Frei Almir Ribeiro Guimarães

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Frei Almir Guimarães (Ev.5.domingo da Páscoa)

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13, 35).

Aos poucos vamos avançando em nosso grande e alegre retiro do tempo pascal. O evangelho, hoje proclamado, é tirado do Discurso de despedida de Jesus, no texto do quarto evangelista. O Mestre está consciente da proximidade de sua paixão e morte. O traidor já saiu para realizar seus propósitos. Jesus afirma: “Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco”. Tem diante de seus olhos o espectro da paixão. Será preciso ficar fiel ao Pai até o fim. Ele viera da parte de seu Pai para salvar o mundo, para resgatar os perdidos, para dizer com palavras e gestos que o amor é mais forte do que o ódio, que a morte é vencida pela força do amor. Poderá dizer que amor é dar a vida pelos seus.

Jesus fala de um mandamento novo. Existem muitas modalidades de bem-querer, de amor. Há esse amor “química”. Há os laços amorosos entre homem e mulher, pais e filhos, parentes, amigos. Nem sempre esses amores se revestem de limpidez. Há sentido de posse. Não poucas vezes ficamos sabendo de crimes passionais, de pais que são assassinados pelos filhos, de amigos que se tornam inimigos. Muitos discursos sobre o amor, cheios de emotividade e regado com lágrimas que secam rapidamente, não podem ser classificados de amor.

Amar é desejar que o outro seja e seja em plenitude. É dar espaço para que ele cresça. É se interessar pelo seu presente e ajudá-lo a preparar o futuro. É incentivar, animar, ajudar. É corrigir, exortar, agir com firmeza. É dizer sim quando o sim faz crescer. É colher aquele que está jogado à beira da estrada, levá-lo pessoalmente à hospedaria do coração, curar-lhe as feridas, deixar dinheiro na recepção para que suas necessidades possam ser atendidas.

Amar é dar tempo para o outro, vida para os desanimados. É inventar meios e modos de quebrar a solidão do semelhante. É colocar esse outro em primeiro lugar. É dominar o desejo legítimo de brigar, de gritar e de vociferar quando alguém é atingido em sua honra e em seus bens. É ter, como dizia Francisco de Assis, o inimigo como irmão.

Amar é engajar-se em todos os movimentos que libertam as pessoas da miséria, que defendem seus direitos, buscar os dependentes de álcool e de drogas. É visitar os presos que vivem no inferno de nossas prisões, os doentes que esperam apenas a chegada da morte.

Nada mais importante e urgente que o amor. Trata-se de amar na qualidade do amor do Senhor Jesus. É esse o novo mandamento. “Como eu vos amei, assim vós deveis amar-vos uns aos outros”.

Retomamos a passagem do evangelho que abriu esta nossa reflexão: não temos uma carteira numerada que garanta que somos discípulos de Jesus. Não são as missas e orações, eventuais jejuns e penitências que provam que somos discípulos. Seremos assim reconhecidos se tivermos amor uns pelos outros e ponto final…

Somos caminheiros, forasteiros, peregrinos. Passamos pela terra. É nos oferecido um jardim de belezas. Temos o alimento à mesa, a veste para o corpo e o ânimo para o interior. Não precisamos de muita coisa. O que é certo é que caminhamos juntos sem “primazias” Não temos o direito de lançar um olhar de superioridade sobre quem quer que seja. Só nos é permitido olhar de cima para baixo para erguer do chão os que se acham caídos, os que perderam o ânimo devido às tempestades e intempéries da viagem, esses irmãos tão parecidos conosco feitos de luzes e sombras e de tantos desalentos.

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Algumas semanas antes de sua morte Peter Wust, sábio de 55 anos escreveu uma carta de despedida a seus alunos. Em sua carta dizia: “Se vocês me perguntassem, antes que eu agora me vá, se eu não conheço uma chave que possa abrir a alguém a porta da sabedoria da vida, então eu diria a vocês: sim. Esta chave não é a reflexão, como poderia ser a resposta de um filósofo, mas sim a oração. A prece nos torna tranquilos, simples, objetivos”.
Peter Wust

Jesus falou aos discípulos que o Reino de Deus estava dentro de nós. E São João Crisóstomo nos diz que se encontrarmos a porta de nosso coração teremos acesso a esse Reino proclamado por Jesus:
Gosto do temas portas. Há tantas! Há a porta da cidade saudando os visitantes e controlando os assaltantes. Há a do quarto do avô que não pôde ficar para que tenha silêncio para dormir. Há a porta de nossas casas pelas quais passam aqueles que estimamos e vêm se assentar à nossa mesa parar partilhar conosco uma refeição. Sim, há a porta de nosso coração, porta invisível, nem de madeira nem de bronze, mas uma entrada da qual somente nós temos a chave. O coração é esse espaço não material que existe em nós, é nossa intimidade, nossa interioridade. Lá, nessas profundezas, somos nós mesmos. Lá brota nosso eu mais verdadeiro. Se encontramos a porta do coração poderemos construir com Jesus o Reino de Deus, reino dos simples e dos generosos, reino do perdão e da construção da unidade. Quando achamos meios e modos de entrar no nosso mistério o mundo começa a mudar.
Frei Almir Ribeiro Guimarães

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