Dayane T.

⁠As estações mudaram novamente e você nem percebeu
As folhas começaram a cair, anunciando a chegado do outono...
Até quando vai deixar a vida passar!
Até quando vai se trancar
Abra a janela
As estações estão passando e você sequer as notou
A vista é tão bela aqui de fora.

⁠Escreva pra mim
Escreva mil versos de amor
Escreva, fale, cante, desenhe
Beije-me, ame-me
E eu ainda não serei capaz de retribuir
Não posso amar-te
Não sei amar
Tão pouco fingir
Perdão por não saber ama-lo.

⁠O mar já falou com você?
...
Hoje ele falou comigo
Sussurros como cânticos
Ele me chamava a cada onda
Era tão aconchegante
Me puxava sutilmente
Me convencendo a ir mais fundo
Quase me deixei levar
Ele cantava baixinho, só para eu ouvir
“ vem... vem.
Mais perto... mais fundo.
Sinta-me... mais... mais.
Não vai doer... eu prometo.”
Quase cedi.
Eu quis tanto, tanto ceder.

Embora não saiba falar, sou movida a palavras.
Sou movida por essa necessidade de me expressar,
preciso diariamente expurgar esses sentimentos de mim,
transformando-os em algo lindo,
de uma forma poética, porque de alguma forma,
eu sinto que existe alguém que sentirá minhas palavras.

⁠

⁠Aqui dentro é confortável
Mas aqui dentro
Aqui dentro tá frio
Frio e mofado
É solitário

Mas aqui dentro
Aqui dentro é seguro
Só tem eu
Eu e meus sentimentos
Bons e maus
Mas aqui dentro é mofado
Ou será eu?

Lá fora
Lá fora é quente
Ensolarado e cheio de vida
Eu quero sair pra fora
Quero andar nas ruas movimentadas
Quero sentir o calor do sol
Quero conversar e fazer amigos
Quero escreverer poesia ruim
Sentada em um banco em frente ao mar
Quero fazer tantas coisas

Mas não posso
Porque estou dentro
E não fora
Quero sair
Mas não consigo
Porque estou dentro e não fora.

Acordei cansada hoje, frustrada, sem fé.
Já passa de meia noite, e eu quero tanto gritar, no entanto, estou em um quarto, com três pessoas, todas dormindo, não posso gritar. Sufocar, até quando, disseram-me que faz mal, eu bem sei, sufoco a tanto tempo, sempre pensando, nunca falando, mal, faz tão mal. Uma boneca, sem vontades, sem voz, sempre aceitando as comparações, se tornando elas, sempre errada, esquecida, irrelevante.
Minhas pálpebras pesam, cansada, tão cansada, porém, traidora é minha mente, um turbilhão de pensamentos, meu coração, batidas frenéticas, meus pulmões, sem ar, minha garganta, um nó sufocante, minha barriga, borboletas se afogando e morrendo, puro desespero.
Dizem que chorar ajuda, mas já faz tanto tempo que não consigo chorar, elas estão dentro, matando minhas borboletas, me afogando.