Coleção pessoal de AntonioPrates

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Não é facil manter o equilíbrio num mundo desequilibrado.

A verdade tem pouco valor para aqueles que preferem sempre a mentira que mais lhe convém.

Os frutos são sempre mais doces para quem os cultiva do que para aqueles que só aparecem nas colheitas, mas muitas vezes os que aparecem nas colheitas não são os mesmos que apareceram nas sementeiras e nos plantios.

As pessoas são sempre mais pobres onde não há justiça.

Depois da pandemia, as pessoas não vão ficar melhores nem piores, antes pelo contrário.

Da forma que as coisas andam, o melhor é ficar em casa depois da quarentena, para evitar todas as outras pandemias.

Sobretudo, quero sair desta vida com a sensação de que fiz a minha parte para tentar fazer um mundo melhor, ainda que isso me tenha custado bem caro.

Ora vamos lá ser felizes! Felizes com o quê? Deixem-me ver... Felizes com os amigos do Facebook, que salvo as devidas excepções são um pouco como aquelas pessoas que passam o tempo em volta das mesquitas, dos templos, das sinagogas e das igrejas, armados em santos, e que, apenas e só, pela origem da nossa espécie, convencidos de que Deus não nos tem os olhos em cima, não resistem aos apetites da tentação para praticarem abundantemente a Gula, a Avareza, a Luxúria, a Ira, a Inveja, a Preguiça e a Soberba. Todos queremos ser felizes na fachada do que realmente somos e seremos menos infelizes se dissermos que somos felizes, sobretudo porque nos convencemos de que conseguimos convencer a fachada de quem é tão feliz quanto nós somos, o que, ao fim e ao cabo, acaba por nos colocar quase todos ao mesmo nível de felicidade. Nos próximos dias 12 e 13 de Maio teremos grande ensejo de testemunhar uma quase perfeita agremiação do comportamento humano deste tempo, onde não faltarão os peregrinos ricos e os peregrinos pobres, os carteiristas, um batalhão de forças da segurança, os que vão pela fé, os que vão porque os outros vão, os que vão pelos homens, os que vão pelas mulheres, os que vão porque querem selfies para publicar no Facebook e os vendilhões do templo.

Quem quer medalhas
não as merece, e quem
as merece não as quer.

Acho estas horas esguias,
horas sem corpo e tamanho,
quiçá o tempo mais estranho
que tive em vinte mil dias...

Nos muros que não se deitam,
não há vestígios de pontes,
e em todos os horizontes
há outros muros que espreitam...

Ninguém tem culpa de nada,
todos são bons inocentes,
muitos são donos e crentes
das secreções praticadas...

Esses sem rumo, sem esperança,
gente da estrela amarela,
transportam em cada criança
o quanto lhes pesa uma estrela...

Muitos seres humanos perdem a cabeça antes de a usarem.

Segundo os registos do tempo estou quase a completar 50 anos, uma bonita idade para todos fazermos em cada vida. No espaço destes dezoito mil e tal dias da minha batalha permanente de dúvidas e de espanto, passo os olhos pelos horizontes da minha memória, e do calhamaço das minhas lembranças resultam alguns filmes a preto e branco, gastos pelo tempo que os descoloriu, numa cadência ajustada ao fado de todas as circunstâncias projectadas nas imagens permitidas e proibidas que vislumbro neste momento. Imagens marcantes e profundas, por certo. Guardo na memória um poema de vida, condimentado com palavras adversas ao arraial da praça pública e abarrotado de entrelinhas amarradas a um conjunto de reticências vindas das palavras que não se podem dizer. Seria para mim grande consolo e proveito se ao fim destes 50 anos de vida pudesse dizer que contribuí, através da minha natural insignificância, para qualquer tipo de evolução na Humanidade, mas não... Vejo os Homens de hoje como os vi há quase cinquenta anos atrás e como os estou a ver nas mais remotas cavernas da antiguidade. - De que nos valem todos os bens materiais da nossa egoísta ilusão se a matéria do nosso maior bem me parece ser sempre a mesma loucura? E por falar em loucura e como crente que sou, mais uma vez me pergunto: esta Terra é o manicómio de onde?

Sobraria muito dinheiro neste mundo se todas as pessoas recebessem o dinheiro que realmente merecem.

Deixamos a Emergência com enorme competência e uma outra claridade, pra passarmos de bom grado ao cenário de outro estado, que nos dá Calamidade... Haverá mais liberdade, mais concórdia, mais bondade, menos olhos de soslaio, e assim, a nossa vida será sempre divertida durante este mês de Maio.

O que são os sonhos?

Todos nós temos o privilégio de sonharmos acordados, prolongando com legitimidade esses sonhos permanentes durante a nossa eviterna existência, de tal modo que é quase consensual a excelência que damos ao verso de António Gedeão que nos diz “que o sonho comanda a vida…”, mesmo tendo em conta os muitos momentos menos bons passados no aperto da nossa caixa torácica, e sem divulgarmos para quem quer que seja essas nossas constrições afectivas ou sociais, restando-nos o alimento luminoso dos nossos sonhos, esses sonhos que nos sustentam, sonhos deitados ao acaso pelo acaso que têm, sonhos cevados por uma incerteza tão fascinante quanto bela.
Mas além desses sonhos em estado cônscio, similarmente temos sonhos durante as horas em que estamos a dormir, outros sonhos, sonhos mais puros, mais misteriosos, geridos por uma força e por uma energia que nos ultrapassa completamente, comandados por tudo menos pela nossa livre vontade, superentendidos por uma batuta quase do tamanho do mistério de Deus, - que sonhos são esses? Nesses sonhos sonhados em suposto repouso, sonhamos passagens que não gostaríamos de passar, coabitamos em sonhos com pessoas que desconhecemos, vamos a lugares que nunca tinham chegado sequer à nossa imaginação, viajamos para épocas remotas e vindouras, sonhamos estes sonhos desde crianças, sonhamos sem entendermos o que estamos ali a fazer e por que motivo fomos até ali, sonhos que gostaríamos de sonhar outra vez sem direito a repetição, sonhos que dispensávamos da nossa boa vontade e nos calham na ementa dos sonhos, sonhos que nos acompanham ao longo da vida, ano após ano, desde sempre.
E acima de todos os sonhos, situam-se os sonhos que nos servem de prenúncio para acontecimentos futuros, tal como sonharmos uma ocorrência antecipadamente e que se transforma num acontecimento que nos ocorre depois, com um rigor irrepreensível e perturbador. Não vou entrar em detalhes nem em pormenores sobre os sonhos que já tive dessa dimensão intrigante, assim como suponho que muitas outras pessoas terão esses mesmos sonhos, uma prova fidedigna de que não somos apenas a vida e o corpo que conhecemos de nós, como muitos nos tentam fazer crer, - estes sonhos vão muito além da nossa compreensão e do nosso entendimento sobre esta nossa vida. O que são os sonhos, afinal?

Tem a casa mais pequena
e a cozinha um disparate
quem resiste à quarentena
com mil sopas de tomate.

Se aprendermos a ler o olhar de uma pessoa sabemos mais a respeito dessa pessoa do que ela própria.

Muitas pessoas não têm nada para mostrar a não ser fotografias.

Tão pequenas eram aquelas coisas que vistas de longe me parecem tão grandes.

O elogio tem sempre o valor de quem o dá.