existe.

A coragem e a irresponsabilidade são confundíveis.

Mais cedo ou mais tarde,
todos vão embora.
Cada um com sua melhor
desculpa.

Piloto Automático -

Cuidado
quando começar a
sentir-se muito à vontade
com a vida.

A morte pode vir como
um cochilo na sua
melhor poltrona.

Os gênios nascem
pela insatisfação do que
já conhecem.