Carlos Drummond Sofre por Viver
E o meu telhado se mantem sustentado pelos alicerces de uma casa deserta de cores mas cheia de memórias, que escorrem pelas janelas que batem incessantemente me lembrando que ainda estou viva ainda que tudo tenha se esvaído.
Então, em meio à ausência, vou domesticando a dor, ensinando bons modos à angustia, buscando saídas de emergência pra me abrigar de mim mesma.
Lentamente, suas cinzas escrevem em minha pele...
Debaixo de feridas expostas a libertinagem do que eu julgava ser um espectro, escorre pela Iris , doendo, enfraquecendo,jorrando, feito sangue que esvai, rebentando o que vê pela frente, sem clemência, lembrando o quanto o transbordo em ódio pela minha casa vazia, partida em pedaços espalhados, cujo o peso, o vento não consegue não leva embora, e não me faz voar pra longe de mim, onde tem tanto de você.
Sinto passos na minha estrada, pegadas que desenham um arco íris sobre um véu negro de sombras, florescendo de esperança o resto dos meus dias.
O tempo me possui e morre em meus segredos, todos os ontem, cintilando em meus amanhãs sua ecografia, colorindo minhas páginas em branco, expurgando minhas dores, deixando seu rastro que me enche de vida, então eu me lembro de quem sou, do que sei e aprendi, e sinto que o mundo me pertence, porque nem sempre tudo dá errado...
... Bate asas Fênix, em meio ao temporal você sobreviveu.
Mas, entre dores e desejos deixou o gosto da sua vida escorrendo indecentemente, e eu continuo sentindo a loucura do meu mundo despencar. Nem parece que você se foi, quando fecho os olhos e vejo o teto desabar na fome que ainda alimenta minha necessidade de te pertencer pra me sentir viva.
E as pessoas não entendem como o seu nome permanece nos meus sonhos perdidos na minha solidão e farejam a compreensão dessa insanidade, tão definidas pelo meu instinto que entre as súplicas pelo total esquecimento se perdem nas lembranças que me viram do avesso.
Eu não me reinventei, e escondida em becos sem saídas, vivo em busca de uma passagem secreta onde eu não precise me dividir entre o que eu gostaria que fosse, e a realidade que dorme diante dos meus olhos esquecidos por você.
E a sua presença se arrasta em mim modificada pelas feridas que assombram a minha pele debaixo de escombros e de um sopro de vida a espreita do teu mundo, porque você ficou esquecido em mim, á espera que um terremoto te vomite pra fora das minhas terras, como se fosses um elo partido da minha vida guardado dentro de uma caixa, desejando que o sangue que escorre das minhas gavetas seja estancado e pare de doer.
É assim que permaneço, caminhando às cegas pelas ruas escuras de um caminho sem fim, querendo ser resgatada do fantasma das minhas lembranças.
Lembranças que brotam em minhas sementes e gritam no silencio da minha dor, me rasgando as carnes e no temporal dos meus olhos não delimitam minha tristeza misturada em saudades, e eu continuo parindo suas sobras, amaldiçoando seu excesso que me transborda me certificando de que ainda estou viva entre o vazio dos ruídos do meu mundo e das suas palavras que não param de gritar dentro de mim.
E você se vê em partes, devoradas em sonhos sem equilíbrio da sua vida consumida pelas necessidades do mundo.
Partes que, entre as curvas da sua história perfeita, te mostram o quanto você está longe de si, querendo se encontrar na própria confusão, procurando não acreditar que seja real pra que tudo simplesmente pare e você retorne pro seu fim do mundo, de braços abertos, apenas no que restou de você...
... Um dia eu me reencontro, sem anjos ou demônios.
E ele disse:
- Pode voltar por teu canto...
... E então eu o espero, num desespero incontido, em que mergulhas teus disfarces de não caber em mim.
Então dispo minhas vergonhas e suplico minha redenção em tua fúria que quebrou meus silêncios, me deixando apenas o eco da sua vida vestindo meus desejos,a espera que me junte os pedaços, fixe residência na minha casa vazia, transborde nas minhas gavetas e restaure o meu chão.
Porque há um fogo dentro de cada cicatriz plena dos anos em que me pusestes teus sumos, e ainda que tua língua esteja longe das feridas, a minha respiração anseia a felicidade de naufragar em teu corpo.
Porque não importa quantos anos eu morra, o silencio do desespero do meu ventre, sem parcimônia, me rasga as paredes da carne, aflorando o colorido deixado por tuas unhas, impregnado até a íris das minhas pupilas, que se dilatam com a leitura do seu nome.
E ainda que eu esteja exaurida, o tempo te reinventa num transbordamento implícito, que flagra meu desejo separando minhas pernas e a minha saliva à procura das frestas da sua boca, que jogou fora minha âncora se apossando do meu porto.
Plantou sorrisos, cultivou companheirismo, regou amizade e colheu alegria, então a bonita flor, nasceu amor.
Um velho monge se deparou na beira de um lago, quando em meditação, com um jovem guerreiro que se desgarrara de seu pelotão.
Olhar vidrado, roupas em desalinho, movimentos bruscos e ansiosos. Bebia água sofregamente.
Enquanto enxugava o suor da fronte com a manga da tosca indumentária, se deu conta da presença discreta do velho monge.
Olhou desconfiado para os lados e caminhou em sua direção, com a expressão crispada e raivosa de quem acabara de sair de uma batalha ferrenha.
- Olha ai velho que estás ai parado, inutilmente, a beira do lago. O que tens para comer? Tenho fome e pressa.
O monge, acostumado à sobriedade e a vida comedida, vendo aquele guerreiro afoito, com a mão direita no sabre, se aproximando, disse:
- Porque a pressa, meu jovem? Sente-se e descanse. Sacie a sede com calma, e prometo lhe arranjar o que comer.
- Não tenho sua sorte, velho. Tempo é o que me falta. Tenho que voltar para a batalha. Matar nossos inimigos.
Respondeu o monge:
- Alguns minutos a mais não farão diferença para seu propósito. Após o repouso você estará com a força redobrada e a cabeça mais lúcida para a batalha.
- Como você é ingênuo, velho. Não posso parar. Se derem por minha falta no campo de batalha posso ser condenado por deserção.
- Não vejo aqui nenhum inimigo a te acossar e nenhum comandante para te cobrar empenho.
- Não vê, mas eles estão por aí, em toda parte. Não me dão sossego, Não me deixam descansar.
O Monge fez ao jovem guerreiro uma proposta:
- Sente-se ao meu lado e medite comigo. Prometo-te que depois, te levo até meu templo e te dou toda a comida que puder carregar.
Diante da proposta o jovem guerreiro cedeu e sentou-se ao lado do monge, que o foi conduzindo em sua meditação.
Depois de um tempo o guerreiro, exausto, adormeceu. O velho monge ficou ao seu lado o tempo todo, e passadas algumas horas o guerreiro acordou, espreguiçou e ainda sonolento disse que não dormia a muitas e muitas noites.
Lembrou-se que precisava voltar para a batalha, ao que o monge respondeu:
- Não precisa mais. A batalha se foi. Ela estava apenas na sua cabeça.
Só então o guerreiro se deu conta que estivera aquele tempo todo prisioneiro de sua batalha pessoal. Há anos que a paz já se instalara no Reino. Ele estivera então perseguido apenas pelas sombras do passado. Acordava finalmente, dos seus pesadelos para o sonho da vida real.
Muitos dizem que sou louca, que sou feliz. Não num sentido bom, de elogio, mas num sentido de crítica. Também, quem elogiaria alguém o chamando de louco? Quer saber? Pouco me importo por essas palavras, jogo- as ao vento, pouco me importa o que pensam, pouco me importa se dou risadas quando quero, se digo coisas sem sentido, se grito sem saber. E são essas suas críticas, meu amigo, que me fazem existir. Sabe, eu gosto de ser assim. Agradeço a Deus todos os dias por me fazer rir, mesmo que em momentos de puro desespero. Aqueles momentos no qual me da uma vontade tão grande de fugir, que fujo. Vou pra muito longe, muitas vezes não sei nem onde estou. Pego uma pequena mala, ponho minha máquina fotográfica, uma muda de roupas e fotos de recordação. Pego os meus amuletos e dou partida. Entro no primeiro trem que passar, e lá vou eu, tirando minhas fotos, admirando as paisagens, as pessoas, os lugares. O novo! Que legal, o novo!! Como gosto dele, como ele me faz bem. Eu não tenho medo do novo, cara ! Eu vou em busca dele. E minha viagem é maravilhosa, vou pensando, dormindo, até encontrar uma resposta ou não encontrar e estar ali apenas por viajar. E na maioria das vezes é assim, sem qualquer resposta. Às vezes até angustiante, mas com certo prazer. Quando volto, depois de uma longa viagem, me sinto leve e aquela agonia toda passa. Sinto-me renovada, pronta pra outros problemas, novos amores, novas aventuras, tudo novo! Assim vou levando a minha vida, na incerteza do que virá, do que sou. Na alegria de ser surpreendida. Como gosto disso, a surpresa me da ânimo pra vida. E é assim, entre vírgulas e pontos que faço a minha história, com viagens loucas, cada uma com a sua devida melodia. Comprando passagens sem saber o destino, sem saber quando volto e se volto.
Não nasci sabendo tudo
Sou aprendiz do mundo
O tempo passa e vejo que não sei nada
Não sou nada
Mas aprendi a sonhar
Aprendi a cantar
Aprendi a escutar
Aprendi a sorrir
E quanto mais dou sorrisos
Mais escuto,
Mais canto,
Mais sonho!
E é assim que aprendo a viver.
Com uma aquarela,
Pintando meu carrossel colorido
Vivendo um conto de fadas,
Uma fábula sem fim.
Converso com as flores
Pássaros me contam segredos
Vou girando o mundo
Desvendando culturas e mistérios
Saio por aí, sem rumo e sem critério
Minha vida é assim,
A música fala por mim.
Chega um momento em que mesmo sendo sociável, conversando com todas as pessoas, sem qualquer tipo de intriga ou afins, eu me encontro sozinha. Estão todos conversando. Baladas, namoros, viagens, faculdade, provas, eu, ele, ela, ele. São tantas palavras, sons, que não escuto mais nada. Está tudo mudo. E eu nesse vazio que parece não ter fim.
Quem são os que se importam comigo? Quem irá me telefonar? Quem já chorou por mim? Quem sorri quando estou perto? Quem me quer bem? Quem quer longe? Quem me quer como amiga? Quem é esta pessoa ao meu lado? Quem... Quem! Quem?
Nesse universo de perguntas, não há uma que sei responder. E por quê? Porque sou apenas um alguém entre estas milhares de pessoas com talentos múltiplos.
Eu só sei cantar, sorrir, gritar, escrever e me divertir neste mundo só meu. Que muitas vezes nem eu o entendo. Mas sei o quanto a felicidade é boa e me faz bem. As portas estão eternamente abertas para quem quiser dar uma volta no meu mundo. Mesmo que por muitas vezes eu quebre a cara, como já quebrei. Mesmo que me façam de relógio. Mesmo que por curiosidade. Mesmo que perdidos.
Não me importo para o que forem dizer, ou para o que dizem. Eu só busco a paz e a felicidade. Eu sei que tentei, e continuarei tentando. Seja bem-vindo!
Amanhã é dia de dádiva. Data de gratidão. Meu aniversário, 24 de março. Porque aniversários são dádivas. Logo, de gratitude.
É momento em que um novo ciclo nos é dado de presente, somando-se a todos os outros. Em que abrimos nossos cadernos em branco e os preenchemos com o poderoso livre-arbítrio.
É quando abrimos as asas e respiramos sentindo o poder do Sol, e da Força Divina nos tocando e dando aquele empurrãozinho camarada para continuarmos voando, mesmo quando chegamos à beira dos abismos. E assim como na mitologia da Fênix, ressurgimos plenos de vida e com pulmões repletos do ar azul mais puro, da mesma cor do céu que a gente constrói para nós mesmos.
É assim que quero receber meu dia, minha dádiva. E que seja assim também para quem ainda vai aniversariar.
É momento de tantas mudanças, tantas novas decisões, tantos novos caminhos a desbravar. Que em todos eles haja flores; muitas delas: coloridas e as que eu mesmo irei pintar: lírios, jasmins, rosas, begônias, orquídeas. Pássaros e libélulas voando sobre todas, porque compõem cenas de onirismo e poesia. E claro, que haja sempre essa poesia, necessária para que doemos o melhor de nós para os outros e que colhamos apenas o melhor do outro para dentro de nós. E se essas flores ao longo do caminho tiverem espinhos, não faz mal. É parte da natureza delas. Não as culpo. À minha, cabe colhê-las, jogar os espinhos fora, cuidar do meu cerne espiritual caso me fira e me refazer feliz, forte, pleno de amor, vida, respeito e liberdade. Porque é assim que o Deus em que acredito me ensina dia após dia. E como espero devolver no dia da Graça e em todos os dias que for escrevendo e guardando-os carinhosamente na Biblioteca de minha vida. (Início de outono solar, chuvoso e com brisas fortes como meus sonhos, em Buenos Aires de 2018)
Coloque sua mochila nas costas e dentro dela somente aquilo que realmente te importa: seus sonhos, melodias, poesias, coragens para desbravar o desconhecido, enfrentar o temido; a ausência de culpa, a capacidade de não julgar, o esforço para perdoar, a certeza de amar e a vontade férrea de transformar e deixar o mundo melhor do que quando o encontrou. Para essa bagagem não há excessos, limites. Apenas carregue-a e siga adiante! À sua frente um mundo pedindo socorro, uma estrada gigante. Vamos? (Victor Bhering Drummond)
•
••
•••
Eu quero um gol de meia-bicicleta de Reinaldo para tatuar na pele da lua e tomar o lugar de São Jorge com seu cavalo, para que os namorados e os ex-namorados, os amantes e os ex-amantes, de todas as idades, digam uns aos outros, apontando para a lua:
- Olhe só o que pode um homem, mesmo quando está caído
A vida é um sopro, um instante fugaz entre o nascer e o partir. Amar é estar verdadeiramente vivo, sentir o coração pulsar no compasso das emoções, permitir-se viver cada segundo como se fosse o único. Sentir o arrepio do inesperado, a melancolia das despedidas, a euforia das conquistas, tudo com a intensidade que a existência merece.
O passado já se dissolveu no tempo, o futuro ainda é um mistério. O agora, este exato momento, é o único presente real. Deguste a vida como quem saboreia um prato único, com todos os seus temperos, nuances e surpresas. Como dizia uma grande poetisa e amiga, a vida é para ser sentida em sua plenitude.
Ame seus pais, honre sua presença enquanto ainda caminham ao seu lado, pois o tempo não avisa quando decidirá levá-los. E com seus filhos, seja mais do que uma figura de autoridade; seja um mestre paciente, um guia que ensina pelo exemplo, compreendendo que eles estão aprendendo a arte de viver.
Use seu corpo como bem entender, pois ele é a morada da sua alma. Mas acima de tudo, seja leal a si mesmo. Não traia seus próprios valores, não se perca tentando agradar o mundo. Viva com autenticidade, pois a maior dádiva da existência é ser quem você realmente é.
Victor Drummond
O Brasil produz riqueza, mas seu povo passa fome.
Venho estudando, calado, há anos os mercados comerciais, observando para onde escorre o dinheiro deste país. O Brasil tem um PIB de R$ 10,9 trilhões, é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas seu povo passa fome: 70 milhões enfrentam insegurança alimentar, enquanto 9% da população não sabe se terá o que comer amanhã. O salário mínimo de R$ 1.412 não cobre nem o básico, só a cesta básica em Belo Horizonte custa R$ 820.
Enquanto isso, políticos seguem acumulando fortunas, sustentados por um Estado corrupto que suga os impostos do trabalhador. Em 2023, mais de R$ 200 bilhões foram desviados, enquanto brasileiros dormem nas ruas. Só em BH, já são quase 10 mil pessoas sem-teto, parte dos 281 mil espalhados pelo país um aumento de 38% desde 2019.
Caminho pelo centro de Belo Horizonte e vejo a miséria se tornar paisagem. O tráfico domina, o abandono é visível, e a desigualdade cresce. Mas os governantes não olham para isso, estão ocupados garantindo seus privilégios. O povo sobrevive no “jeitinho” porque o sistema só funciona para os poderosos.
O que posso fazer? Pergunto a Deus. A resposta é sempre a mesma: “Amai ao próximo como a ti mesmo. Tenha humanidade. Ensine aqueles que puder, pois muitos não sabem o que fazem, apenas tentam sobreviver.”
Se isso te incomoda, compartilhe. Se não, siga fingindo que não vê.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp