Coleção pessoal de SilvioFagno

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Tortura Sentimental -

Não acredito mais
na conquista sentimental
do outro
através de uma longa
insistência.

Não.

A grande maioria das pessoas
hoje,
faz disso um jogo, e desse
jogo
alimento para inflar seus
egos cebosos e
gordurosos.

Essas pessoas nunca dizem
um "não" categórico.

Elas costumam colocar certos
limites,
fazer certas restrições,
mas estão sempre deixando
cair migalhas de reciprocidade,
aproveitando-se do nobre sentimento
do outro,
para mantê-lo por perto (acorrentado, rastejando),
aprisionado a esse caos psicológico,
a essa condição humilhante
em que se perde paz, dignidade,
tempo - vida.

E tudo isso,
para alimentar desejos egocêntricos,
gostos superficiais,
vaidades fúteis,
através de uma maldosa, dolorosa
e traumatizante tortura
sentimental.

Não há,
certamente,
uma verdade absoluta
para isso,
mas:
ou tudo acontece
de maneira natural (claro, com todos os esforços e entraves naturais das relações interpessoais),
ou,
naturalmente, não
acontece.

(Não como deveria
acontecer).

Um comentarista é, antes de tudo,
um oportunista.

Nu Com Minha Poesia -

Descobri, esses
dias,
que sou extremamente
exibicionista.

Gosto mesmo de mostrar-me
descaradamente.

Dispo-me sem vergonha e deixo-me
à mostra para quem quiser
ver.

Ora, ora, se vou esconder
sentimentos - Poesia.

Depois dos interesses,
há que se destacar três coisas
que costumam unir
e transformar
pessoas:

O amor, o tempo e as tragédias.

Não Há Escapatória -

Eu entendo:
não há escapatória.

Não posso estar muito
longe do cinza das
tempestades,
da névoa da melancolia,
do abismo da rejeição - da tristeza.
A maior parte da minha poesia
morreria.

Assim como não posso viver
totalmente
mergulhado nesse
caos,
nessa escuridão sombria,
sem um pouco de luz quente,
gestos leves, alegria
genuína.
Minha cabeça explodiria.
Morreria, então,
o poeta.

Eu sei parte dos motivos
e escolhas
e consequências.

E,
independentemente
da cor do dia,
do estado meteorológico,
mental, físico,
tudo que eu preciso é
escrever,
somente escrever.

Nada além de
escrever.

Distância -

É sempre muito,
muito complicado quando
amamos alguém que
está longe.

Longe o suficiente para sentirmo-nos
inúteis, impotentes diante
da sinuosa e fria
distância.

É um troço meio esquisito:
é a coisa amada lá - longe -
e os sentimentos
explodindo cá - dentro.

Um aperto sem toque;
um sentir sem cheiro;
uma saudade sem
tamanho.

Fecho, abro os olhos
e tudo é deserto,
vazio, distante.
Tudo, menos o teu
nome.

Esse...
ah, esse é segredo!

O Último Não, Será o Meu -

Eu estava errado quando
na primeira oportunidade de
deixá-la eu não a deixei.
Havia chance... (?!)

E veio a segunda, a quinta,
a décima-quarta e eu
continuei errando.

Me transformei em uma
máquina de colecionar
derrotas e mais
derrotas.
Logo
eu era a própria derrota.
Fui ao inferno, vi o diabo de ser
humano de perto,
mais de perto ainda, algumas
outras vezes.
(Perdido, eu só era mais um
entre tantos).

Mas eu estava certo quando,
certa vez,
com lágrimas de sangue nos
olhos e um coração de
calos endurecidos,
me virei para ela e em claro
e grave som disse-lhe:

Não!

E o último não, será o
meu.

O Cinza é a Minha Cor Preferida -

Eu esqueci,
durante alguns segundos,
esta tristeza profunda
que bagunça minha morada
interna.

Nestes poucos segundos de
desatenção, eu respirei livre,
sem dor, sem angústia.

Neste breve estar de leveza,
eu não fiz quase
nada.

Serviu apenas
para lembrar-me que, apesar
de muito difícil,
hora ou outra, sem muita explicação,
a vida nos traz traços de felicidade
em pequenas e raras porções de paz e tranquilidade.

Aproveite para aprender:
há uma saída, ainda que a gente morra
no final.

Sim,
meu universo já voltou
ao normal.

Gente Grande é Mesmo Idiota -

Ontem,
enquanto brincávamos no
quarto,
meu filho e eu,
lembrei de certas
coisas corrosivas que, hora ou
outra,
ainda me alfinetam o peito,
me tiram a calma.

E então,
junto àquelas lembranças,
eu fiz aquele som com a
boca, que denuncia
alguma insatisfação, algum
lamento ou incômodo.

Meu filho,
que agora está com quatro
anos e meio,
ouvindo aquele estalo
me questionou:

"o que foi, pai?"
"Nada". Eu o respondi.
"E por que essa cara feia,
então?!" Ele outra vez.

Eu,
sem graça,
pensei:
gente grande é mesmo
muito idiota - desperdiça o pouco
tempo que lhe resta,
sofrendo por coisas e pessoas
estúpidas.

Onde Eu Tanto Quis Estar -

Eu sei,
agora é só questão de tempo
até que ela anuncie um novo
romance,
antes de outros que,
possivelmente, ainda
virão.

Sim,
provavelmente nem será,
de fato,
o seu grande amor ou o seu
último romance.

Mas eles serão, por um
tempo,
somente um do outro
(imagina-se).

Trocarão mensagens antes
de dormir e ao
acordar;
passearão de mãos dadas em
shoppings e praças e
festas;
assistirão filmes e
séries e ouvirão
músicas no modo aleatório ou
não,
boas ou não,
dividindo um pote de chocolate
e
fones de ouvido já gastos,
num sofá na sala a meia
luz, sob um cobertor
macio nos dias
mais frios.

Contudo,
haverá esforço e
cuidados de um mais do que
do outro e, ainda
assim:
beijos, abraços e carícias
serão deles para
eles.

E eu estarei aqui,
assim: distante, mais
distante ainda.

Só.

A observar e lembrar e pensar:
olha só que cara de
sorte - está exatamente
onde eu tanto quis
estar.

Delinquente -

Quando (por alto), você
ouve de um delinquente
a expressão:
"você não tem coragem",
algo muito sério
pode estar por
acontecer.

Aquelas Noites -

Ainda lembro
aquelas noites quando ainda
éramos nós
e,
de tão cheia,
a cama faltava espaço
e só eu não conseguia
dormir.
Mas,
ainda assim,
olhando vocês ali,
meu coração respirava
aliviado.

Agora
a cama até sobra espaço
e, ironicamente,
meu peito está apertado
e,
de novo,
só eu não consigo
dormir.

Tão Perdido e Confuso Quanto Ele -

Eu olho um adolescente e
penso:
ele ainda tem chance - tem tempo.

Pode optar por algo
seguro como
estudar,
arrumar um emprego
e formar uma família.

Eu já estou no meio dos trinta,
não tenho diploma
algum,
estou desempregado,
sem nenhuma
perspectiva,
e destruíram, covardemente,
meu sonho de
família.

E o mais assustador:
eu me sinto tão perdido
e
confuso quanto
ele.

É Por Medo -

É por medo da rejeição
tantas vezes
provada.

É por medo da vergonha
tantas vezes
sentida.

É por medo
que a gente deixar de dizer
o quanto tem
saudade;
o quanto
pensa;
o quanto sente
falta.

E são por esses mesmos
motivos
que a gente assiste - sangrando -
um (possível) grande amor
indo embora.

Alma Adolescente -

Todo poeta tem alma
adolescente.

E
se você consegue
sentir
o que eu digo,
é porque há algo jovem

dentro.

Saldo Negativo -

- O que tu tens,
meu filho?
- 15 contos em mãos,
173 de dívida no
mercado,
167 na farmácia,
71 de saldo negativo
na conta
e um
grande amor vivo
e perdido,
despedacando minh'alma.

A Mentira -

A mentira
tem sido a tônica dos relacionamentos
interpessoais, e acredito que seja
algo da natureza humana.
(Um artifício natural da comunicação,
da expressão humana).

A meu ver,
essa prática, ainda que muito de má fama,
seja uma condição humana.
(Nascemos com essa
“capacidade
de fuga").

Agora,
imagina só se não tivéssemos
essa habilidade infame,
onde estaríamos?
Em que situação a humanidade
se encontraria?

Certamente,
a história teria um rumo, totalmente,
imprevisível.

E quem garante que estaríamos
melhor?
Eu não garanto.

Mas,
na dúvida,
fale a verdade ou
cale-se!

Ânsia -

São nestes dias
de datas comemorativas
em massa,
que a humanidade mais
vomita falsidade, superficialidade,
mediocridade e hipocrisia.

A generalização fede a
vômito de algo
podre.

O Fime de Uma Vida -

Ah,
estes dias frios:
junhos, dezembros e afins.

A vida é um filme:
(às vezes um curta, às vezes
um longa),
que passa em nossa frente e
não há muita escolha:
ou você vive este filme ou ele
acaba. (E ele
acaba).

Você é o diretor, roteirista e
ator deste filme.
Aproveite!

Faça um longa,
escolha os melhores atores para
contracenar, os melhores
cenários, os melhores temas,
a melhor trilha sonora e faça deste
filme sua vida.

Um dia,
as luzes se apagarão e o
público estará
em prantos,
chorando o final do filme de
uma vida.

Feito Bolha de Sabão -

Felicidade,
em geral, é feito bolha de sabão:
acontece num sopro;
é impossível mantê-la; surge de
vários tamanhos e,
normalmente,
dura o tempo de um sorriso.
Aproveite!