Coleção pessoal de MadalenaPizzatto

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TROVA

⁠"Quando o verde envolve serra
neste abismo de beleza,
é o toque de Deus na terra
ao pintar a natureza."

Olho para o tempo que passa.
Numa vastidão enigmática,
sua voz na brisa me abraça,
seus gestos invadem um verso.
Imersa no abismo profundo,
num vale de sonhos incertos,
faço - me algoz do meu deserto.
Vacilo… caminho…com calma…
A minha espera é silenciosa,
enquanto ecos deslizam
e num segundo,
revelam segredos da mina’ alma.
( ..e vou fazendo - me de poetisa …)
mfp

⁠FERNANDO PESSOA

Com as suas mil faces,
são tantas em uma.
Com a pura emoção
sem uma alma pequena
sonhou os sonhos do mundo.
Sempre inquietação,
mordidas aos bocados
foi feliz e infeliz
Pensando por pensar,
sua alma sofreu o tédio.
incoscientemente
coerência da incoerência
Ele foi mutação,
Alberto, Ricardo ou Álvares.
E completamente alma,
foi natural igual,
ao levantar do vento
mfp

SONETINHO DE NATAL

Sendo sensível a nossa orfandade,
Cristo se fez Menino, que é Jesus,
vestindo-se de nossa humanidade,
nasce em Belém, nasceu pleno de Luz.

Renunciando à Sua majestade,
a inocente criança nos seduz,
e nos laços de afeto e de amizade
com a Graça, Paz e Amor nos conduz.

Ao badalar os sinos da esperança,
enquanto os anjos cantam harmonia.
a noite toda mágica me alcança!

Surpresa ante o fulgor da estrebaria,
reconhecendo o Rei nesta Criança,
faço deste Natal, minha poesia.

TROVAS - SAUDADE


Na ausência que me consome,
vivo sem a liberdade,
com um poema sem nome,
eu trovo minha saudade.

No balanço da saudade
a lembrança vai e vem
Embalo a oportunidade
para eu poetar também.

Em Goiânia, da janela de um UBER:

Apesar deste sol,
a minh` alma “chove”.
Ao dobrar cada esquina, 
vejo vultos… perfis...
( rostos desconhecidos) 

No vácuo da história,

e no abismo do tempo, 

perdi minha essência. 

( eu sou um ser sem ser)

As lembranças antigas 

e meus sonhos perdidos

dilaceram minh `alma.
Entre tantos ais ,
minha saudade encontrou o que quis.

A FIRMEZA DE ANINHA.
( de Madalena Ferrante Pizzatto )

Aninha ajuntou pedras,
das pedras fez sua escada,
com firmeza subiu alto.
Entre pedras com firmeza
plantou e cultivou rosas.

Com firmeza entre pedras
edificou sua história.
Uma pedra foi seu berço
morou na casa de pedras.
Aninha comeu pedras
com seu marido de pedra
e teve filhos de pedras.
Viveu seus anos de pedra
com pedras no seu caminho.

As pedras duras e rudes,
esmigalharam Aninha
Com firmeza fez seus versos
que brilharam nos poemas.
E com firmeza se fez,
doce Cora Coralina.

* Uma releitura do poema PEDRAS ( de Cora Coralina )

A inexprimível saudade
tem eterna conexão
por meio de versos d`alma.
Entre soluços e os ais,
e sem pensar numa rima
pra palavra nostalgia,
talvez, cristalize- se
na voz de uma poesia.

A saudade escorre
nos olhos aflitos.
Uma severa dor,
rebela -se
A alma divide-se
revela -se
num poema incerto.
Tímidos versos,
oscilam -se
permitem -se,
serem levados,
pela brisa.
( para encontrar o teu olhar)

ARAUCÁRIA
( de Madalena Ferrante Pizzatto)

Solitária à beira da estrada,
conheço a alvorada dourada
e conheço o lilás do crepúsculo.
Conheço também gente insensata,
e a crueldade do ser humano,
que feriu, sangrou e matou a mata.
Com o machado e uma motoserra
deu um fim no verde desta terra.

Enquanto o vento rasga a neblina,
galopa triste pela campina,
uma névoa envolve- me ao léu.
Solitária, em silêncio
e com tristeza, olho para o céu.
No topo, meus galhos recobertos,
com firmeza, atravessam o ar.
E com os meus braços abertos,
peço a Deus pela minha floresta,
que preserve o verde que ainda resta.
Mfp

As Flores da Minha Primavera.

ODES AS HORTÊNSIAS

A noite vai, o dia vem,
e na nova aurora fria
as flores nascem no quintal.
São hortênsias amontoadas
de cores azuis ou rosas
e tem as brancas também.
Diante deste cenário
de encanto e fragilidade,
eis que amoleço a minh`alma.
( Subjugo - me a natureza)

As Flores da Minha Primavera.

ODES VIOLETA

Singela e pequena flor,
Debruçada na janela,
silenciosa e ansiosa
Imprecisa… olhar ausente
espera o tempo passar…

Violeta…alma desfeita,
a cada instante
as suas pétalas caem.
Triste, alheia - sem lutar -
Enternecida…ainda sonha.
na esperança e na utopia
de nova germinação…

ODES AS GLICÍNIAS

Algumas poesias são tristonhas
e lembram as frágeis glicínias.
Cabisbaixas… floridas de aflições…
Dia a dia… hora a hora
Vestem - se com seus cachos de pétalas
que parecem lágrimas cristalizadas.
São pencas carregadas de sonhos
de muitos sonhos interrompidos...
( Foi para a solidão nasceram ?)

As Flores da Minha Primavera.

ODES AS ALFAZEMAS

O vento do norte abrandou a fúria,
com alento, uma azulada brisa
ondulou milhares de hastes suas.

De longe, quando menos se espera,
entre o labirinto matizado,
trazem um horizonte perfumado.
Chegam com seus passos sonolentos
em silêncio abrem seus ramos.

Com os olhares "cor de safira",
as suas pétalas flutuam…
deixando seus rastros à mercês
dos poetas e das utopias.

CRIANÇA É FÁCIL DE AMAR
( Madalena Ferrante Pizzatto )

Criança é fácil de amar:
displicente … brinca contente
tem sorriso largo e sincero.
renova a esperança da gente.

Criança faz castelos no ar:
os seus braços alcança estrelas,
voa entre nuvens de algodão,
feliz cavalga no arco íris.

Criança gosta de brincar
seja calada ou tagarela
Corre, grita, rola no chão,
chora, faz birra e bate o pé.

Criança sabe bem sonhar:
mesmo sozinha faz a festa,
enche uma casa de alegria
e chora numa noite escura.

Criança é fácil de amar:
tem a pureza de uma flor,
ela deve ser protegida,
tem o direito de estudar
de um abrigo e de um lar!

As Flores da Minha Primavera.

ODES A EDELWEISS

A flor que surgiu de uma lenda
pequena, frágil, graciosa,
igual a um bordado de renda,
também é rara e preciosa.


Foi da lágrima de uma dor,
nas fendas e pedras nasceu.
A poética branca flor
nas altos alpes floresceu.

Flor de sonho e de poesia,
de pétala alva e aveludada
proclama amor e harmonia


Esplendorosa estrala em flor
Amada, Edelweiss… Edelweiss
supremo talismã do amor.

As flores da minha primavera:

ODES A CAMÉLIA

Com meu queijo no peito
caminho jururu…
No jardim encontro
a Camélia,
lacrada, frágil e solitária.
Cheia de mistérios e segredos.
Feito eu,
estava rubra de chorar…

As Flores da Minha Primavera.

ODES A MARGARIDA

Singela e silenciosa,
a pequena margarida
floresce ao lado do muro,
também nas campinas sem fim.
Vive sem os espinhos,
inocente, indefesa e pura.
Sem cisma, espera seu amor,
“o bem me quer ou mal me quer”

Na incerteza de um talvez,
o seu sonho se calou…
Ela reclina suas pétalas,
revela dor - é sua sina! -
Na lida da vida: abre um sorriso.

MINHA VELHICE

A minha rabugice revela minha dor.
O espelho desvenda sem amor
as marcas da minha idade,
nas linhas do meu rosto.
O tempo avançou rápido.
One ficou o meu passado?
Deixei minha infância passar.

As mudanças meu corpo,
fez - me limitada, passiva e improdutiva.
Sou cativa do tempo.
As minhas noites são longas
e os meus dias amargos.
Onde ficou meu passado?
Deixei minha adolescência passar.

Tive incontáveis e sofridas perdas,
foram saudades, amores sufocados,
e sonhos dissolvidos pelo tempo.
Hoje, meu olhar é perdido e vazio
e vejo vultos e imagens confusas.
Onde ficou meu passado?
Deixei minha juventude passar.

O cruel peso dos anos,
deixou os meus cabelos brancos,
minhas pálpebras caídas,
minhas mãos trêmulas e enrugadas.
Um corpo magro e sem força.
Onde ficou meu passado?
Deixei minha adultícia passar.

Na minha triste solidão,
a minha amiga e companheira
é uma bengala que me amparara.
Estou sendo dissolvida pelo tempo.
Resta -me poucos anos.
Mas o tempo também irá passa,
nesta minha longa e sofrida vetustez…

As Tipiunas -

RUA FERNANDO SIMAS

Ao passar por seus túneis verdes,
os galhos se enroscam,
entrelaçam - se,
tricotam, formam redes
e se abraçam no céu.
Ao cair da tarde entristecida,
os olhares através das persianas,
insistem a esperar por seus sonhos.