Taiana Coelho
Me disseram que para te ganhar 
Eu precisava fingir não te querer 
Relutei 
Não sabia fingir 
Nunca soube me esconder 
Me disseram que você só gostava do que não podia ter 
Então eu me rendi 
E tentei te convencer 
Naquela manhã eu não te dei bom dia 
Naquela noite não perguntei como você estava 
Fui fingindo que te esquecera 
Pra ver se eu mesma acreditava 
Assim no outro dia nem lembrei de perguntar por você 
Fui me habituando à sua ausência 
Me acostumando a te esquecer 
Você percebeu que me perderia 
Mas já era tarde pra me persuadir 
Fingi tanto que não te queria 
Que hoje não preciso mais fingir 
Taiana Coelho(pág. Sobre ventos e versos)
Deixa, meu bem 
Nunca é cedo 
Para nascer um grande amor 
Veja bem 
Esse é o segredo 
Não importa o tempo que for 
Qualquer momento 
Pode ser exato 
Qualquer amor pode ser perfeito 
Basta que seja amor 
Deixa, meu bem
O amor é mesmo pura poesia 
Nasce assim de uma palavra doce 
Morre de repente em uma noite fria
Sou interesseira!
Interesso-me por almas, corações abertos, vidas bem vindas!
Gosto de Coisas Mais Caras:
Caráter e sinceridade!
A primeira vez que te bebi 
Saciei a minha sede
Embriaguei-me de ti
Minha primeira ressaca de amor 
Então quis tomar outro porre 
Para esquecer o teu rosto
Mas nada tinha o mesmo gosto 
O teu inconfundível sabor 
Quis provar outros lábios 
Para olvidar-me dos teus 
Procurei em outros olhos sábios 
A cura pro teu adeus 
Mas não importa o que fizesse 
Nada me curou desse porre 
E assim descobri que de amor se adoece 
Mas não se morre!
Tenho sede 
De águas infinitas 
De poços profundos!
Tenho vontades 
Escancaradas 
Poesias exageradas 
Fome de mundo!
E tenho medos 
Extravagantes como as vontades 
E bobos como meus desejos 
E uma coragem que às vezes me toma 
E me tira dessa redoma 
E me atira aos meus ensejos!
Tenho ânsia de vida 
Em cada chegada, um ponto de partida 
Sem nunca parar de seguir...
E braços que teimam em abraçar o mundo 
E mergulham sempre mais fundo 
Para enfim reemergir!
As vezes é o barulho da chuva
E a mente inquieta 
As vezes é a água turva 
E o vento entrando pela alma aberta 
As vezes é o passado que assombra 
Ou o futuro que assusta 
É a caneta que escreve 
É a mão que ilustra 
É o ruído da vida. 
As vezes é só o silêncio 
Da cabeça cheia
E da casa vazia
É o pensamento que conturba
E tudo que perturba 
Sem querer se torna poesia
Às vezes me dá uma saudade
Não sei bem de onde
Não sei bem por que 
E o pensamento viaja longe
E me pego distante
Pensando não sei bem em que 
A verdade é que nessas madrugadas 
Eu não sei bem mais nada
Nem mesmo sei o que deveria saber 
E nesse momento introverso 
Vai nascendo sem querer um verso 
E eu só sei que preciso escrever
Passei por aquele lugar 
que ninguém mais conhece
E me lembrei de você 
Como aquele filme que ninguém mais viu 
E aquele livro 
Que ninguém mais lê 
Lembrei do seu jeito inconfundível
E como me fazia bem 
Lembrei de tudo que é tão seu 
E que ninguém mais tem 
Aquelas frases tão suas
Tão nossas 
Que costumavas dizer
Tudo que não me lembra ninguém 
Por incomum e raro 
Me lembra você!
É o verso que invade
A madrugada insone 
É o amor que me traz saudade 
O poema que grita teu nome! 
É a tristeza que canta 
É a dor que se cala 
É a porta que bate 
E o coração que dispara! 
Assim é a madrugada fria 
Dia a após dia 
O amor se desfaz 
E os dias se vão 
Mas meu coração 
Não olha pra trás!
Tem gente que teme e não deve 
Tem gente que deve e não teme 
A questão é que a justiça 
É uma linha muito tênue 
Preste atenção, é um fato: 
A corda sempre arrebenta 
Não do lado mais justo
Mas do lado mais fraco!
Te faço versos
Como quem pede para ser lida 
Te canto musicas 
Implorando pra ser ouvida 
Mas não tens olhos 
Nem ouvidos pra mim 
E me falas de coisas amenas 
Como quem recita poemas
(Aos meus ouvidos é assim)
E eu te peço que fales mais 
Dos assuntos mais banais 
Enquanto admiro, silenciosa
Tua voz suave e rouca
Querendo fazer poesia com a tua boca 
Mas ela? 
Ah ela só quer prosa!
São lindos teus olhos 
E como enxergam o mundo 
Veem tudo tão belo 
Que no fundo 
Tenho certeza enfim 
Que vês mais belo tudo que amas
E que dos teus olhos é que emana
Essa beleza  
Que vês em mim!
Eles querem máquina
Eu sou música 
Eles querem números 
Eu sou letra 
Querem o destino 
Eu quero o caminho 
Eles querem represa 
Eu sou água corrente 
Eles querem os frutos
Eu quero a semente 
Eles querem inverno
Eu sou todo verão 
O que querem mais de mim 
Se o máximo que sou, enfim 
Não chegará aonde eles querem 
Nunca será o que eles são?
Você me disse que não sabia amar 
Nem podia ser amado 
Me perguntou o que era o amor 
Com os olhos marejados!
E eu, repleta deste sentimento
Sem conseguir lhe explicar 
Mal sabia que o amor era aquele momento 
Que eu mal podia expressar. 
Mas sempre que te via 
Ficava claro: 
Cada vez que você sorria
Seu sorriso era tão raro!
Você olhava pra mim 
Sem conseguir ir embora 
E eu te dizia adeus
Mas era da boca pra fora! 
Eu sei, você sempre volta
Você sabe, eu sempre insisto 
Nesse sentimento que não me cabe 
Se você ainda não sabe 
Amor é isto!
Tracejo teu rosto 
Na folha branca 
Dando forma ao teus lábios 
Apago, refaço
Mas não consigo ser fiel ao teu traço 
O desenho nunca te faz jus 
Procuro desenhar teus olhos 
Impossível reproduzir sua luz 
Desenho teu sorriso 
Mas a paz que ele me passa 
Impossível retratar 
Desenho teu corpo, indesenhável
Ah eu não sei mesmo desenhar!
Então pego a caneta 
E te observo com calma 
E em forma de poema 
Me atrevo a desenhar tua alma!
Eu não caio mais nesse papo de "no fundo é uma boa pessoa". Ninguém ta tentando descobrir petróleo em você para cavar até o Pré-Sal. Tem que ser bom é no raso mesmo. Na beirinha, onde a gente molha os pés. No fundo a gente deixa a maldade, o egoísmo, a falta de compaixão. O que é bom a gente deve deixar emergir!
