Coleção pessoal de Antonio_Costta
O QUE PRECISA O BRASIL PRA TER REPEITO?
Que precisa o Brasil pra ter respeito,
Somente dos estádios “Padrão Fifa”?
Enquanto, em hospitais, o povo fica
Jogados pelo chão sem ter um leito?...
Que precisa o Brasil pra ter respeito,
Somente sediar uma olimpíada?
Mostrando para o mundo, pela mídia,
Que somos competentes e direitos?...
Enquanto a violência se avoluma
pelas ruas das cidades – uma a uma –
O que precisa o Brasil para ter jeito?...
Garantir pra cada pobre o pão, a ceia,
Colocar os corruptos na cadeia
E o eleitor não se vender em nenhum pleito.
SE AS PEDRAS FOSSEM FLORES
Mas já pensou se as pedras fossem flores?
Que alegria seria ser apedrejado!
Chamaríamos, por certo, de amores
Todos que pedras têm nos atirado!
Mas já pensou se as pedras fossem flores?
Como o caminho seria perfumado!
Lindo jardim, repleto de primores,
Com flores surgindo por todo lado!...
Que pena que as pedras flores não são!
E piores são as da ingratidão
Quando acertam, pelas costas, nosso ser!...
Ficamos, de tal forma, estarrecidos
Que tardamos nos dar por convencidos
E a ninguém desejamos convencer!...
A FALSIDADE DESTE MUNDO
Neste mundo é tamanha a falsidade
Que a verdade, de repente, ocultou-se;
A mentira transformou-se em verdade
E a verdade, em mentira, transformou-se!
Porventura alguém sabe onde a verdade
Neste mundo hodierno extraviou-se?
Em que parte do planeta a bondade
Inda não, em maldade, adulterou-se?
Oh Senhor, nos livrai da falsidade!
Que opera neste mundo de maldade,
Da forma mais arguta e traiçoeira...
Pois no mundo a maldade não se espira:
A verdade transformou-se em mentira
E a mentira — em verdade verdadeira!
A INGRATIDÃO DA HUMANIDADE
A ingratidão, meu Deus, esta pantera
Que habita o coração da humanidade,
Ignorando o amor e tua bondade,
Chamando-te até mesmo de quimera!
A ingratidão, meu Deus, no mundo impera.
Fazer o bem parece iniquidade!
O agradecimento é leviandade,
Sempre da parte de quem não se espera!...
É contumaz, meu Deus, homens ingratos,
Comer teu pão, depois cuspir nos pratos,
Ignorando o amor com que fizeste!...
E se lhes pede comida, um faminto,
Ignoram o pobre no recinto,
Negando repartir do que lhes deste!...
AVANTE, POETA!
Jamais espere ser reconhecido
Um dia, poeta, em terra sua;
É mais fácil ser no céu e na lua
Que na planície onde haveis nascido!
Avante, poeta, ao desconhecido!
O mundo é grande pra que se construa
U'a vida honrada na qual se pontua
Valor literário, bem conhecido.
Levante a cabeça e olhe pra frente!
O mundo é tão vasto e tem tanta gente
Pra que se conquiste com paz e amor...
Prossiga sereno, sem olhar para trás,
Buscai novos sonhos que teus ideais
Serão confirmados por Noss’ Senhor!
DESABAFO DE UM POETA
Que não me venham colocar nome de praça,
Que não me venham colocar nome de rua;
Por que somente quando morre é que tem graça?
É que reconhecem o poeta em terra sua?...
A realidade que é sentida ela é tão crua,
Um desprezo cotidiano que não passa;
Mas depois que o poeta morre se atenua,
Ganha logo um busto de bronze na argamassa!
Não merecia ele sentir essa emoção
Aquele que amou e que cantou o seu torrão,
Propagando toda a grandeza que ele encerra?...
Não deveria ser, em vida, valorizado?
Infelizmente quando morre é que é lembrado,
Que o poeta é reconhecido na sua terra!
HIPOCRISIA
Há muita hipocrisia e tão pouco amor
No mundo em que vivemos. É a verdade.
Onde se prega o bem — vemos maldade;
Onde se prega a paz — vemos terror!
Há muito egocentrismo e não penhor
Pra dispensar, ao próximo, a bondade;
Cada qual busca a própria f’licidade,
Ignorando quem chora a sua dor!...
Na vida o que é que vemos aqui, ali?
— Deus por todos e cada qual por si!
Quem se importa com o irmão que sofre à esmo?...
A dor que dói será só a dor da gente?
Devemos crer em Cristo, inteiramente!
— Amar ao próximo como a nós mesmo.
A cada dia Deus nos concede a oportunidade
de sermos seres humanos melhores
pela graça restauradora de Cristo
e pela presença santificadora
do Espírito Santo de Deus.
QUEM DEVASTA A NATUREZA
Não precisa pesquisar
Nos livros da realeza
Ou na NASA, com firmeza,
Para poder comprovar
Que quem age sem nobreza,
Destruindo a natureza,
Devasta mesmo é seu lar!
Quem devasta a natureza
É um ser inconsequente,
Pois condena o seu futuro,
Aniquila o seu presente.
Pensando agir co’ esperteza
Mas o fim de sua vileza
É catástrofe iminente!
Quem devasta a natureza
Não trata bem a sua casa,
Seu futuro é de incerteza,
O seu presente ele arrasa,
Pois quem destrói o seu ninho
Termina qual passarinho
Querendo voar sem asa!
Não precisa pesquisar
Nos livros da realeza
Ou na NASA, com firmeza,
Para poder comprovar
Que quem age sem nobreza,
Destruindo a natureza,
Devasta mesmo é seu lar!
Quem devasta a natureza
Não trata bem a sua casa,
Seu futuro é de incerteza,
O seu presente ele arrasa,
Pois quem destrói o seu ninho
Termina qual passarinho
Querendo voar sem asa!
Quem devasta a natureza
É um ser inconsequente,
Pois condena o seu futuro,
Aniquila o seu presente.
Pensando agir co’ esperteza
Mas o fim de sua vileza
É catástrofe iminente!
ÁRVORE QUEIMADA
Que triste a árvore queimada,
Sem nenhum mal cometido!
Na lateral duma estrada...
Talvez por ter existido.
Planta que o homem condena
Sem fundamento ou razão,
Corta do mundo sem pena,
Em prol de sua ambição!
Deixando, em meio à fumaça,
Deixando apenas carvão,
O seu tronco: uma carcaça
Carbonizada no chão.
Seus frutos não têm quem faça
Alguém pegar com a mão;
São brasas no meio da praça,
São cinza na imensidão.
Quem dera seus atributos!...
Quanta sombra nos seus galhos!
Outrora cheia de frutos
Molhados pelo orvalho.
Árvore cheia de flores,
De ninhos de passarinhos;
Agora somente horrores,
Espantalho do caminho!
NA GAIOLA DA SAUDADE
Minha terra tem gaiola
Onde canta o sabiá
Com saudade das palmeiras,
Das belezas do lugar.
Minha terra tem gaiola
Onde canta o concriz,
Relembrando que outrora,
Na mata era feliz!...
Minha terra tem gaiola
Onde canta o curió,
Quando nada lhe consola,
Se sentindo muito só!
Minha terra tem gaiola
Onde canta a patativa,
Pra lembrar de vez em quando
Que ainda ela está viva!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o canário,
Melodiando a sua dor
No canto extraordinário!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o azulão;
Certamente quando assola
Em seu peito a solidão!
Eu também canto cedinho
Quando acordo na cidade;
Me sentindo um passarinho
Na gaiola da saudade!
CACIMBA D’ÁGUA DOCE
Oh cacimba d’água doce!
Quem foi que te conheceu?
Quem teve esse privilégio?
Quem de tua água bebeu?
Oh cacimba d’água doce!
D’água pura, cristalina,
Tu eras, com mor certeza,
Uma dádiva nordestina.
Oh cacimba d’água doce!
Sem sapo, rã ou caçote,
Carregada na cabeça,
Numa lata ou num pote.
Oh, cacimba d’água doce!
Quero beber de tua água,
Numa caneca cheiinha
Quero afogar minha mágoa.
Oh cacimba d’água doce!
Vem saciar minh’ vontade,
Quero sentir teu sabor,
Matar a minha saudade!
Oh cacimba d’água doce,
Da melhor água bebida!
Vem saciar esta sede
De minha infância querida.
O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA
Coitado do homem da grande cidade,
Trancado em casa por trás do portão,
Qual passarinho sem ter liberdade,
Quase vivendo em igual condição!
Os dois na prisão, cantando saudade,
Pássaro e homem no mesmo refrão;
Um por causa da humana crueldade,
O outro com medo do astuto ladrão!
Coitado do homem, nem se dá por conta
Que a liberdade ele mesmo afronta,
Mantendo o pássaro em uma prisão.
Ele, na verdade, é que está mais preso
Do que o passarinho — pobre indefeso! —
Prisioneiro sem saber a razão.
CANÁRIO DA TERRA
De repente, no quintal, uma novidade:
Pousa um pássaro que tanta beleza encerra!
Um canário da terra, mas, que em nossa terra,
Já se encontra em extinção — é a realidade!
Pois a ganância, misturada co’a maldade,
Fez do homem um caçador que a vida emperra,
Pois com gaiolas, alçapões, fez uma guerra
Capturando o cântico da liberdade!...
Oh, passarinho que me faz uma surpresa!
Parecendo um solitário na natureza,
D’onde vens? de que árvore ou de que morro?...
Há um silêncio no teu bico, um desencanto...
Por que não cantas para mim teu belo canto,
Passarinho que parece pedir socorro?!
AQUELE QUE CORTA UMA ÁRVORE
Aquele que corta uma árvore
corta, sim, uma esperança
de ter um mundo de paz,
de mais amor e bonança.
Aquele que corta uma árvore,
por maldade ou por ganância,
o troco receberá
pela sua ignorância.
Pois uma árvore, quem corta,
deixa escancarada a porta
pra cobrança da natureza!...
Tijolo, concreto, mármore,
não substitui uma árvore,
por mais conforto e beleza!
RIO MORTO
(Parodiando Manuel Bandeira)
Onde as águas puras do passado
Produziam vida em abundância
Contemplo agora a realidade
Do presente, degradado, poluído,
Onde escorre, na areia, o rio morto.
Rio morto, rio morto, rio morto.
Águas de paisagem cristalina
Que abasteciam os ribeirinhos!
Águas, potáveis águas,
Para bebermos jamais.
Se perderam com o rio morto.
Rio morto, rio morto, rio morto.
Rio morto, rio injustiçado
Rio violentamente, rio
Morto, sem motivo algum,
Razão nenhuma. O que foi
Ficou no passado.
Agora é apenas um rio morto
Rio morto, rio morto, rio morto.