Textos sobre cansaço para demonstrar sua exaustão

Há um grande cansaço na alma do meu coração. Entristece-me quem eu nunca fui, e não sei que espécie de saudades é a lembrança que tenho dele. Caí entre as esperanças e as certezas, com os poentes todos.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego. Coimbra: Presença, 1990.

Meus amigos, vamos brindar o cansaço! Este é o prêmio pra vitória do boêmio, que bebeu de bar em bar o seu fracasso.

A admiração é sempre um cansaço para a espécie humana.

Todos têm um limite, e eu me sinto tão cansada e exausta mentalmente que me preocupo se o meu já não acabou.

Ana,
acende teu cigarro
traga teu cansaço.

Sou como uma alma que vaga no cansaço de conviver com criaturas de corpos construídos e cabeças destruídas.

E um dia se atreveu
A olhar pro alto
Tinha um céu mas não era azul
No cansaço de tentar quis desistir
Se é coragem eu não sei

Tenta achar que não é assim tão mal
Exercita a paciência
Guarda os pulsos pro final
Saída de emergência

E um dia decidiu, quis terminar
Só mais um gole e duas linhas horizontais
Sem a menor pressa
Calculadamente
Depois do erro a redenção

Tenta achar que não é assim tão mal
Exercita a paciência
Guarda os pulsos pro final
Saída de emergência

⁠Vá, veja o mundo
A neve caindo, caindo
De cansaço

Se você me diz que resiste, eu aceito o desafio. Vou te provocar até morrer, de cansaço ou de tesão. Torço para que seja a segunda opção.

Entre o cansaço e a reinvenção


Há momentos em que tudo parece parar.
O corpo não reage, a mente pesa, e o coração se cala.
Mas antes desse vazio, vieram os dias de luta,
os de sobrecarga, de resistência, de pura tentativa.


Vieram os tempos em que foi preciso sobreviver —
reinventar-se, aprender o que nunca se imaginou,
buscar um novo rumo, mesmo quando o chão faltava.
E, sem perceber, fomos adoecendo.
Talvez não de febre, mas de esgotamento.
De tentar ser fortes o tempo todo.


A vida é isso: um constante sobreviver.
É cair, e mesmo sem forças, tentar levantar.
É seguir com os pedaços que sobraram,
e fazer deles uma nova forma de ser.


Eu tenho vivido assim: lutando,
mesmo quando o cansaço me visita.
Porque entre o desgaste e a esperança,
ainda há um fio de fé que me faz continuar.
E no meio do caos, eu me reinvento —
vez após vez,
vida após vida,
em mim mesma.


Mas, às vezes, sinto falta da mulher que fui.
Daquela que sonhava sem medo,
que acreditava no novo, que se lançava inteira.
Sinto falta da energia que me fazia criar,
das madrugadas acesas por ideias,
das vontades que me moviam.


Quem sabe seja tempo de voltar —
não à dor, não ao peso,
mas ao fogo que me acendia por dentro.
De reencontrar em mim o brilho da busca,
a alegria do recomeço,
a coragem de tentar outra vez.


Talvez esse seja o meu novo recomeço:
reavivar o que um dia me fez viva.


Mas por hoje, por agora,
apenas revisito essa eu do passado
em uma galeria lotada de momentos,
de construção, de vivências, de trabalho,
de luta, de sonhos —
imagens arquivadas, jamais vistas,
que hoje revisito pouco a pouco
e sinto falta,
mas não me encontro lá.

O pior cansaço é o mental. A dimensão de seus problemas é sua cabeça que calcula.

Carta aberta: o cansaço que ninguém quer ver

Não é drama.
Não é falta de fé.
Não é preguiça.
É exaustão.
Física, mental, emocional. Uma falência silenciosa do corpo e da alma.

Tenho tentado.
Fui a médicos, psicólogos, psiquiatras, fiz exames, busquei respostas.
E ainda assim, nada muda.
Parece que estou me apagando aos poucos, como uma luz que vai perdendo força, mesmo quando alguém gira o interruptor com força.

É uma junção de tudo: depressão, ansiedade, burnout, hormônios em desordem, imunidade baixa, cansaço crônico.
Um corpo que pede socorro, e uma mente que já não tem mais fôlego pra gritar.
Às vezes, levantar da cama é uma guerra.
Tomar banho parece escalar uma montanha.
Comer, responder mensagens, existir… tudo dói.
E o pior é sentir que ninguém entende.

Vivemos em um mundo doente, onde todo mundo diz “cuide-se”, mas ninguém tem tempo pra escutar.
Os profissionais tentam, mas o sistema é frio, impessoal, repetitivo.
E a gente segue colecionando diagnósticos, receitas, e o mesmo vazio.

Escrever isso talvez seja o pouco de vida que ainda me resta.
Talvez alguém leia e se reconheça — e perceba que não está sozinho.
Talvez isso sirva pra lembrar que há uma linha muito tênue entre estar vivo e apenas continuar existindo.

Eu não sei o que vem depois.
Só sei que estou cansada.
E que, se eu ainda falo, é porque algo em mim insiste em não se calar completamente.
Mas eu queria, de verdade, só descansar — de tudo isso, de mim, do peso que é sentir demais.

Vou caminhando sem caminho
Em cada passo vou levando meu cansaço.
O que me espera uma terra, um desencontro
A cidade, a claridade.
E essa estrada não tem volta
Lá se solta o fim do mundo
Um fim incerto que me assusta
Longe ou perto se prepara
Ninguém pára para pensar
Para olhar a dor que chora a morte
De um valente lutador.
Quem foi já não sou.

Elis Regina

Nota: Trecho da letra da múscia "Um Novo Caminho", composição de Artur Verocal/Geraldo Flach

No auge do meu cansaço e desânimo, vejo o quanto Deus me ama. Não desiste de mim.

Sim, não foi fácil, cai e perdi, mas também venci. Venci o sono e o cansaço, venci o medo e a desilusão, venci a frustração e as criticas, venci a mim mesmo. Já pensei em desistir, mas continuei. Já pensei em abandonar, mas fiquei. Já cansei, mas continuei. Perder também é uma vitória. Por isso, nunca julgue alguém pelo brilho das medalhas, pelas cicatrizes da vitória, pela estante de troféus, pois você não faz ideia quantas vezes ele já perdeu para conseguir vencer.

Essa sou eu! Esse sorriso que você vê no meu rosto é felicidade, é cansaço, é esperança, é tristeza, é amor e é virtude de quem hoje quer saber viver.
Já cometi erros imperdoáveis. Mas agora aprendi a perdoar um por um aqueles que me magoaram.
Tenho tristezas que parecem nunca vão passar. Mas sou tão feliz, tão feliz e tão agradecida a Deus...
Tenho amigos que amo demais e às vezes me sinto triste por achar que não tenho amigos... sou duas.... mas só uma só!
Se você pensa em me magoar, por favor, me deixe...
Porque eu sou forte! Aprendi a ser. Talvez eu te pague com um beijo! Deus me ensinou que a gente não paga na mesma moeda.
A gente deve dar aos outros muito mais do que eles esperam da gente e esperar deles apenas o dia de agora.
Sou vaidosa... sou generosa! Se a gente quer conhecer uma pessoa, a gente deve dar poder a ela! Por isso não se espante se você me der o mundo e eu ficar apenas com um metro quadrado.
Sou sincera... sei a diferença do sim e do não. Mas sou obediente... se você não quiser a minha presença, vou me retirar mesmo quando morrer de vontade de ficar do seu lado.
Amo muito, amo demais... amo tudo e com muita facilidade... porque amo os defeitos como se fossem pedras a serem lapidadas e não rochas inquebrantáveis.
Escrevo muito bem e sou muito fervorosa... sou sangue. Não falo nada que não sinto e sou muito honesta... até comigo mesma.
Sou pobre material, sou rica espiritualmente. Eu sou EU.
Já tive momentos difíceis, mas nada mais como aquele onde me senti infeliz. Porque a felicidade é joia rara e nunca deve ser comprada, nunca deve ser trocada, porque a felicidade é a joia rara que cristaliza e se funde e nasce dentro do eu de cada gente!
Eu sou eu, prepare-se para ser você!

Desistência não vem por cansaço de tanto lutar, mas vem de ganhar tantas lutas e não ser reconhecido.

DESABAFO

Quero da vida
A brisa suave
Que me acalente
O cansaço
De viver ao relento.
Trago minh’alma cansada
De uma longa jornada,
Trago cicatrizes profundas
De uma vida errante
Que outrora vivi.
Estou cansado
Da truculência da vida,
De pessoas que, sem ter consciência,
Glorificam a violência,
Depois choram as conseqüências.
Quero viver
Em outras paragens
Onde seja normal
Viver sem o mal,
Onde não se tenha
De sofrer tanta dor
Em nome do amor.
Quero fugir desta selva
De lobos famintos
Em devorar sentimentos,
De pessoas vazias
Que dia após dia
Vivem sua real hipocrisia
Como se fosse simples fantasia.

O melhor antídoto que conheço para a preocupação é o trabalho. A melhor cura para o cansaço é o desafio de ajudar alguém que está ainda mais cansado. Uma das grandes ironias da vida é esta: aquele que serve quase sempre beneficia mais do que aquele que é servido.