Coleção pessoal de mellinear

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Eu sempre vou ser uma confusão; uma das maiores. Dentro e fora de mim.

Vou esquecer. De tudo o que me faz mal, de tudo o que me leva pro fundo, vou esquecer das pessoas e vou começar a lembrar de mim mesma.
Vou esquecer aquele copo cheio de depressão e tristeza - pra que ele me serviria? Desisto de ficar na pior por alguém que... por alguém. Por qualquer um.
Desisto de ficar na pior e ser a pior - quero ficar na melhor e ser a melhor. Quero fazer novas atividades, esquecer o passado. Para que ele me vale? Para decorar o meu quarto com um tema de museu? Para fazer-me chorar ao lembrar dos momentos ruins?
Não, não. Vou decorar aquele quarto com as lembranças boas e doces. Vou decorar meu coração com nuvens coloridas. Vou imaginar cores que não existem. Se eu imagino, elas existem. Eu vou fazer um novo mundo; para mim e para quem quiser entrar.
Vou esquecer o choro. Vou esquecer a depressão. Vou esquecer daquela psicóloga que nunca funcionou para nada - até o telefone dela eu já joguei fora.
Não vou mais recusar chamadas no celular. Vou atender com um "Oi, quanto tempo! Tudo bem?" e só vou desligar na cara se for a tristeza; eu já não a quero mais aqui.
Vou mostrar que eu consigo fazer tudo o que me disseram que não conseguiria sozinha. Vou trazer as pessoas boas pro meu lado... e as ruins, meus amigos, as ruins eu afasto. Mas afasto delicadamente porque grosseria gera grosseria e dela eu já tô cheia.
Tô decorando a minha vida com cor - com retalhos daquele cobertor velho, com retalhos do vestido colorido que eu aposentei faz anos, com retalhos do amor que faz-me bem até hoje - desde que fique só como lembrança.
Vou fazer com que a minha vida seja especial e lembrar dos meus dias no sol - porque de escuridão eu já cansei. Cansei das sombras.
Agora eu abro a janela e dou boas-vindas.

A solidão tem uma beleza incompreendida.

Os sentimentos morreram,
compreendo-me por morta-viva.
Não sinto mais a presença das pessoas
e o gosto não existe mais.
Uma eterna dormência,
levantar-me-ia mas força me falta;
mas alguns comprimidinhos fizeram o mundo suportável
e peso mais nenhum há sobre mim.
Uma entre várias tentativas de ser feliz;
e as lágrimas caem livres sobre meu rosto,
de felicidade ou de tristeza,
eu desconheço o motivo.
Não sinto mais nada;
a vida desistiu de mim
e eu dela.

Ás vezes tento te tirar dos meus pensamentos, apagar o seu rosto, não dizer o seu nome. Mas maldita seja a paixão que me impede de fazer sucesso em tais tentativas. Minhas palavras são teu nome e minhas memórias são o tempo que passei junto a ti. Diga-me, então, se tenho condições de viver assim; com o coração assustado e perturbado.
Procuro em outras pessoas o seu rosto, as suas doces palavras, o seu doce sorriso. Procuro em outras pessoas seus atos carinhosos. E eu até consigo te esquecer por uns dois ou três minutos. Mas, doravante, tudo volta; parecendo estar mais forte, intensa. É essa paixão que não me deixa viver em paz.
Tento sentir ódio, rir da tua tristeza, mas minutos depois que esses pensamentos chegam a minha cabeça e somem como chegaram - surpreendentemente rápido e inesperadamente - e eu percebo o quão ridículo foi ao menos imaginar que eu poderia te odiar. Que eu poderia parar de te odiar.
Mas eu continuo tentando, a cada dia, te esquecer.
Porém, a cada dia que passa, ao invés de te esquecer, eu te amo cada vez mais.