Oscar Wilde
Descobrir exatamente o que não aconteceu nem vai acontecer é um privilégio inestimável de todo homem culto e talentoso.
Gosto mais das pessoas do que dos princípios e, mais que tudo no mundo, gosto de pessoas sem princípios.
Diz-se frequentemente que a beleza é apenas superficial. É bem possível, mas ela é, seguramente, menos superficial do que o pensamento.
O que nos parece uma provação amarga pode ser uma bênção disfarçada.
Devo dizer a mim mesmo que eu me arruinei, e que ninguém, grande ou pequeno, pode ser arruinado, exceto por sua própria mão. Estou quase pronto para dizê-lo. Estou tentando dizê-lo, ainda que, no presente momento, talvez não seja o que pensem. Essa cruel acusação eu trago sem piedade contra mim mesmo. Foi terrível o que o mundo fez para mim, mas muito mais terrível foi o que eu fiz a mim mesmo.
[...]
Diverti-me sendo um flâneur, um dândi, um homem da moda. Acerquei-me das naturezas mais baixas e das mentes mais mesquinhas. Tornei-me o dissipador do meu próprio gênio, e trouxe-me uma curiosa alegria desperdiçar uma eterna juventude. Cansado de ficar nas alturas, deliberadamente desci às profundezas, à procura de uma nova sensação. O que me era o paradoxo na esfera do pensamento tornou-se para mim a perversidade na esfera da paixão. O desejo, no fim das contas, era uma doença, ou uma loucura, ou os dois. Cresci sem prestar atenção às vidas dos outros. Sentia prazer no que me agradava, e segui em frente. Esqueci que toda pequena ação do dia comum constrói ou destrói o caráter e que, portanto, o que alguém fez na câmara secreta um dia terá que clamar do alto dos telhados. Deixei de ser senhor de mim mesmo. Deixei de ser o capitão da minha alma, e não sabia. Permiti que o prazer me dominasse. Terminei em terrível desgraça. Só me resta agora uma coisa: a humildade absoluta.
(Na obra "De Profundis")
"Piedade ele tem, é claro, pelos pobres, por aqueles que são encerrados nas prisões, pelos humildes, pelos miseráveis; mas ele tem muito mais compaixão dos ricos, dos hedonistas obstinados, daqueles que desperdiçam a sua liberdade tornando-se escravos das coisas, daqueles que usam roupas finas e vivem em casas de reis. Riquezas e prazer pareciam-lhe ser, na verdade, tragédias maiores que a pobreza ou o sofrimento. [...] No Natal consegui a posse do Novo Testamento em grego e, toda manhã, depois de limpar minha cela e polir meus metais, leio um pouco dos Evangelhos, uma dúzia de versos tomados por acaso. É uma forma agradável de começar o dia. Todo o mundo, mesmo que em uma vida turbulenta e indisciplinada, deveria fazer o mesmo."
(Sobre Jesus, na obra "Das Profundezas")
– Os jovens de hoje pensam que o dinheiro é tudo.
– (...) E, quando envelhecem, adquirem a certeza.
O homem nunca é sincero quando interpreta o seu próprio personagem. Dê a ele uma máscara e ele lhe dirá a verdade.
É melhor nunca se casar. Os homens casam-se por cansaço, as mulheres, por curiosidade, e uns e outros ficam decepcionados.
Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?
O mistério final somos nós mesmos. Quando tivermos conseguido pesar o sol na balança e medido os degraus da lua e desenhado o mapa dos sete céus, estrela por estrela, ainda restaremos nós. Quem pode calcular a órbita da própria alma?
Um homem que não pensa por si mesmo não pensa de modo algum.
A vida nunca é justa, e talvez seja bom para a maioria de nós que não seja.
Existe uma luxúria na autocensura. Quando nos culpamos, sentimos que ninguém mais tem o direito de nos culpar.
É justo julgar um homem pelo efeito que ele tem sobre seus amigos.
Sou um daqueles feitos para as exceções, não para as regras.
Os bons artistas existem apenas naquilo que fazem.
Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma.