Carlos Drumond de Andrade Contagem do Tempo

Eu digo: é um mau aluno, hostil e aviltador da escola, e a minha colega professora diz:—"Pois comigo,ele é ótimo"! Estimação?

Uma guia de laia,6ºano:"vamos afligir nossos pais para bater no mestre".Aí:por que você não pegou o trabalho de minha enteada?

Somos joguetes nas mãos dos deuses,se pelo menos eles nos dessem livre arbítrio,faríamos suas vontades,sentindo-nos servidos!

Eu já ia dizer que o meio educacional ficaria vazio sem mim,mas quando morre uma célula,nasce outra no lugar automaticamente.

Não posso deixar este mundo sem sentir pena dele,suja-se velozmente.Perdoe-me por ainda existir,Meu poder é desejar profundo.

A união faz a força ou a unânime tristeza, pois ainda não morri! Deus faz de mim o que bem quer: Cuida! Não pedi para nascer!

O mundo educa com anzóis, enquanto a escola com ardis,pelo menos vale a rima.O inverso também é válido! O ser Educa-se por si.

Uma promessa descumprida merece outra,sempre quem mente uma vez,terá de mentir mais para justificar o assunto ou a si mesmo.

Quem faz o natal é a gente,ele nos faz felizes,perdão é ilusão,nunca esquecemos da ofensa ou de nos esquecermos de esquecer!

Em seu ver distinto,a minha graça está nisso.Gente bela adapta-se à sua beleza,e perdura vendo o mundo com a mesma impressão!

Quando uma pessoa diz o que a outra quer ouvir, está sob qualquer tipo de tortura, importando-lhe ao menos alívio temporário

A prontidão do perdão, viabiliza a repetição do erro. Por isso, não se perdoa completamente, nem deve restaurar a confiança!

Há quem se chega a mim, sonda-me, aí prefere me resistir como os outros, para ter a aceitação da maioria: amigo dos inimigos.

Por que a perfeição também cobre as realizações erradas?O errado perfeito é verdadeiro,e a mentira é uma verdade imperfeita.

Que seria um ponto amarelo na rodovia?Dentro uma mente ociosa a viajar.Mas,a solidão é tão densa,quase não deixa a gente pensar.

Os galhos de uma árvore não se encontram diretamente, mas quando morrem as raízes, todo vigor desaparece.

O amor é um veneno que mata os que não o possuem, vivifica os invejosos.

Os que querem entrar, prendidos do lado de fora. Outros, de dentro. E o engaiolado é o dominador.

Sua companhia é uma honra, sua presença é um afago, à noite, acalenta; a distância, uma tormenta.

Quando estou prestes a cair,
ouço a sua voz que me guia,
tento alcançá-la, distante,
esvaece e desaparece
entre as nuvens que se vão,
em meio a escuridão,
apenas a solidão.