Cartas de Morte
Meu amigo Dark
Vivo eu nas trevas !
E isto mim consome
Quero ser Luz
Eu também sinto essa fome
É triste é frio é tenso
Acho que já é tarde
É foda e eu sei
E as vezes mim sinto um covarde
Eu não sinto medo
E quase sempre não sinto nada
Eu sei de tudo isso
E mesmo assim não sei de nada
Eu vejo a luz no fim do túnel
Eu vejo 1001 possibilidades
Eu vejo ela tão próxima
Que quase já não vejo nada
Eu vejo a vida se esvair pelos dedos
E o tempo corromper a carne
Sim ! O tempo ele mim parece mais covarde
Quando eu fui já não mais era
E quando era eu nem fui
Eu não sei se eu venho mais
Mais um dia todo mundo vai
Eu não tenho medo
Também não tenha
Daime a tua mão e partiremos juntos
Lá eu não sei
Mais nada é pior que o mundo
Nada , nada é melhor que o mundo
É isso é o pior
Exatamente !
Eu vivo nas trevas
Aqui é frio triste e tenso
Eu não tenho medo disso
Sou privilegiado porque eu penso
Eu vejo a luz no fim do túnel
E corro contra o tempo
Corro Contra o vento e o que vinher
Não posso perder isso
Eu preciso ver
Nem que eu morra cego
Até que eu morra cedo
Mais não posso morrer de cede
Eu não sou um covarde
Você que entendeu errado
Eu não tenho medo
E sempre estou do lado
E aí está o meu único medo
Que é não estar
Eu passo frio fome
Fico sego e morro seco
Mais se eu chegar do outro lado
E não tiver nada
Nem um sarcasmo tipo
Aqui é Lugar nem um
O simples vazio de não existir
E o pior terror que eu não vivi
E pior que um Diabo que também morreu seco
Ou um paraíso que não tem sexo
É eu não sou um covarde
O tempo é que é
Tudo passa e o tempo leva
Coitado dele que veve com a culpa
Vai morrer sozinho gordo e surdo
Por engolir o mundo
Quando eu for que seja sol
Eu morrerei sorrindo
Porque eu naci chorando
Você que fica festeje
Não mim deixa só
Não mim deixe ir
Mim guarde aí com vc
Não tenha dó
Lembre-se do que é bom
Queime o edredom
Mais guarde o nosso som
Viva os nossos sonhos
Venda os nossos votos
Veja os nossos filhos
Leia aquele livro
Lembrece de mim
Mim guarda no seu peito
Enquanto isso existir
Serei eu eternamente vivo !
Flores mortas
Deixa chover, deixa molhar; lavar ; regar; destruir; purificar...
O mundo ensina e o mundo gira.
As engrenagens da vida e o abraço do tempo sufocam a humanidade.
Mas sempre foi assim...
Artificiais são essas flores que não envelhecem ? Cárceres da resplandecente natureza mãe somos nós, feitos de carne e osso...
A substância da vida é a renovação pela morte. É isso que trás purificação ?
Flores mortas se esquivam dessa brisa com sensação de renovação.
Flores artificiais.
Maldito leviano
Não há o que se possa fazer,
Já selou-se a vontade do mar.
Persiste ainda a esperança, porém.
Afogada jaz a pura criança,
As lágrimas marinhas enchem os pulmões da pequena.
Incompetente e leviano o pai,
Deixou se afogar sua criança.
Onde está o teu cuidado?
Jaz sem vida, tua vida.
Terás tuas boas lembranças,
Mas quem lembrará bem de ti?
Aquele que causa dor sofre,
Com sua dor e com a dor por si causada, sofre.
Eis aí tua maldição,
Viverás sem tua vida.
Sede da alma
Mergulho no absoluto do ser
Que nada sabe, tudo aproxima
E pouco experimenta.
Um êxtase quase frenético
De se desfazer em pedaços e
juntar O que se supõe ser o correto.
Amargura, loucura, felicidade...
Em assumir que o pranto alimenta,
Que as lágrimas matam a sede da alma.,
E que viver nada mais é do que
Morrer pra si lentamente, Diariamente.
Dani Raphael
uns atravessam o inferno tocando gaita
outros se lamentam no paraíso
uns explodem fingindo que acontece nada
outros fazem belas moradas no precipício
uns fogem de si
outros abraçam seus demônios
uns se cuidam pra continuar a existir
outros dançam com a morte em meio aos escombros
muitos apaixonados
tantos de má fé
uns na contramão
outros seguem a maré
poucos perfeitos
talvez nenhum
mas muitos na busca
mesmo com nada em comum
e eu aqui
refletindo a passagem
perspectiva que obtive
observando da margem
mesmo tentando ver além do céu aberto
a vida não perdoa ninguém
caminhando em direção ao incerto
sou só mais um refém
tipo um calor gelado
um frio quente
a gente se prende
preso na mente
uma liberdade impotente
uma escravidão transcendental
fingimos que ta tudo certo
o mal deu oi, o bem deu tchau
afinal, como diferenciar?
a dor que machuca também vem ensinar
a verdade é uma ilusão
é tudo vista de um ponto a se olhar
preferimos o ponto que nos convém
melhor que ninguém, é o que dizemos
mas sempre um passo a frente do outro
a desculpa é que nós merecemos
cordeiros quando expostos
lobos no anonimato
ser humano de aparências
nunca quer ser pego no ato
a questão não é nem é essa
o ponto é a hipocrisia
julgamos o próximo
como se vivêssemos nas mil maravilhas
a vida é sofrida
é uma lapidação sem dó
muitas vezes ardida
vivendo o resto dos dias até voltar ao pó
aqui todo mundo nasce morto
temos rédeas na mente
e quem ousa viver
acaba morrendo novamente
Quando alguém que é imensamente ignorante e pobre que necessita apenas de dinheiro e que em nada contribuiu para melhoria de vida da humanidade, tampouco, de seus próximos lhe disser que você não é nada. Apenas sorria como resposta e lembre-se, que a história que você compõs e compõe na sua passagem pela vida fez a diferança na vida de pessoas e lugares, é pública e real. E que mesmo quando Deus de volta te levar ela há de perpetuar enquanto o dinheiro esvai. E que desta vida nada levamos a não ser a alma cujo corpo desgastado diariamente reveste. Contudo, não troque um amor pela busca da leviandade.
Cleuta Paixão
Morrer. O que significa essa palavra?
Acabar com o sofrimento. Como faz isso?
Eis questões que não sei responder.
Mas... Não importa.
Seguirei em frente com essa incertezas
Pois a vida é sofrer, não tem pra onde correr.
Mas não se esqueça, ela também traz sorrisos. Muitos, se você for bom. Mas um bom diferente. O bom que é você.
Então, se estresse, sofra, chore, mas acima de tudo sorria verdadeiramente. Pois um sorriso falso não enxuga nenhuma lágrima da tristeza em sua mente.
Só mais um grito
Ela grita por socorro
Para teu olhar eu corro,
Mas como não tenho,
Aos cortes recorro,
Nessa dor eu morro.
Junto dessa dor,
Sentimento esclarecedor,
Tudo que sente é tristeza
Incerteza.
A morte chegando,
Seu coração não mais palpitando.
Naquela dor, novamente calvagando.
Dores não citadas,
Poesias não pautadas,
Guardo essa dor que a mim foi dada.
Só mais um grito por socorro
Como eu disse, aos cortes recorro,
Nos braços da vida eu escorro.
O DEPOIS
Sobre a tela da vida passo o pincel, pintando o que não terei, perdendo um pouco de mim a cada pincelada;
Ninguém é preparado para morrer, mas sabemos que é loucura não esperar que um dia a pele ficara gelada;
Porque a vida se esvaia, perdemos o nosso ser e ainda como loucos temos esperança de para sempre viver;
Tentando se enganar para fugir da foice, um dia vamos ser levados e “o depois” nós logo vamos conhecer;
Quem sabe como vai ser? Eu digo que é melhor não saber, pois fugir só nos levará a uma tragédia maior;
Colhendo os frutos da vida secamos a nossa fonte, é necessário se alimentar, mas regue ela com o amor;
Então viva como se fosse se último dia, se de felicidade puder transbordar é melhor preparar o seu cálice;
Não vale a pena guardar mágoa, mesmo que não exista céu manchar seu legado com ódio só atrai a foice;
Não adianta limpar o corpo se a morte embaça a vida, Maquiando para disfarçar o horror de nosso mundo;
O Câncer real ninguém explica, a droga do ódio vícia tanto e é passada pelas gerações fadadas ao submundo;
O chão sujo de sangue é a maior prova da fragilidade humana, nos achamos maiores do que podemos ser;
Mas abrace o seu próximo como um símbolo de paz, quem plantar o amor a felicidade um dia ira colher;
A vida é mais do que um destino, construímos nossa própria história, fazemos as nossas próprias leis;
Reencarnar para corrigir nossos erros não funciona, se praticarmos o mal receberemos tempos difíceis;
Querer encontrar o sentido da vida é andar em círculos, se a vida são flores quero ela em meu jardim;
Esperando encontrar algo na caminhada, não sabemos o que é, mas queremos ficar maravilhados no fim.
SONETO EM REVERENCIA
Evocar o tempo, e nesta saudade em rudez
as lembranças são qual suspiros de tua ida
o silêncio invasor na casa após a tua partida
pra morte, igual, desfolho outonal em palidez
Fatal e transitório, a nossa viveza é vencida
pelo sopro funesto, ao sentimento a viuvez
Julho, agosto, setembro, vai-se mês a mês
ano a ano e outro ano a recordação parida
Da saudade filial, que dói numa dor doída
de renovação amarga e de vil insipidez
que renasce na gelada ausência sofrida
No continuar, o vazio, traz pra alma nudez
chorada na recordação jamais esquecida...
Neste soneto solene: - sua bênção outra vez!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
13 de julho, 2016
Cerrado goiano
morte de meu pai
Naquela madrugada, o seu silêncio escreveu saudades e com ele sua morte trazia...
Acordaste do sonho da vida, e tuas lembranças, nos acolhia.
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
ÚLTIMA VEZ (soneto)
Tal dia, marcado, será derradeiro
Sem eco, sem contenda, e paz
Tão segredado, de saber ineficaz
Que bom é se manter cavalheiro
E neste exato momento, fugaz
Que o é, no silêncio de mosteiro
Apagarás da vivência tal letreiro
E o já, egresso, não suspeitarás
Um dia, o gesto será só roteiro
Instantes do palco, por detrás
E na pena a tinta sem o tinteiro
Última vez, suspirada cor lilás
Desfeito e desnudado useiro
Nada mais terá regresso, jaz!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
"Não me digas que a tua hora chegou,
Tu tens ainda muito a viver.
Não vais já! Ninguém te chamou!
Ainda nada terminou.
Não me faças sofrer!
A vida não está acabada!
Ainda que não esteja a cem porcento
Não chegou a abalada,
Não estás na chamada.
O teu nome não vai com o vento!
O barqueiro sombrio
De ti nada vai levar.
Apesar deste grande frio,
Vive a vida com brio.
Tudo vais ultrapassar!
Cantigas leva-as o vento,
Também leva as palavras más.
Ainda haverá muito tempo
Onde irá passar este tormento.
Esperemos pelo bom que a vida traz!
Quando um dia eu desaparecer
Por entre a sombra da madrugada
É sinal que não irei saber viver
O resto da vida que tinha guardada
Se um dia tudo acabar
É porque a minha vida não faz mais sentido
Quando deixar de cantar
É porque estou perdido
Ajudai-me nesta aflição
Esta dor não era merecida
Está a parar o meu coração
Já tenho a vida mais que vivida
A minha estadia por aqui está acabada
Apesar de tudo, tenho tido muita sorte
Uma grande sorte destroçada
Já não consigo mais ser forte
Quando eu morrer
Por mim vós não chorais
Todos devem saber
Que fiz tudo até já não poder mais
QUE ESTRANHA NATUREZA
Estranha natureza esta a tua
Que me roubas os sonhos
Que banhas a minha alma em sangue
Tirando-me a luz, fazendo-me gritar
Afasta-me esta dor, suplico-te
Acorda-me deste sonho maldito
Donde estremeço, vislumbra-me de mim
Fazem-me voar para além do vazio
Nas tuas mãos, encontro o xaile do caminho
Onde a vontade abraça o meu lado selvagem
Estranha natureza esta, que persegue-me
Enlouquece-me e rouba-me os sonhos
Banha-se no meu sangue e arranca a minha alma
♔
Lança da morte, punhal ferido de espinhos numa flor
Sem medo, sem temor, amor que abraça-me
Que foge comigo, devassa-me os sentidos
Entranha-se na pele, como um grito colorido
Voz rouca de um eco que acompanha-me
Esquizofrênicos sentidos de lembranças
Feitos de vozes, gritos, gemidos, suspiros
Que iluminam de esperança as lágrimas caídas
De uma quimera fora do tempo esquecido,
Vivido de dor, fogo interno neste inverno antigo
♔
Neste mundo existem mulheres amadas
Violadas na mente, violentadas na alma,
Castradas no corpo, sem voz, sem liberdade
Acorrentadas em dor, cansadas, tristes
Desesperadas, mal amadas, laços atados, em nós de ferro
Mãos geladas e frias, feitas num mundo cruel.!
Condor
Quero eclipsar a minha existência
E quero-o já... não é um pedido,
É uma ordem que me anda a deixar insolente.
Quero ir para o lado de lá do teu sentido
Dar sentido à minha vida.
Quero ser uma pena na bigorna do forjador.
E que ele não perdoe das suas mãos a minha demência.
Esta sentença de estar onde não estou,
Esta injunção que me obriga a ser quem não sou,
Pois não é mais da ausência a minha dor.
O Anjo do Abismo com sua gadanha
É presença que ao meu lado se senta.
Ouço o sobrevoar silencioso do Condor
Só ele me acalma a alma.
Enquanto ele inalar o meu padecer,
Enquanto ela pairar sobre minha cabeça,
Eu sei que não estarei só.
Porque é para o lado de la
Que eu quero ir... e quero ir já!
Quero ser o litígio entre ambas as partes,
Ser acuso de não ter cumprido o compromisso,
Quero que as cabeças que me andam a atormentar
Sejam mutiladas por Excalibur.
Ordeno sair de dentro de mim.
Irei fazer escorrer meu sangue ladeira a baixo,
Trocar a minha alma pela epifania
E vou querela a toda a hora
Sem demora nem mania,
A toda a hora!...
Ordeno eu ao mais alto dos altos
Que seja agora.
Que seja neste minuto.
Troco o meu lamento
Pelo teu estatuto!
Transforma-te ó Tempo,
No mais bruto forjador,
No cavaleiro de maior talento
E ordeno a Excalibur
Acabar com este momento
Decepar esta minha dor
Onde eu só sinto sofrimento!...
Ouço o alento do bater das assas,
Vai pousar ao meu lado o Condor...
Já não lamento!...
Um tentativa em exonerar da minha imaginação, da minha alma se assim me atrevo a dizer, a dissertar aquilo que de mais profundo imagino pairar sobre muitas consciências humanas, ao se aproximar o momento de uma morte anunciada. Por mais difícil que seja de me pronunciar desta forma tenho que ser fiel àquilo que sinto e deitar cá para fora tal como sinto ao imaginar esse momento.
Apenas um segundo
Foi naquele minuto que eu soube
Que não poderia mais te amar
Foi naquele minuto que eu soube
Que ao fechar meus olhos não poderia mais sonhar
Foi naquele minuto que eu soube
Que aquele abraço seria o ultimo
E que seu sorriso de esperança
Com o tempo se dissolveria
Seria apenas uma doce lembrança
Foi naquele minuto
Que cada dia da minha vida
Veio em mente
Cada sentimento, cada sensação
Estilhaçando como um copo de vidro
Caído contra chão
Mas foi naquele segundo
Que meu olhar se chocou contra o seu
Perdida em meio aquele falso mar
Confortada em seus braços
Parei de me preocupar
Ali, mesmo que por um milésimo
Seria meu lugar
decesso...
[...] pra que sofrer com despedida
se quem parte não leva nada
e quem fica... tem a medida
do tempo, na sua jornada...
todos nós temos o preço
no feito, partida e chegada!
"A vida e um ato e a morte o recomeço"
então, que tudo seja camarada!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de março de 2020 - Cerrado goiano
Hei de por ti
Eu quero tudo .
Nao me contento com nada.
Nada que não seja junto a ti
Amante, amiga, eterna namorada.
Quero este domingo azul
E com voce ver o céu da madrugada.
Caminhar sobre a praia completamente nús
Contemplando a aurora da vida e mais nada.
E estar sobre ti num eterno deleite
Não vejo forma mais bonita de morte
De em teu belo corpo poder me perder
E novamente encontrar-te no meu tão belo norte.
Ceifar-te-ei aos poucos, (dias todos)
Para que de mim nao se vá as pressas,
Pois se de amor hei de morrer num instante
Nao ha mais nada que eu queira e resta
Quero beijos, quero abraços, teus risos
Quero sonhos, tua loucura, infinitas horas.
E derepente num domar de um sono eterno, dormir
Quero um sonho de amor que me leve.
Willas Gavronsk 16.10.19
CERTEZA DO FIM
Há dias penso.
Há noites em claro
Peno nos dias diurnos
No escuro, um descaso.
E que escuro tão medonho
Nao mais pareço a nada
Sera isso uma fase?
Talvez o pesar de um último passo?
O que isso que espantas
Se mais nada temo a viver
Eis-me aqui um fraco distante
Buscanso sem saber decerto o que.
Temo a vida à fora
Por àqueles que persistem a mim
Por ora, vivo a demora,
Mas ja me é certa a certeza do fim!
Willas Gavronsk
