Dayse de Paula - Poetisa

Encontrados 10 pensamentos de Dayse de Paula - Poetisa

POESIA PARA UM AMOR DESFEITO

As luzes se apagaram
E eu saí sozinha.
Arrastando corrente
E uns poucos sonhos.

Lembrando planos perdidos,
Entre desabafos inventados,
Por bobagens engrandecidas.

Perguntei a Deus,
Por que Trocar de roupas?
Que necessidade o tempo tem,
De transformar destinos,
Separando almas amigas.

Ele ficou calado.
E se a culpa não for do Diabo,
Talvez nem Deus o saiba.

FENÔMENO QUASE NATURAL

Vinham três homens pela rua.
- Olha! Uma estrela cadente!
- Não é estrela não!
- É sim!
- Não é não!
- E o que é então?
- Opa! O chão tá tremendo!
- Era uma estrela!
- Era um avião!
E o terceiro...
- Bobagem! Foi uma estrela que bateu no avião,
Que caiu no chão!
Iam três ébrios pela rua...
Pela calçada...
Pela rua...
Pela calçada...

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ALGUMAS

Algumas palavras nos chegam
Rabiscadas em papéis rasgados.
Formando textos difíceis.
Desprovidos ou carregados
Ao extremo de emoção.
Mas alguns papéis carregam,
A graça de conduzir secretamente
Algumas palavras tímidas.
Impossíveis de serem ditas,
Apenas com os lábios.

Inserida por DPMargarida

ANIMAIS DOMÉSTICOS

A manada de dois
Era o sonho de poucos
E a insegurança de alguns.
Mas a lua que do céu brilhava,
Não permitia a formação de sombras.
Para não calar o canto dos lobos
Brutalmente domesticados pelo convencionalismo.

Inserida por DPMargarida

NADA MAIS

Por favor, me perdoe!
Se já não sei reconhecer
Quando teu corpo ardendo em desejo
Chama apaixonado pelo meu nome

Se meu corpo frio
Não sabe mais esboçar os gestos
Que te agradam e te saciam a vontade.
Perdoa se teu grito não me é mais audível.

É que não tenho mais
O mesmo desejo por ti.
E se não podes aceitar um sorriso,
Nada mais tenho para dar-te.

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VELÓRIO

Chama aí uma carpideira
Para eu encomendar suas lágrimas
Embora te pareça besteira
Quero meu velório com lágrimas.

Pouco importa que sejam compradas
O que eu quero na verdade
É uma seleção de piadas
Estranhamente mórbidas e covardes.

Pranteadas pela carpideira
Que é para ninguém esquecer
Que a vida não é uma grande brincadeira.
Melhor se deixar levar para não enlouquecer.

Inserida por DPMargarida

GAVETA

Se eu por ti já não mais choro
É que tua partida finalmente
Virou fato consumado.
Nada mais se pode alterar.

Se a serenidade de meus dias
Conseguem enganar os que me cercam
É que resolvi esconder a revolta
Na gaveta onde guardo as emoções.

Aquela que um dia resolvestes abrir.
Revirastes à minha revelia
Lendo, relendo e brincando
Com tudo o que não deverias.

Assim, como já não choro,
Reorganizei a velha gaveta
E tranquei-a com chave.
Aquela que jogastes fora.

Inserida por DPMargarida

CAFÉ

Distraidamente percorri o contorno de um mundo
Com poucas olhadas para dentro e para fora.
Luzes acesas, olfatos abertos, ouvidos aguçados
Encontrei a compreensão da alma desconhecida.

Livro aberto com conteúdo fechado
Fácil de ser lido, difícil de ser esquecido.
Pessoa livre publicada no brilho do olhar.
Num corpo inteiro de caçador, o desejo de ser caça.

Ponto de partida transformado em ponto de chegada,
Partindo da ótica do reencontro com o novo
Descobrindo-se escada de acesso ao nada,
Com a tranqüilidade de tomar uma xícara de café.

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O COCHEIRO E A CARRUAGEM

Enlouquecida de amor e desespero
Mergulhei numa cegueira raivosa
Como cadela infectada.
Os cavalos venceram o cocheiro
E a carruagem se despedaçou no abismo.

Vaguei perdida no espaço e no tempo
Num mar de lembranças e culpa
Sem bússola, sem sonhos, sem vida.
Uma fera a beira da morte
Implorando piedade ao caçador.

Um cocheiro fraco, porém vivo
Que sarou suas feridas uma a uma e
Reconstruiu a carruagem com seus cacos.
Depois de pensar em sua desgraça
Decidiu que ele mesmo puxaria a carruagem.

Inserida por DPMargarida

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Procura-se alguém disposto a amar!
Pode vir com o coração cansado
Ou um pouco ferido,
Só não pode estar preso ao passado.

Pode ser até descrente,
Do amor e da felicidade
Mas que seja disposto e aberto
As novidades.

Inserida por DPMargarida