Montaigne
Assim como nosso nascimento nos trouxe o nascimento de todas as coisas, assim nossa morte trará a morte de todas as coisas. Por isso, chorar porque daqui a cem anos não estaremos vivendo é loucura igual a chorar porque cem anos atrás não vivíamos. A morte é origem de uma outra vida.
A utilidade do viver não está na duração: está no uso que dele fizemos.
O homem deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada mais que isso. Não podemos fazer nada melhor do que sermos humanos.
A morte faz parte da nossa condição de humanos. Nós somos uma mescla de vida e morte e ambas confundem-se em nós. Aprender a viver é aprender a morrer. Quando assumimos nossa condição mortal tendemos a estimar mais a vida que temos. A morte nos faz desejar viver mais e melhor.
Para melhor nos conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos outros e nos vermos refletidos nelas, mas isso não significa que conhecemos os outros, pois todos somos claramente diferentes.
Como cada ser humano apresenta múltiplos aspectos e cada um tem suas características próprias, não é possível estabelecer regras para todos os homens.
Não podemos indicar algo que seja comum a todos, cada indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua sabedoria particular, que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo.
A existência é um problema, uma pergunta que nunca poderá ser respondida. A nossa existência é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a si própria. Cada pessoa traz em si a condição existencial de toda humanidade.
De nada adianta criarmos fantasias de que seremos algo mais elevado do que humanos que somos. Aspirarmos ser algo além de homens é inútil e pode nos causar danos morais.