Bobagens
" Falar bobagem... Quem não fala?! Mas confessemos que as bobagens de gente inteligente são sempre mais úteis..."
"Estou com vinte e sete anos, tendo feito uma porção de bobagens, sem saber positivamente nada; ignorando se tenho qualidades naturais, escrevendo em explosões; sem dinheiro, sem família, carregado de dificuldades e responsabilidades. Mas de tudo isso, o que mais me amola é sentir que não sou inteligente. Mulato, desorganizado, incompreensível e incompreendido, era a única coisa que me encheria de satisfação, ser inteligente, muito e muito! A humanidade vive da inteligência, pela inteligência e para a inteligência, e eu, inteligente, entraria por força na humanidade, isto é, na grande humanidade de que quero fazer parte."
CARTA AO BOM VELHINHO
Confesso, eu fui uma péssima garota esse ano. Fiz um monte de bobagens imperdoáveis.
Julguei os que mendigavam nos sinais, só dispondo moedas àqueles que não tinham cheiro adocicado de álcool (ou não pareciam entorpecidos). Comi uns chocolates na madrugada sem que ninguém soubesse: a TPM era mais forte do que eu. Desculpei-me dizendo que não estava passando bem, mas na verdade o compromisso é que era mesmo muito chato. Gritei palavrões cabeludos perto da minha filha quando o pneu do carro entrou em buracos (e, falando nisso, acho que também ultrapassei a velocidade máxima permitida algumas vezes). Viajei para lugares paradisíacos no meio de reuniões enfadonhas. Perdi a paciência e a sanidade com gente lerda e preguiçosa. Bebi menos água do que devia, e outras vezes tive que encerrar uma conversa pela metade pois não aguentava mais segurar o xixi. Fiz caretas e até distanciei o equipamento do ouvido enquanto conversava com idiotas ou tagarelas ao telefone. Dormi bem menos do que devia, e fui bem mais exigente comigo mesma do que era preciso. Menti a idade um bom par de vezes. Julguei injustamente pneuzinhos, covardia, fraqueza, fracasso, desemprego e ignorância alheia como desleixo. Deixei de dizer alguns “nãos” na hora certa. Fiquei um pouco mais de tempo que eu queria dedilhando o smartphone. Por vezes esqueci de anotar certas coisas importantes... E acabei me esquecendo de vez. E, mais um ano termina, e eu não consegui aniquilar a vaidade, o orgulho e fundamentar o exercício do desapego.
Mas, nem tudo são só espinhos. Em contrapartida, experimentei lugares e sabores novos. Tive um pouco mais de paciência com as pessoas que convivo. Fiz novos e excelentes amigos. Sorri o quanto pude, e dentro das minhas limitações, tentei não perder a compostura. Calei quando percebi que só devia escutar. Aprendi, enfim, a sair de conversas improdutivas, principalmente das que se falavam mal de um ausente. Evitei entrar em brigas e debates presenciais e em rede e encontrei sabedoria em fontes alternativas. Assisti às séries que eu bem quis. Vi filmes e li livros que todo mundo rechaça, só pelo prazer de ter a minha própria opinião. Voltei a ouvir lindas músicas esquecidas, e me permiti sentir profundas saudades de quem já se foi. Importei muito menos com a opinião dos outros, e acabei saindo sábados pela manhã sentindo-me linda, apesar de um vestidinho roto e “maquiada” somente com óculos escuros. Fui em todas as festas, comemorações, jantares e festejos que pude, e perdi o controle com a bebida uma única vez. Tentei não sofrer tanto com a insônia, ocupando aquelas horas inertes com algo que me pudesse fazer feliz. Consumi muito menos alimentos industrializados e melhorei sobremaneira a minha consciência alimentar. Sorvi de camarote cada um dos 365 dias da minha filha. Troquei meus travesseiros por outros bem mais macios. Pintei a casa de outra cor. Comecei a chorar por sensibilidade, e acho que esse foi um dos grandes trunfos desse ano.
Não sei ao certo se nesse balanço da vida eu mereça algum presente. Não precisa ser complacente se eu não fizer jus. Mas se algo eu puder pedir, quero saúde para ver a minha filha crescer. Quero disposição para trabalhar por mais tantos anos. Quero mais sabedoria para todos os enfrentamentos durante essa caminhada pedregulhosa. Quero senso crítico cada vez mais apurado para que as minhas “lentes” não embacem diante desse fumacê insistente que os jornais mostram. Quero forças para fugir das tentações (como, por exemplo, um taco generoso de um bolo prestígio). Renove a minha vontade de realizar cada um dos meus sonhos, e preciso de serenidade quando a realização deles delongar um pouco mais pelo envolvimento de terceiros. Por fim, quero lucidez suficiente para não caminhar com a boiada.
E, “para não dizer que não falei das flores”, uma rebarbinha do Prêmio da Mega Sena da Virada não seria nada mau também, hein?
Quanta vida perdida com bobagens!
Quanto tempo desperdiçado com coisas pequenas.
Criamos regras sem exceções,impomos limites rígidos e descobrimos quão bobos somos!
A vida é grandiosa demais pra oferecermos tamanha pequeneza a ela.
Desperdiçamos momentos felizes colocando no lugar rancor, orgulho e medo de se sentir bobo ou fraco. E acreditamos nessa babozeira toda. Ludicamente acreditamos nos proteger do sofrimento que só nós mesmo criamos. Mas tudo é tão mais simples. E daí se formos bobos em algum momento? E daí se demonstrarmos fraqueza em certas horas? Isso só nos torna humanos e como ser humano somos complexos. Somos cheios de erros e acertos. Mas como seres imperfeitos e ao mesmo tempo contraditoriamente perfeito carregamos dentro de nós tão grandiosos sentimentos como amor, perdão, esperança e a dor chamada saudade. Perder tempo com sentimentos pequenos como orgulho e medo não nos cabe mais, pois é hora de despertar e se fazer gigante!''
O ser humano é o único "animal" que dedica a sua atenção exclusivamente a bobagens, coisas que não agregam em absolutamente nada na sua vida e muito menos na vida alheia.
Sinto tanto a tua falta
Desejos de dizer gracejos e bobagens,
sabendo que mecho com seu libido
de menino de mar,
bandido.
Sinto falta de brincar de amar contigo!
... Mas também sinto a brisa no rosto,
E por sentir a brisa no rosto fecho os olhos
e invoco tudo de bom que me deste.
E me deste muita coisa bonita para eu lembrar meu amor.
Muito...
Por isso rabisco mais um verso!
Pessoas embriagadas não falam somente bobagens, elas só dizem o que realmente sentem e que está guardado dentro delas.
A ousadia e a oportunidade de um pregador sábio está na hora em que o pecador fala bobagens à sua frente.
Toda tristeza é mesquinha e deixa de ditar suas bobagens em nós quando estamos ocupados com o entusiasmo e pensando em transformação (Nelson Locatelli, escritor)
"A história dele te inspira e te faz querer mudar a sua, deixar todas aquelas bobagens de lado e viver intensamente como se nada importasse. Então, você fecha os olhos e imagina que tudo pode acontecer."
Podem ser bobagens, mas são minhas...
E o meu grau de amor próprio, me obriga a respeitar todas as minhas bobagens.
