Carlos Drummond Sofre por Viver
POETA PEREGRINO
Desce e sobe montes e vales,
Atravessa os mares e os rios
A seco, nos calores dos frios
Imune a todos os males.
Come pão das pedras na fome
Do horror dos tempos tardios,
Presentes futuros vazios
Sem dó sequer do seu nome.
Espetro negro, terço de reza
Nas estradas de um destino
Que os deuses, em pequenino
Lhe traçaram com dureza.
Deixem-no ir na correnteza
Das tempestades da vida,
Um poeta peregrino
Mesmo todo pequenino,
É gigante na pureza.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-10-2022)
VALHA-ME DEUS
Valha-me Deus, ó Cristo!
Se o és junto com o Pai Eterno,
Livra-me deste queimoso inferno
Em que me meteram malquisto.
Se és o Senhor da Verdade
Vida, Luz que ilumina,
Tira-me este peso de cima,
Esta brasa que em mim arde.
Duas pernas de escultura
Abertas em ângulo profundo,
Perdição dos homens do mundo
Adão e Eva na loucura.
Valha-me Deus!
Deus Cristo, me valha
Nesta oração tão canalha,
Triste súplica dos plebeus.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 25-10-2022)
NÃO QUEIRAM
Ó corjas, fazedoras de monstros alados,
Não vos aturarei por mais que queira.
Que prazer tenho em ser queimado na fogueira
Das vossas achas de prazeres fisgados?
Cansei-me. É a hora de vos dizer, safados:
Que vos anima à tarefa vil, abjeta
De tudo fazer para calar um poeta
Que canta sozinho na noite dos brados?
Enchei-vos de lama, gentes do cretino,
Tapai vossa vergonha com sarapilheiras,
Escondei a fronha no fétido das lixeiras,
Mas não queiram matar o poeta menino.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-10-2022)
O pouco que escrevo, são experiências de vida prática.
Prefiro-o, a extensas teorias amorfas que não passam do papel.
Preocupa-me o Tribunal Superior Eleitoral se ocupar mais em dar atenção aos candidatos e políticos do que ao seu real objeto de trabalho: o ELEITOR. Ou então que deixe de ser → Eleitoral e passe a ser → Candidatal.
TRISTEZA INFINITA
Que triste este sol
Hoje, neste outono.
Vede como chora
Agora,
O vento cerol
Colado a mim como dono.
Que triste é ser tão tristonho,
Como árvore que dá flor
Sem amor,
No outono,
Fadada a não medrar.
Que angústia vai neste olhar
Nesta sempre tristeza minha,
Infinita,
Que mesmo amordaçada grita
Pela liberdade de amar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 28-10-2022)
INDIFERENTE OU TALVEZ SEMPRE TRISTE
A tristeza inventa sabores de doçura
E se o triste diz isso a alguém contente
Sempre de frente ou com ar diferente
O outro lhe responde ser loucura.
Tão triste é ser triste já sem cura
Aos olhos malignos de satânica gente
Que nunca sentiu e jamais sente
A alegria de ser triste com ternura.
Tantas vezes sonhei ser sorridente
Cantar e dançar nos palcos do mundo
No rir só por rir tão indiferente.
Arrependi-me logo em tom profundo
Do alegre de ser dessa obscura gente
Prefiro ser triste que alegre ser imundo.
É mais fácil amputarem-me as pernas que cortarem a raiz do meu pensamento e calarem a razão de eu ser assim.
Jamais alguém me matará por escárnio ou indiferença.
A presa, tem armas mais poderosas que o caçador e no final vence a verdade.
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