Prof. YHULDS BUENO
Presente como oportunidade: O agora é o único momento que realmente temos; é nele que construímos o futuro e honramos o passado.
Mudanças constantes: Assim como as estações, nossas vidas estão em constante transformação; resistir a isso é negar a essência da existência.
Várias vidas em uma: Em uma única existência, vivemos múltiplas versões de nós mesmos, cada uma refletindo Futuro como esperança: O futuro nos convida a sonhar, acreditar e construir, mesmo que não possamos controlar todos os seus caminhos.
Aproveite os momentos no presente, não se prenda ao passado, pois no futuro seremos apenas memórias no esquecimento.
Pesquisar é viajar no tempo, por meio dos registros historiográficos que permitem estudar os acontecimentos de outros épocas presente nas palavras escritas e entalhadas, fixadas na memória do tempo.
Às margens da Laguna Porã.
Duas cidades, dois corações,
Unidas por histórias e tradições.
Ponta Porã e Pedro Juan,
Fronteira viva, terra irmã.
Laguna Porã, espelho d’água,
Guarda segredos, murmura a mágoa.
Lendas antigas, contos de fé,
Que os nativos contam, crê quem quiser.
Vieram de longe, de todo lugar,
Os que sonharam em aqui ficar.
Ergueram casas, abriram caminhos,
Tecendo o tempo com seus destinos.
No mercado, cheiros e vozes dançam,
Mistura de línguas, ritmos que avançam.
Tereré partilhado, sotaques cruzados,
Laços que nunca serão quebrados.
Aqui se vive, aqui se sonha,
Sob o sol ardente que nos acompanha.
Duas cidades, mas um só chão,
Que pulsa forte no coração.
Ponta Porã, Fronteira de lutas e glórias.
À beira do verde que desenha a história,
Ponta Porã surge, imponente, na glória.
Palco de lutas, conflitos e guerra,
Mas nunca perdeu o brilho da terra.
Visitada por príncipes, líderes da nação,
Seu solo guardando passos de tradição.
Bravos tropeiros cruzando estradas,
Comércio pulsante, vidas marcadas.
Terra do tereré, fresca calmaria,
Da erva-mate que em roda se aprecia.
Mistura de povos, culturas e voz,
Ponta Porã vive, pulsa por nós.
Aqui, a memória jamais se apaga,
Nos contos do vento, a história se alarga.
Seus filhos valentes, de peito erguido,
Mantêm viva a alma, o passado vivido.
Uma terra que luta, que nunca se rende,
Onde o presente ao passado se estende.
Ponta Porã, que o tempo não leva,
Teu nome gravado em alma e em pedra.
No ecoar do tempo ergue-se a fronteira, a Princesinha dos ervais, cheia de histórias as memórias de seus ancestrais.
Onde bravos pioneiros depois de lutas e sacrifícios fincaram bandeira.
No pós-guerra, sem medo, sem freio,
Exploraram riquezas neste vasto rincão
Na terra bendita, erva-mate brotava,
E o aroma da madeira a selva perfumava.
Rios e riachos cortavam o chão,
Cercados por campos, por vida, por emoção.
Dois povos, uma história entrelaçada,
Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, cidades irmãs de jornada.
Laguna Porã refletindo no seu espelho d'água seu laço,
Um portal do tempo, um eterno abraço.
Aqui nesta fronteira se misturam culturas e raças,
O chimarrão aquece, o tereré refresca.
Polca, vanera, vanerão a ecoar,
O churrasco na brasa a todos juntar.
Acolhedora, vibrante, sem divisão,
Recebe o mundo com alma e paixão.
Brasileiros e paraguaios, filhos do chão,
Na fronteira, um só coração.
Erva-mate folhas que falam.
Entre campos de verde intenso, onde o vento sussurra histórias, nasceu um elo entre caminhos, tecendo fronteiras, moldando memórias.
Raízes fundas sob a terra, folhas que falam sem voz, erva-mate, irmã do tempo, guardiã de um povo feroz tribo guarani guerreiros herdeiros desta terra.
Ponta Porã, portal sem muros, sangue misto na mesma estrada, misturam-se línguas e gestos, no mate quente, na cuia gelada.
O tereré, frescor da manhã, Refresca o corpo e o pensamento, enquanto o chimarrão, atento, aquece os laços no firmamento.
Dividiu-se a terra, mudou-se o nome, mas nunca a alma do lugar, cada gole é um pacto antigo, de quem nasceu pra aqui ficar.
No ciclo eterno da bebida, Entre rodas, mãos e tradição, mate é símbolo, mate é vida, é a essência da região fronteiriça.
O frio e a paisagem.
Entre névoas e neblinas que dançam no frio, e um vento que conta segredos ao léu, há um pedaço do mundo perdido, um sul europeu sob o céu fronteiriço.
Ponta Porã e Pedro Juan, irmãs, separadas apenas por linha imaginária e discreta, misturam-se línguas, misturam-se danças, e as vozes do tempo ecoam inquietas.
Vieram tropeiros, vieram guerreiros, os guaranis, os espanhóis distantes, os portugueses bandeirantes, gaúchos e correntinos sonharam, nesta terra de vida vibrante.
O mate aquece, o tereré refresca, bebida que cruza as eras e laços, um ritual sem começo ou fim, que une estradas, povos que cresceram entre os ervais da região.
O frio borda a paisagem em prata, mistura emblemática sob o verde dos campos e matas a névoa esconde o que o tempo deixou, lamentos perdidos no vento antigo, memórias que a alma soprou.
Mas há calor nos rostos, nas mãos, na fronteira que nunca se encerra, onde o passado caminha presente, escrito nos traços desta terra.
A Lenda dos Ipês das Três Cores. O mito antigo das tribos da fronteira de Ponta Porã.
Há muitas eras, quando os deuses ainda caminhavam entre os homens e os ventos sussurravam segredos às árvores, três tribos habitavam as colinas e vales da região onde hoje repousa Ponta Porã.
Cada tribo era protegida por um ipê: o Ipê Roxo dos guerreiros do Crepúsculo, o Ipê Amarelo dos filhos do Sol e o Ipê Branco — ainda não nascido — destinado aos que trariam a paz.
Os guerreiros do Ipê Roxo, liderados por Karay, eram conhecidos por sua bravura e lealdade. Os filhos do Ipê Amarelo, comandados por Yandira, eram sábios e espirituais, filhos da luz e da terra.
Apesar da proximidade, as tribos viviam em eterna rivalidade, separadas por ódios antigos e sangues derramados.
Mas o destino brinca com os corações. Em meio à tensão das fronteiras, Karay, o filho do chefe roxo, e Yandira, a filha da líder amarela, encontraram-se à beira de um rio sagrado, onde as folhas dos ipês flutuavam como bençãos. E ali, entre flores e silêncios, nasceu um amor proibido.
Eles se encontraram às escondidas, entre raízes ancestrais dos ipês, sob a luz das estrelas. Planejavam unir as tribos, sonhavam com um futuro de paz.
Mas o destino, moldado por inveja e medo, trouxe traição: Torai, um guerreiro ambicioso da tribo roxa, descobriu o segredo e, sedento por guerra e poder, revelou aos anciões.
A batalha foi inevitável. Tribo contra tribo, sangue contra sangue. Karay lutou não por território, mas por amor e por uma nova era.
Quando Yandira caiu ferida pelos próprios irmãos, Karay lançou um grito que calou os ventos. Ele a levou ao coração da floresta sagrada, onde ipês não floresciam havia séculos.
Lá, ele deitou seu corpo ao lado dela, selando sua dor com lágrimas de coragem. No amanhecer, quando o sol tocou o solo, do chão onde o amor morreu e a honra viveu, nasceu uma nova árvore — branca como a luz pura, com flores que carregavam a essência dos dois.
O Ipê Branco.
As tribos silenciaram diante do milagre. As armas foram abaixadas. Os anciões, comovidos, declararam o fim das guerras. E todos passaram a honrar o Ipê Branco como símbolo de redenção, coragem, sacrifício e paz.
Dizem que, até hoje, quando os três ipês florescem juntos — o roxo, o amarelo e o branco — é sinal de que o amor e a honra ainda podem vencer a guerra e a vingança.
E assim vive a lenda dos Ipês das Três Cores, contada à sombra das árvores que viram nascer heróis e deuses.
A memória é o alicerce invisível de uma comunidade; quem a esquece, constrói o futuro em terreno instável.
O Sopro da Vida
A vida é esse mistério que chega sem manual, sem pré-aviso, num sopro de luz e choro. Começamos pequenos, frágeis, envoltos em braços que nos protegem de um mundo ainda incompreensível. E, antes que percebamos, o tempo já está nos puxando pela mão.
Na juventude, acreditamos que somos eternos. Corremos como se o mundo fosse um campo aberto, como se o amanhã estivesse garantido e a velhice fosse apenas uma lenda contada pelos mais velhos. Os dias são longos, os sonhos altos, e a esperança mora no peito como uma chama que nunca se apaga.
Mas a vida... ah, a vida gosta de ensinar. E ensina com ternura e dureza, com encontros e perdas, com silêncios e risos. A vida adulta chega sem cerimônia, com boletos, compromissos, decisões e uma saudade estranha de algo que nem sempre sabemos nomear. Talvez da liberdade de não saber. Talvez do tempo em que tudo parecia possível.
E o tempo, esse velho artista, vai pintando rugas no rosto e memórias na alma. A velhice não chega de repente ela se insinua nos detalhes: no cansaço depois de uma caminhada, na dificuldade em lembrar onde guardamos as chaves, na paz de ver os netos correndo e, ao mesmo tempo, na dor de tantas despedidas.
O que é a vida, senão um fio invisível que liga cada momento ao outro? Um bordado de risos, lágrimas, descobertas, erros e perdões. A esperança? Está em cada recomeço, em cada manhã que nos convida a tentar mais uma vez, mesmo sem garantias.
A verdade da vida talvez seja essa: ela passa. Rápida, intensa, às vezes cruel, mas sempre cheia de beleza para quem sabe olhar. As lembranças estas são o que ficam quando o presente já virou passado. São os tesouros que carregamos quando o futuro se torna breve.
No fim, a vida é isso: um sopro. Mas um sopro que, mesmo breve, pode acender fogueiras inteiras no coração dos outros.
**Ponta Porã, Princesinha dos Ervais**
*por Yhulds Bueno*
Na linha sutil de um mapa sem muro,
Onde o Brasil e o Paraguai se dão as mãos,
Nasce Ponta Porã, em abraço maduro,
Terra de ervais, de cheiros e canções.
Princesinha cercada de verde e neblina,
Com a alma gelada do vento europeu,
Nos dias frios, o céu se inclina
E acaricia o mate que alguém aqueceu.
Aqui, o tereré canta em roda de amigos,
Fronteira sem porteira, só coração,
Mistura de línguas, de risos antigos,
De lendas que cruzam o chão do sertão.
Brasileiros e paraguaios se encontram,
Sem barreiras, sem pressa, sem porquê,
As histórias se fundem, os olhos se contam,
E a cultura floresce onde a paz quer viver.
Ó cidade das neblinas e do chimarrão,
Dos mitos que dançam no campo molhado,
És poesia na palma da minha mão,
Ponta Porã, meu canto encantado.
Ponta Porã Linha do Tempo
Por Yhulds Giovani Pereira Bueno
Na linha tênue que separa e une o Brasil e o Paraguai, repousa Ponta Porã — ou como carinhosamente dizem por ali, *a Princesinha dos Ervais*. Uma cidade que não se contenta em estar na margem de um mapa: ela ocupa o coração de duas nações, dois idiomas, duas culturas... e muitas histórias.
É difícil caminhar por suas ruas sem perceber que o tempo se mistura como o chimarrão servido em roda de amigos: quente, forte, com traços guaranis e sotaques sul-mato-grossenses em perfeita harmonia.
O português e o espanhol se cruzam como os passos de quem atravessa a linha internacional sem perceber — porque, em Ponta Porã, fronteira é apenas um detalhe simbólico.
Ali, as feiras fervilham com o colorido dos tecidos paraguaios, a música sertaneja divide espaço com a polca e a cumbia, e os sabores revelam encontros: chipa e pão de queijo, sopa paraguaia e arroz carreteiro. Nada ali é puro — e ainda bem. A identidade ponta-poranense é mestiça, e é nessa mistura que ela se fortalece.
Histórias de colonos vindos da Europa, indígenas resistentes, paraguaios que fincaram raízes, brasileiros que abraçaram a lindeza fronteiriça. Cada um deixou um tijolo, uma receita, um costume.
O passado ali não se guarda em livros, mas nas varandas com cadeiras de fio, nas rodas de tereré sob a sombra dos ipês, nos nomes que não soam de um só lugar.
Ponta Porã é palco de somas e divisões. Soma de sonhos, divisões de saudades. Porque todo mundo ali tem alguém “do outro lado”, e isso não separa — aproxima. Mistura que não se dissolve, mas que se reinventa a cada geração.
E assim segue a Princesinha dos Ervais: de vestido bordado com ervas mate, cabelo com aroma de fronteira e um olhar que enxerga longe, para além da linha imaginária, onde a cultura não pede passaporte, só respeito e celebração.