Coleção pessoal de AntonioPrates

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Tudo nesta vida é uma competição pegada e a nossa educação assenta essencialmente nesta norma pedagógica, que além de ser um caso de estudo faz deste vício social um fenómeno estabelecido para nos manter em permanente rivalidade uns com os outros, e sem que muitas pessoas se apercebam esta incessante fome de protagonismo leva-nos a um desafio constante e a uma guerra permanente, tornando-se numa forma continuada de demonstrarmos que
somos melhores do que os outros em qualquer coisa que dê para competir pela nossa autoestima, pela nossa vaidade, pela nossa ostentação ou em benefício das nossas vanglórias.

A pior de todas as competições é a do dinheiro, mas desde os artifícios da caça até aos meandros da pesca tudo serve para chamar de convívio a um qualquer entretenimento de disputas que se pratica em quase tudo o que dê para medir forças com o próximo. Os desportos, as redes sociais, os ambientes de trabalho, a convivência nas paróquias, ou a coabitação em qualquer agremiação de gente, são um bom exemplo disso mesmo, assim como bons exemplos disso mesmo são as chamadas rivalidades bairristas que existem um pouco por todas as nossas aldeias, por todas as nossas vilas e por todas as nossas cidades, desde a polvorosa de Dogueno até ao frenesim de Montalvão. Ademais, para além dos concursos, dos certames, das provas, dos torneios e dos muitos campeonatos que os barões assinalaram, penso ainda que a nossa verdadeira competição será sempre individual e que o maior adversário que temos durante toda a vida seremos sempre nós próprios.

A minha competição é individual e o maior adversário que tenho sou eu.

Se o sucesso te levar até à arrogância, a arrogância leva-te até ao fracasso.

Vivemos num mundo onde todos me parecem um pouco loucos, excepto tu e eu, e mesmo assim, tenho dúvidas a nosso respeito. Segundo um estudo da especialidade, os psiquiatras dizem que uma em cada quatro pessoas tem um problema qualquer na cabeça. Confesso que considero esta percentagem muito modesta em relação ao que vejo, e acho que, para comprovar esse estudo, devemos estar de olho em três dos nossos amigos: se todos eles nos parecerem normais, os doidos até podemos ser nós. E além dessa grande possibilidade, as nossas loucuras são muitas vezes as mais sensatas emoções e tudo o que fazemos deixamos de lembrança para os que sonham um dia ser como nós, mas menos loucos e mais felizes.

Quando chegamos ao fim da noite, encontramos sempre a aurora.

Entre um domingo sem trabalho e um domingo sem fazer nada, prefiro o primeiro.

Estamos a atravessar uma época em que a busca pela felicidade assenta essencialmente na riqueza material, numa casa nova, num carro novo, num telemóvel de última geração, no que os outros têm, nas roupas que os outros vestem, no que os outros fazem, no que os outros dizem, no que os outros mostram nas redes sociais, na ilusão efémera dos likes, num amor que não existe, em banalidades vazias ou em coisas que fazem muito barulho, mas na minha maneira de ver, a felicidade é um sentimento tão discreto que as pessoas só reparam na sua presença quando ela está de partida. E apesar de tanto aparato, se a nossa felicidade for pouca, que ao menos seja sempre verdadeira!

⁠O Menino Jesus não foi a casa de todas as crianças porque algumas não têm chaminé.

⁠Para ser bem-aceite na sociedade, não me bastou ser idiota, tive que ter também bons modos.

⁠Nestas letras que manobro
que bons santos me protejam
para poder pagar em dobro
tudo aquilo que me desejam.

⁠O Facebook pergunta-me mais uma vez o que estou a pensar, os grupos do Facebook dizem-me para escrever algo, e eu, defensor do pensamento livre, partidário da justiça e apoiante da verdade, começo a pensar em alguma alarvidade que possa vir a discorrer... Penso para bem parecer, bem-disposto e a sorrir, para dizer só por dizer o que o povo gosta de ouvir... Em cada palavra que apanho há sempre uma letra desalinhada das demais, porque o abecedário do rebanho tem a fala enclausurada entre todas as vogais. E nestas letras que manobro, que bons santos me protejam, para poder pagar em dobro tudo aquilo que me desejam.

Não obstante, por detrás da minha casa, olho para o Festival de Graffiti e destaco à minha esquerda, sem ver uma única letra que pule da ponta do lápis azul, a tão grande e celebrada perda para todos os grandes artistas do evento, que neste momento o frenesi não os deixa sequer pensar que há graffitis em fartura, para ouvir a voz do povo, mas há ainda mais censura do que houve no Estado Novo.

⁠Depois das batalhas que vencemos na vida, aparecem sempre os valentes e os oportunistas.

⁠Não tenho a mínima dúvida de que Jesus Cristo perdia outra vez se fosse a uma nova eleição com Barrabás.

⁠Fazem-se grupos em fartura
para ouvir a voz do povo,
mas há ainda mais censura
do que houve no Estado Novo.

⁠Se olharmos diretamente o sol queimamos os olhos, se olharmos diretamente a verdade queimamos a alma.

⁠Na mesma rotina tudo vai de mansinho,
sob a lamúria dos homens mais certos...
Alguns faladores armam-se em espertos
e outros comprovam os copos de vinho.

Um novo turista parece perdido,
junto aos juízes do Alto da Praça,
dão-lhe a sentença enquanto ali passa:
será um letrado ou então foragido!?

Passa um carro grande de asas abertas,
reclama atenção aos olhos dos críticos,
nas montras que são também dos políticos,
que à tarde se juntam a horas mais certas.

Ouvem-se verdades dos chamados loucos,
esses sem juízo, esses meus iguais,
perante a bondade dos seres maiorais,
que sendo bastantes parecem tão poucos.

⁠De pouco valem as minhas boas qualidades se o meu carácter não as conseguir sustentar.

⁠O meu entendimento tem alguma dificuldade em compreender o motivo de existirem atualmente tantas recriações históricas referentes à Idade Média no Alentejo e um pouco por todo o país. Provavelmente muitos dos seus figurantes e intervenientes não sabem que foi um dos períodos mais negros da nossa história, pois além dos trajes característicos da época e de alguns brandos costumes que nos são apresentados nos eventos, queimava-se gente viva e o povo fazia disso uma festa. Milhares de inocentes foram condenados à morte por tudo e por nada, por invejas, por supostas bruxarias, por maldade ou por perseguições políticas. Os doentes e os loucos eram enjaulados e muitos outros ainda foram vendidos como escravos para África, para a Índia e para o Brasil. Foi esta a nossa idade das trevas onde o medo e a ignorância condenaram muitos portugueses desse tempo a uma escravidão permanente sob a égide de tiranias religiosas e de macabras ostentações senhoriais. Hoje evocam-se esses tempos com orgulho um pouco por todo o lado em feiras, em festas e em tudo o que faça parecer bonito o que de bonito tem muito pouco. Será que não houve um período da nossa história que pudemos evocar os avanços das ideias que nos tornaram mais livres e mais conscientes do nosso papel como agentes transformadores de um mundo melhor? Que legado queremos deixar aos nossos filhos e às novas gerações?

⁠Quando um dia deixar este mundo, não vou partir triste com os poucos que me censuraram, mas sim com os muitos que aplaudiram e foram coniventes com a minha censura.

⁠A mandado do coração
faço aqui esta homenagem
ao Bombeiro e à missão
que se cumpre com coragem.

I
Sempre em luta pela paz,
segue em frente, destemido,
num dever agradecido
pelo aperto das horas más...
Se um sorriso o satisfaz
depois de cada emoção,
segue em frente campeão
das urgências que coordenas,
que as palavras são pequenas
a mandado do coração.

II
Na missão benevolente,
quando o dever recomeça,
há o tempo a pedir pressa,
destemido, segue em frente...
É amigo, é combatente,
é um anjo de passagem,
nesta grande aprendizagem
é esperança que se expande,
e com uma vénia grande
faço aqui esta homenagem.

III
Altruísta e voluntário,
Sopra as chamas do abismo,
ante as leis do cataclismo
e do auxílio humanitário...
Sendo sempre solidário
com os azares do cidadão...
Em sinal de gratidão
aos socorros imediatos,
devemos ser sempre gratos
ao bombeiro e à missão.

IV
Sempre a luz do sinistrado
num farol omnipresente,
presta ajuda a um doente,
ilumina o alquebrado...
Ser Bombeiro é ser prendado
com uma linda tatuagem,
onde há uma mensagem
que nos diz "vida por vida",
como a sorte aqui cumprida
que se cumpre com coragem.