Coleção pessoal de areopagita

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A ética e a estética são, no fundo, as duas faces de uma mesma moeda. Digo isso porque, de fato, compreende-se melhor uma obra de arte pelos seus princípios fundantes e ordenadores da mesma forma que se assimila com maior excelência um princípio ético pela harmonia e beleza de sua manifestação.

O destino tem os seus decretos, muitos deles duros, duríssimos, que com seu peso ferem os nossos ombros; porém, cada um deles apenas é homologado se, em nossa jornada, for endossado pela manifestação de nossa vontade.

Uma dica, não minha, mas sim de Goethe. Dica essa a qual assino embaixo. Bem, lá vai ela: todo dia, religiosamente, procure (i) ler um poema, (ii) ouvir uma bela música e (iii) contemplar uma linda imagem. E não faça isso casualmente. Não. Faça intencionalmente; com o firme propósito de todo santo dia fazer isso. Tal prática não irá lapidar apenas a sua percepção estética, mas também e principalmente, acabará por aprimorar a sua capacidade cognitiva, expressiva e reflexiva. Experimente. Não custa nada. Nada mesmo.

Pior, bem pior que um analfabeto funcional é um ser desse naipe que esteja intoxicado até os gorgomilos com uma ideologia totalitária. De um modo geral, devido à primeira moléstia adquirida, a capacidade de entendimento do Zé Ruela encontra-se tolhida e, por isso, ele imagina que a segunda enfermidade seja alguma espécie de verdade revelada que permite que elezinho entenda tudo o que, definitivamente e de fato, não compreende. Enfim, não é à toa que essas pobres almas fazem o que fazem e dizem o que dizem.

O STF em sua sapiência singular e fenomenal
Diz que os casos de corrupção são pra analisar.
Porém, diz ele que um inocente em estado fetal
Não tem vida nem é gente, por isso, é lícito matar.

O medíocre é simplesmente um sujeito que, assustado,
Se esconde quando a peleja clama alto por seu nome.
Já aquele que, quando para o combate é chamado
Manda outro lutar, não passa dum indigno homem.

O duro não é ser golpeado
E, derrotado, beijar a lona
Osso mesmo é ser soqueado
Sem saber o que nos tomba.

Quando um povo não mais se identifica
Em torno de sentimentos que os unifica
Ele transubstancia-se numa ignara massa
Dominada pela mais vil de todas as tiranias.

Não sairemos desse nauseante retrete
Enquanto formos o país do futebol
E termos marotos como Paulo Freire
Sendo o patrono da educação nacional.

Quando a soberba que habita o coração humano
É estimulada pelos diplomas e títulos vazios
Vaidosamente amplia-se um bom tanto
A presunçosa ignorância das almas sem brio.

A amarelada folha abraça as lembranças
Silenciando tudo aquilo que até então vi
E aquilo que vi e vivi em minhas andanças
Cultivo no silêncio que habita em mim.

A mentira de tanto vagar
Resolveu descansar um tanto
Aconchegou-se no coração humano
E, por ali, resolveu de vez ficar.

No face post publicado
É como barquinho de papel
Logo que o dito é postado
Ele se vê esquecido ao léu.

A esperança do cidadão brasileiro
É tal qual um barco atirado ao mar
Primeiro encalha nos bancos do Senado
Pra depois na maresia do STF naufragar.

O azulado céu que minha vista encanta
Não é o mesmo firmamento que paira
No interior de mim animando minh’alma
Que dita sem rima o ritmo de meus dias.

Desconfio sempre dos ditos intelectuais engajados, comprometidos com essa ou aquela causa, que vivem repetindo aqueles surrados chavões que foram aprendidos em sua mocidade e que, sobre os quais, construíram todo a sua carreira de intelectual. Gente assim é uma farsa do princípio ao fim e, de um modo geral, são muito mais aluados engajados que intelectuais de fato; apesar de, no Brasil atual, intelectual ser praticamente um sinônimo dessa enfadonha realidade.

Uma das constantes mais profundas da sociedade brasileira é um desprezo soberbo pelo conhecimento em misto com um desejo irascível e histriônico de exibir-se como sendo portador duma sabedoria que nunca fora cultivada pelos caiporas e que não é, de modo algum, almejada por eles.

O erro é uma assinatura humana quando ele é francamente reconhecido por aquele que errou. Não apenas isso. O sujeito, com esse ato almeja, acima de tudo, o acerto. É nesse sentido que errar é humano. Agora, errar e usar essa afirmação, de que todos humanamente erram, pra justificar o seu desacerto, com o perdão da palavra, não passa dum cinismo suíno, dum subterfúgio diabólico para nos distanciar da verdade, agrilhoando nossa alma junto às sombras da farsa e do autoengano.

Governo forte é uma tranqueira apenas desejada por almas moralmente fracas.

Um claro sinal de nossa decadência é quando passa a imperar em nossa alma um desejo irascível de querer que os outros realizem por nós aquilo que nem mesmo nós almejamos fazer em benefício próprio.