Jorge Nicodemos

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E que aqueles que amam não deixem de dizer o que sentem. E tendo dito, que sigam a partir dai, tendo o passado sendo conjugado sempre no seu tempo, ainda que por vezes ele teime em bater à porta do presente.

Inserida por JorgeNicodemos

Ás vezes a saudade bate com tanta força que diante da veemência dos estragos deixados durante a sua passagem, dificilmente alguém se atreve a definir com propriedade quem – até o presente momento - foi a sua maior vitima; se o olhar, que na incerteza de um reencontro se vê incapaz de esconder as marcas do seu descontentamento mais sincero, ou se a pele, que de tão acostumada com as tantas e tão intensas entregas sempre bordadas com fios de cumplicidade, já não sabe expressar com clareza se o que mais sente é a falta ou uma falta de sentir.

Abraços costumam ser genuinamente aceitos e compreendidos, não importa o idioma de quem materialize um sentimento. Mas quando se tem pele com alguém, estando aninhado(a) no (a)braço do outro como se logo adiante a eternidade estivesse à nossa espera, percebemos, sem equívocos, que aquele lugar foi especialmente criado para acalmar nossas dúvidas mais traidoras, bem como para acomodar nossas certezas mais doces.
Que ali, dentro daquele gesto, só há espaço para a conjugação do verbo ser. E então somos. Nós. Sós.

E naquele breve instante onde os nossos olhares se encontram preenchendo o espaço deixado pela (agora, dispensável) fala que se perdeu pelo caminho, nada mais importa tanto quanto estarmos ali, em silêncio. Ambos em unidade. Dois corações numa única batida. Ritmada. Intensa. Criteriosa. Tendo o silêncio como nosso aliado, permitindo que a nossa respiração agora se vista de trilha sonora. A nossa. E nela pegamos carona com destino à certeza mais aconchegante. Embalados pelo cheiro mais apaziguador. Guiados pelos toques mais verdadeiros.

Como é bom estarmos juntos para sermos, pura e simplesmente, nós.

Inserida por JorgeNicodemos

Segundo os dicionários, despedida significa (entre outros) dizer adeus. Dizer adeus e não um até logo, segundo o meu sentir, representa uma decisão consciente de partir sem passagem de retorno. Ir, sobretudo, em frente. Encarando a ausência de quem resolveu permanecer lá – seja onde for - e não aqui.

Mas esta ideia crua de partida nunca fez muito sentido para mim. Ainda hoje eu procuro entender o contexto da finitude. Do então é isso, acabou. Fim da linha. Au revoir!
Sempre que me coube o poder da decisão, optei por experimentar a doce incerteza de um “até mais!” - que muitas vezes chegava a demorar mais do que o esperado -, a ter que ouvir um seco e indigesto “até nunca mais!”. Ou nem isso.

Confesso que durante muito tempo eu acreditei que a pior parte em ter que lidar com uma despedida, fosse o acordar pela manhã seguinte e perceber que a casa estava vazia. Que aqueles tão habituais sons de vozes e passos haviam, enfim, emudecido. Que tudo aquilo que poderia vir a ser, conjugou-se no tempo passado antes mesmo de ter sido um presente, num presente.

Mas eu finalmente percebi que no final das contas, saber que alguém partiu para não mais voltar não representava em si a dor maior. O epicentro de todo o meu sofrimento.
O que de fato orquestrava - e com mestria – os efeitos da despedida como ato irretocável, era a sensação de que alguém se foi, sem ter, de fato, ido; que é quando a razão olha para os lados e só vê um espaço amplo, porém, oco, e então a emoção vem e diz: - Nâo. Olhe direito! As lembranças estão aqui. Todas elas. Em todo canto. Em cada parede. Em cada piscar de olhos que remete a sorriso. Em cada silêncio que entoa aquela voz reconhecível no meio de uma multidão de outras vozes. Em cada marcação de tempo que faz recordar uma mão que sempre encontrava a outra no meio de uma daquelas noites tempestuosas que inspirava a ficar junto. Unindo forças e sentimentos. Sendo e permanecendo.

Talvez um dia eu amadureça o suficiente para compreender essas coisas acabáveis. Ou talvez continue acreditando que em algum momento acontecerá um reencontro e então o adeus, por fim, se redimirá.

Inserida por JorgeNicodemos

Com o tempo eu fui percebendo que amar é reconhecer a necessidade de dar abrigo seguro para aquilo que, de tão intenso e grandioso, já não cabe mais em mim. E que ao entregar a melhor e a pior parte de quem sou, me resta a esperança de que lá - onde e caso sejam recebidas - as partes que me compõem possam simplesmente ser acolhidas em segurança.

Porque amo, me cabe a missão de fazer de quem sou, o melhor porto-seguro para quem me tem amor. Por ser amado, me torno responsável por aquilo que me foi entregue em confiança. Porque nos amamos, estabelecemos assim que estando você em mim, e eu em ti, teremos, por fim, as ferramentas necessárias que nos manterão vivos, ainda que fora do corpo que abriga nossas almas.

Amar e ser amado é como a relação entre a planta e seu jardineiro.

O ser amado (jardineiro) traz consigo os conhecimentos de que para o amor obter longevidade, será preciso vincular ás suas raízes, características próprias do seu oficio, como confiança, segurança e proteção, para que ela (relação) se desenvolva em comunhão com seu zelo.

Por outro lado, quem ama, guarda consigo a essência (semente) de tudo o que lhe é concreto, e do que poderá vir a ser quando for plantada e assim possa receber os cuidados especiais para que este amor floresça forte e sadio.

"O maior favor que se pode fazer a uma semente, é enterrá-la."

Inserida por JorgeNicodemos

Ao andar de mãos dadas, você não somente transmite a mensagem de que não está sozinho(a), como ainda envia, sutilmente, fragmentos do seu estado de espírito. É como se ao ser observados andando juntinhos, entrelaçados pelos dedos (e almas), os olhos alheios percebessem que ali não vão duas pessoas, mas sim o resultado da união deles. Seria como uma transformação instantânea de "ele e ela", para "eles".
E isso acaba sendo um incentivo/exemplo do que outros podem querer para suas experiências, também.

Existe coisa mais bonita e motivadora, para jovens casais, do que ver um casal de idosos, andando, ainda que com dificuldades impostas pelo tempo, de mãos dadas e com um sorrir estampado no rosto? Aposto que sua resposta também é um sonoro "Não!".

Andar de mãos dadas, ao menos pra mim, é uma espécie de garantia de um porto seguro sempre ali, pra mim e pra ela, quando a gente vier a precisar. É deixar registrado que a gente até pode adiantar o passo ou retardá-lo, que ainda assim aquela pessoa que escolhemos para estar ao lado e ser nossa companhia, continuará perto o suficiente para que possamos nos sentir seguros o bastante para encarar qualquer obstáculo que possa surgir.

Inserida por JorgeNicodemos

Quer saber? Você fica tão mais linda quando sorri assim, distraidamente. É como se inconscientemente você fizesse uma homenagem aos tantos olhares que ligeiramente atravessam teu caminho sem nem suspeitar do que existe por trás de tanta harmonia nos passos seguros que escondem com tanta perfeição os sintomas das noites - por vezes - mal dormidas.

Larga mão deste espelho e me olha nos olhos. Eles quase sempre farão festa ao lhe contar como você realmente é e frequentemente não nota.

Será que não percebe como eles se iluminam como farol na beira do mar, sempre que eu lhe vejo? Será que você nunca reparou no quanto eu fico sem jeito quando você me devolve o olhar e neste instante eu estremeço por dentro, e permaneço alguns segundos inerte, sem saber bem o que dizer, já que minha atenção está voltada inteiramente para sua boca que me dá mil explicações pelo interminável atraso de 10 minutos?

Preste mais atenção nos meus sinais. Assim você perceberá, por exemplo, como eu sempre abro um sorriso bobo quando lhe ouço falar com tanta veemência sobre o aterrorizante defeito no seu nariz, que só você vê enquanto eu perduro sorrindo do seu jeito acanhado de dizer que eu só posso estar cego por não notar. Ou quando me diz que de tão inquieta, mais uma vez cortou o cabelo e se arrependeu amargamente de ter se desfeito dos enormes 2 centímetros.

Ah, se você pudesse ver a si mesma através dos meus olhos!

Inserida por JorgeNicodemos

Ás vezes a gente dá uma sorte danada de encontrar alguém para quem se possa dizer: Caramba! Por que não nos encontramos, antes? Me sinto tão bem contigo que é como se a gente já se conhecesse de outros tempos. Outras vidas, quem sabe!?

E tomara que a gente não perca a esperança de (re)ver a fartura dos sorrisos largos, porque esses iluminam tanto quanto sol de primavera.
Que os reencontros sejam sempre marcados pelos abraços mais apertados e sinceros. E que as partidas - quase sempre doloridas - sejam como uma breve pausa entre um beijo no olho e outro na ponta do nariz.

Que não precisemos esperar pelo inverno para nos permitir a graça de sermos e termos a companhia mais desejada para compartilhar o calor humano. E que na falta do que dizer, optemos por autorizar o coração a contar o que sabe. E que ele sempre seja o nosso companheiro de leitura.

Que antes de precisar de alguém, saibamos conviver apenas conosco. E que assim possamos oferecer o melhor de nós para quem não tiver medo de ficar.

E que aqueles que amam não deixem de dizer o que sentem. E tendo dito, que sigam a partir dai, tendo o passado sendo conjugado sempre no seu tempo, ainda que por vezes ele teime em bater à porta do presente.

Inserida por JorgeNicodemos

Já ouvi dizer que existem pessoas que são como trilha sonora. E que só de pensar nelas ou até mesmo ouvir a voz, nosso corpo, de alguma forma, reage.

Eu sinceramente me amarro nessa ideia de ter em quem pensar e sentir que nossos olhos se encheram de luz por conta do flash de memória que nos rouba um riso contido ou uma gargalhada, porque essas pessoas nos inspiram a enxergar a vida com olhos de criança, sem mácula. E nisso a gente acaba optando por valorizar o que há de mais bonito nelas, mesmo tendo consciência de que são tão imperfeitas quanto nós.

Embora eu seja apaixonado por música, a tal ponto de em determinados momentos chegar a sentir a pele arrepiar-se quando algumas delas em especial entram em execução, minha atração maior é pela leitura.

Se algumas pessoas encantam tanto a ponto de serem taxadas de trilha sonora que nos move, imagina que delicia é ter alguém para quem se possa dizer: Você é meu livro de cabeceira.

Pois eu prefiro assim. Ler. Descobrir em cada capitulo o quanto eu poderia estar errado na primeira avaliação da capa, e maravilhar-me com as infinitas possibilidades de expansão daquele universo que eu ainda estaria desvendando, página por página, inclusive tendo que – invariavelmente – voltar algumas ou ler mais devagar, para só então compreender o contexto do momento.

Eu gosto de sentir que a cada parte concluída, me reconheço ainda mais impulsionado a explorar o que ainda está por vir, a tal ponto de, dependendo do fascínio despertado, chegar a perder a noção do tempo e acabar indo dormir bem mais tarde que o normal, só porque eu não conseguiria ficar em paz sem decifrar certos mistérios...

E como sempre digo, o importante é entrar em contato. Estabelecer um laço entre quem observa e quem é observado, de modo que o processo seja agradável tanto para quem lê, quanto para quem é leitura.

Inserida por JorgeNicodemos

Espero que um dia eu possa sentar num banquinho desses de praça e tenha a tarde inteira como testemunha dos meus sorridentes flashs de memória de uma vida realizada.

Vida essa que eu tive o prazer de compartilhar com uma Mulher que sempre soube como transformar um momento qualquer, na parte mais feliz do dia em cada um dos seus ínfimos detalhes, ainda que por vezes ela nem fizesse ideia disso.

Que no decorrer deste diálogo gostoso entre a saudade e a gratidão, possamos rir com gosto, dos tantos tropeços que feriram os nossos pés mas não nos impediram de continuar caminhando juntos, lado a lado, como se a menor possibilidade de afastamento resultasse num provável tombo pela falta de uma parte de nós mesmos que coabita a existência alheia.

Que a cada dia possamos olhar nos olhos do outro e perceber que continuamos sendo a trilha sonora que embala nosso melhor sorriso-cúmplice. E que ele jamais permita que as amarguras externas nos tirem a alegria de ver no outro, a razão para sempre agradecermos por mais um despertar com aquela voz gostosa promovendo os risos sempre tão soltos e leves.

E que tenhamos, apesar dos dias cinzentos, a certeza de que valeu a pena ter acreditado, um dia após o outro, que estivemos sempre no lugar exato. Que o nosso sim foi o responsável por hoje termos consciência de que o tal final feliz, talvez seja apenas o seguir em frente, quando tudo parece estar por um fio, mas logo retoma sua estabilidade e consistência, porque permanecer é coisa de quem não tem medo de ficar.

Inserida por JorgeNicodemos

Como qualquer outra pessoa eu carrego meus vínculos de amizades.

Alguns foram criados lá atrás, ainda na infância. Outros, vieram por conta de escolhas que foram feitas enquanto eu caminhava. E alguns até acabaram se perdendo pelo caminho.
No fundo eu acredito que a missão foi cumprida e eles apenas seguiram para o próximo desafio.

Mas tem um grupo que me deixa intrigado.
Confesso que nunca fui muito chegado a surpresas. Eu gosto de saber ao menos o que devo esperar, ainda que não tenha convicção de nada. Mas da vida, como de uma criança levada, eu aprendi que podemos esperar de tudo. Tudo, mesmo!

E assim a vida me presenteou com alguns (re)encontros que muito me agradaram.

Ás vezes, sem conhecer uma razão específica, a gente acaba criando um laço como qualquer outro. Uma mistura de identificação com ideias, gostos, atitudes.

Mas assim como no caso da beleza que encanta os olhos, para que o vinculo se mantenha resistente ás desventuras, é preciso mais. E é nesta hora em que, ao se aproximar (nem precisa necessariamente ser fisicamente) da pessoa com quem você criou este novo laço, você percebe (e ela também) que existe algo diferente entre vocês. Que, de alguma forma inexplicável, um consegue ler até os ‘não ditos’ do outro. E quando dito, a incoerência entre aquele “eu estou bem’” (que mal se sustenta de pé) e o timbre da sua voz enquanto as palavras são citadas.

Pessoas normais costumam passar reto. Elas olham, mas não vêm. E não é por maldade ou negligência com o seu sentir; é que estas pessoas não carregam a sensibilidade necessária para captar a frequência na qual sua vida anda vibrando. Mas quando sua alma (re)encontra uma outra alma afim, aí tudo muda.

“Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.”

Diante de uma alma afim você sabe quando e o que precisa ser dito. E sente também quando é a hora exata para recomendar o silêncio. Aquele que permitirá que a sabedoria do tempo se manifeste na vida dele(a), de forma que o(a) faça compreender que não nos cabe ter todas as respostas e que a graça está na humildade de reconhecer quando é hora de, simplesmente, reformular a pergunta.

Diante de uma alma afim você não sente vergonha de se expor demais e nem de se reconhecer frágil. Você não pensa duas vezes antes de recorrer porque sabe o quão dispensável se faz demais explicações quando uma vida está disposta a receber a outra com todo o carinho e respeito que lhe cabe.

Uma alma afim você reconhece no tato, no trato e no abraço. Você sente sua presença no gesto que conforta e na saudade que confirma.

Almas afins se procuram no meio da multidão. E tenha a certeza de que, quando os olhares se encontram, não deixam qualquer um se colocar entre elas.
É uma constante partilha de admiração, respeito, carinho e até mesmo amor. Sem cobranças, sem demais expectativas. O que satisfaz uma alma afim é fazer você entender que ela estará ali, caso você precise ou não precise.

Almas afins não esperam declarações como comprovação de nada. Pelo contrário; elas se propõem, antes de mais nada, a sentir o vínculo. A perceber o valor que uma tem para a outra, no tom da voz, no ombro amigo que apoia, nas verdades que, ainda que inesperadas e por vezes, difíceis de digerir, foram ditas para lhe inspirar a ser melhor.

De uma alma afim você até pode se afastar sempre que precisar. E mesmo que não queira ou não tenha tempo para deixar um bilhete explicando a ausência, a sua fiel e companheira alma afim simplesmente aguardará o seu retorno, seja quando for. E lhe receberá sempre com aquele olhar de gratidão pelo retorno ao lar.

Uma alma afim não só sabe quando você está no caminho errado, como te alerta sobre os perigos e caminha contigo de volta para o caminho mais seguro. E você não se sente ofendido(a) por ser chamado à atenção, porque sabe que é para o seu crescimento.

Uma alma afim não só respeita a sua dor, como também compartilha a força para você se reerguer.
Uma alma afim decifra no seu olhar o que a boca preferiu guardar pra si. E também se cala.
Uma alma afim não apenas diz: "Vá com Deus, amigo(a)!", ela te acompanha até a porta para se certificar de que você chegou bem e em segurança.

Diante de uma alma afim você finalmente entende o real significado do: “Só você para me entender.” “Só você para me fazer rir numa hora dessa.” “Só você!”

"Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam."

Eu creio.

Talvez um dia alguém lhe escolha como anjo da guarda. E esta decisão não será baseada na ilusão de que você possui super poderes, mas sim na certeza de que, como nenhuma outra pessoa, você consegue fazê-lo(a) enxergar e compreender o outro lado da dor. Aquele onde fica guardado, muito bem escondido, o ensinamento que todo sofrimento sempre traz na sua bagagem.

E mesmo sabendo que nem sempre terá o que dizer, você sentirá orgulho por ser um porto seguro para alguém que compartilha a vida sem receio de que você o(a) veja desprovido(a) das suas guarnições. Alguém representado agora por milhares de fragmentos do que um dia já foi fortaleza.

Você será aquela pessoa que logo virá em mente quando ele(a) precisar repousar a alma cansada de bancar a durona. E será chamado(a) (ou procurado) sempre que o seu colo - carregado de ternura - for o travesseiro indispensável para transmitir a sensação real do acolhimento.

E eu entendo que em determinadas situações, tudo o que queríamos era ter uma carta extra na manga. O dom de tocar naquela vida e instantaneamente extrair toda a dor que existir, deixando espaço apenas para suaves prestações de uma felicidade que por ora lhe parece distante.

Mas para ser um anjo da guarda não é preciso mais do que a disposição para ouvir o que o coração já não suporta guardar sozinho, a serenidade para orientar até onde lhe é cabível e a sensibilidade para perceber quando os braços abertos se fizerem a mais confortável moradia para uma vida cansada.

Se o seu dia de anjo da guarda, chegou, agradeça. Nunca se sabe quando o nosso pouquinho será tudo o que alguém pode estar precisando.

"Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica."

Inserida por JorgeNicodemos

Eu admiro pessoas que mesmo quando não sabem o que dizer, não lhe negam o conforto da sua mais sincera companhia. Pessoas que se recusam a ferir a honra do próximo, mesmo que este lhe tenha faltado com o respeito que lhe cabe.

Tenho aprendido que nossas melhoras amizades são aquelas que nos deixam convictos de que, ainda que um dia nos afastemos, nossos segredos, aqueles mais pessoais, continuarão guardados a sete chaves e jamais serão usados como munição de um possível rancor engatilhado.

Com as corriqueiras desventuras do dia a dia, aprendi que devemos - sempre que nos despedirmos de alguém a quem almejamos a saúde e a paz como marcas registradas - devolver um olhar de ternura, conscientes de que aquela pode ser a nossa ultima oportunidade de troca, e que se assim for, teremos um fôlego extra para também repousarmos em paz.

E entendi ainda em tempo que nem sempre podemos fazer tudo o que desejamos, mas que não podemos negligenciar o direito de resposta do tempo, pois antes de definir um episódio como tendo sido bom ou ruim, devemos cultivar a paciência em respeito ao que virá depois.

"Que seja doce!"

Inserida por JorgeNicodemos

Eu acredito que fazer alguém se sentir importante não exige tanta engenharia como se pensa. Basta que você fique atento(a) aos detalhes que se manifestam em silêncio e tome, ainda em tempo, a decisão correta.

Me diga se tem recompensa maior do que ver ele(a) acordar já sorrindo ao perceber que você lembrou que hoje é segunda-feira e que por isso vocês precisam e merecem comemorar, ainda que o motivo real seja o fato do café não ter ficado ralo.
Ufa!

Tem dinheiro no mundo que pague aquela cara de bobo(a) que ele(a) faz ao lhe ver se propondo a cortar o pão pra ela(e)? Posso até me arriscar a confessar que chega a ser uma poesia a forma como a faca desliza a margarina pelas fatias. Mas pode ser uma geleia, se você preferir. Ou requeijão? Ou nada disso? Decida, pô!

Vai me dizer que você é daquele(a) que pensa que gentileza se resume abrir a porta ou o guarda-chuvas. É?
Pois abrir sorrisos, (a)braços e a caixinha de música, também são formas genuínas de gentilezas que geram outras gentilezas. Ás vezes você nem precisa dizer uma palavra, basta estar por perto.

Sorrir nunca foi mais lindo do que diante de um outro sorriso como resposta. Eu acho.

E quando a gente realmente se importa, arruma tempo nem que seja contado nos dedos, só para dizer um "tô pensando em você" ou quem sabe, "Senti teu cheiro. Olhei pra trás mas não lhe vi. Que pena. Um beijo".

Pode parecer pouco, mas quando se pensa que a eternidade pode durar apenas 1 segundo, a decisão certa pode salvar o dia e a vida de quem costumava acordar se sentindo um nada.

Inserida por JorgeNicodemos

É quase sempre assim; você jura de pés juntos que não vai mais se apaixonar por ninguém, que não importa o quanto tentem, você se manterá firme, porque palavra dada é palavra seguida. Até porque, da ultima vez foi dureza. Lembra?

Mas aí, basta que sua vida se dê conta da existência daquela outra vida, e pronto.
Lá se vão noites em claro, olhares perdidos, falta de atenção.

O filme é antigo, sabe?

E não importa se você já assistiu vezes suficientes para ter decorado até mesmo as falas; você corre para a cozinha, prepara a pipoca e volta, ansioso(a) e sorridente, esperando que dessa vez o final feliz seja apenas seguir em frente.

É quase sempre assim.

Inserida por JorgeNicodemos

Eu acho uma delícia este laço de amizade que existe entre os sentidos. Essa forma - ás vezes - tão discreta como eles interagem sem promover maiores alardes e ainda assim deixam tudo tão claro. Tão óbvio. Tão liberto dos subentendidos da vida.

É como acordar mais cedo e ver que por você ainda estar, quem sabe, no meio de um daqueles sonhos gostosos que poderiam durar mais uns 15 ou 30 minutos, lhe encontro sem defesas e à mercê dos meus desejos. Cada um deles. Todos contidos sob o ardor da minha pele desde cedo inquieta.

E antes que eu siga até as janelas a fim de cumprimentar o novo dia, ainda que pelo tom de azul do céu e a vivacidade dos raios do sol, estes sejam convites praticamente irrecusáveis, eu sinto como é inevitável atender às vontades da minha pele que clama pela tua. E assim eu fico mais um pouco.

Sutilmente lhe acaricio os cabelos cuidadosamente emaranhados sobre a orelha direita. Por alguma razão a minha preferida. E lhe descubro e desperto com um sorrateiro beijo numa das suas bordas ainda sob o status de presa fácil.

- Bom dia! Eu digo baixinho.

E com um leve movimento das suas pernas ainda reféns das minhas, percebo que mesmo através de um som quase inaudível, o seu sentir sempre reconhece o meu. E reage. E assim tudo se encaixa como peças moldadas exatamente umas para as outras.

Toco sua nuca e ouço um suspiro. Vejo sua pele se eriçar e não resisto ao impulso por sentir teu cheiro de preguiça fixado também na roupa de cama. Dou-lhe um beijo num dos ombros enquanto enlaço meus dedos nos seus e recebo seu espreguiçar vagaroso, ainda com as pálpebras tão pesadas que nem levantaram voo.

- Hmmm. Bom dia! Você me diz de forma arrastada.

Com um abraço firme lhe trago de encontro a mim. Com um sorriso você traz a certeza da escolha. No silêncio nos encontramos. O café que espere.

Inserida por JorgeNicodemos

Independente das suas histórias, afetos e demais conquistas, eu me sinto especial mesmo quando você some por dias e então reaparece em forma de uma simples mensagem de texto confirmando as suas andanças em algum ponto do mundo além daqui, nesse coração saudoso. Não há em mim a necessidade de (re)afirmações. Declarações. Demonstrações públicas de afeto.
Eu sei (mas acima disso, sinto!) que tudo o que foi conquistado continua ali - e aqui - guardado, sagrado, presente em tantos e tão bonitos detalhes que compõem o nosso laço e o legado.

Tudo reafirmado em pensamentos sintonizados, olhares cúmplices e sorrisos sinceros. Em lhe pegar pela mão e guiar pelos tantos becos e vielas que formam aquilo que sou, contando a minha vida como se eu estivesse falando comigo mesmo, sem medo de julgamentos. Em conhecer segredos teus que, fora da sua alma, só a minha tem acesso. Em voltar com a voz pesada, embargada, e mesmo recebendo o mais puro silêncio (e qual o problema?), notar como sempre nos sentimos renovados e leves na companhia de quem mesmo dispondo de pouco espaço em meio ás suas tantas memórias, passagens e cicatrizes, nos trouxe para dentro, guardou sua própria dor e cuidou de cada uma das nossas feridas com tanto carinho que nos fez sentir tão à vontade quanto seria na nossa própria casa. E é.

Eu sinto assim. Eu vivo isso. E pra mim, é tão significativo quanto um daqueles abraços. Os melhores.

Inserida por JorgeNicodemos

Todo ser humano deveria ter, de forma assegurada, o direito à felicidade de um dia se apaixonar por alguém que lhe retribuísse o brilho nos olhos, cada vez que o reencontro estivesse com os segundos contados. Ou então a cada citação do nome desta pessoa que lhe devolveu o fôlego para continuar vivendo.

E após a vivência do primeiro toque, ambos deveriam manter na pele, nos olhos e sorriso, a certeza de que o lar – bem como uma casa de família bem estruturada - também pode ser uma pessoa. E para ela retornassem todos os dias, até que o amor viesse a fazer parte da (nova) família e eles então não mais precisassem partir.

Todo Homem merece ter a quem recomendar o aconchego do seu peito, com a certeza de que ali, naquele espaço entre a alma e o sentimento, a pessoa que ele escolheu para lhe acompanhar durante a vida, terá, sempre que preciso, o porto-seguro merecido e tão esperado. E tendo esta pessoa para lhe segurar a mão, partilhar as alegrias e suportar qualquer aflição, descobrir o que, de fato, é ser um Homem; ele cuidando dela (pessoa da sua escolha) como se fosse de si mesmo, e de si, como forma de amor por ela.

E acredito que todo Homem também deveria ter a oportunidade de olhar nos olhos desta pessoa e não ter a menor dúvida ao dizer, entre sorrisos sinceros:

- É ela!

E que assim eles sintam – caso tenham como uma meta viável - que se o tanque de amor entre duas pessoas, transborda, ele acaba se transformando na geração de uma nova vida. Ou mais de uma. Pois assim ele teria um motivo a mais para crer que é ao lado desta pessoa que ele pretende se aperfeiçoar como esposo, pai, cúmplice e melhor amigo.

Toda Mulher, por sua vez, merece ter quem lhe garanta a segurança
de uma relação que lhe permita ser o melhor que ela puder. Alguém que a faça sentir que independente do que aconteça, ela não está só. Que, mesmo ventando forte ou tendo o céu prestes a cair sobre suas cabeças, ela terá com quem se manter firme, unindo força e esforços por um bem maior. Alguém que lhe ajude a preparar o terreno para o plantio de um futuro. E que ao teu lado, o cultive e colha como um presente de um para o outro, e de ambos para a sua descendência.

Alguém que pelo menos uma vez no dia, assim, sem aviso prévio, a surpreenda com detalhes ínfimos que se agigantem pela mensagem que carregam por trás do óbvio. Algo simples, como uma ligação (ou mensagem) nem que seja para dizer que por mais que tenha procurado em cada uma das setenta e duas prateleiras, não foi encontrado aquele negócio lá que ela precisava para remover o esmalte gasto que persiste nas unhas por fazer.

- É removedor, seu bobo! R-e-m-o-v-e-d-o-r. Procura lá perto do algodão! E obrigada por reparar. Eu realmente estava precisando e não tive tempo de sair para comprar.

E tendo no seu companheiro, mãos firmes e sempre prontas para acolher as suas, ter a certeza de que, mesmo quando a vida exigir um bocado e alguém sentir suas forças se esvaindo, eles passarão por mais essa e qualquer outra situação, juntos, porque um dia foi feita a escolha de serem um (nós), e assim seguiriam até o fim da vida. Ou da escolha.
Por fim, acredito que todos nós (os “nozes” espalhados pelo mundo) deveríamos ter o prazer de receber cada novo amanhecer, ouvindo não apenas o canto dos pássaros, mas também o do coração:

- Bom dia, meu amor! Dormiu bem?

Pois assim terminaríamos a rotina diária com a certeza de que, melhor do que isso, estraga.

Inserida por JorgeNicodemos

A verdade é que sempre me causou estranheza essa coisa de sentir saudade do que (ainda) não existiu. Do que ainda não pode ser encontrado nas caixinhas das lembranças tão e mais queridas. Aquelas que fazem com que a gente - não raras vezes - vá até a prateleira onde estão guardadas, pegue uma por uma, tire o pouco de pó que se acumulou por ação do tempo e traga para perto do peito só para sorrirmos mais uma vez, enquanto recordamos o quanto foi e é bom.

Sempre me pareceu absurda essa ideia de sentir falta de algo que a minha pele ainda não tenha registrado a impressão. Ou que os meus olhos não tenham definido como digno(a) de ser novamente admirado(a) em todos os seus grandiosos detalhes. Isso, porque, definitivamente, o tato é um dos sentidos que eu mais aprecio. Em alguns momentos – confesso - ainda mais até do que a própria visão; ainda que por esta também seja possível sentir o toque, como se dá no momento em que alguém lhe diz:

- Eu estou aqui contigo, não tenha medo! E então, por ler no olhar desta pessoa, o desejo de lhe renovar o fôlego e a fé, você finalmente se sente acolhido nos (a)braços da paz. E segue.

Mas essa saudade do que não foi vivido é um pouco diferente. Ela é tão especial quanto a outra, mas de um jeito próprio. Se antes a gente sentia falta de um momento com registro no calendário do tempo, agora, a saudade se dá por algo ainda sem documento. É como se ela fosse uma espécie de viajante atemporal, que vaga livremente entre o passado, presente e o futuro, fotografando momentos tão cheios de vida, que a nossa alma, por sua vez, não consegue se conter e então sorri largo quando é uma saudade boa, ou se recolhe, quando é daquelas doloridas. E então, com o pouco acesso que temos ao mix dessas fotografias, reagimos de imediato.

Quando você escuta uma música que lhe remete a um passado bom ao lado de alguém, você sorri. Isso é saudade com registro. Você viveu aquilo. Sentiu aquele momento na totalidade. Mas quando, por exemplo, você pensa em alguém que já faleceu e diz pra si mesmo(a) que ainda hoje guarda tantos planos que poderiam ter sido colocados em prática, caso a pessoa ainda estivesse viva, então é saudade do que não existiu.

Quando você olha para o seu filho já crescido, e recorda os primeiros passos, as primeiras tentativas de formação de palavras concretas, e sente-se feliz por tê-lo ao seu lado, você experimenta uma saudade com registro. Mas quando você sente lá no íntimo este desejo de paternidade/maternidade pulsando com força, a tal ponto de você se imaginar, inclusive, o(a) colocando para dormir, vindo de 15 em 15 minutos ao seu quarto para verificar se ele(a) está respirando, porque ali é um prolongamento da sua vida e ela depende de você, mas você ainda não é pai e nem mãe para entender com perfeição a sensação de ter uma vida sob a sua dependência, então é saudade do que ainda não foi registrado. A falta é a mesma. Mas a forma de sentir...

Mas e você: Já sentiu falta do que (ainda) não viveu?

Inserida por JorgeNicodemos

Domingo deveria ser o dia mundial do mimo inadiável. Aquele dia no qual não seria permitido o uso de desculpa alguma que adiasse um tempinho a mais, na cama, apenas para trocas de carinhos em silêncio.

Domingo é dia para ser acordado(a) com aquele abraço gostoso por baixo das cobertas ainda quentinhas.É dia de fazer desenhos sobre a pele, usando apenas a ponta dos dedos. Ou do queixo. É dia de ganhar (mais) cafuné sem ter pedido. De receber cheiro no pescoço e sussurros ao pé do ouvido. Domingo é dia para sentir o seu corpo se agigantar na palma das mãos de quem você escolheu para partilhar o teto e a vida; e assim sorrir ainda com os olhos fechados. É dia de falar mais baixo que o normal, como mera desculpa para uma aproximação aparentemente despretensiosa.

- Não ouvi, amor! Você disse o que?
- Chega mais perto que eu te conto!

Domingo é o dia que eu considero perfeito para fazer inúmeros planos quanto ao que pode ser realizado lá fora, já que o dia está lindo, e ainda assim acabar percebendo que aqui dentro está tão bom, quanto. Tem beijo, filme e colo. Na geladeira tem sorvete. E nos (a)braços, todo o amor que guardei pra ti.

Acho até que dá para sobreviver. Por hoje.

Inserida por JorgeNicodemos

Ás vezes a gente dá uma sorte danada ao encontrar alguém que, pouco a pouco, se torna tão especial para nós que já nem sabemos dizer o que seria da nossa vida se não fosse esse encontro. E no fundo, cada um sabe quando se trata de alguém que - dentre tantas outras - se destaca por ser a sua pessoa. Aquela espécie de pedacinho do mundo inteiro, em forma de gente. Aquela com quem você se sente em casa, sempre que dá um abraço apertado reativando lembranças gostosas partilhadas não importa a data de registro no calendário do tempo.

Aquela pessoa que de imediato lhe vem em mente quando você está tão feliz que por não se conter com tamanha alegria, precisa encontrá-la para contar o que aconteceu, como quem acabou de levar para casa o seu bebê recém-nascido e por ter tanta confiança nesta pessoa, simples e seguramente lhe diz: Segura!
Quando você se dá conta de que encontrou uma pessoa especial, cada fragmento de felicidade que encontra pelo caminho, de alguma forma está associado ao nome dela. Quando você sorri largo, é como se o fizesse em homenagem a quem tão sabiamente lhe desperta os melhores risos. Quando dá por si, você já está recomendando até mesmo uma música que acabou de conhecer mas já ouviu umas duzentas vezes, só para afirmar com toda a convicção do mundo que ela foi feita sob medida para aquele momento que só vocês sabem.

Para uma pessoa especial, você manda até mensagem em branco só para ela saber que em algum lugar no mundo, ela está se fazendo sentir, mesmo sem poder lhe tocar. Para uma pessoa especial você diz que tudo o que mais desejava naquele momento era poder estar sentindo as ondas do mar envolvendo seus pés, com a brisa contornando seu rosto e, se possível, agitando seus cabelos enquanto a areia fofa permanece acolhendo seus passos incertos, debaixo de céu estrelado e uma tremenda lua cheia. Mas que você facilmente trocaria tudo isso pela chance de sentar num degrau qualquer na entrada da casa e recostar a cabeça no ombro dela, para que apenas possam, juntos(as), sentir a vida acontecendo.

Inserida por JorgeNicodemos

Eu acho tão gostoso você ter a quem chamar de meu amor. E poder escolher um dos olhos dele(a) como o seu preferido e a este sempre dedicar um dos melhores beijos, desde o principio da manhã, como quem decreta de forma irretocável: eu te amo tanto que hoje o nosso dia será, no mínimo, perfeito!

É uma delícia essa coisa de não precisar dizer absolutamente nada, e ainda assim, compreender que tudo ficou tão claro que a gente apenas sorri enquanto se devora com os olhos. É incrivelmente prazeroso cultivarmos a capacidade de enxergá-lo(a) melhor do que ele(a) mesmo. E com isso fazê-lo(a) notar como são gigantes cada uma das suas tantas miudezas.

É tão bom ter a quem recorrer quando nossas pernas, por alguma razão, nos deixam em dúvida quanto á possibilidade de darmos mais um passo na direção do nosso sonho, dado o nosso tão notório cansaço, e então, tendo aquela mão erguida e pronta para segurar a nossa, percebermos que, independente do que aconteça, tudo ficará bem. Porque podemos contar um com o outro. Porque juntos somos mais fortes.

É indescritível ter uma pessoa como seu primeiro pensamento do dia. E reconhecer sua voz, mesmo em meio a tantas outras vozes. E ser capaz de decifrar cada parte do seu corpo, apenas sentindo seu cheiro tão gostoso e peculiar.

É sinônimo de paz poder repousar ao seu lado com a certeza de que teremos, desde antes de dormir, os melhores sonhos possíveis. E caso o sono se vá, ainda assim termos a melhor insônia das nossas vidas, porque estamos aqui, você e eu. E porque isso já é suficiente.

->> "Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Não é sentir contra, nem sentir para. Nem sentir por, nem sentir pelo. Afinidade é sentir com. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida." <<-- (Arthur da Távola)

Eu gosto de pensar que uma das partes mais gostosas num relacionamento, é a noção de afinidade. Aquela pecinha tão fundamental para o bom entendimento entre o casal. E que na sua ausência ou falha, é capaz de gerar o caos no sistema inteiro; ás vezes até por conta de um mal entendido. Mas quando você percebe que conseguiu construir uma boa afinidade com a pessoa que você escolheu para caminhar ao seu lado, tudo fica mais simples e gostoso de viver a dois. E pode acreditar que a chance dessa relação ir longe, aumenta consideravelmente a partir daí.

Afinidade é aquilo que faz com que a gente apenas se devore com os olhos e ainda assim compreenda perfeitamente o quão parceiros somos, basicamente pela forma como nos doamos um ao outro. Sem receios e nem economias.

Afinidade é aquilo que acontece enquanto estamos deitados um de frente para o outro, sem a menor noção do tempo e sem dizer uma única palavra, e então eu faço a careta mais boba que puder, e você então desenha o sorriso mais lindo do mundo, em resposta, enquanto trocamos uns beijos de esquimó. E sem nos darmos conta, nossas respirações acabam por entrar em sincronia, assim como nossos risos em efeito espelho.

Afinidade é quando nossos braços automaticamente se abrem para acolher o outro, quando ele mais precisa de carinho. Mesmo que, naquele momento, estejamos enfrentando uma daquelas nossas crises internas.
Ter afinidade na relação é perceber quando as suas feridas se parecem com as minhas. Quando as minhas dores combinam com as suas. E não ter dúvidas de que o meu desejo de cuidar de você, anda de mãos dadas com a sua permissão para ser cuidada por mim. E vice-versa.
Ter afinidade é compreender que nossas diferenças serão responsáveis por temperar nossa escolha de continuarmos aqui. Afinidade é o que faz com que, numa noite de frio intenso, você levante uma parte do lençol e eu entenda perfeitamente o convite. E ali a gente se aconchegue em silêncio, declamando amor por meio do toque, do cheiro e do prazer correspondente.

Afinidade é quando eu digo que vou tomar banho, e você, percebendo que algumas partes do meu corpo, as minhas mãos não alcançam, logo me acompanha para cuidar de mim e permitir que eu também cuide de você. E ali, entre aquelas paredes, escancaramos para a vida o quanto somos gratos pela oportunidade.

Quando você se olha no espelho e sente aquele receio bobo de deixar seu corpo á mostra, por conta de umas gordurinhas aqui ou acolá, e então ele(a) lhe devolve o mais bonito sorriso através dos olhos, lhe abraça bem forte e diz: Hoje eu já disse que amo você? É a afinidade entre a vontade de ser amado(a) e o desejo de amar, mostrando que bonito mesmo é ser você. Ser eu. Sermos nós. Em qualquer lugar e a qualquer momento.

"Das delicadezas que a vida ensina, o mais bonito sempre fica:
Os laços que se formam entre duas almas também são formas de abraço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.” <- (Mario Quintana)

Inserida por JorgeNicodemos

Por diversas oportunidades eu questionei a saudade sobre o porquê dela machucar tanto, sabendo eu que nada de mau tinha lhe feito. Eu não conseguia compreender como a lembrança de alguém querido poderia causar dor. E tanta a ponto de fazer chorar. E chorar ao nível de não deixar dormir.

Demorei. Mas um dia eu finalmente entendi que a dor – para a minha surpresa e contentamento - não era proveniente da saudade, como até então eu imaginava, mas sim da minha incapacidade em definir se o que eu mais sentia era a falta ou a falta de um sentir.
Hoje eu vejo a saudade como uma espécie de suspiro que a alma dá quando ela olha pra si e percebe que está incompleta. Pois é quando ela se dá conta de que em alguma parte da sua composição, está faltando um pedacinho que foi entregue nas mãos de alguém que se tornou especial, e que, por alguma razão, teve que seguir seu caminho, mas deixando aqui uma parte de si para que eu pudesse guardar com carinho, junto ás tantas e melhores memórias que construímos juntos.

A partir desta compreensão eu deixei de temer as despedidas e parei de sofrer com a possibilidade de não mais viver um novo reencontro, pois dentro de mim pulsava a certeza de que talvez nossos corpos não mais se toquem, nossos cheiros não mais visitem os nossos pulmões, tampouco nossas vozes voltem a repercutir junto à nossa pele. Mas enquanto existir amor, viveremos um no outro como melhores partes de nós, coabitando outro corpo.

04/02/2015

Inserida por JorgeNicodemos

A vida tem um senso de humor incrível. A gente é que costuma demorar um certo tempo até pegar o jeito. E o que eu imagino que costuma atrasar o lado de muita gente nesta hora, é aquela falsa ideia de que a qualquer custo precisamos decorar a coreografia já pronta, quando, na verdade, só precisamos levantar e deixar os pés criarem seus próprios passos. No seu ritmo, mas sem perder a oportunidade. Do seu jeito, mas sem atropelar as fases imprescindíveis para o aproveitamento dessas experiências.

Eu tenho aprendido que não há como ser alguém paciente sem exercitar a paciência. E foi assim, me enfurecendo com pessoas e situações, que eu entendi que perder o equilíbrio e ficar reclamando por não ter acontecido o que eu queria, da forma como eu havia planejado, nada mais era do que escolher por perder mais tempo, quando eu deveria simplesmente mudar a postura e tentar de novo. O novo.

Aprendi também que não posso me tornar uma pessoa (mais) tolerante com o próximo e comigo, sem que as circunstâncias nas quais me encontro, me exijam tal postura. Porque, por mais que eu considere certa e justa a visão que eu tenha no momento, ela não é a única. E as outras também merecem tanto respeito quanto a minha.

Eu aprendi que por mais que alguém que eu ame, me machuque, eu não teria como me certificar do quanto amo, sem que este amor fosse testado. E isso inclui também recomeços.

Aprendi que muitas vezes a gente precisa sim de ajuda. Que não tem porque nos fazermos de super-humanos o tempo inteiro. E que não há motivo pra sentir vergonha em assumir que precisamos do apoio de alguém que entenda isso. Alguém que sinta o nosso pedido de socorro quando demonstramos estar cansados, porque realmente viemos suportando muita coisa por longos períodos. E só nós sabemos o quanto.

A vida é um tanto imprevisível. E ainda que não tenhamos a companhia de alguém que acredite na nossa capacidade de superação, que jamais sejamos capazes de abrir mão de nós mesmos. Por nada. Nem ninguém.

"Estou vivendo. Depois eu vejo se deu certo."

Ainda sobre o senso de humor da vida, me peguei pensando naquela frase que diz: “Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui.”
A citação é da Clarice Lispector, mas o sentimento que move tanta energia, é de pessoas comuns, que em algum momento da vida se agigantaram quando tomaram a simples decisão de salvarem o mundo.

No início elas mal sabiam qual caminho deveriam tomar. Por algumas oportunidades até pensaram em desistir, mas num momento de distração, viram diante de si a oportunidade de iniciarem as atividades, justamente salvando o dia do próximo, mais próximo. Custou pouco. Algumas vezes, apenas uns minutos de ouvidos atentos. Algumas trocas de olhares em silêncio. Ou, talvez, apenas um abraço sem pedido e nem pretensão maior que a de fazer o bem, sem olhar a quem.

Existem aqueles dias nos quais a gente sente que nem deveria ter saído da cama. São tantos desencontros entre as nossas vontades e os resultados obtidos, que só conseguimos reforçar o desejo de ficarmos em casa e assim evitarmos qualquer tipo de situação que venha a nos aborrecer ainda mais.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Quem um dia se desiludiu amorosamente e jurou de pés juntos que nunca mais se entregaria aos encantos da paixão, tempos mais tarde veio a descobrir que, assim como (bem) disse a Fernanda Mello: ”(...) quando a gente para de acreditar em “amor da vida”, um amor pra vida da gente, aparece”.

Quem um dia perdeu a fé em si mesmo, afirmando para os quatro cantos do mundo que não passava de um peso morto, um dia se viu como a única pessoa capaz de estender a mão para ajudar justamente quem mais agarrou a chance de lhe humilhar. E assim semeou nobreza em forma de humildade.

Tenho aprendido que a gente floresce de dentro para fora. Que aos poucos a gente vai se aproximando de quem verdadeiramente somos. E que um dia – cada um no seu ritmo – chegaremos no ponto mais alto de nós mesmo e então respiraremos macio por termos nos tornado, finalmente, gente grande.

07-02-2015