Coleção pessoal de MuriloMelo

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Daí depois de vários dias seguidos, acreditando e vivendo para isso, tive certeza que eu estava enlouquecendo.

Parte de mim, a mais forte, queria gritar diante aos olhos dele que eu não aguentava essa distância. Eu queria fazê-lo sentir o mesmo desespero que eu sentia. A outra parte, a mais estúpida, queria que eu me calasse como eu sempre fiz.

E foi aí que eu o vi. Num canto, no meio da multidão. Tinha a beleza de uns olhos perturbadores, uma agonia. Me apaixonei por aquele caos.

Passei os dias seguintes na cama. Eu não comia direito, não tinha noção das horas.

Em vez disso, teatralmente, sorri de forma educada e continuei a comer. Não queria demonstrar que estava tudo fora do lugar, que eu estava mal com tudo aquilo. Não queria que ele tivesse pena de mim.

Sinto muito, isso se tornou completamente errado. Não era pra eu ter me apegado tanto.

É triste, muito triste essa sensação de não ser nada, não pertencer a lugar nenhum e não ser de ninguém.

Daí também eu preciso ficar um pouco só, me afastar de algumas pessoas. Preciso me renovar de alguma forma.

Queria voltar ao tempo e fazer direito, sem qualquer arrependimento, sem tanta cobrança, sem a dor.

Bem ali, na frente de todo mundo, me puxou para perto e me beijou. Foi tudo muito rápido. Ainda que parecesse em desordem e sem resposta, ainda que eu não entendesse nada, naquele momento, tão perto e aparentemente obsceno, eu não podia negar o fato de que tudo também parecia certo.

Naquele barzinho, havia alguém comentando sobre algo que me levava até você. Não consigo especificar o que foi. Só existiam vozes eufóricas, risos altos e você passeava entre elas. São rotineiras essas buscas inconscientes que te trazem quando menos espero.

Dei pra te imaginar nos lugares e fotografar o momento, foi a solução que encontrei pra diminuir esse caos dentro de mim.

Eu ficaria esperando se você ficasse também. E largaria tudo no mundo, diria o que você não diz. Escreveria versos, seriam quase um protesto só pra te ter aqui.

Ele é lindo de formas inexplicáveis. Faz arrepiar num simples sorriso. E doído, tão doído. Tadinho. Vez em quando penso que ele precisa de amparo, sabe? É um homem feito, tem até barba. E mesmo assim vejo ele tão menino, tão sofrido.

Você foi por uma rua sem retorno, pisou em algum poço fundo e escuro. Correu na contramão, não quis seguir placas. E eu me perdi em algum lugar no meio do caminho. Nos desencontramos.

Fale de mim pro seu psicólogo. Diga pra ele que eu incomodo, que eu te dou agonia. Não quero ter esse status de enlouquecer sozinho.

Não se lamentar pelo que não deu certo. Não ficar querendo voltar ao passado. Não viver só para o futuro. Enxergar o lado bom do presente, do agora. Não querer consertar o que sempre será errado. Não se perder e se prender aos problemas. Nem sofrer por bobagem. Amém.

Quando criança, gostava de admirar as coisas até os olhos brilharem de encantamento. Mal comia biscoito na hora do lanche do colégio, por exemplo, porque achava impressionante o formato de coração que tinha. Guardava os detalhes, era feliz por isso. Tão inocente, se apaixonava fácil pelas coisas.

Eu tô confiando no amor de novo. Tô me confiando, me permitindo, me deixando levar. Porque eu sei que posso muito, mereço muito e preciso ser feliz.

Hoje eu queria parar num barzinho. Comer alguma coisa, beber alguma coisa, fumar alguma coisa. Queria falar sobre os amores, as dores, as mazelas da vida. Me distrair um pouco, sumir dessa vida doida.