Coleção pessoal de ninhozargolin
Tínhamos máquinas de escrever. Agora, temos máquinas que escrevem. Mas, sem o sentido e a intenção humanas, nem ouro seria jóia.
As tecnologias são como vilãs de novelas: despojadas, incompreendidas e volúveis. Para domá-las, é preciso dinheiro ou esperteza.
O sabor do hype pode ser só um bom brigadeiro branco, envolvendo uma fruta com caramelo tão antigo quanto doce: eis o morango do amor.
Cheiro de flor, sem jardim por perto, pode ser a memória chorando por olfato e afeto — e o mistério, entre a ciência que explica e a alma que pressente, segue intacto.
De repente, uma colher de pequenas cordas, aterrissa em meio ao caos, criando um universo inteiro feito de sorvete e quarcks.
Há quem confie em IA como um taumaturgo do século XXI; mas, antes de uma apocatástase linguística, busco a palingenesia na simbiose da escrita.
Silêncio em noite escura, com lua tímida entre gélidas nuvens, pode ser presságio do dia mais solar e vibrante de todos os tempos.
Vivências enriquecidas exigem uma dobra do tempo, um sismógrafo emocional e existencial calibrado para registrar o quase invisível.
A palavra escrita, uma vez compreendida, não repousa: ela coloniza o ser, germina nele e cria vínculos invisíveis entre pensamento, corpo e mundo.
Para cada palavra que se lança, há três alvos memoráveis: a arte da curva; o risco do entrelinha; e a beleza do impensável.
Há vezes. Ora somos caminho, ora pedra. Um momento porta, noutro pedágio. Ser fronteira aberta não implica em ser visitado.