Vou esquecer. De tudo o que me faz mal,... Esther Martins

Vou esquecer. De tudo o que me faz mal, de tudo o que me leva pro fundo, vou esquecer das pessoas e vou começar a lembrar de mim mesma.
Vou esquecer aquele copo cheio de depressão e tristeza - pra que ele me serviria? Desisto de ficar na pior por alguém que... por alguém. Por qualquer um.
Desisto de ficar na pior e ser a pior - quero ficar na melhor e ser a melhor. Quero fazer novas atividades, esquecer o passado. Para que ele me vale? Para decorar o meu quarto com um tema de museu? Para fazer-me chorar ao lembrar dos momentos ruins?
Não, não. Vou decorar aquele quarto com as lembranças boas e doces. Vou decorar meu coração com nuvens coloridas. Vou imaginar cores que não existem. Se eu imagino, elas existem. Eu vou fazer um novo mundo; para mim e para quem quiser entrar.
Vou esquecer o choro. Vou esquecer a depressão. Vou esquecer daquela psicóloga que nunca funcionou para nada - até o telefone dela eu já joguei fora.
Não vou mais recusar chamadas no celular. Vou atender com um "Oi, quanto tempo! Tudo bem?" e só vou desligar na cara se for a tristeza; eu já não a quero mais aqui.
Vou mostrar que eu consigo fazer tudo o que me disseram que não conseguiria sozinha. Vou trazer as pessoas boas pro meu lado... e as ruins, meus amigos, as ruins eu afasto. Mas afasto delicadamente porque grosseria gera grosseria e dela eu já tô cheia.
Tô decorando a minha vida com cor - com retalhos daquele cobertor velho, com retalhos do vestido colorido que eu aposentei faz anos, com retalhos do amor que faz-me bem até hoje - desde que fique só como lembrança.
Vou fazer com que a minha vida seja especial e lembrar dos meus dias no sol - porque de escuridão eu já cansei. Cansei das sombras.
Agora eu abro a janela e dou boas-vindas.