Ita Portugal

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Tenho em mim toda saudade que o amor mereceu.

É engano pensar que só existe saudade do que aconteceu. Existe saudade daquilo que quase ocorreu. Do que a gente sonhou e não realizou.Do que ficou no caminho por falta de insistência. Essa saudade é dolorida e tem gosto de indefinido.

Troque a roupa. Mude os sonhos. Acorde cedo. Compre caderno e canetas. Escreva. Desafogue as mágoas. Arrume as gavetas, mas não esqueça de organizar sua cabeça. Gaste tempo incomodando a tristeza. Faça silêncio e escute seu coração. Coma bolinhos de chuva, mesmo fazendo sol. Enxergue desenho nas nuvens. Colha flores para enfeitar a casa. Ouça música para manter a vida. Cante, certo, errado, mas cante a sua canção. Ela é sua expressão no mundo.
Aguarde a sua vez. Espere acontecer. Nada foi feito no primeiro minuto do dia.
Sabote a tristeza. Um coração entristecido não movimenta o afeto.
Escute com o corpo e a alma. Essa é a melhor maneira de importar-se com o outro. Fale devagar e mostre a intimidade do seu pensamento.
Seja inteiro(a) e nesse vai-e-vem da vida espero que não te soneguem o desejo de derrubar os drinques, e com isso, que você tenha a oportunidade de limpar a merda que fez porque não há outra opção a não ser tentar, refazer, arrumar, insistir, prosseguir na segunda dose, segundo porre, terceira tentativa, décima escorregadela.
O pior drama é ter feito o mínimo, errado pouco e vivido metades.

Se viver fosse fácil, nascer não seria dolorido.

Sou feita de doçuras, mas também de palavrões.
Sou arruaça, mas preservo um silêncio antipático. Sou afeto e um monte de preguiça para intolerância. Sou atalho para as preocupações e a invenção de planos sem limitações. Sou o amor que quase deu certo e o calor de uma paixão escondida. Sou a tentativa do caminho e as malas prontas para o acaso. No meu sonho, sou a urgência do quase tudo e a insatisfação do quase nada.

Fincar a alma no sentimento. E não esperar a dor do acaso. Sem plano, sem eira, nem beira. É sempre ou para sempre. Pular uma casa, atrasar tantas luas e despida, amar sem prazo de validade.

Vomitei delitos sobre mim.
Sai na contramão da vida
Abusei do acaso
Desaguei em um beco qualquer
E pedi a sorte para virar poesia.

"Tomei a decisão de colaborar com a minha história e tentar fazer bonito mesmo errando; porque a minha vida é a única coisa que me pertence e ninguém tem a responsabilidade de vivê-la para mim, a não ser eu."

Capriche na verdade. Ela é a única coisa que permanece.

Um dia quem sabe, a gente compreenda que somos o nosso lugar favorito.

Tente. Tente outro dia. Tente outro corte de cabelo.
Tente outra música. Outro filme. Uma nova sobremesa.
Tente. Outra porta. Uma nova janela. Uma saída estratégica. Um novo passo de dança. Um vestido diferente. Uma palavra mais branda. Uma rua nova. Tente uma voz mais cristalina.
Continue tentando uma loucura diferente. Um abraço mais caloroso. Outra verdade. Outra ideia. Outro plano. Outro caminho. Outro conceito. Outra esquisitice. Outro edredom. Outro charme. Outra intenção. Outro antídoto. Outra dor. Outro amor. E arrependa-se apenas de não ter tentado.

Não sei sobre você, mas eu invento, me esforço, faço apelos e guardo tudo na memória, faço promessas para que nunca morra a pulsação no corpo que me leva a sonhar. Não sei você, mas eu encontro dentro de mim, um repertório novinho de coisas para viver.

Todos os dias perco horas consertando as feridas para minimizar as marcas e desacreditar na dureza da vida.

Abençoados e necessários silêncios em mim, que disciplinam e ensinam-me a desentalar amarguras, desaprender as tristezas, rejeitar dependências e conjugar o amor.

Que seja duradouro o que te absorve.
Forte o que te acolhe.
Intenso o que sentes.
Vivo o que te aguarda.
Doce o que te envolve.
Suave o que provas.
Presente, o que sonhas.
Eterno, o que amas.

Eu tive muita vontade de ir bem fundo, cair de quatro e ficar prostrada, esperando você chegar com uma solução infalível, tipo uma mágica onde todas as questões tivessem respostas e o alívio para qualquer queda, fosse imediato. No lugar desse milagre, eu ouvi: levante-se, arrume o cabelo, estufe o peito e corra senão vai perder o último ônibus.

Papeis para embrulhar saudade, café forte para esquecer as maldades e linha para costurar uma nova rota.

"Sinto muito contrariar, mas o mundo não está precisando de mais poesia. A poesia suficiente existe desde sempre. O mundo está precisando de pessoas mais tolerantes. Umbigos minúsculos. Pessoas que sabem amar gratuitamente. O mundo precisa de pessoas que são de verdade. De existências amorosas. De encontros verdadeiros e desinteressados. O mundo está precisando de menos juízes e mais interlocutores de esperança. De quem finca raízes e colhe flores. De quem quebra algemas e desata nós em nome da fraternidade. Fossem as pessoas mais justas, não precisaríamos de muros que afastam, mas de pontes que aproximam. O mundo precisa de menos culpados em disputas imbecis e mais acertadores em palavras que acolhem. O mundo precisa de gente desacostumada com o frio do distanciamento humano. Se as pessoas fossem mais sábias e menos sabidas, a palavra seria um ato com validade como sopa quente em dias frios."

Guardo palavras não ditas e cometo excesso de tolice por isso.

E se você gostasse de mim
e fizesse promessas possíveis
e chegasse sempre à tardinha
e trouxesse fartos abraços
e não tivesse pressa
e abrisse a janela
e se mostrasse para o mundo
E se você fosse de verdade
e bem sincero
e me servisse gentilezas
e tivesse paciência com minhas dúvidas
e esperasse a dor passar
e insistisse em mim
e acompanhasse meu ritmo
e aceitasse meu corpo, minha febre, minha sede e todas as outras coisas
E se você fosse o meu amor de domingo a domingo?
Não ter certezas tornou-se um hábito.

Escrevo versos, para equilibrar o amor que escorrega em mim. Sou trapezista, doutor.

Tenho pressa. Só consigo prometer o agora. Talvez, amanhã a casa esteja bagunçada. Talvez a cama não esteja arrumada. Talvez chova. Talvez molhe e a gente não suporte a friagem. Talvez amanhã as palavras estejam velhas. Talvez não dê tempo. Talvez não tenhamos sorte amanhã. Hoje não. Hoje, estou preparada. Hoje, tive tempo para organizar os sentimentos aqui dentro. Hoje, conservo as lembranças. Hoje, ainda existe a poesia. Hoje, conservo o frescor dos desejos.
Tem que ser hoje, pois ainda somos.

Preciso que conheça tantas coisas, inclusive as palavras que não falei. Se quiser, ainda moro no mesmo endereço.

“Concordo em gênero, número, grau, degraus e escadas que os sonhos não envelhecem. Eles apenas arrumam um jeito de tomar banho, mudar a roupa e fazer uma nova maquiagem. Tanto é verdade que os meus apenas ficam silenciosos em algumas estações e vira e mexe, sobem a borda.”

Com o tempo, ɑlɑrgɑmos ɑ nossɑ
credibilidɑde e pɑssɑmos ɑ viver com menos
descompɑssos. Acomodɑmos ɑs ɑflições e deixɑmos
de impedir o tempo de cumprir seu rituɑl.
A pɑrtir de um certo tempo o que nos importɑ
é ɑ bonitezɑ dɑ ɑlmɑ e ɑ trɑnquilidɑde do corɑção.