Coleção pessoal de Nanevs

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Estrela solitária

Acendam os holofotes
Joguem o foco na estrela principal
Que não sabe viver sem luz
Precisa do aplausos de seu público
Precisa se sentir deusa
Adorada e requisitada...

Que se faça apologia
Dos seus encantos no palco
Que se peçam seu sorriso
Que implorem sua atenção
Que se percebam seu desdenhar
Que venham em peso à louvar...

Que façam fila para a tocar
Enquanto ela passa sem à ninguém olhar
É estrela e precisa brilhar
Pois sabe que quando se fecham as cortinas
A realidade se expõe escondida
Na estrela entristecida
Sozinha e sem ninguém...

A sua luz é sua cruz
A estrela se apaga
É fria e solitária
Então finge ser feliz
Nos palcos da sua vida
Sem perceber que ela passa
E o tempo não volta atrás...

Inventa mil amores
Tenta mil faces
Se diz tão cortejada
Mas no fundo é solitária
E no fechar das cortinas
Sua verdade, nela...desaba

...A sua luz é sua cruz
A estrela se apaga
É fria e solitária
Então finge ser feliz
Nos palcos da sua vida
Sem perceber que ela passa
E o tempo não volta atrás...

Jujubas


Era assim...bem pequenina e moleca
Correndo descalça pelas ruas
Fazendo mandado pra vizinhança
Que pediam para comprar na venda
Na leiteria e no açougue
E eu...juntando pratinhas
Que cobrava por meus préstimos
Para quando, no fim do dia
Já cheia de pratinhas
Corria até a venda
E gastava tudo em jujubas
Docinhas e coloridas
Que eu escondia dos irmãos
Pra não ter que dividir
Mas quando a mãe me via chegar
Com o saquinho de papel
Das balinhas açucarada
Me fazia dividir e contava
Uma a uma por igual...
Eu já sabia e esperava
Então roubava de mim mesma
E escondia a maioria
E essas...ahhh...essas eu não dividia
Comia sozinha e escondida
As minhas jujubas preferidas

...Então roubava de mim mesma
E escondia a maioria
E essas...ahhh...essas eu não dividia
Comia sozinha e escondida
As minhas jujubas preferidas

Mentes distorcidas

As vezes me perco
Sem saber definir
As mentiras e verdades
Que a vida apresenta
Talvez pra mim sejam mentiras
Mas pra quem as diz
São verdades inventadas
Que jamais serão mentiras
Para quem nelas acredita
Assim como as minhas verdades
São mentiras para tantos
Que nelas não acreditam
E me tomam por desvairada
Excêntrica, despirocada
São verdades e mentiras
Mentiras e verdades
De mentes sãs e dementes
Impossíveis disgnósticos
De poetas e filósofos
Que fazem das palavras
Armas de estudos
De outras mentes curiosas
Que na clausura de seus dons
Apreciam o embate
Apenas lendo e observando
A loucura e sanidade
De quem pensa ser mentira
O que escreve como verdade

...Assim como as minhas verdades
São mentiras para tantos
Que nelas não acreditam
E me tomam por desvairada
Excêntrica, despirocada
São verdades e mentiras
Mentiras e verdades
De mentes sãs e dementes...

Alma penada

Viajante no tempo
Alma errante
Em busca de si
Perdida na estrada
Sem saber onde chegar
Sem entender o caminho a traçar
Alma que vaga
Sem destino certeiro
Sabendo que tem que chegar
Em algum lugar

Alma cansada
Com vontade de parar
De se entregar
Mas sem coragem de recomeçar
Segue trôpega à andar
Procurando se encontrar
Seu destino achar
Uma luz para a iluminar
Uma mão para a guiar

Alma cega
Que sente a escuridão
Que grita em silêncio
Que sofre calada
É alma penada
Que vive sentindo
As dores de um nada
Esperando a passagem
Da sua liberdade
De volta à eternidade

...Alma cega
Que sente a escuridão
Que grita em silêncio
Que sofre calada
É alma penada
Que vive sentindo
As dores de um nada
Esperando a passagem
Da sua liberdade
De volta à eternidade...

Pássaro engaiolado

Eu quero ir embora
Bater minhas asas e voar
Deixar livre meu espírito
Que é nômade cigano

Aqui não é o meu lugar
E me sinto presa
Tal qual pássaro em gaiola
Que só faz trinar lamentos

Quero a imensidão dos céus
Sobrevoar o azul do mar
Pousar em florestas para descansar
Beber água dos rios

Sentir o sabor do vento
E nele me deixar planar
Sem pressa nenhuma de voltar
Para esse ou qualquer lugar

Eu quero ir embora
Abrir essa gaiola
E sem medo nenhum
Me lançar espaço afora

Há tanto tempo aprisionada
Estou perdendo minhas asas
O meu jeito de voar
Mas ainda assim...quero tentar

Abram essa gaiola
Me deixem ir embora
Meu canto é tão triste
Que já nem sei se ele existe

O que sei é que o tempo é pouco
E se não abrirem logo a gaiola
Não me restará forças sequer
Para eu tentar...ir embora...voar

Eu quero ir embora
Bater minhas asas e voar
Deixar livre meu espírito
Que é nômade cigano

Aqui não é o meu lugar
E me sinto presa
Tal qual pássaro em gaiola
Que só faz trinar lamentos...

Sonho de menina

Sonhei
Um sonho de menina
Brincando com as estrelas
Dançando com um cometa

E me vi assim
Brincando com as estrelas
Pulando amarelinha
No cruzeiro do sul
Em pleno céu azul

Fiz festa com a lua
Que faceira flutua
Iluminando as cirandas
Das estrelas crianças

Contei as estrelinhas
Que me meteram medo
Prometendo uma verruguinha
Na ponta do meu nariz

Quantas peraltices eu fiz
Na noite em que fui feliz
Passeando na via láctea
Sem lembranças nebulosas
Em meio à nebulosa

E dancei...
No rastro de um cometa
Até o dia clarear
E eu, de felicidade me embriagar
Até a hora de acordar...

E me vi assim
Brincando com as estrelas
Pulando amarelinha
No cruzeiro do sul
Em pleno céu azul...

In... Grata

Sou grata ingrata
Que faz da gratidão
Castigo, prisão...
Persona non grata
Na gratidão do coração
Na paz do meu espírito
Que vaga ingrato
Sem a grata sensação
De se sentir grato
Em sua imensa vastidão
De espírito ingrato...
Sou ingrata sem graça
Que não sabe ser grata
E sente o peso da gratidão
Se impondo em minhas costas
E gritando aos quatro ventos
Que a minha ingratidão
É o preço a pagar
Pela minha liberdade
Que mais tarde virar cobrar
A ingratidão que me fuzila
Por não saber ser grata
À quem por mim foi grata...
A gratidão me cobra
O preço da ingratidão
E eu... ingrata pago
Por não saber ser... grata

O fio da navalha

É preciso ter coragem
E arcar com as consequências
De dicisões tomadas
Que a vida te cobra
Em troca da sua paz
Ou do seu inferno

É preciso ter coragem
Para saber decidir
Entre o certo e o errado
Ludibriando a vontade
De estourar seus próprios miolos
Quando seus fantasmas assombrarem
Sua mente perturbada

Ter a garra necessária
Pra seguir em frente
Sem contar com os anjos dizendo amém
Fazendo de si mesmo a sua força
Não se deixando levar pela fragilidade
Dos sentimentos embaralhados
Ou de sonhos despedaçados

É preciso ser forte
E morder o fio da navalha
Acreditar na sua coragem
Lutar enquanto aguentar
E mostrar pra todo mundo
Que nem tudo está perdido
E você não é um vencido
Amanhã é outro dia..."

É preciso ter coragem
Para saber decidir
Entre o certo e o errado
Ludibriando a vontade
De estourar seus próprios miolos
Quando seus fantasmas assombrarem
Sua mente perturbada"

Quero poder tirar minha blusa
E ver que o tempo passa
Olhar meus seios já caíndo
Sem silicone, sem plástica
Sem nenhuma falsidade
Quero a beleza da natureza
Posto que sou flor mulher
Que nasce, cresce e envelhece
E quando o meu tempo houver passado
E o meu sino tiver tocado
Que se escreva em minha lápide
Aqui jaz uma mulher de verdade"

E porque sou dúbia
Estouro e explodo
Xingo e praguejo
E peço desculpas
E deixo partir
Quem não sabe sentir
Que sou duas ou mais
E não sei voltar atrás..."

Durmo

Durmo...
Meu sono livre
É quando me sinto
de volta à vida
Leve e solta
Sem peso nenhum
Voando no espaço
Que conheço cada palmo
E vou de encontro
À quem me espera
Na calada da noite
Sem mais distância
Separando e impedindo
O olho no olho
O toque desejado
O amor enfim...

Durmo...
Meu sono libertador
E é quando me fortaleço
Ao te encontrar
Para quando amanhecer
Me restar forças
Na vida inócua
E sem sentido
Que me espera e me suga
À cada amanhecer...

Durmo...
Meu sono de luz
Onde encontro a paz
E a felicidade
Por estar livre
Sem pressa e sem peso
Enquanto te olho
E te sinto comigo
Selando o destino
Dos nossos espíritos
Separados na vida
De um amargo despertar
Então eu...durmo

O barquinho

Leva contigo
Para além do horizonte
Com muito cuidado
Não deixa naufragar
São meus sonhos que partem
Nas águas do mar
Levados no barco
Deslizando sereno
Ao sabor do vento
À deriva da vida
De encontro à linha
Que não quer chegar...
O vento brando
Carrega o barquinho
Que em silêncio procura
O destino utópico
De uma quimera em linha
Onde num porto seguro
Ele há de ancorar
E meus sonhos enfim
Ali...aportar
Leva barquinho
A minha utopia
Transformada em poesia...

É meu território

Meu pensamento é território
Que só eu posso alcançar
E ele é livre para pensar
E quando pensa em você
Então me aposso e posso sonhar
Chaplin já dizia que
"Existe um lugar
Onde ningúém pode tirar
Você de mim
E este lugar
Chama-se Pensamento...
E nele, você me pertence"
Meu pensamento é assim
Tráz você para mim
E nada pode te afastar
Meu pensamento é soberano
E só eu sei o que pensar
E isso...ninguém pode mudar
E de mim...ninguém vai te tirar
Nem mesmo...você