Bolero de Ravel Carlos Dummond de Andrade

O escritor original, enquanto não morre é sempre escandaloso.

O silêncio é um campo
plantado de verdades
que aos poucos se fazem palavras.

Quando o ateísmo quiser mártires, que o diga, o meu sangue está pronto.

A inimizade pode ser tão cordial quanto a amizade.

Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele.

Olho a noite pela
vidraça. Um beijo, que passa
acende uma estrela.

Não são as pessoas que são responsáveis pelo falhanço do casamento, é a própria instituição que é pervertida desde a origem.

A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.

A falsa modéstia é o último requinte da vaidade.

O homem sério é perigoso, pode transformar-se em tirano.

A morte é de fato o fim, no entanto não é a finalidade da vida.

Nas grandes crises, o coração parte-se ou endurece.

O escravo constrói o seu orgulho em função do ardor do patrão.

Não podendo regularizar os outros, regularizo-me a mim mesmo.

A força sem inteligência é como o movimento sem direção.

A vantagem do amor sobre a libertinagem é a multiplicação dos prazeres.

Quando se ama, a fidelidade nada custa.

Uma máxima admirável: nunca mais falar das coisas depois de elas já estarem feitas.

Um amante revela a qualquer mulher tudo quanto o marido lhe oculta.

Se fosse possível somente deslizar para os braços da mulher e no entanto não cair nas suas mãos.