Coleção pessoal de dia_marti

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No teu coração
impérios irresolúveis se guerreiam;
e como foge o campo de batalha
sangrando, sob os golpes das espadas
e o tropel dos exércitos,
ferida a luz primaveril
e destruídas as sementeiras
assim o teu coração foge
para fora e para longe
e para dentro e para longe

Em mim que há calamidades,
Naufrágios, incêndios, guerras,
Longas ausências, saudades
Das caras pátrias cidades
E do sonho de outras terras...

Uma só vez nesta vida,
Quisera, em metro e medida,
Dizer a velha ferida
Que me queima, devagar!

A solidão é uma sôfrega evidência, alimenta-se de pequenos materiais, de circunstâncias e de passagens, devorando a vida por onde ela é mais óbvia : por dentro.

E aquele senhor poeta
Que anda bêbado na rua,
(...) Contenta-se com tão pouco
Porque diz, bêbado e rouco
Que os seus poemas de louco
Poderão salvar o mundo!

Mas também eu vim caindo,
Do trono que tinha outrora,
Ao desespero de agora
Deste meu fim nunca findo.

Me ardem no sangue, me comem
Todos os velhos terrores,
Superstições,lutas, dores
E os sonhos todos do homem!

Quero ser eu, simplesmente,
Sem tal passado nos ombros
E tais futuros na frente

O jardim onde tantas vezes
florira o meu desespero
não era real,
era uma coisa passada;
real era o meu medo, tão real
que mesmo abrindo os olhos não passava.

Literatura. Em que outro lugar, em que outra morte, poderíamos nós ter encontrado refúgio?

Se me voltasse para trás o que veria?
Ainda os teus olhos, ainda a alegria

Fantasmas do Terror (...)
Tristes combinações (...)
Já não sois meus tiranos

A mente, a liberdade, a luz e a vida
Neste horror sufocados

Tu, que benigno raio
Derramas neste horror, neste amargoso
Domicílio dos males?...

Um intruso grita
dentro de mim, oiço-o no coração

Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?

Os homens não são maus por natureza
Atractivo interesse os falsifica,
A utilidade ao mal, e ao bem o instinto
Guia estes frágeis entes

Quando recente o sol caiu na esfera
cristalina e serena
(...) surgiram flores,
Flores que não murcharam

terei palavras para falar-Te?
E compreenderás Tu este,
não sei qual de nós, que procura
a Tua face entre as sombras

O coração é feito
de ardentes sedas
por que respira a morte,
os sonhos feitos de outros sonhos