Moacir LuÌs Araldi

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Bar
Na esquina tem tudo,
Danças cambaleantes
E verdades do mundo.

Tanto riso solto
Pódio para quem mostrar
Dinheiro pelos bolsos

Na esquina a festa é contínua,
O que mais tem é algazarra e
Música que nunca para.

A ilusão te põe no altar
Desculpa te decepcionar
Na esquina tem apenas um bar.

Inserida por Moapoesias

Inocência
Deixe-me calado,
Hoje estou assim:
Sinto a chuva
E me basta.

Deixe-me quieto.
Banhar-se como criança -
Nas lembranças -
Faz bem.

A inocência floresce
Nas ilusões bonitas
Que a vida matou.

A tristeza passa
Como passa o tempo.
Deixe...
O que guardamos em nós
Quando fechamos os olhos
Podemos até ver.

Sensações que
Dizem ou nada dizem,
Deixe...
Basta-me o viver.

Inserida por Moapoesias

Dia de fazer sonhos
Hoje é dia de fazer sonhos
De iluminar a estrada
De sorrir descontraído
De não se estressar com nada.

Cada um faz o seu sonho
E reúne todos ou alguns
Numa utopia incomum
Um sonha por todos
E todos sonham por um.

Inserida por Moapoesias

Olhar
Há um gosto de silêncio
No olhar que vejo em ti,
Um desejo dionisíaco
Que faz meu pensamento sorrir.

Inserida por Moapoesias

Atrás da porta
O vento tocou-me suavemente
E disse-me sem pestanejar
Sou moldável conforme convier
E me transformo em que você quiser.

Posso ser o abraço que conforta
O sorriso que ilumina o olhar
A surpresa aguardando atrás da porta
A espera desejada que veio para ficar.

Posso ser a ternura a te envolver
O entardecer de um dia de calor
Posso ser o caminho a percorrer
Ou um lindo hino de louvor.

Posso ser um sonho de amor
Não duvides de mim.
Só não me peças para ser a dor
Não foi para isso que vim

Inserida por Moapoesias

Poeta ou poesia
Em dia de sonhos sou poeta
E busco com toda energia
Quando realizo nada me afeta
Sou a própria poesia.

Inserida por Moapoesias

Penso em ti
A estrela em que te vejo
brilhará eternamente
Nada é passado
És sempre presente.

Para a ternura materna
Acendo uma vela
A chama me queima,
Viveu por mim
Morreria por ela.

Me deito em véus
De insônias estrelares
Penso em ti
Brilhas no céu,
Mas te queria aqui.

Inserida por Moapoesias

Hoje não.
Hoje não quero
Hoje é dia de não querer,
Sem contradizer minha hierarquia
Minhas ordens hoje – desconsidero.
Nem me insista: hoje não quero.

Inserida por Moapoesias

Dentro
Quem percebe já entendeu
Que dentro de mim
Habito eu.

Inserida por Moapoesias

Sou feliz
De presente a estrada matinal
- De chão batido – relva.
Selvagem selva e paraíso.
Natureza, sol, belezas.
Sigo como sou.
Me encanto
– Nó na garganta –
Sou feliz;
Não esqueço!

Inserida por Moapoesias

A música
E exatamente naquela fala
A música parou.
O silêncio foi enorme,
Por que será?
Não teve como evitar
A voz saiu parecendo um grito,
Todos se voltaram meio assustados.
O que mesmo teria falado?

Voltemos a dançar.

Inserida por Moapoesias

Hoje não
Vou apelar ao faz de contas
Hoje não quero o real
Nem vou saber se o sol aponta
Nem quem está bem ou mal.

Não quero notícias nenhuma,
O mundo vou esquecer
Superar medos guardados
Ser feliz pelo fato de viver

Hoje serei corpo sem matéria,
Sem futuro me puxando
Vou sorrir como quem vive em férias
Sonhar como quem está amando.

Inserida por Moapoesias

Poesiaria
Tristes são as poesias de rua.
Falta-lhes a básico:
Rimas
Versos
Palavras.

Me comovo...
Todas elas deveriam morar
Num livro lindo,
Confortável
De capa bem elaborada,
Aconchegante.

Contudo poucas condições literárias disponho.
Louvo cada poeta e seu esforço para adotá-las.
Tenho um sonho utópico, louco, desastrado
De construir uma poesiaria
E hospedá-las confortavelmente.

Pois a poesia sonhada
Estará sempre bem instalada.

Inserida por Moapoesias

Humildade morta
Talvez nunca chegue para ficar,
Nem nunca levante para ir embora.
Talvez a multidão escondeu
No tremor da respiração
Em que você se perdeu
E foi-se pela contramão.

Nem mais copo, nem mais corpo
Acolhendo os desejos acordados.
Não há boca esperando outra,
Apenas um movimento sem jeito
Um corpo conduzindo a roupa.

Na parede pendurado um recado
De um tempo a ser lembrado,
Um sorriso nunca esquecido
Contrastando com o hoje amarelado.

Findou assim, sem terminar
Foi tudo e sempre tudo será
Amor que ama tem vida eterna
O que morre é a humildade de amar.

Inserida por Moapoesias

Sol
Conte-me do sol prometido,
Disseste-me que ele ainda brilha,
Inquieto-me sem que o veja
A espera é castigo insano.
Venha para mim sol que tanto amo.

Inserida por Moapoesias

Sossegar
E quando anoitecer
Use o prazer
Que a noite dá
Para fazer
Uma lágrima
Sossegar.

Inserida por Moapoesias

Florir
Floriu o poema que plantei.
Flores lindas!
Perfumadas de vida.
Escuto o assovio do menino
Em seus galhos empoleirado.
Doçura de versos germinado,
Na poesia, que mesmo tardia,
Faz sombra para lhe abrigar.

Inserida por Moapoesias

Para ser lido
O livro leva o silêncio
Leva a vida
Seus personagens
Suas passagens
Leva calado
O que foi grafado
Para ser lembrado.

O livro transporta
Tudo o que se quer,
Leva saudades
Em cada linha
Uma historinha
Que alguém inventou
Ou a verdade
Que o autor contou.

O livro é fiel
Leva de tudo, mas
Fica calado
Seu conteúdo
Não é revelado
Se não for folheado.

Inserida por Moapoesias

Vãos
Pelos vãos dos seus dedos
Com maestria incontida
Passaram tantos segredos
Escapou tanto da vida.

Por eles vazaram poesias
Num galope ultra frenético
Incrédulo e imóvel você permitia
Contemplava com olhar poético.

Inserida por Moapoesias

A gente
A gente se doa em cada gesto de carinho
A gente se dá em cada flor que oferece
A gente se perde no outro quando ama
A gente renasce quando tem o que viver.

Inserida por Moapoesias

Faliu a sociedade
E a mãe perdeu o filho
E se fechou.
E outra família perdeu o pai
E se fechou.
E outros perderam outros
Humanos, honestos, bravos...

Faliu a sociedade
O crime reduziu a idade
Os valores reduziram nas cabeças
Intoxicadas.

E a mãe generosa
De coração sem limite
De bondade divina
De amor e luta
Perdeu outro filho,

E a sociedade não viu
O policial não viu
O juiz não puniu,
Mas o filho sumiu.

Coração de mãe cabe mais um,
Mas por Deus,
Há uns que não merecem ter mãe,
Há uns que não tem Deus,

Mãe nunca vai entender
Por qual motivo outro filho
Assassina um filho seu.

Inserida por Moapoesias

Cenário
É preciso encontrar ao menos um poema
Ou mesmo um simples verso sem rima,
Uma frase rabiscada na folha dobrada
Para fazer voltar na memória
O que agora é apenas história.

Na necessidade de se ir adiante
Vê-se o cenário da antiga cena
E hoje ensaia-se só.

Nesta hora tem-se a certeza
O que era um caminho
Transformou-se em estrada
De se caminhar sozinho.

Foi-se a vida
A velhice chegou.

Inserida por Moapoesias

Hoje não acordei,
Hoje passei no bosque.
Em trilhas que antes já fiz
Revi vestígios da amarelinha
Em apagados riscos de giz.

Com a chegada da noite
Me fiz anoitecer também.

Hostil
Para seguir em frente
É preciso detonar minas internas,
Cavar túneis na alma,
Fazer pontes nos sentimentos,
Abrir picadas nas muralhas da vida.

Neste ambiente hostil
Dos meus olhos nasce um rio
Dou a ele brilho sutil
Águas mornas de frio.

Inserida por Moapoesias

Que vida!
A algazarra cessou.
Apenas uma lâmpada, ao fundo,
De resto e de alma tudo sombreou.

Um menino sonhando corria sozinho
Perdido, desconecto do caminho.

De dia viu voarem passarinhos,
Mas pernoitou sem sequer ter um ninho.

Sem travesseiro,
Querendo a noite passar ligeiro
Como se fosse dela apenas um passageiro.

Sonhos reais
Horrores,
Temores...
Tremores.

Um timbre de galo .... Distante,
O dia entrante
Angústia alarmante.

Desejou plantar a poesia
Na ilusão de colher o café da manhã,
No orfanato da agonia.

Desacreditou no amor
Angustiado calou.

Sem mundo
Humano imundo.
Matou as aventuras,
Matou as canções,
Sepultou ilusões.

- Que vida meu Deus...
Que vida!

Inserida por Moapoesias