Coleção pessoal de NICOLAVITAL

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⁠⁠Série: Minicontos

PANDEMIA
Não havia velório nem despedidas. No campo santo, o apartheid era colossal...

⁠⁠⁠⁠Série microcontos:

CLOROFILA
Anos a fio oferecia abrigo, alimento e vida abundante. Sob projeto obscuro, dragão de ferro permite-se devorá-la...

Série: Minicontos

⁠MINIMIZOU
Um dia minha mãe furiosa perguntou: Quem comeu o pudim de jiló na geladeira?
- Resmunguei! - E ela logo relutou: Não faça rodeios, seja breve e conte tudo...

Série: Minicontos


FILHO DA OUTRA
O menino trocou a aridez nordestina pela selva de pedras. Logo o mundo lhe acolhe. As mãos que lhe afagam o apedrejam, Mas a história se encarrega de cicatrizar o golpe. E a primavera promete florir...


AMOR MATERNAL:
O amor que assoberbaste
Sei, não era o que querias.
Nem de longe encontraste
Um amor em sintonia
Amar como anseias
É feérico e bem sutil
Só o êxtase delineia
Um amor tão juvenil
O amor com sutileza
Diz o coração febril
É de tamanha grandeza
Que torna o universo vil
O amor a quem almejas
É amor de mãe pra filho
Não possui outro perfil.

⁠MUTAÇÃO:
Todo vão metafísico
Tudo o que penso sou.
Toda doutrina do livro
Todo lugar onde vou.
É um deserto infinito
Onde nem mesmo estou.
Todo o amor das Helenas
Todo o dogma do pastor
Todo o mutar das falenas
Toda letra que se consome
Toda dimensão das melenas
Toda sorte que me some
Toda essa metafísica
Se transmuta noutra cena!

⁠POR QUE?

Escrevo o que penso.
Mas não sei se penso o que escrever.
Escrever não é questão de necessidade
A questão é se há necessidade de escrever o que penso.
No entanto, penso escrever tudo que há em mim.
- Não sei porque!
- Tem que haver por que?

⁠⁠⁠⁠Série: Minicontos

1964
Sonhos seriam bisonhos, amores infortúnios. O sol a refletir o tempo. A primavera retarda ante a volta do canhão...

⁠⁠Série: Minicontos

AMÉLIA
Mulher campesina, paraibana e forte. Deu luz a 19 vidas. Hoje, submersa no universo abstrato...

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Não levou nada...
Não deixou nada
Ou quase nada.
Nenhuma sentença.
- calada!
Partiu sem palavras
Escrita ou falada.
Apenas do nada.
Ela partiu!

⁠AUTOCRÍTICA:
Às vezes, humanamente penso
Que somos o que jamais
Poderíamos ser.
Nesta noite indolente sem carinho,
Sem amor (...).
Num quarto como indigente
A companhia é o terror!
Rastros, ruídos, fantasmas.
Na escuridão da noite...
O arrastar de chinelos
Na sala ou no corredor,
São lampejos de ínfima lucidez
Na alma do pecador.
Eu que sempre fui insolente, frio,
Calculista e fingidor.
No ocaso não sou nada
Ao vislumbrar as entranhas
Do que deveras sou.

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SONHOS BISONHOS
Todos os sonhos serão trancados em panos de guardar confetes a sete chaves do vizir.
-Ninguém sairá sem ser visto. E os vistos não sairão!
As flores de cheiro queimarão. E as larvas de fogo ceifarão a fome dos que são!
-E ninguém dos que saem passarão.
O carneiro que ilumina o beneficio de Daluz sobre o lajedo das canelas
- Cuspia fogo sobre a donzela rasgando o véu da noiva feia
E sete gumes de punhal rasgarão o pano dos confetes no auto de natal
- Sete chaves, sete armas, sete clavas, sete claves.
Entrelaçar-se-ão em sintonia com a guerra e o rito Suruí Paiter em memoria dos mondé
- Morre a noiva feia – Anhangà. Vive Jaci!
- Wanadi e a guerra de fogo ao abaçaí...
- Aplacada ao som de sua flauta Akuanduba.
Ó grande avô fogo. Grande fogo nuclear, energia raio vital. HA’EVEte
Nicola Vital

⁠Série: Minicontos

VICENTÃO
Suas portas se abriam e indistintamente nos servia. Bebíamos e comia. Pagava quanto teria. Os degenerados sentem fome...

⁠⁠Série: microcontos
O ÚLTIMO ATO
Sobre o púlpito partitura e violão. No palor da ribalta não há público nem canção...

⁠⁠⁠⁠SÉRIE MINICONTOS:

PEDRA NA GENI
Era tarde de domingo. A praça, da "cultura". Mas o culto era ao macho alfa que feria de morte a Geni, sobre a égide do machismo estrutural...

⁠Série Microcontos

921
No paraíso da tutóia ergueu-se o inferno onde dorme o terror...

⁠⁠⁠Série Microcontos

1982
Tambaú. A violeta sangra na manchete manchada..

Série microcontos:

⁠IMPROBO
Em Kennedy, a briga entre poderes está a caminho. Ao final da curva, a morte à luz da estrada...

⁠UTOPIA:
Aqui sozinho no silencio do quarto
A luz do espelho reflete o tempo em meu rosto desnudo
Sem brilho...
A felicidade reflete no brilho da ribalta
Será?
Que o brilho da mascara me faz feliz
Será?
Ou seria minha utopia na grande arena da vida
Como paglia a queimar
Onde todos riem do brilho no rosto
Do tramp a chorar.

O ALVORECER:
Ao amanhecer...
Glup... Cai a ultima gota do orvalho
Sobre as pétalas da bromélia a se abrir
A brisa fria sobre a grama em brumas
Exala os eflúvios dos jardins a florir
O inseto...
Ali, inerte a esperar o sol.
Para ao ocaso seu ciclo findar.