Chegou ao fim

Cerca de 4326 frases e pensamentos: Chegou ao fim

⁠CHUVA

A chuva chegou
A flora sorriu
A fauna aplaudiu

Inserida por samamba410_1097037

⁠Para Ela, que floresce mesmo em solo seco

Você chegou com olhos de quem já viu muito,
mas ainda assim acredita.
Com voz firme, ideias claras e o coração sempre pronto pra recomeçar.

Veio com planos, marcas, metas e vontades.
Mas, no meio do caminho, revelou algo ainda mais valioso:
a mulher que sente.
A mulher que pensa no pai, no irmão, nos colegas —
mas que, aos poucos, está começando a pensar mais em si.

Você se aproximou da sua própria essência,
da sua verdade, do seu silêncio.
E percebeu que não precisa mais se encaixar,
que pode ser intensa, calada, estratégica e doce —
tudo ao mesmo tempo.

Foi com a onça pintada que você despertou:
corajosa, intuitiva, linda por dentro e por fora.
E decidiu que não quer mais viver tentando agradar.
Você quer viver sendo inteira.

E assim, entre um “não” dito com firmeza
e um “sim” dito com amor,
vai desenhando sua história com mais liberdade.

Você não está apenas empreendendo.
Você está se construindo.
E isso, minha querida,
é uma das coisas mais bonitas que já vi acontecer.

Inserida por MartaFarias

⁠A maior frente fria de todos os tempos chegou na cidade...
E sentiu inveja da frieza de muitas relações.

Inserida por RikardoJunior

PRESENTE DE POETA

Chegou o grande dia
Onde poeta que faz poesia
Sendo o seu olhar
Tá na hora de celebrar

Que venham anos como mais estrofes
Com rimas doces, calmas, fortes
E que o poeta se permita escrever
Muitas linhas para você

Hoje os versos são para ti,
Que tanto já nos fez sorrir
Neste texto quero imprimir
O quanto é bom te aplaudir

Tu dizes — com teu jeito leal —
Que sou teu topázio imperial,
Pedra rara, brilho teu,
Mas és tu, pai, quem me deu
O dom de ver beleza no normal
E transformar em arte o essencial.

Hoje quem ganha o poema és tu,
Poeta de alma clara e luz.
Que a vida te leve onde quiser,
Com saúde, afeto e o que couber.

Que nunca te falte inspiração
Nem o aconchego do coração.
Pois neste mundo tão sem par,
É um privilégio te celebrar.

Parabéns, pai, por ser quem és,
Um mestre em amor, em rima e fé.
Neste texto deixo o meu sinal:
Te ama, teu topázio imperial

Inserida por Negreiros

⁠Junho chegou sem fazer barulho, pisando leve em um coração cansado, mas ainda esperançoso. Trouxe o frio que toca a pele e desperta vontades escondidas, memórias que o calor adormece. Veio também com recomeços. Não os gritados, cheios de promessas vazias, mas os silenciosos, que nascem no fundo do peito e crescem devagar, como brasas, esperando o sopro certo para virar fogo. O mês começa com essa dualidade: frio por fora, desejo por dentro. E os encontros? Ganham outra cor, mais intensos, mais urgentes. Como se o tempo andasse de mãos dadas com a saudade. O ar de junho sussurra: "Permita-se sentir. Desejar. Recomeçar." Porque o inverno não é ausência de calor... É encontrar aquele fogo que arde por dentro, nos olhos certos, no toque que arrepia mais que o vento.

Inserida por danrattess

⁠A madrugada chegou com temperatura baixa, no carro um cobertor e a musica suavemente tocando no volume dez, sei lá, devo estar preocupado, este numero nem é o meu preferido, a cada respiração o coração acelera, no painel do carro um cigarro de palha apagado, pronto para ser devorado pela tal da ansiedade, coragem de ascende-lo ? A cada trago um turbilhão de pensamentos vem junto, e pra cada fumaça que é jogada para o universo, levam consigo todas as preocupações, sei lá do nada ouve-se um barulho, um estrondo, levanto me cautelosos, mas nada ,vejo, e então percebi que são só os barulhos inquietantes da minha mente desorganizada....mas também sei lá tem dias que o silencio revela tudo aquilo que você precisa para seguir...


@poesiasaleatoriasjp

Inserida por jefersonjcp

POeMA DE SEGUNDA

A semana começa.
O dia termina.
O tempo voa.

Sexta chegou —
e o tempo foi pouco.
Sábado passou,
domingo é sala de espera pra segunda.

Tudo recomeça.
A roda gira:
tempo, trabalho, tropeço e o vôo.

E a vida?
Bilhete de ida
pra um tempo qualquer
Pra uns, curto.
Pra outros, um pouco mais.

No fim,
somos só isso:
passageiros do tempo,
com hora marcada.

Inserida por mardoniobarros

⁠O Preço da Liberdade

Ela chegou como o vento que despenteia os cabelos e desarma certezas. Trouxe consigo o perfume do desconhecido e o peso da ausência. No instante em que a liberdade tocou minha pele, compreendi que não era um presente, mas uma travessia.

A liberdade pediu-me tudo, meus medos, meus desejos, minha história. Com mãos delicadas, ela despiu minha identidade, arrancando cada fio de apego que me vestia. No espelho, vi uma estranha, alguém sem nome, sem passado, apenas um sopro vagando entre o céu e a terra.

E no vazio, a verdade sussurrou: somente aquele que se desfaz de si encontra o infinito. A liberdade, tão gratuita, exigia o preço da entrega absoluta. O amor e a saudade, antes refúgios, tornaram-se rastros de um tempo que já não me pertencia.

Mas então, ao perder tudo, ganhei o universo. Tornei-me o pássaro sem gaiola, o mar sem margens, a chama que arde sem se consumir. A liberdade não me deu novas amarras; apenas me ensinou que nunca precisei delas.

E assim, sem nome e sem destino, dancei com o vento e abracei o vazio como quem reencontra o lar.

Inserida por fluxia_ignis

⁠"Meu Pequeno Yan"
(para o meu sobrinho, com amor infinito)

Você chegou tão pequeno, em braços tão meus,
E desde então meu peito não é mais só meu.
Com dois aninhos e olhos que brilham,
Você enche a casa — e a alma — de vida e riso que cintila.

É inteligente, esperto, um amigo de ouro,
Fala com graça, inventa tesouros.
Corre, descobre, encanta o lugar,
Com você, tudo é motivo pra amar.

Desde que nasceu, eu estive aqui,
Cuidando, zelando, sonhando por ti.
Talvez por isso meu coração te abrace
Num espaço que ninguém mais alcançasse.

E tem algo em você que me faz chorar
— um jeito, um traço, um olhar no olhar —
Você se parece com alguém que foi luz,
Meu pai, teu avô, que está com Jesus.

Ele te amou como poucos amam na vida,
E te ver crescer reacende essa ferida.
Mas também me cura, também me acalma,
Porque é como se um pedaço dele ainda morasse em tua alma.

Tenho outros sobrinhos, amores sinceros,
Mas contigo, meu bem, é algo mais perto.
É laço de tempo, cuidado e raiz,
É um amor que me dobra, me toca, me diz:

“Espero que cresças sabendo de mim,
Do colo que fui, da força que vim.
Que mesmo adulto, ao seguir teu caminho,
Leve na memória: eu fui teu cantinho.”

Se um dia o mundo tentar te afastar,
Lembra que o meu amor vai sempre estar.
Porque amar você é viver outra vez

Inserida por alineoliveirab

⁠Hoje.

Quando o amanhã chegou
já era tarde, ela havia partido
no ontem.

Inserida por ricardo_mellen

⁠Você chegou no amiudar do dia e eu nunca mais senti tanta alegria.

Maria Bethânia

Nota: Trecho da música Foguete.

Inserida por pensador

⁠Você chegou como quem não queria nada, e ficou como se sempre tivesse sido parte de tudo.

Inserida por Roses_Of_The_Shadow

⁠Bom dia!
Simbora agradecer por mais um dia que chegou...
Sabe há um poder imenso nos pequenos cuidados: acordar com gratidão, respirar fundo antes de responder, desejar sinceramente o bem a quem cruza o nosso caminho. Yes!

Inserida por sol_sorte


Tem gente que rir de você, Porque nunca vai chegar onde você chegou ( por inveja mesmo), Nunca vai torcer por você,
Não te suporta. Mas não vive sem saber sobre sua vida. A torcida é contra, Mas a audiência é fiel.

Inserida por erenicesantoscantora


Você chegou com seus anos a mais, mil histórias pra contar e quase o dobro do meu tempo.
Uma inteligência que me prendeu,
um jeito romântico que era tão perfeito que despertava dúvidas,
como se cada palavra bonita fosse parte de um roteiro (e era!)
A maneira que nós dois nos encontrávamos totalmente entregues naquele quarto,
prestes a nos perder um no outro.
E quando tudo começava, não tinha nada mais no mundo.
Era como se tudo ali fosse certo, mesmo que o resto todo fosse errado.
Tudo em nós era completamente diferente e igual ao mesmo tempo.
Há quem diga que eu me deixei levar devido à minha jovem idade e a sua grande experiência.
Ou talvez porque a tua lábia era muito boa,
mas, na verdade, tinha o ritmo de quem já disse aquilo muitas vezes.
E mesmo assim, eu ouvi.
Não porque acreditei,
mas porque tua mentira era bonita demais pra interromper.
Nunca levei nossa história a sério demais.
Eu quis viver aquilo e vivi.
Não por ingenuidade, mas porque naquele momento, ser tua era inevitável.
E a sensação era arrebatadora demais pra resistir.
Ali, eu não pensava. Eu sentia.
E sentir, naquele tempo da minha vida, era tudo o que eu mais queria.
A verdade é que nunca daria certo, porque você já tinha vivido tudo aquilo que eu ainda estava começando a descobrir.
A gente se completava no instante,
mas se anulava na ideia de futuro.
E depois tudo fez sentido quando descobri tuas confusões antigas e promessas recicladas.
E tudo bem. Porque eu nunca quis eternidade.
Eu quis aquele agora.
Essa não é uma história de amor.
Foi só alguém que cruzou meu caminho num momento em que eu queria colecionar experiências e não respostas.
Talvez daqui alguns anos a gente nem se lembre dos nossos nomes.
Mas por um breve tempo, a gente se viveu. E ponto final.

Inserida por meuspensamentos

⁠Enoque chegou ao céu.
Depois de passar trinta dias
deitado em leito de sacrifício,
disseram (eu ouvi): “não,
ele não vai conseguir,
mesmo que a gente tente de tudo
a vida dele já está no fim
não adianta persistir, insistir, perdurar”.

Inserida por mariaia

⁠Homens, vamos falar sério!

Chegou a hora de acabar com o preconceito e cuidar de você mesmo. Faça o autoexame, procure seu médico. É muito melhor passar por um momento que você acha constrangedor do que sofrer as consequências mais tarde.

O câncer de próstata, quando identificado no início, tem até 90% de chances de cura. Pense bem: o maior bem que temos é a saúde. Sem ela, não conseguimos lutar pelos nossos sonhos ou cuidar de quem amamos.

Prevenir-se é escolher a vida, é ter mais tempo e qualidade para aproveitar ao lado de quem você ama.

Homem de verdade se cuida. Valorize-se!

Inserida por DhelsonPassos

H⁠á um tempo atrás afirmei que amaria até o meu coração achar que não dá mais. Bem, esse dia chegou. Eu desisto.

Inserida por Lucelson222

⁠PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?

Um ancião de barbas e cabelos longos chegou a um vilarejo um pouco distante dos grandes centros urbanos, um lugar desses onde o tempo tem outro tempo, um tempo natural de ser.

Naquele lugar havia poucas pessoas, mas, dentre elas, havia uma miniatura do mundo real: pessoas que tinham mais ou menos habilidades para desenvolver aquela realidade. O fato é que se tratava de um lugar com costumes tradicionais, por assim dizer. Isso não quer dizer que não havia sabedoria no coração daquele espaço e daquelas "gentes".

O velho andarilho tinha uma vivência profunda, por tantas realidades que ele já havia presenciado. Então, como um bom pensador, ele achou por bem conversar com aquelas pessoas. Conversar sobre tudo: sobre o tempo, sobre Deus, sobre conhecimento, progresso, sustentabilidade, etc.

Uma de suas perguntas foi saber o que aquela gente pensava. Então ele perguntou: "Para que serve a Filosofia?"

Começou a andar por diferentes lugares com a mesma pergunta: "Para que serve a Filosofia?"
Primeiramente, ele perguntou a um pastor, que, desconfiado, respondeu: "A filosofia não é de Deus, está na Bíblia".

O ancião seguiu sua andança e foi até a única praça da cidade, onde ele poderia encontrar mais pessoas. Fez a mesma pergunta a um ateu que estava discutindo sobre a inexistência de Deus com os homens responsáveis pela limpeza da praça. O ateu respondeu da seguinte forma: "A filosofia serve para fazer as pessoas deixarem de ser ignorantes, idiotas, alienadas, gado".

O senhor perguntou também a um daqueles homens responsáveis pela limpeza, e ele respondeu: "Eu não gosto de filosofia, isso é coisa de gente que não tem o que fazer, que só tem minhoca na cabeça".

Da mesma forma, o velho curioso agradeceu pela resposta e saiu daquela roda de conversa.

Então o velho encontrou uma professora, com o jaleco da escola onde trabalhava, e lhe fez a mesma pergunta. A professora respondeu uma enorme lista de utilidades que a filosofia, segundo ela, teria: "A Filosofia serve para fazer as pessoas pensarem a respeito do mundo, da vida, dos mistérios do universo, da origem da humanidade, das linguagens, das demais Ciências. A filosofia é a mãe de todas as ciências. Sem ela não seríamos capazes de saber nem quem somos nós realmente".

O velho agradeceu educadamente e seguiu sua jornada de questionamentos. Abordou um homem que estava sentado em um banco da praça, cabisbaixo.

"Para que serve a Filosofia, meu caro?"
O homem então respondeu-lhe dizendo: "Eu não sei, não sei o que é isso, mas deve ser para enganar as pessoas." Agradecido pela resposta, o velho saiu da praça e desceu em direção a um rio que contornava a parte Sul da cidade.

Ao chegar embaixo da ponte que ligava aquele vilarejo a outras regiões mais ao Sul, o ancião percebeu que havia um senhor, também com aparências semelhantes, com mais idade talvez. Decidiu se aproximar para desenvolver uma conversa. Aquele outro senhor estava ali pescando e fumando um charuto. Isso era interessante para o que se aproximava. Talvez pudessem fumar cachimbos e trocar um "dedo de conversa". Ao cumprimentá-lo de perto, o senhor andante perguntou o seguinte: "O senhor tem fumo?" "É óbvio que tenho", respondeu o velho pescador. "Então empresta-me, eu avio também."

Enquanto isso, ele desenrolava seus panos de bagagem e pegou um velho cachimbo que pertencera ao seu avô, algo feito à mão. O silêncio pairou sobre os dois.

Fumaça vai, fumaça vem, o andarilho perguntou ao pescador: "O senhor pode me responder para que serve a Filosofia?"

O velho pescador virou as costas em silêncio, sem dizer uma palavra. Então o que se ouvia naquele lugar era apenas o murmúrio das águas do rio e algum barulho de pássaros e carros que passavam sobre a ponte de quando em quando.
Depois de um longo período de silêncio, e de muitas "chumbadas", o ancião que chegou agradeceu o fumo, despedindo-se do pescador para seguir sua caminhada.

Então o velho pescador virou-se na direção de seu visitante, respondendo da seguinte forma: "A Filosofia não serve para nada! Ela recusa-se a servir quem quer que seja".

O senhor recém-chegado permaneceu calado, como quem espera mais. O pescador continuou a dizer: "A Filosofia recusa-se a cair nessa vala de servidão que surgiu nos padrões mentais medievais e que tem tragado tantas gerações que acreditam que servir é o mais importante. É por isso que nós, os velhos, não somos vistos como seres úteis. A maioria dos indivíduos das nossas gerações se tornaram inúteis, de tanto ouvirem que estavam velhos, e envelheceram realmente. O brilho vital deles ficou opaco de tantas palavras e olhares que demonstravam tristeza, talvez, pelo peso da idade, que não deveria ser um peso, mas uma bagagem muito importante de experiências deles".

Aquela conversa era profunda demais para não acender mais um cachimbo. Então o visitante fez menção de que iria fumar novamente, e o pescador logo lhe alcançou fumo e avio.

O silêncio se fez por um curto tempo. Não havia interesse em fazer qualquer pergunta por parte do ancião recém-chegado. Era uma questão de tempo para que novas explicações viessem por parte do pescador.

Fumaça vem, fumaça vai, e o velho do rio continuou: "Esse mundo utilitário, onde tudo cai em uso e desuso, inclusive as pessoas, tudo é coisa útil. É um tempo onde as coisas são mais importantes do que os seres. E os seres se transformam em coisas que servem ou não servem. As pessoas se coisificaram tentando se manterem úteis, serviçais, servas. Até mesmo as demais ciências se tornaram úteis, quando deveriam ser apenas caminhos. Os caminhos não são utilitários. As religiões, os Estados, as instituições, os deuses, os sagrados, as escolas, os homens, as mulheres, os jovens e as crianças, tudo isso se tornou números. Os números são utilitários, assim como as letras e os símbolos, mas a matemática, as demais ciências, as linguagens, nada disso deveria ser utilitário. As artes caíram em uma situação de serviço, se tornaram servas.

O homem curandeiro se tornou servo, o professor, o orador, os políticos, todos servos. E querem arrastar tudo mais consigo também. Por que diabos a filosofia deveria servir também? Ela não serve, porque ela não cabe nesse mundo de coisificação, de utilitários, de descartes. Veja bem, no que as religiões se transformaram? Não passam de alojamentos de imbecis que não sabem se conduzir e buscam alguém que lhes proíba de caírem em situações difíceis. Mas isso não lhes ensina absolutamente nada. Veja o que ocorreu com Deus, que na mentalidade medieval se tornou um espantalho para assombrar os medrosos através da fé. Até ele se tornou coisa, utilitário, servo.
As pessoas fazem os diabos e depois exigem que ele resolva suas desgraças, ou seja, ele é obrigado a fazer milagres, além de ser a capa de poder dos charlatões da fé."

Nisso, o senhor recém-chegado perguntou ao pescador: "O senhor é ateu?"

Ele então disse muito rapidamente: "Eu não tenho a necessidade de ser ateu, nem de ser religioso, nem de ser um pescador, nem seu amigo, nem de saber absolutamente qualquer coisa. Eu estou tentando aprender alguma coisa, e todos os dias aqui na beira deste rio, eu chego à conclusão de que o que eu sei se derrete diante da imensidão do abismo que eu não vejo, mas que provavelmente me vê. Eu preciso responder mais?"

"Não!", disse o ancião que escutava atentamente.
O pescador continuou: "Por que tornar a filosofia uma serva? Tudo que serve para alguma coisa, tornou-se servo, vassalagem. É impossível torná-la uma serva, defini-la como uma servente seria "apartá-la" da sua originalidade, da sua essência."

O velho pescador pediu licença ao seu companheiro de cachimbo, dizendo que costumava frequentar aquele lugar procurando entender todas essas coisas que ele havia abordado, mas que não havia conseguido entender, e que para isso costumava pescar e fumar seu cachimbo como forma de estar ali, sem ser visto pelas demais pessoas como alguém inútil.

Os dois se despediram e marcaram de talvez estarem ali no dia seguinte. O ancião que partiu não é mais o mesmo ancião que chegou naquele vilarejo.

Pedro Alexandre.

Inserida por pedro_de_alexandre

⁠o amor que me fez mudar de altura

não foi súbito.
ele não chegou me virando do avesso.
foi um desvio pequeno, quase distração.
e, quando percebi,
meus pés já não tocavam mais
o mesmo chão.

era amor.
mas não desses que pedem manual.
era amor
como uma outra densidade do ar.
como se respirar perto dele fosse
um idioma secreto entre pulmões
que não mentem.

antes dele, eu vivia no nível do necessário.
sabia pagar contas emocionais,
fazer pactos de sobrevivência,
entregar o corpo
com a alma em modo avião.

mas ele…
me leu como quem abre um livro
com as mãos limpas.
sem pressa.
sem medo de encontrar
o que não entende.

ele não me prometeu nada.
mas me entregava presença
como quem escreve no escuro
e ainda assim acerta a grafia
do meu nome.

com ele, os rituais mudaram.
não era mais sobre manter.
era sobre descobrir
como o toque pode ser pausa
e o silêncio, construção.

então, deixei o básico.
não por orgulho,
mas porque ele me lembrou
que aceitar pouco
é uma forma lenta de se retirar da vida.

e eu queria estar inteira.

quando ele chegava,
o tempo esquecia da obrigação
de andar em linha reta.
ficávamos ali:
não fazendo planos,
mas modificando o que o mundo
parecia ser.

em vez de “estamos juntos?”,
era “o que estamos inventando hoje
pra sermos mais reais?”.

ele me fazia rir de coisas
que eu ainda não tinha perdoado.
me fazia dizer “fica”
sem precisar perder nada pra isso.

não era conto de fadas.
era conto de carne.
onde a pele reconhece antes da palavra,
e a palavra vem limpa.

com ele, aprendi a não fugir
quando tudo parecia bom.
aprendi que o conforto verdadeiro não anestesia...
expande.

com ele, o mundo parava de pedir explicação
e começava a fazer sentido
só por ser habitado a dois.

ele não era meu lar.
mas me ensinou a morar em mim
sem medo de abrir as janelas.

e quando me perguntam se foi amor,
não sei dizer.
mas sei que desde ele,
nada que me oferece o básico
consegue ficar.

Juliana Umbelino

Inserida por Umamineira