Coleção pessoal de dia_marti

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⁠"mil intrigas, mil enredos
prendem culpados e justos;
já ninguém dorme tranquilo
que a noite é um mundo de sustos"

⁠" os homens matam-se e morrem,
ficam mortos, mas não fartos"

⁠"Perdido neste vil mundo, acotovelado pelas multidões, sou como um homem cansado cujo olhar não vê para trás, nos anos profundos, senão desilusão e amargura, e, à sua frente senão uma tempestade em que nada de novo se contém, nem ensinamento nem dor"

⁠"O mundo vai acabar. A única razão pela qual ele poderia durar, é que existe, como esta razão é fraca, comparada com todas aquelas que anunciam o contrário, particularmente com esta: Que tem o mundo doravante a fazer abaixo do céu? - Porque, supondo que continuasse a existir materialmente, seria uma existência digna deste nome e do dicionário histórico?"

⁠"E percebo os suspiros dos amores
quando por esses prados florescentes
se ergueram duros punhos agressores"

⁠"Escuto os alicerces que o passado
tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas
de muros de ouro em fogo evaporado"

⁠"A propósito do sono, aventura sinistra de todas as noites, pode dizer-se que os homens adormecem diariamente com uma audácia que seria ininteligível se não soubéssemos que é o resultado da ignorância do perigo"

⁠"O amor pode derivar de um sentimento generoso (...) mas depressa é corrompido pelo gosto da propriedade"

⁠"O gosto da concentração produtiva deve subsistir, num homem maduro, o gosto do desgaste"

⁠"Que é feito de vós, ó sombras
que o tempo leva de rastos?"

⁠"Tudo me fala e entendo : escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
foram terras e areias dolorosas
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava esquartejado,
o mártir sem direito de agonia"

⁠"Vejo o arrepio da morte,
à voz da condenação
Quem ordena, julga e pune?
Quem é culpado e inocente?
Na mesma cova do tempo
cai o castigo e o perdão
Morre a tinta das sentenças
e o sangue dos enforcados...
liras, espadas e cruzes
pura cinza agora são"

Não posso mover meus passos
por esse atroz labirinto
de esquecimento e cegueira
em que amores e ódios vão

⁠"De coração votado a iguais perigos,
vivendo as mesmas dores e esperanças,
a voz ouvi de amigos e inimigos"

⁠"Mas, por causa de todas estas extensas frases, de todos estes dias e horas intermináveis durante os quais tanto se tinha falado da minha alma, tive a impressão de que tudo se transformava como que numa água incolor, que me causava vertigens"

⁠"Na sua cara um pouco assimétrica, eu não via senão os olhos, muito claros, que me examinavam atentamente, sem nada exprimir de definido. E sentia a estranha impressão de estar a ser examinado, não pelo que parecia mas pelo que era realmente"

⁠"Aqui, além, pelo mundo
ossos, nomes, letras, poeira...
onde, os rostos? onde, as almas?
Nem os herdeiros recordam
rastro nenhum pelo chão (...)
choramos esse mistério
esse esquema sobre-humano
a força, o jogo, o acidente"

⁠"Pois bem, morrerei. Mais cedo do que os outros, evidentemente. Mas todos sabem que a vida não vale a pena ser vivida"

⁠"...quanto mais pensava mais coisas esquecidas ia tirando da memória. Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem custo passar cem anos na prisão. Teria recordações suficientes para não se maçar. De certo modo, isto era uma vantagem"

"Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz"