Calor
Verão
Nos raios de calor do verão
O filtro solar tronou-se fator
O aquecimento global apreensão
E o tempo um mero espectador
Se o Sol tornou-se em demasia
O vento um bravo na destruição
As tempestades vilãs num só dia
O homem artesão desta mutação
Mas és ti Astro Rei, eterno douto
Genitor do afável abrigo o souto
Mestre da natureza o nosso couto
E em ti debruça toda nossa vida
Por nós temos que render a partida
Da ruina, pois tu és a nossa ermida.
(Salve o Verão! E sua alegria seja bem vinda).
A SOMBRA DUM PEQUIZEIRO
Fugi da sequidão
do mormaço, do calor grosseiro
busquei, na beira do ricão
a sombra de um pequizeiro
O fumo no céu embaçado
ar poeirado, era paragem
e na imensidão do cerrado
o horizonte, uma miragem...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
A RUA
Não era itinerário nem outra nova direção
Suspiros! Calor no cerrado. Lembrança
Aqui havia uma rua, casa em demolição
O tempo era maior. A nostalgia uma lança
Tantos são os mortos na minha indagação
O tempo roendo a recordação, em dança!
E nas casas, impregnada de tenra poesia
A saudade, e não mais havia vizinhança
Tudo em ruína, mais nada dizia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado mineiro
No vasto deserto da existência, caminho sob o calor da realidade, onde cada pensamento é um grão de areia. Às vezes, uma brisa traz uma miragem de alegria, um oásis de esperança, mas logo desaparece, deixando a dura verdade do deserto. Em vulnerabilidade, alguns se confortam com minha dor, enquanto outros, que desejam minha melhora, me empurram de volta ao desespero. Contudo, a solidão não apaga a chama da resiliência. Cada passo e lágrima são conquistas, e na luta contra o deserto, sei que não estou sozinho.
O tempo é como uma brisa que abranda o calor do verão. E a vaidade é passageira como tendência de estação.
Em tempo de pandemia...
Ainda que se tenha extraviado o toque, o calor do abraço ao longo do isolamento. Ausências e solidão. Mantenhamos a fé no espírito Natalino. Dias melhores virão...
Compartilhe o olhar e a palavra virtual...
Feliz Natal e um Novo Ano sadio.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
dezembro de 2020
QUE INSÔNIA ...
Como faz calor neste quarto agora
O bafo quente transpira na vidraça
A saudade toando de hora em hora
E com a insônia um vinho na taça
De cochilo em cochilo, vai a fora
Que demora, o alvor na sua graça!
na estagnação, a melancolia sonora
O vagar na cadência, que não passa
Derreado... o relógio me velando
Eu pro sono pedindo, até quando?
Vem a vigília no animo e me enlaça
Ah! como faz calor no momento!
Cinco horas, ativo o pensamento
Ouço ruido na rua, o ouvido caça... ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/02/2021, 4’55” – Triângulo Mineiro
UMA SOLIDÃO
Solidão! Escrava eterna da agonia
Abafante como o calor escaldante
É impaciência de agrura constante
Um lamento em uma vazia utopia
Tens o jeito de irritar em demasia
E se fazer dum pranto sussurrante
Uma falta, a sensação dilacerante
Silêncio sem qualquer harmonia
Tudo vão, dá-nos a dor dolorosa
Dum gozo de uma tortura furiosa
Que das entranhas do ermo mana
E, tão cheia de repleta memória
Do acaso uma árdua palmatória
No modo de se achar soberana...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 janeiro, 2022, 16’37” – Araguari, MG
INTENSO (soneto)
Tens, no abraço, o calor que não é engano
Do amor: tão aceso no desejo, tal a pureza
Que a minha razão permanece na certeza
Do feitiço, da quimera e do anseio humano
E, nos encantos da sensação, a total viveza
Tristeza?... não. Pois, o querer é soberano
E na alma é permanente, e de chama acesa
Tão brando no verso: em cadência e beleza!
És afago e carinho, sob os olhos: um abrigo!
Amigo!... Intenso!... em acordes na emoção
Tão dos sonhos, que parece um amor antigo
E, te digo: - igual não há no trôpego coração!
Se distante e na saudade, um severo castigo
Flor amorosa, que perfuma e aderna a paixão.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08/01/2020, 05’09” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Como aquele que suscita a chama e o calor em gravetos frios e passa a noite aquecido mesmo que ao relento, o sábio é aquele que aquece corações desanimados suscitanto-lhes o reconhecimento da própria luz.
Na brisa suave sinto o calor do teu olhar quente.
Na maré e na maresia descubro o meu sonho
e minha fantasia.
Vejo cores, lembro amores, sinto saudade.
Vejo minha vida como filme passando em preto e branco
sem emoção, sem noção, sem rumo.
Sei que vou, só num sei pra onde nem onde.
O caminho é incerto, deserto, sem cor.
Mas tenho certeza que no meio do caminho descobrirei
onde chegar.
Seguirei seus passos, seus traços,seu andar !
Me visto de desejo, me cubro de vontades, me entrego em fantasias para sentir teu calor, teu sabor...me faço qualquer coisa para te sentir no ar !
Minha poesia tem a cor de avelã
Tem a beleza do nascer do sol
Tem o calor dos apaixonados
A loucura dos amantes,
Tem sabor de maçã
Tem desejo de quero mais
Tem chuva no sertão
Passeio a beira mar
Tem o querer de sorrisos
O desejo de cantar
Penumbra de um quarto
Flores, vinho e jantar
Tem teus olhos de sobremesa
Teu olhar de sedução
Tem tu no meu peito
Tem amor no coração.
Arvoredos, folhas, flores e versos são complementos de mim. Juntos, no frio e no calor de nós distantes me faço frases, me descrevo, me componho... tento me descobrir por entres linhas, em meio a ruas desertas. Trago um gole de saudade, tomo um copo de vinho e sinto-me rodopiar e tropeçar nos teus braços. Sou entrega sem mistérios, sou verdades em meio a mares de mentiras...não traio, não guardo momentos secretos, segredos de nós, porque o destino foi traiçoeiro !
Devaneios de uma mulher.
Um cheiro, um afago: coisas que sonho e quero. Calor que sinto, ondas de frios me invadem, estradas de sonhos percorrem minhas veias, pulsam do lado esquerdo, parte que te escondo. Um cafuné para acalmar meus medos, um abraço para acariciar minha alma; devaneios de uma mulher !
Tenho pânico de olhar em teus olhos: é uma síndrome que me causa tonturas, calafrios, ondas de calor..arrepios. Cabeça gira, pernas ficam bambas, formigam...braços, adormecem...peito doe, coração bate a mil.