Chico Xavier Poesia de Amizade
... E se meus olhos fossem azuis como o céu e meu corpo definido como violão, você deixaria eu fazer parte do seu coração? Deixaria eu ser a mulher dos seus sonhos, voando entre seus desejos e pousando em suas emoções? Liberaria um pedaço de sua história, onde eu pudesse registrar todos os nossos traços? Concordaria em me deixar acordar todos os dias ao seu lado? Dividiria as páginas do livro da cabeceira e contaria suas histórias baixinho em meu ouvido? Pois bem, não sou da forma que deseja, mas carrego em mim muito mais do que planeja.
Eu só esperava que tudo fosse diferente, que nada fosse tão bacana e destruidor. Eu só queria dizer tudo aquilo que não procurarei mais saber. Eu só queria que não fosse mais um personagem de passagem na minha história. Eu só queria, mas foi inevitável escrever o último capítulo. Foi necessário chegar o fim.
Não gosto desse meu lado desagradável que se defende com medo da dor. Não gosto de ser ríspida mostrando o lado inventado causado pelo sofrimento. Não gosto dessa mania de querer e não transparecer. Não gosto de fingir que não me importo. Não gosto desse meu jeito amargo. E não gosto de mim por não deixar o próximo adoçá-lo.
Aos que não gostam de mim e querem de alguma forma tirar minha paz, eu desejo felicidade. Que sejam felizes! Felicidade quando mora na vida do ser humano, a maldade não atinge as pessoas que eles não se simpatizam. Se preocupam em viver e não infernizar a vida de quem nasceu pra vencer.
Mais pessoas construtivas. Menos pessoas negativas.
Que assim seja, amém!
E por falar em amor e em Drummond, lembrei-me daquele outro poema que diz: "Quero que todos os dias do ano/todos os dias da vida/de meia em meia hora/de 5 em 5 minutos/me digas: Eu te amo".
Tão eu! Eterna carente, segundo minha filha adolescente... Cobro amor de Deus e do mundo! Deus eu tenho certeza que me ama demais, temos uma relação de amizade muito próxima. Falo com Ele a toda hora e sinto que me ouve... Meus outros amores, procuro dizer que amo com palavras, com atitudes, com o olhar... às vezes até com uma repreensão, quando acho que estão errados. Não sei até que ponto me compreendem, acreditam, duvidam... A grande questão é que, eu, bichinho carente que sou, (in)conscientemente fico esperando que todo mundo seja igualzinho a mim!
Noite misteriosa e estrelada
Lua cheia de prata iluminando o caís.
Um vento frio me trouxe um arrepio
noite doce igual aquela jamais vivi.
Noite que lhe conheci.
Muita emoção, disparo no coração
Deliciosa sensação de estar viva,
de sentir fibra por fibra a força da paixão.
“Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42:2)
Pedimos mais do que agradecemos a Deus. Queremos que a vida siga conforme os nossos desejos, no entanto, muito mais do que nós, Deus sabe o que é melhor. Nossos caminhos já estão traçados desde o princípio. Deus nos conhece desde o ventre, conhece-nos intimamente. O que nos cabe é buscar retribuir essa intimidade nos aproximando Dele., a fim de que possamos escolher nossos caminhos com a certeza de estarem dentro da vontade do Pai. Hj, não vamos pedir nada, vamos apenas agradecer por todo cuidado de Deus para conosco; pela vida, pela saúde, pela família, pelos amigos, pelos livramentos, por tudo.
Que alegria, na casa de Maria!
Acordou, tem saúde,
tem uma casa para morar,
café na mesa para tomar,
um amor para beijar,
filhotes para ninar,
amigos para conversar
e a certeza que nada há de faltar,
pois Deus com ela está.
Descendentes de Macunaíma
Duelo das Armas
Duelo das artes
Desunião por ambas as partes
Ir contra quem não era pra ir
Na poesia do povo que não fala
O que eu te entrego
Não é a verdade
São possibilidades de infelicidade
De situações da nova idade
Da humanidade de amanhã
O mais novo dos seus dois irmãos
Que morreu pela fé na utopia
A construção de heróis sem caráter
Na capa de revistas da classe operária
Nas aspirações do Estado Novo
O professor na elite do povo
Cuspindo em minha cara
Um latim bem vulgar
Ao Trovador Solitário
Quero ser mais do que sou
Mas não sei como, se consigo entender
Que os sonhos também passam
Por pessoas solitárias
Que discutem com paredes
A alegria de não serem mais vistas
Trabalhando dias, para recriar
A realidade que não participam
Escondendo os detalhes da imperfeição
E da confiança que não confia em ninguém
Que não confia em ninguém
Eu quase cai pra trás
Quando vi o ódio
Chorando por um pouco de amor
Batendo na porta do desespero
E quem abriu não viu
Que além da dor não há
Lugar pra se esconder
Que se possa achar
Só eu sei as dores que senti,
os caminhos de pedra que percorri,
os espinhos que encontrei,
os leões que matei
para chegar até aqui.
Agora vem você querer medir
tudo aquilo que eu sofri.
Quem você pensa que é?
Larga do meu pé.
Cada um sabe apenas de si.
"Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês." (1 Pedro 5:7)
Nós costumamos esquecer esse conselho! A gente ora, a gente diz que entregou tal situação a Deus, mas, por vezes, se pega preocupado, ansioso, pensativo... Ora, que fé é essa? Ter fé é estar convicto que as coisas que estão além da nossa pobre visão falha e humana possam existir, possam acontecer por intermédio de Deus Pai Todo Poderoso Criador de todo Universo, que pode todas as Coisas. Precisamos nos entregar de corpo e alma, como crianças apaixonadas pelo Pai, de olhos fechados para a negatividade e mente aberta para a Luz, para o que Bom, para a Paz que só Ele pode oferecer, com a certeza de que o melhor para nós vai acontecer, visto que o Criador só quer o nosso Bem.
Paixão ofusca, amor ilumina.
Paixão enlouquece, amor guia,
Paixão devora, amor alimenta.
Paixão é urgente, amor é paciente,
Paixão é prisão, amor é liberdade.
Meu Querido Tupi
Regressei à aldeia de velhos sábios
Que nas meias verdades
Escondiam palavras
Que regridem aos mais velhos sonhos
E escondem a coragem
Que na língua tupi
Se entende o que fala
Não sou poeta tupi
Mas se falo tupi guarani
À aldeia tenho que ir
Para ver o poeta despido
De todo mal do século
No litoral frio que o escraviza
Ôh que malvados colonos!
E de longe
Miragens erguiam bandeiras
Gritavam vitória
Ancorando em vossos corações
A mentira e falsas conquistas
Na terra dos mais belos mestiços
Aqui não falo mais
Minha língua proibida
Que não foi salva pelos Jesuítas
Aqui morrem meus poemas
Românticos e modernistas
Não explorem mais minha língua
Pois nela meu povo habita
Um povo morto, mas agora livre
O Poeta, o Norte e a Estrela
Você é magia
Alegria, folia
Faz que desfaz
Em mim se refaz
O que me levou
Ôh meu grande amor
Que vem esquece o pudor
Me faz velejar
Aqui não navega
Mas aqui já morou
Minha estrela brilhou
Para o norte rumou
E contigo ficou
O meu grande amor
O que tu deixou
Nem saudade nem dor
Aqui tu ficou
Então me retorne
Traga você e minha estrela
Vem divina, vivida
Vem sem pressa
Em mim recomeça
A velha paixão
Desse novo poeta
Ôh minha emoção
Ôh meu grande amor
A cicatriz
O meu fardo segue ileso
No vespertino e na manhã
Estou entre a cruz e a esperança
Esperando o cair da espada
Ao mais correto e ao mais bonito
Ao infinito e tudo além disso
Além de tudo vou guardar minhas palavras
Entre o ar seco e o céu puro
Entre nós dois e a escuridão
Eu me mantenho sempre alerta
E as palavras vêm com pressa
Pra me tirar toda razão
Nas ruas vêm homens marchando
E na alegria transformando
O que não temos de melhor
Passos pálidos grosseiros
Vem sem calma, vencem o medo
Estendem braços já sem mãos
A nossa história é de longe
Luta e vitória prometida
Eu estou em suas mãos
Corpo, alma e brasão
Eu vou lutar por existir
Hoje nós acordamos cedo
Com corpo e alma indiferentes
Ainda estamos afastados, acreditamos na mudança
E por toda a nossa fé, estamos esperando
O que? O que eu ainda não sei
Da nossa glória e nosso pão
Hoje eu não vejo mais ninguém
O ego incha a dor corrói
Mentem no que faz enxergar
Somos escravos e reféns
Da nossa crença no ideal
Seja bem-vinda, dona Alegria,
volte a reinar no meu lar...
Dona Tristeza, aprendi com você
que vale a pena viver.
Então, obrigada pela lição
e larga mão de me encrencar
porque o que eu quero é amar,
contemplar o mar, sorrir feliz
e quem sabe ir à Paris...
Choro da Despedida
Eu demorei pra ter ver
Você não me viu
Meu coração te enxergou
A sua boca se calou
E disse a minha boca
O que ela nunca dizia
Sua mão acenava um "Olá"
Quando na verdade era uma despedida
Seus passos se distanciavam da minha visão
Mas estavam ao meu lado nos choros e poesias
Parte do seu carinho está em mim
Parte do meu carinho está em nós
Por mais que eu pudesse dizer
As palavras não diriam
E por mais que eu tente esconder
Essas palavras dizem
A Traição
Mil palavras a lançar
Mas elas nunca nos alcançam
Elas não alcançam o nosso orgulho
Que por traz é muito grande
Mil beijos a trocar
Mas são apenas duas bocas nervosas
Bocas que na verdade
Nunca se encontram
A cama desarrumada
A xícara que triste carrega
O café que está frio
O dia que está quente
Mas não se vê nenhum sorriso
É uma euforia de desejos
No fundo de cada palavra
Vem consigo um desafio
Um ombro amigo
Ou uma fuga da castidade?
Sempre vêm a resposta infiel
A fuga que nos alcança lentamente
Mas quando vêm invade e destrói
Sabe aonde vai chegar
Retira as palavras
Os beijos, as respostas
Retira tanto e tudo
Que retirou isto de mim
Tem dias que eu sou um doce. Tem dias que eu sou amarga. Tem dias que quero tudo, tem dias que nem o nada eu quero. Tem dias que eu quero o sol, tem dias que a chuva me faz bem melhor. Tem dias que eu me escondo, tem dias que eu quero mesmo é aparecer. Tem dias que sou tímida, tem dias a sem vergonhisse toma conta de mim. Tem dias que eu sou amor e tem dias que o amor sou eu.
Joyce Xavier
O balão da mágoa.
E muita gente encheu a minha bola. Muita gente. Ficou cheia de tristeza, ódio, mágoa, fofoca, rancor e de todos os sentimentos ruins. Ficou cheia até querer explodir, mas não explodiu. Eu olhei pro céu e percebi que ninguém tinha o direito de assistir minha derrota. Foi então, que eu fiz questão de estourar essa bola. Alegria, bom humor, amor e felicidade foi tudo o que saiu dela. Porque hoje, a minha alma grita por bons sentimentos. E essa gente? Ah essa gente a deixa prá lá. Não quero encher a bola de quem não merece meu assopro.
Joyce Xavier
Medo
Querido medo, o que tem feito dentro de mim? Você não anda me trazendo coisas boas. Você me vestiu uma armadura que ninguém pode tirá-la a não ser eu mesma. E se fosse fácil, ah se fosse fácil... Não me traria tantas dúvidas e tantos pensamentos loucos durante a noite. Esse medo afasta de mim as pessoas que querem desfrutar o que mais tenho de bom pra oferecer, meu amor. Eu tento te destruir, porque eu também quero levar o meu amor a quem merece. Medo, deixa eu amar vai. E que se a dor me visitar novamente, que venha. Prefiro sentir dor, pois quem sente medo é covarde. E covardia, nunca fez parte da minha vida.
Joyce Xavier
Caminho do bem
E quando me vi em um caminho escuro de sentimentos ruins, onde eu resolvi mudar. Aquele não era o meu caminho, eu não estava em paz comigo. Eu nunca tive vocação pra subir no palco do ódio e atuar intrigas ou o dom de cantar raiva pra ferir o coração humano. Sou fraca pra isso. Quando Deus me mostrou que existia um caminho limpo, com cores, alegria e amor, resolvi segui-lo. Descartei tudo que havia absorvido na caminhada escura. Coloquei tudo dentro de uma mala e joguei fora, joguei em um mar onde todo esse peso fosse para bem longe, sem querer saber se iria me arrepender. Joguei sem olhar pra trás. E hoje, olho pra trás, mas não me arrependo. Tem coisas na vida que precisamos nos libertar. Não prenda no seu coração sentimentos que não deva sentir. A alma sorri e o coração agradece.
Joyce Xavier
